25 abril 2015

O 25 de Abril de 1974 em Penacova


Como em muitos pontos do país, a notícia da Revolução foi recebida em Penacova com um misto de entusiasmo e de apreensão por parte da população em geral.
Foi só no dia 1 de Maio que  as manifestações públicas e mais significativas se fizeram sentir. Neste dia, muitas pessoas se concentraram em frente da Câmara Municipal e de seguida tomaram parte numa sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Foi enaltecido o Movimento das Forças Armadas e foi eleita uma Comissão para gerir o Município (recorde-se que o Presidente da Câmara no momento do 25 de Abril era o Dr. Álvaro Barbosa Ribeiro).
Dessa Comissão  faziam parte Fernando Ribeiro Dias, Manuel Ribeiro Santos, Rui Castro Pita, Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão, José Marques de Sousa, Teófilo Luís Alves Marques da Silva, Américo Simões, Adelaide Simões, Artur José do Amaral, Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, António Coimbra Soares e António de Sousa.
Tomou posse a 2 de Maio e de entre os seus elementos foi escolhido para presidir à mesma o Dr. Teófilo Luís Alves Marques da Silva, ficando como vice-presidente, António de Sousa. O terceiro elemento com mais responsabilidades no executivo passou a ser também  o Engº Castro Pita.
Teófilo Marques da Silva, natural do Porto, licenciado em História, militante do Partido Comunista Português era professor e director do Ciclo Preparatório de Penacova desde 1971.
Perante as dificuldades em satisfazer os anseios das populações e também confrontados com algumas atitudes como aquela em que Castro Pita foi agredido em plena sessão da Câmara, a Comissão apresenta a demissão em Agosto de 1975, mantendo-se entretanto em funções por mais algum tempo. Em entrevista concedida em 2002 ao Jornal de Penacova, Teófilo Marques recorda o ambiente que se viveu em Penacova no 25 de Abril.”A revolução dos cravos foi recebida com grande júbilo, pelo menos, por parte das pessoas com quem eu contactava. Claro que esse sentimento positivo não era unânime, havia pessoas que estavam mais identificadas com o ideal do Estado Novo, mais “encostadas” ao antigo regime e, naturalmente, tinham as suas próprias ideias que não coincidiam com as que tinham levado à revolta de Abril. Por mim, eu já há muito que assumia a minha tendência para as ideias de esquerda.”
Teófilo Luís Alves Marques da Silva (2 de Maio 74 a Agosto de 75:
 nesta data pede a demissão ficando em funções durante
 mais algum tempo)) e
José Alberto Costa (24 de Abril de 76 a 31 Dez 76)

Consumada a intenção de se demitir, a Comissão, reunida com os representantes locais dos Partidos entendeu indigitar para Gestor Municipal, o 1º Sargento de Infantaria, José Alberto Costa, que exerceu essas funções entre 24 de Abril  e 31 de Dezembro de 1976.
Refere o jornal Notícias de Penacova que “depois de muito instado e sendo indivíduo sempre pronto a dar o seu melhor a bem do País, militar irrepreensível, acabou por aceitar e a população penacovense congratulou-se com o facto; estava garantida a continuidade da obra municipal, iniciada pela Comissão Administrativa cessante e que neste jornal foi bem demonstrada.”

12 abril 2015

Cartas brasileiras: Não me importam os motivos


Santo Deus, e meus ouvidos! Pelo que está escrito no Apocalipse, é sofrimento para ninguém botar defeito. Os anjos chegarão fazendo muito barulho; na primeira trombeta o fogo jogado sobre terra irá causar “um arraso”, queimará um terço das árvores e das ervas. Na segunda trombeta, lança-se fogo e sangue sobre o mar, matando um terço das criaturas e destruindo um terço dos navios. E em cada uma delas, até à sétima, desgraças para ninguém botar defeito. Quando o terceiro anjo tocar sua trombeta cairá do céu uma grande estrela ardendo como uma tocha, cairá sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas. Ao som da quarta trombeta o Sol a Lua e as estrelas trarão escuridão, um terço do dia parecerá noite. Ainda com os ouvidos doendo, com os tímpanos quase estourados, ouviremos a quinta trombeta anunciando uma estrela que caindo do céu abrirá um grande abismo; gafanhotos e escorpiões cobrirão a terra, quem não tiver o sinal de Deus na testa pode esperar o pior. Na sexta trombeta mais dor. Das cabeças dos cavalos, como cabeças de leões, sairão fogo e enxofre. Nessa altura um terço dos homens já terá morrido. Não bastassem os ouvidos, a dor não irá parar com a sétima, a trombeta final anunciando o novo reino do Senhor.

clique na imagem para ouvir
Será que não daria para trazerem junto Artie Shaw e sua orquestra, quem sabe Benny Godman. Por que não Ray Anthony! Talvez Lester Young. As opções são tantas que não há desculpas; dispenso os motivos; por Deus apenas façam. Ou não basta ouvir as ambulâncias desesperadas gritando pedindo passagem, presas pelo trânsito caótico, lá dentro uma mulher para dar a luz, um idoso nos últimos suspiros ou uma criança chorando.

P.T.Juvenal Santos ptjsantos@bol.com.br


09 abril 2015

Lorvão: Memória e Tradição


Em parceria com a Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, o município de Penacova, promove, no âmbito das Comemorações dos 300 anos da Trasladação das Santas Rainhas Teresa e Sancha, e do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o Colóquio Internacional "Lorvão: Memória e Tradição", bem como um conjunto de outras iniciativas, anuncia a página da Câmara Municipal. 

Fica a transcrição:

Tendo como objetivo, nas palavras de Fernanda Veiga, Vereadora da Cultura do município, "sensibilizar os cidadãos para a importância do património na nossa sociedade, o tema do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios - "Conhecer, Explorar, Partilhar" - chama  a atenção para a necessidade de conhecermos o Património e a sua potencialidade enquanto recurso vital para um desenvolvimento harmonioso, bem como para a imprescindibilidade de o partilharmos, entendendo-o como legado e possibilidade de futuro.

É neste âmbito e, tendo como, premissa base a importância do conhecimento, para melhor explorar a potencialidade dos recursos patrimoniais na sociedade contemporânea, partilhando ideias, saberes, perspetivas, preservando a identidade local e a ligação profunda às comunidades, que nos dias 17 e 18 de abril, o município de Penacova comemora o seu Património, com um programa dirigido a todos os públicos e que terá como, expoente, o Colóquio Internacional "Lorvão: Memória e Tradição", que terá lugar pelas 14H30, do dia 17 de abril, no Mosteiro de Lorvão".

O colóquio, cuja sessão de abertura será presidida pelo Presidente do município de Penacova, Humberto Oliveira, conta, na sua Sessão de Abertura, com a presença de representantes da Junta de Freguesia de Lorvão, da Direção Regional da Cultura do Centro, da Consejeria de la Cultura da Junta de Castilla y Léon, do Ayuntamiento de Cabezón de Pisuerga, da Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, será moderado pelo Prof. Doutor Luís Reis Torgal, tendo como intervenientes: Arq. Fábio Nogueira, "A Evolução do Mosteiro e o Condicionalismo que impôs ao lugar de Lorvão"; Mestre Paula Silva, "Cultura e Património Imaterial de Lorvão"; Prof. Doutor Humberto Figueiredo, "O Património, as Comunidades e o Desenvolvimento"; D. Victor Pesquera, "A História do Mosteiro de Santa Maria de Palazuelos". Às comunicações dos palestrantres seguir-se-á, um momento para debate, após o que será realizada uma visita guiada ao Mosteiro de Lorvão e sua envolvente.

Ainda no dia 17 de abril, e logo pela manhã, o Projeto PENANIMA, realizará uma recriação histórica no Pátio do Mosteiro de Lorvão, dirigida ao público infantil e, à noite, pelas 21H30, a Igreja do Mosteiro de Lorvão será palco, pelas 21H30, de um Concerto realizado em parceria pela Escola de Artes de Penacova e o Conservatório de Música de Coimbra, com a apresentação das classes do Prof. Rodrigo Carvalho e das Profs. Joaquina Ly e Maria José Nogueira, respetivamente. A segunda parte do concerto estará a cargo dos Profs. Rodrigo Carvalho e Júlio Dias.

No dia 18 abril, o município promove, a partir das 09H30,  uma Caminhada na Ribeira de Arcos, seguida de Almoço no Forno Comunitário de Lorvão. Os interessados em participar nesta iniciativa deverão concentrar-se pelas 09H00 em Penacova (saída dos autocarros junto ao edifício da Câmara Municipal de Penacova) ou em Lorvão, pelas 09H15 (saída dos autocarros junto ao Mosteiro de Lorvão).

A participação no Colóquio "Lorvão: Memória e Tradição", bem como na "Caminhada na Ribeira de Arcos" é de acesso gratuito.


As Comemorações dos 300 anos da Trasladação das Santas Rainhas Teresa e Sancha decorrerão até 18 de outubro, com um conjunto de iniciativas culturais, religiosas e gastronómicas diversificadas, organizadas em parceria entre o Município de Penacova, a Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão e a Paróquia de Lorvão, contando com o apoio institucional da Junta de Freguesia de Lorvão, Direção Regional da Cultura do Centro, Diocese de Coimbra, Grupo Etnográfico de Lorvão, Filarmónica Boa Vontade Lorvanense e Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penacova.