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09 março 2016

Apontamento e homenagem aos penacovenses mortos na I Grande Guerra (no dia em que faz 100 anos que a Alemanha declarou guerra a Portugal)

CEMITÉRIO DE RICHEBOURG ONDE SE
ENCONTRAM OS RESTOS MORTAIS DE
MILITARES PENACOVENSES
Faz hoje 100  anos que  Portugal entrou na Primeira Guerra Mundial. Em Fevereiro de 1916, a Inglaterra pediu  ao Estado português o apresamento de todos os navios alemães e austro-húngaros que estavam ancorados na costa portuguesa. Uma vez acatado esse pedido, a Alemanha declarou guerra ao nosso país em  9 de Março de 1916 (apesar dos combates que se vinham já travando em África desde 1914).
Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direcção à Flandres.
Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens.
As perdas atingiram milhares de mortos e feridos, além de custos económicos e sociais muito superiores à capacidade nacional.
Penacova também teve as suas vítimas: no Memorial dedicado aos “FILHOS DA NOSSA TERRA SOLDADOS DE PORTUGAL MORTOS DA GRANDE GUERRA” e que se encontra ao fundo da Pérgola, constam os nomes de Eduardo Pereira Viseu (Penacova), João dos Santos (Carvoeira), António Couceiro (Ronqueira), Alípio da Cruz (Riba de Baixo), Domingos Serafim Henriques (Carregal), António Carvalho (Rebordosa), Daniel Alves (Aveleira), Artur Branco (Cácemes), Manuel da Costa (Cácemes) e Manuel Alves (Palheiros).
Nos arquivos militares constam cerca de 120 sargentos e praças naturais dos mais diversos lugares de Penacova e que pertenceram ao Corpo Expedicionário Português.É também possível consultar muitos Boletins Individuais destes militares. Aí, somos confrontados com o seu percurso desde a data do embarque até ao momento do desembarque. Louvores, mas também punições. Tudo aí está registado.
Por exemplo, sobre o malogrado combatente Daniel Alves, soldado nº 432 do 2º Batalhão de Infantaria / Infantaria 35, sabe-se que era casado com Maria de Jesus e filho de Estêvão Alves e Bernarda de Nossa Senhora. Natural da Aveleira, embarcou em Lisboa em 15 de Abril de 1917 e morreu em França em  Agosto desse mesmo ano. “Faleceu na 1ª linha, por virtude de ferimentos recebidos em combate em 14 de Agosto de 1917, sendo sepultado no cemitério de Pont du Hem” – refere o Boletim Individual. Recorde-se que mais tarde os restos mortais de muitos militares portugueses foram trasladados para o Cemitério Português de Richebourg. É precisamente aí que podemos encontrar actualmente a campa deste soldado, conforme se pode ver na gravura.
Lápide da sepultura de Daniel Alves
em Richebourg

No referido monumento, existente em Penacova, consta, como referimos, o nome de Manuel Alves, natural dos Palheiros. No entanto, nos documentos de arquivo, encontramos  um mesmo nome com a mesma naturalidade, mas que terá desembarcado com vida em Lisboa em 15 de Junho de 1919. Era solteiro, filho de António Alves e Maria de Jesus. Tratar-se-á da mesma pessoa?
Falemos também de Artur Branco. Primeiro Cabo, nº 50 da 4ª Companhia, embarcou em Maio de 1917. Faleceu em Pont du Hem “por ter sido ferido involuntariamente por um seu camarada em 2 de Junho de 1917, sendo sepultado no cemitério daquela localidade, coval A8."
Era solteiro, natural de Lorvão, filho de Caetano Branco e de Joaquina das Neves.
Boletim
de Daniel Alves
Recorde-se que além de defenderam o território nacional, incluindo as ilhas atlânticas, os soldados portugueses estiveram presentes na frente de Angola (18 000) em 1914-1915; em Moçambique, (30 000) entre 1914 e 1918; e em França, (mais de 56.000) em 1917 e 1918. Em todas as frentes se travaram combates, mas os efectivos portugueses só participaram numa batalha, a Batalha de La Lys, na Flandres, no dia 9 de Abril de 1918.

No total, Portugal perdeu cerca de 8 000 homens, a que se somam mais de 16.000 feridos e mais de 13.000 prisioneiros e desaparecidos.

Neste Centenário da I Grande Guerra (1914/18-2014/18) prestemos homenagem a todos os portugueses - e em especial aos penacovenses - que se bateram nos campos de batalha deste trágico conflito.