27 setembro 2017

Batalha do Bussaco foi há 207 anos

Muito se escreveu sobre a célebre Batalha do Bussaco. Em jeito de efeméride, aqui fica um mapa retirado do 3º volume de uma extensa obra sobre a Guerra Peninsular:
v. 1. 1807-1809. From the treaty of Fontainebleau to the Battle of Corunna.
v. 2. Jan.-Sept. 1809. From the Battle of Corunna to the end of the Talavera campaign
v. 3. Sept. 1809-Dec. 1810. Ocaña, Cadiz, Bussaco, Torres, Vedras.
v. 4. Dec. 1810-Dec. 1811. Masséna's retreat, Fuentes de Oñoro, Albuera, Tarragona.
v. 5. Oct. 1811-Aug. 31, 1812. Valencia, Ciudad Rodrigo, Badajoz, Salamanca, Madrid.
v. 6. Sept. 1, 1812-August 5, 1813. The Siege of Burgos; the Retreat from Burgos; The Campaign of  Vittoria; The Battles of the Pyrenees.
v. 7. August 1813-April 14, 1814. The capture of St. Sebastian; Wellington's invasion of          France;battles of the Nivelle, the Nive, Orthez and Toulouse


Duque de Wellington
(gravura publicada no referido livro)


24 setembro 2017

Grupo Etnográfico de Lorvão preserva em CD património popular musical

Foi hoje lançado o segundo CD do Grupo Etnográfico de Lorvão tendo como título “louro vão". Recorde-se que já o primeiro trabalho discográfico (1999) - “Lauribano” – remetia para a lenda do “loureiro oco”, em torno da toponímia de Lorvão. A sessão, que decorreu no Claustro do Mosteiro de Santa Maria de Lorvão, contou com a presença do Presidente da Federação do Folclore Português, Prof. Doutor Daniel Café. Também presentes na mesa, o Presidente da Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, Prof. Doutor Nelson Correia Borges, o Presidente da Câmara Municipal de Penacova, Dr. Humberto Oliveira, a Vereadora da Cultura, D. Fernanda Veiga, o Presidente da Junta de Freguesia de Lorvão, Rui Baptista, e também o Editor, Emiliano Toste.

O trabalho agora apresentado e que dá corpo ao 32º volume da coletânea "Folclore Português" inclui vinte temas do repertório do Grupo: CANÇÃO DOS PALITOS, VERDE GAIO DE LORVÃO, MALHÃO DE LORVÃO, AS TRÊS MARIAS, VIRGEM QUERIDA, SÃO JOÃO DE LORVÃO, VIRA DA TI PITORRA, AI LI, AI LI, AI LÉ, VIRA DE LORVÃO, SENHOR LADRÃO, OH QUE PRAIA TÃO LINDA E TÃO BELA, VIRA ESPANHO, LESTALADO, CANTAR AO MENINO, ACORDAI, GLÓRIA IN EXCELSIS DEO, PASTORINHOS DO DESERTO, INFANTE SUAVÍSSIMO, JANEIRAS e MORENINHA.

“Durante séculos ecoaram no estreito Vale de Lorvão as vozes das monjas de S. Bernardo, entoando no coro do seu mosteiro os ofícios divinos, acompanhados pelo som mavioso e potente do órgão, desde ainda antes do dia clarear até o silêncio da noite tudo envolver. Como podiam ficar indiferentes as gerações de Lorvanenses a esta educação musical, a este excitar do sentido auditivo?” - lê-se no folheto que acompanha o CD. 

Continuando a leitura deste texto assinado pelo Professor Nelson Correia Borges percebemos ainda melhor as raízes musicais das gentes de Lorvão, bem como a razão de ser de todo este projecto que conta já com quase três décadas de existência:

“O gosto pela música e pelo canto tornou-se quase genético. As gentes de Lorvão notaram-se pelo seu gosto de cantar, pelas vozes e pela capacidade de tudo lhes “ficar no ouvido”. A própria maneira de falar refletia este gosto pela frase musicada.” 
Foto retirada da "contracapa" do CD

“O património popular musical de Lorvão é uma riqueza pouco vulgar: cantigas religiosas e profanas, cantigas dançadas que atravessaram gerações e seria lastimável deixar cair no esquecimento. Por isso se constituiu o Grupo Etnográfico de Lorvão que mediante um aturado e profundo trabalho de pesquisa e de reconstituição é o garante da preservação deste património imaterial, que mais do que nenhum outro, define e individualiza a mulher e o homem de Lorvão. E neste mundo em transformação cada vez mais acelerada é importante que as gerações vindouras possam construir o futuro sobre raízes solidamente alicerçadas no nosso chão.”

A poucos meses do Ano Europeu do Património Cultural 2018 em que iremos, com mais insistência, ouvir falar da “ligação das pessoas e das comunidades com o seu património, as suas tradições e os seus saberes” e da necessidade de promover cada vez mais todo um conjunto de “estratégias de desenvolvimento local na perspetiva da exploração do potencial do património cultural”, o lançamento deste trabalho vem, antecipadamente, alimentar a esperança e mesmo a certeza de que muito disso é possível, quando uma comunidade (pessoas, instituições, poderes autárquicos) adquire consciência dos seus valores culturais e trabalha no sentido de os conhecer, proteger e conservar.


Fotos: Penacova Online


13 setembro 2017

Poetas penacovenses (III): Mont’Alto - memórias poéticas de Luís Amante

Foto de Luís Amante, publicada no
Penacova Actual
Mont’Alto


É para a colina que nos encima

Que corremos hoje

E a festa que ali se manifesta

Dar-nos-á prazer e recordação, depois

Levamos farnel às costas ou à cabeça

Água, vinho a granel, broa e panados

Enrolados em papel

Chouriço, febras para assar, tremoços

Bacalhau em pastel

Limonada

Laranjada

Tudo misturado com boa disposição

As moças, no caminho,

Vão “agarradas“ às saias das mães

Mas há outras que lhes fogem e ficam mais à frente

… De repente

Os rapazes aproveitam para as tentar seduzir

Elas ficam tão nervosas que só lhes dá para rir

O nosso Mont’Alto é uma romaria cristã

Centenária

O local é ermo durante quase todo o ano

Só se lhe conhece um vizinho sonhador

Chamado Aviador

Mas o Jovem não se esquece

Do tempo que ali se aquece na manifestação pagã

As toalhas à chegada são bem estendidas no chão

Mais à sombra ou mais ao sol pr’a passar a Procissão

Esta decorre alinhada logo a seguir à missa

Que por vezes é cantada pelo coro sem preguiça

As vendas são apregoadas

As fogaças leiloadas

Os donativos cumpridos

Até que o baile começa antes que ali anoiteça

E todos se vão embora

Ano, após ano, religioso ou profano

Esta vai sendo a nossa boa sina

enquanto Povo

Manter lá alto, na ermida, as tradições

Cozinhar - e regar - cá em baixo as ilusões

Porque isso nos ensina!


Luís Pais Amante
Telheiras Residence
8 Set 17, 19:30

Lembrando uma romaria popular a que ia antes de vir

para Lisboa, agora recordada pelo Prof. David Almeida, que muito estimo.

08 setembro 2017

Travanca: Jardim de Infância assinalou 40 anos ao serviço das crianças

Recorte de notícia  de "A Comarca de Arganil" (7/9/2017)
cujo texto se transcreve a seguir:

Em 14 de Setembro de 1976 abriu em Travanca do Mondego o primeiro Jardim de Infância do concelho de Penacova. Numa época em que a educação pré-escolar era uma novidade nos meios rurais, o Padre António Oliveira Veiga e Costa, atento aos problemas sociais das paróquias que há pouco lhe haviam sido confiadas, tomou em mãos uma obra pioneira e que acabaria por revolucionar a freguesia de Travanca e principalmente o Alto Concelho de Penacova.  As dificuldades iniciais foram vencidas. O Jardim de Infância, que abriu com 25 crianças, passados 5 anos contava já com 40. Entretanto o Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Travanca do Mondego ia alargando a sua acção a outras vertentes educativas e culturais: colónias balneares, escola de música, grupo etnográfico, biblioteca, escutismo, grupo coral… Também a criação da Telescola, nos anos 70, por iniciativa daquele sacerdote, completava a dinâmica cultural e educativa que a freguesia estava a viver. Um vasto conjunto de iniciativas que marcaram indelevelmente não apenas Travanca do Mondego mas todo o concelho de Penacova.
Ao terminar o ano lectivo 2016/2017 o Jardim de Infância promoveu, como vinha sendo habitual, a sua Festa de Encerramento. Dado que se assinalavam 40 anos de funcionamento, o Centro Paroquial decidiu alargar o convite a todas as famílias, bem como à Câmara Municipal, Junta de Freguesia e Associação Recreativa e Cultural.
O Encontro-Convívio teve lugar na tarde do dia 16 de Julho. A festa iniciou-se com a actuação das crianças do Jardim de Infância e entrega de diplomas aos “finalistas”. De seguida, o Dr. David Almeida dirigiu-se, em nome da Direcção, a todos os presentes, começando por cumprimentar, de um modo especial, o Dr. João Azadinho, vice-presidente da Câmara e o Sr. Luís Pechim, Presidente da União de Freguesias de Oliveira e Travanca. Saudou ainda todos os elementos do Grupo “Cantar Travanca do Mondego” e do Grupo “Trigo Maduro”, de Figueira de Lorvão, que generosa e simpaticamente se disponibilizaram para dar ainda mais brilho ao programa, que desde a primeira hora se pretendeu que fosse muito simples.
Numa breve alocução, aquele membro da Direcção evocou três palavras, que no seu entender, deveriam ser sublinhadas: Encontro, Memória e Gratidão.  Encontro de gerações, encontro de atuais e antigos “alunos”. Encontro de pessoas, de instituições, de famílias, que ao longo de quatro décadas acarinharam este projecto. Memória de acontecimentos e de pessoas, recordações emotivas de muitos e bons momentos que aqui se viveram.  Gratidão, em primeiro lugar, “para com o grande obreiro do Jardim de Infância, o Senhor Padre Veiga” não esquecendo as pessoas já falecidas que com ele colaboraram de perto no arranque do Jardim: os senhores Eduardo Videira, José Martins dos Santos, Joaquim Fernandes, António Alves Rodrigues e José Duarte Ramos. Foi também recordado o Dr. Eurico Almiro Menezes e Castro, recentemente falecido, e que foi sempre um grande amigo e admirador desta obra e dos seus promotores.

De registar ainda uma palavra de agradecimento às entidades que ao longo destes anos apoiaram o Centro e de um modo especial o Jardim de Infância “reconhecendo sempre o alcance social desta obra e depositando total confiança nos seus responsáveis.”  Gratidão também “para com todas as pessoas que trabalham e trabalharam no Jardim de Infância, quer a título voluntário, quer com vínculo laboral.” Nesse sentido foi, de seguida, prestada uma singela, mas sentida homenagem à actual Educadora de Infância, Celeste Costa, e às suas colaboradoras, Ismália Ferreira, Luísa Duarte e Isabel Santos, “reconhecendo a sua dedicação, o seu empenho e o seu profissionalismo”, conforme ficou gravado nas placas de homenagem que lhes foram oferecidas. Não tendo sido possível reunir todas as pessoas que passaram pelo Jardim de Infância, para elas foi um sentido bem-haja. O reconhecimento e a homenagem estendeu-se também a um travanquense radicado em França, “ao distinto Benemérito, Sr. Júlio Gonçalves Viseu, um Português no Mundo, um Amigo da sua terra” que ao longo dos anos sempre, com a sua inexcedível generosidade, se disponibilizou para apoiar o Jardim de Infância. E, falando de gratidão, é de referir que fica em falta uma justa homenagem à pessoa que durante 40 anos dedicou a sua vida ao bem-estar das centenas de crianças que frequentaram o Jardim de Infância. Falamos da D. Palmira Gonçalves Viseu. Apesar de já ter sido, oportunamente, homenageada pelo Município de Penacova e pela Junta de Freguesia, a paróquia fica-lhe ainda a dever esse gesto.      

O encontro prosseguiu com um lanche partilhado no Adro da Igreja, onde não faltou o porco no espeto e o refrescante fino e contou com a presença de muitas famílias e também do Sr. Presidente da Câmara. Apesar de se perspetivar a curto prazo o encerramento do Jardim, por falta de inscrições, o são convívio, a boa disposição e a amizade, não deixaram de estar presentes.