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quarta-feira, setembro 03, 2025

Crónicas do Avô Luís: Tutto passa...





O meu neto mais velho [o André, de 19 anos, estudante de Informática na Universidade Nova de Lisboa] foi fazer um interrail que terminou há pouco tempo.

E apareceu com uma tatuagem no braço direito. A tatuagem tem escrito: “TUTTO PASSA”.

Em italiano significa “a impermanência da vida e a ideia que tanto os momentos bons quanto os ruins são passageiros”.

Verifiquei, entretanto, que subsiste uma história à volta de um homem idoso napolitano que foi conhecido por ter essa mesma frase tatuado no tórax.

Essa fotografia corre mundo e glorifica o fotógrafo Ciro Pipoli.

Eu não sou fã de tatuagens, mas não tenho nada contra elas, desde que discretas e significativas.

Mas fiquei, sinceramente, orgulhoso da iniciativa que o André decidiu ter.

Aos 19 anos, eu tinha sobre os meus ombros a necessidade de começar a constituir uma vida, a 200 quilómetros dos meus pais (à altura, 5 horas de viagem) trabalhando na HPE e estudando já no segundo ano da FDL.

O André não tem problemas com a vida dele, felizmente, e os que possa ter tido - que dão endurance - já passaram, pelos vistos.

E isso é muito bom!

A pergunta que eu faço a mim próprio [que bem podia ter esta frase numa qualquer parte do meu corpo] é a de saber se as coisas serão mesmo assim?

E a minha abordagem, sempre exigente, sempre prudente, conclui que não!

As coisas (boas, más, assim assim) até podem passar, mas não vão, pura e simplesmente para o “cano de esgoto da vida”.

Ai não vão não!

Se tudo passa (agora em português) porque será que sinto tanto, ainda, as coisas que aconteceram há 60, 50, 40, 30, 20, 10, 5 anos, ou há poucos dias, até?

Poderá ser por que não tem comparação a vida que eu tive de ter e a que o André tem?

Ou por que a idade do André ainda não permite a distância que este tipo de análises precisa?

Para um desportista (como o André é, praticante de futsal) a lesão do dedo grande do pé direito está ultrapassada e, portanto, passou…

Para o Fisioterapeuta do André, passou, mas deixou mazelas que não se podem descurar…

Para o Treinador, passou, deixou mazelas e merece desconfiança: afinal posso contar contigo a 100%, 90%, 80% ou só 50%?

Para uma qualquer das muitas Psicólogas ou Psicanalistas que conhecem o meu neto, desde muito pequenino, o assunto é outro: o que se deve fazer para que o André esteja em condições (apto) para assumir tão firmemente que, no alto dos seus 19 anos, tudo passou e que, ao longo da vida venha a ser um jovem/homem trabalhador, responsável e solidário.

Eu quero acreditar que a ousadia é uma característica importante do ser humano; que deve ser acompanhada da ambição saudável, rumo a uma vida em que nós próprios pensemos que uma boa parte de nós se pode entregar aos outros que precisam de ajuda; e que não é mau que coisas menos boas deixem alguns resquícios que, de vez em quando, nos permitam pensar melhor (nelas) e nas suas razões profundas !

E assim, pensando no TUTTO PASSA, já deixei passar uma boa tarde de praia.

Mas, estou certo, irei pôr os nossos Andrés, todos, a reflectirem bem sobre os factores de sorte que a vida lhes deu e, sobretudo, que os seus próprios Andrés, num futuro próximo, também precisarão dela.

Ao mesmo tempo, sem dar por isso, coloquei os avós da minha idade a ir um pouco ao fundo das vidas que tiveram.

E bem assim das que estão a ter, num contexto em que a reforma contratada diminui sistematicamente pela via do aumento da tributação e, também, pela ocorrência do aumento do custo de vida.

Sem contar com as situações em que são o suporte de vida a um agregado familiar que aumenta pela ocorrência de situações de desemprego e outras!

Luís Pais Amante
Casa Azul



sexta-feira, agosto 08, 2025

Crónicas do Avô Luís (2): O que saber sobre as Crianças



O que saber sobre as Crianças

A nossa crónica de hoje incide sobre uma temática importante, que aqui tento desenvolver de Avô, para Avós; mas é mais abrangente do que isso.

Incide sobre a realidade do nosso País e sobre as crianças que cá estão, uma vez que entendo ser esse o nosso interesse maior.

Dos horrores que se praticam a todos os momentos no mundo, falaremos noutra ocasião, embora os abominemos.

É muito importante conhecer (e isso hoje em dia é simples, com recurso a aplicações disponíveis no telemóvel) o que diz a Constituição da República Portuguesa, no seu art. 69 e 74; A Convenção sobre os Direitos da Criança, adoptado pela ONU; A Carta dos Direitos Fundamentais da Europa, art. 24; Lei n. 147/99, sobre a Proteção de Crianças e Jovens em perigo; e os Códigos Civil, de Processo Civil, bem como Legais com efeito Penal e de Processo Penal, nas partes aplicáveis.

Antes do nascimento, o nascituro (designação legal dada ao feto antes do parto) já tem direitos.

O direito à vida que coloca em confronto a nossa sociedade, quando se discute a questão do aborto -porquê e com que limites e onde- hoje praticamente resolvida com a adopção razoável da convivência dos direitos da criança com os direitos da mulher, embora com subsistência de “guerrilhas extremistas” que são conhecidos.

Quando nascidas, integram a existência da criança os direitos civis que resolvem, através da atribuição das responsabilidades parentais, questões como: viver onde e com quem? em que condições; receber quanto a título da designada “pensão de alimentos”; estudar onde; ter acesso a que tipo de saúde.

São designados por direitos que “defendem os superiores interesses das crianças” e têm seguimento próximo - e bem - do nosso Ministério Público.

Aliás,

É importante dizer que os direitos acima subsistem até à maioridade, mas após isso, mediante a observância de sucesso escolar, eles perduram até ao fim da escolaridade superior.

O beneficiário, neste caso, tem de interpôr uma ação judicial contra os próprios pais ou o que não ajude nessa missão, que hoje é civilizacional!

Entrando nas questões da escolaridade, a criança/adolescente, está protegida, hipoteticamente, desde bebé.

Digo hipoteticamente porque todos sabemos que isso “está em equação no papel” (creches gratuitas para todos, por exemplo) mas não se constitui como realidade em muitas partes do nosso País.

Todavia,

A Constituição da República Portuguesa adoptou o direito ao ensino e à igualdade de todos às mesmas oportunidades no seu art. 74!

Beneficiar de bom tratamento (tanto do ponto de vista da alimentação, como da saúde, como da educação) - que têm correspectividade cível - abrange, ainda, a não prática de bons tratos, porque os maus tratos, têm observância punível criminalmente.

Finalmente - o que muitos de nós não saberemos - a nossa Lei da Família, digamos assim, confere direitos aos Avós, por entender que essa “Instituição” deve beneficiar do convívio com os netos e esses têm o direito de conviver com os Avós.

Direitos são Direitos!

De facto,

Esses direitos (direito de visita e comunicação e direito à manutenção da relação familiar, através do convívio) estão estabelecidos no art. 1.878, do CC!

Um parêntesis para realçar que tudo isto se eleva em proteção e em responsabilização quando tratamos de crianças e jovens com deficiências e / ou doenças incapacitantes.

Do que acima vos transmito, com muita lealdade e sem querer entrar em polémicas - que, para o caso, são desnecessárias - surge, de imediato, uma pergunta:

- Se assim é, se o nosso quadro normativo é tão completo, qual o motivo pelo qual tantas crianças e jovens não têm apoio nenhum e chegam mesmo a morrer sem ninguém ser penalizado?

A resposta é simples e está ligada ao facto de a nossa Sociedade se encontrar num estádio de degradação grande, inclusive, muito tristemente, ao nível dos poderes públicos e dos que estão ligados a esta temática, que andaram tempo de mais direcionados para “negociatas”, “discussões estéreis” e “aproveitamentos indevidos” de incompetentes …

… Mesmo muito, muito grande!

Luís Pais Amante

Casa Azul

domingo, julho 20, 2025

Crónicas do Avô Luís (1): A História e os Factos


 

Dando por concluída a excelente série de textos (crónica e poesia) com que durante algum tempo o Dr. Luís Pais Amante nos presenteou, na rubrica “Da minha janela…”, iniciamos hoje um novo espaço cujo título se inspirou no Clube da Netaria (Contos da Casa Azul). Mensalmente vamos poder continuar a ler as suas reflexões e opiniões, sempre pertinentes e actuais. Uma honra e um privilégio para o Penacova Online.

 

A História e os factos

Como toda a gente sabe, eu não sou historiador; não percebo nada das regras explícitas ou implícitas dessa realidade e, consequentemente, posso estar, nesta minha crónica, a “dizer asneiras”.

A História é, ou devia ser, seca, despregada de “encomendas”, mas sujeita ao realismo dos “factos”!

Nesta concreta questão eu estou um pouco mais à vontade, porque no exercício da minha profissão (há já 47 anos) são os ditos “factos” que mais interessam na busca da “verdade material”.

A motivação deste pequeno enquadramento está ligada ao Lançamento recente do Livro 125 NOMES da HISTÓRIA de PENACOVA, da Autoria do Prof. David Almeida.

Livro esse que foi editado pelo Município da nossa Terra, que aí viu, certamente, uma forma correcta de não deixar morrer, no esquecimento das memórias selectivas, alguns dos nomes que por cá se foram destacando.

Uns para o bem; outros para o mal; outros para o assim, assim.

Confesso que ainda não li, em pormenor, o que uma das Figuras mais brilhantes e humildes que por cá nasceram - o David Almeida - escreveu sobre aqueles nomes. Irei fazê-lo com o tempo que o meu pouco tempo me dá: atentamente, criticamente, mas construtivamente.

Digamos que a minha idade “já sabe” quem são muitas destas pessoas… Conheceu muito “de ginjeira”, com soi dizer-se.

Felizmente a Democracia sem aproveitamentos ou obtenção de benefícios indevidos, por vezes escancaradamente dados a quem não os merece, mesmo do ponto de vista cívico, faz/obriga os verdadeiros democratas, nos quais me ouso incluir, a estarem acima desses pormenores, muitas vezes pormaiores.

E, por isso mesmo,

Regressando aos tais “factos”, muita gente ainda se lembra de quem fez mal a Penacova (através de actuações tristes) e quem lhe fez bem (através de ações meritórias).

Só que nunca podemos esquecer que, ainda hoje, na véspera de eleições autárquicas, o que para uns é péssimo, para outros é excelente.

A análise subjacente a este modo um pouco enviesado de buscar, verificar e interpretar os “factos” ganhou - neste nosso caso - mesmo muito pela Pessoa que decidiu avançar para o projecto.

Sobretudo sem pedir apoios financeiros a ninguém; sem esperar que “os tostões” lhe chegassem ao bolso.

Se eu pudesse classificar este tipo de dedicação, integrá-la-ia, sem margem para dúvidas na História que o David, por mera humildade, integrou na Memória!

Não, Senhor Professor, os seus trabalhos não têm comparação noutro qualquer concelho deste País.

Os meus Parabéns muito sinceros.

Luís Pais Amante

Casa Azul

terça-feira, setembro 17, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: GRITO pelos Bombeiros de Portugal


Fui Bombeiro Voluntário de Penacova, na minha juventude!

Sou sócio desta Corporação Humanitária há tanto tempo, que já não me lembro bem a data, quase de certeza aproximada a meio século.

Tínhamos um carro (Bedford) e uma ambulância (VW sanduíche). Mas éramos bravos, estóicos, resilientes e, ao mesmo tempo, gratificados por vestir aquela farda!

Orgulhosos!

As pessoas da terra sabiam como nos expúnhamos ao perigo e, sem dúvida, reconheciam-nos.

Um dia, num incêndio fora do nosso concelho (em Vale da Ovelha, do concelho de Mortágua) mas bem nas nossas extremas, que eu já não consigo datar, mas entre 1969 e 1971) o Vasco Viseu, há pouco regressado da tropa (Angola, Pedra Verde) após o toque da sirene, pegou no volante e, acompanhado pelos irmãos (Quim Zé e Luís) e por mim (acho que me chamavam Cadete) arrancou em direção ao fogo. Pelo caminho (à Igreja) apareceu o António Dias ainda a vestir-se, porque tinha estado noutro fogo há pouco tempo.

E lá fomos nós (tanque cheio, moto-serras, picaretas, pás, etc) para fazer o bem, num terreno vizinho, voluntariamente. Até Vale da Ovelha.

Do que interessa contar é a circunstância de termos sido “quase comidos” pela chama, que se preparava para nos passar por cima, sem sabermos donde surgiu.

O saudoso Vasco (que ainda não tinha digerido já não estar no meio dos tiros) e que veio a ser um Comandante de uma enorme dimensão e prestígio da nossa Corporação, abriu a porta do carro e começou aos gritos:

- saiam todos por esta porta (o fogo estava na direita do Bedford): rolar, rolar, rolar.

E assim foi: enrolados serra abaixo, capacetes pelo caminho, machados a dar de frosca, corda queimada e roçada, entrámos numa ribeira com água…

E o fogo passou, o carro chamuscou, mas nenhum de nós se afogou!

O Vasco tinha visto o local para onde nos ia levar. Era o Comandante daquela “brigada?” e, como tal, assumiu a nossa proteção.

Este foi, só, um dos sustos maiores da minha vida; o outro foi na Costa do Marfim…

E perguntará o Leitor:

- qual o interesse disso agora?

É só o facto de, ali perto, terem falecido 3 Bombeiros há poucas horas; ou melhor, duas Bombeiras e um Bombeiro (Sónia Melo, Susana Carvalho e Paulo Santos) da Corporação vizinha de Vila Nova de Oliveirinha, que me fazem vergar perante os seus familiares, que não conheço.

A vida do Bombeiro está sempre em perigo!

A vida do Bombeiro continua a não valer nada!

A Família do Bombeiro está, sempre, com o coração nas mãos!

O reconhecimento aos Bombeiros não existe nesta sociedade da cadeira e do computador, do Ipad e do telemóvel…

Só se sabe que os Bombeiros existem em ocasiões como a que estamos a passar, já com baixas contabilizadas.

Há dinheiro “a jorro” para tudo, menos para dar dignidade ao Estatuto do Bombeiro Voluntário!

Mas estarão 5.500 a trabalhar sem dormir; sem descansar; se calhar sem comer; muitos, a muitos quilómetros de casa.

E, se tiverem um qualquer problema de sinistralidade, muito provavelmente, poucos lhes darão a mão.

É tempo de gritar!

Já não é tempo de mendigar…

Vivam os Bombeiros Voluntários Portugueses!


Luís Pais Amante


domingo, agosto 25, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: A igualdade de género, blá, blá, blá



Andam por aí grandes discussões sobre o género -muitas com objectivos bem definidos- mas eu não quero alimentar essa fogueira, até porque não tenho habilitação para tanto.

Mas sei,

Que a igualdade de género “implica que os interesses, as necessidades e as prioridades das mulheres e dos homens são tidos em consideração, reconhecendo assim a diversidade”.

A ampliação da cidadania das mulheres só se torna, ainda hoje, necessária por que, até aqui, foram os homens que dominaram tudo quanto havia para dominar e não querem parar este estatuto de pseudo supremacia.

Enfrentar preconceitos, estereótipos, buscar uma cidadania activa para todos, só se faz, infelizmente, questionando as práticas na política, na gestão e na vida em sociedade.

Para além de ser um direito humano básico, a igualdade entre os sexos tem sido considerada um dos pilares para a construção de uma Sociedade Livre. E é só esse o caminho certo a seguir!

Indubitavelmente é mesmo a igualdade que todos devem querer -e ter- independentemente do sexo com que nascem.

Daí a preocupação de (já em 1948), na Declaração Universal dos Direitos Humanos, se ter integrado a igualdade de género no direito internacional dos direitos humanos.

O Objectivo 5: Igualdade de Género, das Nações Unidas é ”… acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas, em toda a parte …”.

Ora, aqui chegados, colocam-se questões pertinentes relativamente ao facto de, no nosso País -que se apregoa de moderno e civilizado, sendo, todavia “um atraso de vida” absoluto- passados 50 anos de vida democrática, não se ter tido, ainda, a sorte de ter Responsáveis à altura de promoverem essa urgente transformação.

Os Partidos Políticos até inventaram um regime de quotas para ser utilizada nas suas vivências internas e nas suas representações externas, invenção essa que é vergonhosamente violada todos os dias, quiçá com a cumplicidade de muitas mulheres (com m pequeno) que gostam da exclusividade, na proximidade aos chefes e aos cargos, qual “guarda pretoriana”.

Como é sabido, as nossas mulheres e meninas, em 2022, já tinham ultrapassado a metade da população, atingindo os 5.459.000 (que é como quem diz, 52,3%)!

Em 2021, nos empregos, as mulheres representavam quase 50%, já eram mais qualificadas, já ocupavam mais cargos de especialistas (60%) mas ainda tinham contratos mais precários e 17,2% de diferença salarial negativa. O assédio moral quase só se perpetua contra elas.

Há poucos dias dirigiu-se a Paris uma Comitiva de Atletas Olímpicos Portugueses onde a representação maior era do sexo feminino.

Como já afirmou Sara Falcão Casaca, Investigadora do ISEG: “nem as qualificações protegem as mulheres” e eu próprio, na minha actividade profissional verifico isso mesmo, diariamente.

Tenho dito ao longo da minha vida (já longa) que os exemplos devem vir, sempre, de cima!

E entristece-me mesmo muito que, na nossa Assembleia da República, a partir dos resultados das últimas Eleições Legislativas, tenha baixado (drasticamente) o número de Deputadas, pela surdina; … retrocederam-se, assim, quase 10 anos, na matéria.

E mais ainda quando percebi que os homens todos unidos naquele “quase circo”, só se tinham indigitado a eles próprios (numa coligação machista e estranhíssima que vai constar dos anais do Parlamento) para essa coisa que nada faz, nem nada vale, chamada de Conselho de Estado, concebido na época medieval à medida dos arautos do género masculino e do exibicionismo.

!… É mesmo necessário que as Mulheres deste País (com M grande) se unam e se defendam …!

Tal como dizia (já em 1998, in Feminismo and Citizenship) Rian Voet: “…as mulheres devem defender os seus interesses … e devem desejar falar com voz de autoridade e perceber-se a si próprias como estando “dentro” e não “fora”…!

Ao mesmo tempo que uma grande amiga minha, Anália Torres, Directora do CIEG - Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, acabada de se jubilar (a nossa expert nesta matéria, que tem dedicado a vida toda a estas questões e que alertou para estes recuos “backlash”) nos diz que: “…a consciência da desigualdade leva algum tempo a conquistar…”!

E eu penso que, agora, está mesmo na hora!


Luís Pais Amante




quarta-feira, agosto 07, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: Oh SNS, como te querem tanto?

Falar do SNS, por estes dias, é uma tarefa mesmo muito difícil;…Mas, muito necessária!

De facto, não se sabe bem se a sua realidade nesta hora é a mesma da da hora que se segue.

Mas podemos dizer, sem receio intelectual, que se aplica aqui - isso sim - uma frase desconexa que 50 iluminados comprometidos (com o passado, com o presente, com as ações, com as omissões, com os receios e com os favores e com as mordomias e com as traições) produziram há pouco tempo, num manifesto sobre a Justiça (deles):

a melhor e mais nobre comemoração que podemos assumir nos 50 anos da democracia portuguesa é reconhecer de forma digna e leal o que a está a fragilizar e, honrando o nome dos que por ela lutaram, ter a coragem e a vontade de mudar”.

Tenho ou não tenho razão?

Vejamos:

O problema do estado da Justiça é culpa exclusiva dos que a quiseram assim, até por ação directa: frágil, lenta, sem meios para se proteger dos criminosos e dos corruptos, aplicando leis feitas pelos tais (ou por grande parte deles), leis essas que balizam o seu funcionamento, o que leva a desconsiderar as pretensões utilitárias dos tais da lista, que agem em benefício próprio (ou dos amigos importantes de que são subservientes) em grande, mas mesmo grande parte.

Quem precisa da Justiça má são “os polvos travestidos” que têm dominado impunemente o País…

Mas o SNS, esse sim, merece que todos nós (menos os que lhe fazem mal, diariamente) façamos listas infindáveis de pedido de decoro, de insatisfação, de reclamação; até de repúdio pela desorganização e confusão em que vive, que é digna de um Estado fraco, centrado na “produção de ocupantes de cargos externos”.

Enquanto a Justiça anda mal há muito tempo, o SNS só ficou mesmo muito mal de há uns anos a esta parte e isso é fácil de saber; até aí emancipava-se, cumpria os seus objectivos, impunha-se como a Área essencial que a nossa democracia pariu!

Hoje, serve para tudo, menos para o que deve servir. E quem precisa de um bom SNS são os pobres e o Povo em geral!

Emprega (para além de profissionais de saúde) gerações inteiras de políticos, familiares de políticos, encartados dos partidos e boys e girls de todo o tipo e feitio. Na generalidade sem experiência em nada, sem habilitação específica para quase nada, só com o cartão ou com a pertença a alguma “fraternidade” das muitas que para aí pululam.

Daí ser tão apetecido por esta gente que vive à conta do orçamento: gestores, empregados, consultores, assessores, fornecedores do ajuste directo, etc, etc.

Certo é que quem só tem possibilidade de ser tratado no SNS assiste a este descalabro sucessivo e espera, espera, desespera por uma simples consulta, quanto mais e mais por uma intervenção por mais simples que ela seja. Às vezes até é desesperante.

Certo é que esses Utentes potenciais, pagaram e continuam a pagar para que todo este circo funcione mal, descaradamente mal e são os únicos que dão sem receber o que custeiam.

Certo é que o SNS, agora, serve, sem o mínimo de pudor, de arma de arremesso do pobre jogo da política barata e os responsáveis - irresponsáveis de ontem - já apontam o dedo aos de hoje, passado um relâmpago de tempo…e fazem-no com a exibição da desgraça alheia, o que é triste; …lamentável até.

Certo é que o albergue, um dia destes, vai estourar e que, nesse dia, o Povo enganado sucessivamente, vai abrir os olhos e, provavelmente, exigir à tal Justiça que seja dura, como deve ser, para averiguar, acusar e julgar todas as manigâncias a que a Saúde lactu senso considerada tem sido submetida ao longo dos anos.

Construindo a fita do tempo e dando nome aos inconscientes e aos inconsistentes!

E não é que, lendo-a bem, a lista até pode ajudar muito nesse trabalho?

Luís Pais Amante