28 janeiro 2024

Encontro com a escritora Elisabete Pinho na Biblioteca Municipal



A escritora Elisabete Pinho esteve ontem na Biblioteca Municipal de Penacova. Além da especial referência ao seu mais recente romance, inspirado no antigo Hotel Palacete do Mondego, outrora Preventório, a autora falou também da sua experiência literária e do processo criativo.

O apontamento cultural contou com a presença da vice-presidente da Câmara Municipal de Penacova, Magda Rodrigues, que saudou a escritora e a felicitou pela sua já significativa obra.

Lamentando não ser possível no próprio hotel, Elisabete Pinho agradeceu a receptividade para ser apresentado na Biblioteca e confessou que alimentara o sonho, “o desejo secreto de poder apresentar o livro no local onde ele nasceu”.

Falando da sua trajectória literária, referiu que decidira “começar a escrever textos sem qualquer pretensão”, passando apenas para a escrita “aquilo que lhe ia na alma”. Entretanto um colega, poeta e escritor, lançou-lhe o desafiou para escrever algo mais estruturado. Depois de ler e “sem ela saber” enviou o original para algumas editoras, tendo, passado algum tempo, surgido o interesse em publicarem. “Assim em 2017 surge o primeiro livro, depois o segundo e o terceiro. Foi este 3º livro que realmente “fez pensar mesmo: é isto que quero começar a fazer!” O concurso para autores, que venceu, num universo de cerca de 250 trabalhos, foi, sem dúvida, um estímulo importante.

Sobre o mais recente trabalho O Pêndulo e a sua relação com o nosso concelho, Elisabete Pinho explicou como este romance nascera precisamente aqui em Penacova: “Encantei-me por este concelho quando vim aqui fazer uma visita há alguns anos. Estava na moda tirar fotos a locais abandonados e que tivessem a fama de assombrados”. Contou que ao pesquisar na Internet lhe tinha aparecido o Hotel Palacete do Mondego no Monte da Senhora da Guia, que antes tinha sido um Preventório. Além das fotos e das espreitadelas que deu àquele espaço abandonado, ficou encantada com “a vista fantástica sobre o Mondego” e por ela se “apaixonou”.

O impacto de tudo isto foi decisivo: “A partir daquele momento não me saía da cabeça a pergunta: como é que alguém abandona um local como este? Quem no seu juízo perfeito abandona assim um hotel destes, tão bonito, num sítio tão bonito? “

“E tudo começou a fazer sentido” – sublinhou - “ Não estava à procura de escrever nenhum livro mas o que é certo é que comecei logo a imaginar que aquele palco, aqueles corredores do refeitório, podiam ter sido palco de uma história de amor e de um drama familiar...”

Quem é Elisabete Pinho?



Podemos ler na badana de O Pêndulo: “Nasceu a 28 de abril de 1975, em Ovar. É licenciada em Direito. Estreou-se na literatura com Se houver uma próxima vez, em 2018, ao qual se seguiu A ampulheta, em 2019. Participou em diversas coletâneas e Antologias de Poesia. Em 2020, alcança o 2° lugar no XXI Concurso Literário Dr. João Isabel, com o poema “Escrito a Dois”. No mesmo ano, vence o 1° Concurso de Ficção Nacional Cordel d' Prata, com o romance Depois do Fim, galardoado também com o troféu Melhor Romance 2021, na 3ª Gala de Autores Cordel d' Prata. O Pêndulo é o seu quarto livro.“


Sinopse


Vejamos o texto da contracapa: “Quando Joaquina cai inanimada nas Festas de São Caetano, na aldeia de Telhado, as três pessoas que lhe são mais próximas não imaginam o que as espera. Joaquina deixou cinco envelopes para serem abertos após a leitura do seu testamento. Que segredos contarão? Porque não os revelou em vida? Artur, o seu afilhado, é um dos destinatários e a pessoa escolhida para entregar os restantes. Alice, a sua única filha, irá ter outras surpresas além de não ser a única herdeira. Violeta, a protegida de Joaquina, parece ser quem mais sabe e quem mais segredos guarda. Os outros dois destinatários envoltos em mistério. À medida que a verdade é revelada, Artur terá de escolher entre manter-se leal à sua madrinha ou poupar as pessoas que mais ama. Alice sentir-se-á um peão num jogo perverso. Violeta será consumida pela culpa. Todos irão descobrir que nenhum segredo deve impedir-nos de viver.”

***

E a tal pergunta teima em ressoar, também na nossa mente: “Quem no seu juízo perfeito abandona assim um hotel destes, tão bonito, num sítio tão bonito?”




Captura de écran em 28.1.2024

27 janeiro 2024

[Muito] mais do que a apresentação de um livro...

 

"Um dia espectacular a celebrar a Liberdade. Foi realmente muito lindo. Parabéns Dr. Luis Amante pelo seu aniversário e pelo seu novo trabalho." 

TESTEMUNHO DE UM PARTICIPANTE publicado numa rede social 

                                                           

O lançamento do livro de Luís Pais Amante A Liberdade Actual,  no Centro Cultural de Penacova,  foi muito mais do que o clássico formato de apresentação de uma obra literária. A tarde do dia 20 de Janeiro afirmou-se como momento intenso de convívio, celebração, cultura, amizade. O auditório encheu, os aplausos e as vozes dos grupos corais inundaram igualmente o espaço. "E foi bonita a festa".

O evento contou com a presença do Presidente da Câmara,  Álvaro Coimbra. No uso da palavra e na abertura do programa (que havia principiado com um vídeo de apresentação e a interpretação do poema "A Quelha" na voz de Pedro André Rodrigues) enalteceu a importância dos livros e da leitura nos tempos actuais e dirigiu a Luís Amante palavras de apreço pela sua relevante obra escrita e pela sua dedicação a Penacova. Também David Almeida, autor do prefácio, dirigiu breves palavras de agradecimento ao Autor, felicitando-o, não só pela sua obra literária, mas igualmente pela celebração do seu 70º aniversário natalício. Uma tarde "sob o signo da 12ª letra do alfabeto: L de Luís, L de Literatura / Livros, L de Liberdade!”- observou.

Tratando-se de uma homenagem mais abrangente, extensiva a outros títulos assinados pelo Autor, houve lugar à evocação de alguns dos seus mais “emblemáticos” poemas. Humberto Matias, musicólogo e pintor, declamou “O Meu Sonho Azul” e “ O Sem Abrigo Cem”. Por sua vez os grupos corais Vox et Communio e Divo Canto interpretaram “Liberdade” (in A Liberdade Actual) e “Confissões” (in Conexões). Ricardo Coelho e Joana Soares declamaram os poemas “Eu também sou fã do Divo Canto” e “Vox Adrenalina” publicados noutros livros de Luís Amante.

Os Maestros Rodrigo Carvalho e Pedro André Rodrigues dirigiram também breves palavras ao Autor. Rodrigo Carvalho  agradeceu todo o “afecto” com que em qualquer circunstância, Luís Amante, “exemplo para todos os penacovenses”, recebe, acolhe e apoia o grupo que musicalmente dirige. Pedro Rodrigues destacou a “relação de mais de uma década” em que “os laços têm sido cada vez mais fortes”. Grato pelo “apoio constante”, afirmou ser uma honra tê-lo como amigo e sócio honorário do grupo.

O Livro e o Autor foram magistralmente apresentados por Ana Marques Lito. Na sua intervenção (ver AQUI), sublinhou que “a mensagem da obra reflete um grito, um alerta à Liberdade individual e coletiva, à dignidade, à importância da atitude vigilante face ao modo como vivemos quase sem escolha”, traduzindo, no fundo, a “alma sensível e cuidadosa que define o autor.” Autor que revela um “espírito intrinsecamente genuíno, sem disfarces, frontal”, reflectido nas diferentes áreas do seu percurso de vida, um “estilo relacional épico e apaixonado pelas pessoas e pelas causas profundas e verdadeiras como a liberdade, a igualdade e a justiça.”

Evocando autores como Freud e Sartre, Ana Marques Lito salientou igualmente que “o autor - não sendo psicanalista - recolhe do seu espaço psíquico íntimo, recordações que o presente pode evocar, que ajuda o leitor a libertar as tensões da mente.” Ou ainda: ”Encerrado em si, em diálogo com o mundo interno povoado de recordações e de vivências que o acompanham intimamente, ausente de qualquer interação, engendra a existência humana condenada à liberdade, porque não pode renunciar quem é.”

O autor “assume-se e, é um homem livre, apaixonado pelas coisas simples da vida, pelos costumes das suas origens”, mas também aberto “ao novo e ao original” [...] “comprometido com a cultura beirã da sua terra natal, penacovense de gema, como sujeito desejante, leader por natureza, preocupa-se com o bem-estar das pessoas e interiorizou a responsabilidade social da importância da função pedagógica da arte poética, cujo dom nasceu com ele.“ - afirmou igualmente.

As “tonalidades e formas caleidoscópicas da sua escrita transformam-se em poesia, opinião e prosa, que espelham o seu ser intuitivo, buscando-se noutros horizontes... e até na transcendência.” Noutro passo referiu a apresentadora: “a partir dos títulos dos livros já publicados apreende-se o lugar de observador/testemunha e protagonista da co-construção de realidades alternativas do mundo paradoxalmente mais livre, estreito e fechado que nos submete a escravaturas.”

Ana Marques Lito, já na parte final da sua intervenção, reconheceu que toda esta “interpretação e transformação em poesia, opiniões e devaneios […] levando ao rubro a sua ironia sincera”, reflecte “coerência na condição humana, realizando conexões entre a luz, as sombras e as trevas, entre a clareza e a incerteza, a amálgama e a complexidade das circunstâncias da vida dos nossos tempos.”

Na breve alocução que fez, Luís Pais Amante começou por agradecer a presença do Presidente da Câmara, que também detém o Pelouro da Cultura, e estendeu o seu reconhecimento aos Vereadores da Cultura nos executivos anteriores. Realçou igualmente a grande qualidade dos dois grupos corais que são motivo de orgulho para Penacova. Na pessoa da sua professora de Filosofia no Liceu, Isabel Jardim, saudou e agradeceu a presença de todos os amigos, desde os mais recentes aos “amigos de uma vida inteira”. Lembrou o trabalho social de muitos jovens penacovenses da sua geração, que incentivados por aquela sua mestra, e no contexto do “Grupo Joaninha”, se dedicavam a orientar o estudo das crianças da escola e a dar-lhes um lanche no salão paroquial quando regressavam da Escola. “É nesta Penacova Solidária que me revejo!” - frisou Luís Amante.

Um pouco antes de (re)citar o poema, com que terminou, “Como gostar da nossa terra?”, escrito na Casa Azul a 5 de Junho de 2022, Luís Amante vincou que “as pessoas não têm amigos por ter, as pessoas não são importantes por ser; é preciso trabalhar muito para que a Amizade aconteça; muito mais para que permaneça. E não é preciso trabalhar nada para se ser importante porque a importância é dada pela percepção que os outros têm de nós…”.



Como “gostar” da nossa terra?

(in A Liberdade Actual, pág.34)

Antes de mais é
Trabalhando em prol dela
Penacova
(Toda ela)
Sem retirar disso “sequela”
Acarinhando-a
Divulgando-a
Cantando-a
Pintando-a
Poetando-a
!… Não deixando que se vão as suas tradições …!
Devotando-lhe sempre os melhores dos corações
Como se fossem “associações de bem fazer”
Que não só “quintas” para auto-promover
Depois
Investindo no desenvolvimento dela
Donzela, bela
Das suas boas gentes
Da sua geração mais nova, genuína
Olhando crítico para ela, qual rainha
Construtivamente
Articulando-se com os interesses dela
Sabiamente
Elevando-a
Representando-a
Agendando-a como aluna bem distinta
Nos eventos que nos surgem à janela
Por vezes só com com os cheiros da panela
E finalmente
Não “não rapar, nem comer, nem sugar” o que está à volta dela
Nem “à conta” do que tudo ela tem
Porque, mais tarde ou mais cedo
Será ela, qual beleza ancestral
Em movimento sincopado natural
Que dará um murro na mesa
E fará com que os “artistas”
… tropecem e caiam do pedestal!



O convívio, a festa- foi disso que se tratou afinal – terminou com a presença dos dois coros em palco  interpretando em uníssono Canções Heróicas de Lopes Graça e cantando os Parabéns ao autor (que no dia 15 havia completado 70 anos de vida), ali rodeado de todos os netos - André, Madalena,Martim, Maria Teresa, Margarida e Maria do Carmo - a quem é dedicado o livro.  

A findar esta tarde em que, nas palavras de Ana Paula Campos, coordenadora do evento, “se celebrou a vida de alguém de bem”, foi servida uma fatia de bolo de aniversário e uma taça de champanhe a todos os presentes.




Testemunhos de participantes
 recolhidos nas redes sociais:

Uma viagem que se tornou num lindo passeio pois possibilitou conhecer uma terra maravilhosa e ter a possibilidade de participar num lindo evento, o lançamento do livro de um um velho Amigo, amigo de um coração sem tamanho, igual a sua obra. Bem haja Dr. Amante!

Os meus parabéns por continuar a colocar no papel histórias e memórias suas e das gentes da sua terra contadas através dos seus belos poemas que ficaram na memória de quem os lê para sempre…E essa sim, é uma bela forma de deixar um legado rico de cultura aos seus.

Um dia muito bom a celebrar a Liberdade.

Um dia espectacular a celebrar a Liberdade. Foi realmente muito lindo. Parabéns Dr. Luís Amante pelo seu aniversário e pelo seu novo trabalho.

Um dia magnifico. Mais uma grande jóia do nosso poeta amigo Luís Pais Amante.

Foi um evento memorável, amei.

Simplesmente maravilhoso.

Aquele grupo de amigos enorme, aquela família bonita e a paixão por Penacova, falou mais alto. Gostei, foi muito bom estar ao pé de gente boa. Vim de coração cheio e acredito com mais força que ainda há muita gente boa neste mundo.

Foram momentos únicos vividos com uma emoção (que a todos tocou) numa festa de CULTURA, de FAMÍLIA, de AMIZADE … E AMOR!

Permitam-me, felicitar, todos aqueles que organizaram, contribuíram e participaram neste evento que contribuiu para Elevar a Cultura de Penacova e valorizar a Identidade Penacovense.

Admiração pelo seu caráter e determinação, cuja liberdade de pensamento lhe permite exprimir o que sente sem qualquer receio.

Na vida não somos nada sem o apoio incondicional da família e dos amigos leais, verdadeiros que estão sempre connosco ao longo da vida. Na vida podemos “ter tudo” mas não “somos nada” sem laços seguros. Não existe cultura sem afectos.

Foi dia de honrar o amigo Luís Pais Amante, ilustre advogado, humanista, escritor e poeta… “amante” da vida e da sua Penacova onde a Casa Azul é ninho de amor a uma família linda e onde a inspiração lhe brota como a água do Mondego que a seus pés corre…

A matinée de apresentação do seu mais recente livro A Liberdade Actual foi uma carinhosa manifestação de puros afetos por parte de conterrâneos, amigos e da sua querida Ana, que ao estilo de apresentação do autor fez mais do que uma declaração de amor.

Foi uma tarde excelente que me ficou no coração. Voltei atrás muitos anos e fiquei feliz por ter voltado.

A [justa] homenagem que tantos quiseram prestar-te, não só como escritor, como Homem, mas também pelos teus 70 anos e pelo teu percurso como advogado.

O valor de alguém não se mede com aplausos, mas sim pela obra e dedicação à família, o amor à terra e ao mundo; é nesta construção de raízes que este Homem se tem debruçado para deixar o seu legado em actos assertivos e de beneficência.


Mais algumas imagens do evento 
(créditos fotográficos: Óscar Trindade, Ana Ferreira, David Almeida)












07 janeiro 2024

Luís Pais Amante apresenta em Penacova "A Liberdade Actual em Poesias e Opiniões"


No próximo dia 20, a partir das 15 horas, o Centro Cultural de Penacova vai ser mais uma vez palco de um importante evento cultural e social: a apresentação da obra A Liberdade Actual [em Poesias e Opiniões], de Luís Pais Amante.

Este facto já seria suficientemente relevante para justificar a abertura das portas da Casa da Cultura do Município neste início de ano. Porém, o programa transcende o lançamento do livro. O evento apresenta-se como convite especial para uma tarde de Encontro e de Celebração, homenageando a produção literária de Luís Pais Amante no último decénio e, igualmente,  todo um trajecto de vida plena que já soma algumas décadas.

Diversos poemas que fazem parte da obra literária vão ser declamados e interpretados musicalmente. Em “palco” estarão os Grupos Corais de Penacova, Divo Canto e Vox et Communio, que se associarão a este momento muito especial para o autor, família e amigos: a celebração do 70º aniversário natalício. 

O programa, abrangente que é, vai ser coordenado pela Professora Ana Paula Campos. Vão intervir  Álvaro Coimbra, Presidente do Município de Penacova, David Almeida, autor do prefácio, Humberto Matias, músico e pintor, que dirá alguns poemas, Ana Marques Lito, que fará a apresentação deste livro de poesias e crónicas, e,  obviamente, o Autor.

A fechar a tarde de Convívio, depois de os grupos corais interpretarem As Heróicas de Fernando Lopes Graça, serão cantados os Parabéns, mimados por uma fatia de bolo de aniversário e brindados com uma taça de champanhe.

Sobre a obra agora apresentada é o próprio autor que, na "Nota ao Leitor", nos revela que a mesma “nasceu no período imediatamente subsequente aos picos maiores do louco (Covid 19)” e na sequência do livro Inquietude, o seu “Livro da Pandemia”.

“Se naquele se retratava a minha atitude pessoal perante o fenómeno que, naturalmente, teve influência na minha vida e nas vidas dos que me são mais próximos, neste retrata-se o que hoje assumo como a minha Liberdade [essa palavra sem preço]…” - sublinha o autor, acrescentando que este seu livro condensa as “expressões das vivências evolutivas” que “foram – religiosamente todas – publicadas pelo Jornal da [sua] terra Penacova Actual.”

“Obrigado Pedro Viseu! Obrigado Amigos do WhatsApp! Obrigado a quem leu, a quem comentou, a quem incentivou e a quem partilhou!” - faz questão de afirmar publicamente, acrescentando um apelo: “Homenageemos todos juntos esse fenómeno – que temos a sorte de ter na nossa terra –- da Imprensa Regional, em que exercer a Liberdade é possível, sempre com todo o respeito por opiniões contrárias e sempre admitindo que a nossa acaba onde começa a do outro.” Dirá mais adiante: “Sim, este Livro é a minha homenagem pessoal ao Penacova Actual; humilde, mas genuína."

“Os principais destinatários do conjunto destes textos (em poesias e opiniões) elaborados na lógica da Liberdade que tenta ser verdadeira, desprendida, simples, humilde…mas firme!” são, conforme nos revela, “os mais velhos, os mais doentes, os mais pobres, os desempregados, os sem abrigo, que é como quem diz os que vão deixando de acreditar em tudo e em todos.”

A obra, em si, tem dois capítulos: as Poesias e as Opiniões: “Ao contrário do que sempre aconteceu nas minhas obras anteriores, a escolha da distribuição dos escritos em si mesmos e destes pelos capítulos não teve possibilidade de existir, justamente porque estão aqui publicados todos os textos inseridos no Penacova Actual, post pandemia, até Maio de 2023, uma vez que sou Colaborador do Jornal e tenho muito orgulho nisso.” - explicita igualmente Luís Amante no seu texto introdutório.

Este livro, uma edição da Calçada das Letras, chancela da Letras em Marcha, tem como conteúdo:

I - POESIA
1. A Liberdade Actual; 2. Hoje fui ver o “Futsal”; 3. O Abril em tempo; 4. Guerra (em directo) e indignação; 5. Como “gostar” da nossa terra?; 6. As nossas Jéssicas; 7. Juventude: ainda as “Descobertas”; 8. Um “trio” no Galinheiro; 9. Liberdade; 10. Rosa de Porcelana; 11. Deixem de lhes lixar a Pensão!; 12. iPhone, o nosso melhor amigo; 13. Terra batida no Outono; 14. Homenagem aos Militares de Abril; 15. O Natal que sinto; 16. Lágrimas por Kherson; 17. Dia soalheiro; 18. O clarear da manhã; 19. O Céu da minha Terra; 20. O “galo” já não canta; 21. Um homem e a curva; 22. As cavadas 23. Pedrógão: o que se fez; 24. A incerteza; 25. Se calhar, adiantei-me; 26. O Dia do Pai; 27. Que orgulho ser do Roxo; 28. O silêncio;  29. A Confraria da Bifana; 30. Mães de Seda; 31. Lua de Vida; 32. Campeões; 33. As Afegãs; 34. Ser Criança no dia da Mulher; 35. O Fundo da Vila; 36. As Andorinhas; 37. O carrinho Bogdan; 38. David, o Professor Avô.

II - OPINIÕES
1. Democracia = Alternância; 2. Ai a “saúde”;! 3. SNS: como fazer omeletes sem ovos?; 4. O SNS e a ministra em fim de linha; 5. E Agora, António?; 6. Incêndios: esse flagelo!; 7. Santos Silva e o Chega e … vice versa; 8. Adeus Chalana!; 9. O “tinteiro” e o “mata borrão”; 10. Pronto! …é proibido parir; 11. Os Funcionários da Justiça e a Greve; 12. Os heróis de Putin serão mesmo os veteranos?; 13. Ai Timor!; 14. Valha-Lhe Deus, Senhor Professor; 15. Falemos, então, de sujidade…; 16. Conteúdos directos de um País torto; 17. Os aviões da TAP já não irão passear de BMW; 18. O Futebol, a hipocrisia e a Entourage; 19. Não só… mas Penacova está a ficar sem gente!; 20. Ajustados, ou alinhados? ; 21. Queremos respeito pelos Professores; 22. Não manchem as Jornadas Mundiais da Juventude; 23. Parabenizo a GNR; 24. Ai ACT, ACT!; 25. A Justiça tem de funcionar? ;26. O “Tinteiro” zangou-se!; 27. Senhor Rui, auto-estradas p'ra quê?; 28. Os Trabalhadores da Imprensa e da Comunicação; 29. A “Eutanásia” incompetente; 30. Como assim Lula?; 31. A “profissão” que Abril não queria; 32. O País em suspenso!

Dando uma espreitadela às “badanas” do livro, lemos, em relação às diversas obras anteriormente publicadas:

Estes poemas... representam a alma de quem sabe amar e esperar, que protege e que cuida com paixão.
Ana Marques Lito, in Poemas a recordar, 2012

O selo da responsabilidade social parece tê-lo cunhado desde sempre nas paisagens do Mondego que quer preservar... adivinham-se nestes poemas as paisagens, os aromas, as tradições e as épocas de um Portugal interior...refiro-me a Penacova, terra onde nasceu... É preciso conhecê-la e respirá-la através da mão do poeta.
Maria José Vera,  in prefácio do Livro Conexões

Palavra a palavra em comunicação secreta escreveu um amante o que lhe ia na alma: não há cultura sem afectos.
Joana Bonifácio, in Blog - O estranho mundo dos livros

Impossível de escrever aqui fielmente a revelação efectuada sobre todas as qualidades e virtudes... designadamente como excelente pessoa, experimentado e ilustre profissional, poeta talentoso.
Leonor, in Blog - Tudo e mais alguma coisa

É devido a este magnetismo natural, a esta incondicional paixão, que o autor deste livro (re)ergueu a sua casa...aquela que possui uma não menos nostálgica gárgula de feição medieval, virada para a Rua da Costa do Sol, lugar onde brincou, namorou e dançou no fecundo período da sua adolescência. Luís Pais Amante é o poeta da Casa Azul…
José Fernando Tavares, in prefácio de Penacova Intemporal

MAIS sobre o Autor: 


05 janeiro 2024

As Janeiras e os Reis das terras de Penacova, tal como se canta(va)m em Lorvão ...


A ADORAÇÃO DOS REIS MAGOS, GIOTTO


Ao Professor Doutor Nelson Correia Borges devemos muito do que hoje se conhece e se preserva da história e da cultura do nosso concelho, em particular de Lorvão. Além dos importantes estudos académicos que desenvolveu, Nelson Correia Borges foi ao longo de muitos anos profícuo colaborador da imprensa local. É dos inícios dos anos sessenta do século passado o texto que, nesta quadra natalícia prestes a terminar, achamos pertinente e oportuno recordar.

A crónica começa assim:

“Antigamente, pela Natividade, em muitas terras do país era uso cantar-se e bailar-se nos templos ao som da gaita de foles, mais o tambor e a caixa. Em Lorvão só há memória de se ter dançado na igreja pela festa da Trasladação das Santas Rainhas, além da Moirisca que era em louvor de S. João ou S. Sebastião.

O Cancioneiro de Natal consta das Loas ao Menino Jesus, das Janeiras e dos Reis. Falar de todas elas numa crónica só, seria tentar «meter o Rossio na Betesga», por isso deixaremos as Loas para outra altura.

Chega o Ano Novo. Aqui entra calmamente, sem os bulícios, gritarias e estrondos das cidades. A nota principal da noite são as Janeiras cantadas de porta em porta. Formam-se ranchos de homens, de qualquer idade, que vagueiam pelo escuro das ruas, por vezes com um toque acompanhante, parando às portas de cada casa, pedindo as Janeiras e cantando em louvor do Menino Deus. Mas isto era noutros tempos, pois este costume tão típico está em vias de desaparecimento. Hoje só se cantam os «vivas» aos da casa, de qualquer forma e jeito, na mira daquilo que lhes podem dar. A descrição do nascimento do Menino Jesus, e mai'la Virgem Maria, vai pouco a pouco caindo no olvido, pois os que cantam as Janeiras não as sabem, e os que as sabem não as cantam. Ou talvez os primeiros se não queiram dar a essa maçada...

Para que de todo se não percam, vamos nestas colunas arquivar as Janeiras de Lorvão.

Ao que nos consta, para os lados de Penacova, canta-se também a mesma letra, mas com música diferente. As Janeiras de Lorvão, são, por conseguinte regionais, isto é, versão do que se canta (ou cantava) pelo concelho de Penacova.

                                         Gravura publicada no NP pelo Natal de 1963
 
Reproduzimo-las tal qual as recebemos da tradição popular, sem qualquer artifício da nossa parte para as tornar mais coerentes:

Naquela noite ditosa
que ao mundo deu alegria,
nasceu o Divino Verbo
das entranhas de Maria.

Caminhando para Belém,
pra lá chegar com de dia;
quando ele lá chegou
já meia noite seria!
S. José foi buscar lume
pra aquecer a Virgem Maria,
quando S. José chegou,
já Jesus era nascido;
nasceu nuns pobres portais,
que nem uns paninhos tinha!

Lançou as mãos à cabeça.
Uma touca que trazia,
fê-la em quatro pedaços,
Menino de Deus cobria.
Veio um anjo do Céu à terra,
ricos panos lhe trazia:
uns eram bordados a oiro,
outros a cambraia fina!

Foi o anjo para o céu,
rezando uma Avé-Maria.
Lá no céu lhe perguntaram:
Como ficou lá Maria?
Maria lá ficou boa,
na sua sala recolhida,
que lhe fez o carpinteiro
com sua carpintaria,
mandado do Padre Eterno
para sempre à Virgem Maria!

Glória seja a Deus Pai,
e a Deus Filho também;
Glória ao Espírito Santo,
para todo o sempre. Amen.

A música repete-se de dois em dois versos, repetindo-se por sua vez as três primeiras sílabas do se-gundo verso. Repare-se que a parte final respeitante à resposta do anjo é alheia ao motivo natalício. Quanto a nós deve pertencer a outro romance e ter sido aqui enxertada, Como sucedeu noutros.

Seguem-se as quadras de elogio as da casa, das quais transcrevemos algumas:

Vivam os senhores desta casa,
mais os anos que desejam,
companhia de uma rosa,
que foram buscar à igreja!

Viva lá senhora Alice,
raminho de laranjeira;
cai-lhe a flor no regaço,
ai Jesus, que tão bem cheira!

Viva lá senhor José
quando põe o seu chapéu
e vem vindo. para a porta,
parece um anjo do céu!

Viva lá senhora Maria,
Raminho de alecrim:
é a flor mais bonita
que se criou no jardim!

Viva lá senhora Teresa,
raminho de salsa crua
na janela do seu quarto
bate o sol e bate a lua!

Depois há também as quadras pedinchonas. Pede-se salpicão ou chouriça, mas qualquer coisa se aceita, os da casa já sabem como é...

Viva lá senhor João
assentado na cortiça:
deite a faca ao fumeiro
e dê p’ra cá uma chouriça!

Viva lá o senhor António
assentado num esteirão:
deite a faca ao fumeiro,
dê pra cá um salpicão!

Passam a outra casa, depois de receberem, quando recebem, o prémio da cantoria, e voltam a repetir as mesmas quadras, mudando os nomes.. Geralmente o produto das Janeiras, ou dos Reis é consumido naquilo a que hoje chamamos «jantar de confraternização».

Nos Reis, ou melhor, Reises, como por aqui se diz, é aplicável tudo o que dissemos sobre as Janeiras. A mesma música e as mesmas quadras pedinchonas e elogiosas. Difere, como é lógico, a narrativa bíblica, que o povo parafraseou à sua maneira em quadras belas e ingénuas:

Nobre casa, honrada gente,
escutai, ouvi-lo-eis:
uma cantiga tão linda
que se canta pelos Reis!

São chegados os três reis
da parte do Oriente,
visitar a Deus Menino,
Alto Deus Omnipotente.

Foram a casa de Herodes,
por ser o maior reinado:
que lhes ensinasse o caminho
donde Jesus era nado.

Herodes com seu malvado,
com seu perverso maligno,
foi ensinar os reis,
às avessas o caminho.

Os três reis como eram santos,
a estrela os foi seguindo.
A estrelinha se foi pôr
em cima de uma cabana.

A cabana era pequena,
não cabiam todos três;
adoraram Deus Menino
cada um por sua vez.

Ofereceram ao Menino:
oiro, mirra e incenso;
não lhe ofereceram mais nada,
porque Ele era o Deus Imenso!

Glória seja a Deus Pai
e a Deus Filho também;
glória ao Espírito Santo,
para todo o sempre. Amen.

A festa da Natividade, tão querida do povo português, originou um Cancioneiro de Natal, do qual oferecemos aos nossos leitores as Janeiras e os Reis das terras de Penacova, tal como se cantam em Lorvão.

«Vamos adorar o Deus Menino em Belém, entre os pastores!”

10 de Dezembro de 1962

CORREIA BORGES