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28 janeiro 2024

Encontro com a escritora Elisabete Pinho na Biblioteca Municipal



A escritora Elisabete Pinho esteve ontem na Biblioteca Municipal de Penacova. Além da especial referência ao seu mais recente romance, inspirado no antigo Hotel Palacete do Mondego, outrora Preventório, a autora falou também da sua experiência literária e do processo criativo.

O apontamento cultural contou com a presença da vice-presidente da Câmara Municipal de Penacova, Magda Rodrigues, que saudou a escritora e a felicitou pela sua já significativa obra.

Lamentando não ser possível no próprio hotel, Elisabete Pinho agradeceu a receptividade para ser apresentado na Biblioteca e confessou que alimentara o sonho, “o desejo secreto de poder apresentar o livro no local onde ele nasceu”.

Falando da sua trajectória literária, referiu que decidira “começar a escrever textos sem qualquer pretensão”, passando apenas para a escrita “aquilo que lhe ia na alma”. Entretanto um colega, poeta e escritor, lançou-lhe o desafiou para escrever algo mais estruturado. Depois de ler e “sem ela saber” enviou o original para algumas editoras, tendo, passado algum tempo, surgido o interesse em publicarem. “Assim em 2017 surge o primeiro livro, depois o segundo e o terceiro. Foi este 3º livro que realmente “fez pensar mesmo: é isto que quero começar a fazer!” O concurso para autores, que venceu, num universo de cerca de 250 trabalhos, foi, sem dúvida, um estímulo importante.

Sobre o mais recente trabalho O Pêndulo e a sua relação com o nosso concelho, Elisabete Pinho explicou como este romance nascera precisamente aqui em Penacova: “Encantei-me por este concelho quando vim aqui fazer uma visita há alguns anos. Estava na moda tirar fotos a locais abandonados e que tivessem a fama de assombrados”. Contou que ao pesquisar na Internet lhe tinha aparecido o Hotel Palacete do Mondego no Monte da Senhora da Guia, que antes tinha sido um Preventório. Além das fotos e das espreitadelas que deu àquele espaço abandonado, ficou encantada com “a vista fantástica sobre o Mondego” e por ela se “apaixonou”.

O impacto de tudo isto foi decisivo: “A partir daquele momento não me saía da cabeça a pergunta: como é que alguém abandona um local como este? Quem no seu juízo perfeito abandona assim um hotel destes, tão bonito, num sítio tão bonito? “

“E tudo começou a fazer sentido” – sublinhou - “ Não estava à procura de escrever nenhum livro mas o que é certo é que comecei logo a imaginar que aquele palco, aqueles corredores do refeitório, podiam ter sido palco de uma história de amor e de um drama familiar...”

Quem é Elisabete Pinho?



Podemos ler na badana de O Pêndulo: “Nasceu a 28 de abril de 1975, em Ovar. É licenciada em Direito. Estreou-se na literatura com Se houver uma próxima vez, em 2018, ao qual se seguiu A ampulheta, em 2019. Participou em diversas coletâneas e Antologias de Poesia. Em 2020, alcança o 2° lugar no XXI Concurso Literário Dr. João Isabel, com o poema “Escrito a Dois”. No mesmo ano, vence o 1° Concurso de Ficção Nacional Cordel d' Prata, com o romance Depois do Fim, galardoado também com o troféu Melhor Romance 2021, na 3ª Gala de Autores Cordel d' Prata. O Pêndulo é o seu quarto livro.“


Sinopse


Vejamos o texto da contracapa: “Quando Joaquina cai inanimada nas Festas de São Caetano, na aldeia de Telhado, as três pessoas que lhe são mais próximas não imaginam o que as espera. Joaquina deixou cinco envelopes para serem abertos após a leitura do seu testamento. Que segredos contarão? Porque não os revelou em vida? Artur, o seu afilhado, é um dos destinatários e a pessoa escolhida para entregar os restantes. Alice, a sua única filha, irá ter outras surpresas além de não ser a única herdeira. Violeta, a protegida de Joaquina, parece ser quem mais sabe e quem mais segredos guarda. Os outros dois destinatários envoltos em mistério. À medida que a verdade é revelada, Artur terá de escolher entre manter-se leal à sua madrinha ou poupar as pessoas que mais ama. Alice sentir-se-á um peão num jogo perverso. Violeta será consumida pela culpa. Todos irão descobrir que nenhum segredo deve impedir-nos de viver.”

***

E a tal pergunta teima em ressoar, também na nossa mente: “Quem no seu juízo perfeito abandona assim um hotel destes, tão bonito, num sítio tão bonito?”




Captura de écran em 28.1.2024

19 julho 2022

Alfredo Fonseca apresentou o seu décimo livro de Memórias


Da esquerda para a direita:  Humberto Oliveira, Álvaro Coimbra, Alfredo Fonseca; David Almeida e Vítor Cordeiro


Integrada no programa das Festas do Município, decorreu no dia 16, ao fim da tarde, no Largo Alberto Leitão, a apresentação do livro "Tarde é o que nunca se faz: o meu emocionado obrigado a quem tanto me tem estimado", tendo como autor Alfredo Santos Fonseca, penacovense, radicado em S. Pedro de Alva, personalidade bem conhecida da vida autárquica, do comércio local, do associativismo e da palavra escrita. O livro foi apresentado por David Almeida, professor, natural de Travanca do Mondego e amigo do Autor. A sessão contou com a presença do Presidente da Câmara, Álvaro Coimbra, do Presidente da Assembleia Municipal, Humberto Oliveira e do Presidente da União de Freguesias de S. Pedro de Alva e S. Paio do Mondego, Vítor Cordeiro. Presentes também, além da família, muitos amigos do autor e muitas outras pessoas que se interessam pelos eventos culturais.

Depois de constituída a mesa de honra, deu-se início à sessão tendo David Almeida traçado alguns dados biográficos do autor e da sua produção literária trazida a público não apenas nos muitos livros já editados, mas também na imprensa local e regional. Destacou ainda as qualidades de cidadão empenhado e interventivo em muitos outros domínios, tendo mesmo sugerido a atribuição da Medalha de Mérito Municipal, acto de inteira justeza. Referiu-se ainda a alguns pormenores da personalidade do autor, na perspectiva de muitas das pessoas que ao longo dos anos foram assinando os prefácios das obras e que são unânimes em reconhecer que Alfredo Fonseca é uma pessoa e um cidadão que se distingue pelas suas qualidades de excepção. 


De seguida, usou da palavra Vítor Cordeiro, reconhecendo em Alfredo Fonseca "um grande homem, um distinto ex-autarca, um amigo e um grande Sãopedralvense." Usaram ainda da palavra Álvaro Coimbra e Humberto Oliveira que, de improviso, enalteceram a vida e a obra do autor e manifestaram a sua satisfação pelo apresentação de mais este livro.

Por último, Alfredo Fonseca dirigiu-se aos presentes, afirmando que este livro "tem a dupla finalidade" de ser a sua "despedida", não só "da escrita, mas também como cidadão activo", dada o peso dos seus setenta e oito anos. Fez questão de não esquecer os amigos, dizendo que no seu "percurso de vida" fizera muitos amigos, os quais têm sido a sua "maior riqueza. Este livro é, pois, uma maneira de lhes dirigir "um terno e emocionante muito obrigado" e um pedido de desculpas por eventuais falhas que todos temos. Terminou com um agradecimento à família, ao prefaciador, ao Presidente da Câmara e a todos quantos contribuíram para que o livro e a sua apresentação fossem uma realidade.

Para memória futura e para conhecimento de quem não teve a possibilidade de estar presente, achamos pertinente transcrever as intervenções de fundo deste evento.

PALAVRAS DO APRESENTADOR, DAVID ALMEIDA

"(...) Recorde-se que este livro hoje apresentado é a décima obra de Alfredo Fonseca. Se fizermos uma pesquisa no Catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal vamos encontrar devidamente registados e catalogados todos eles. São mais de 1500 páginas! É obra! Recordemos: "Memórias do Sofrimento na Guerra de Moçambique" (2001); "Pegadas dos Meus Pés" (2006); "(Farinha Podre) S. Pedro de Alva. Figuras e Factos para a sua História" (2011); "História do Batalhão de Artilharia 1885" (2010); "Os Sampedralvenses da Diáspora" (2012); "Divagação sobre a Génese das Nossas Gentes"(2015); "Memórias Imperfeitas de um Ex-Autarca" (2016); "Casa do Povo de S. Pedro de Alva" (2018); "Episódios na Guerra do Ultramar (Moçambique) vol II" (2022) e "Tarde é o que Nunca se Faz" (2022)

Vejamos um pouco quem é Alfredo Fonseca. Em todos os seus livros faz questão de incluir uma nota biográfica mais ou menos extensa, onde além da sua infância nos conta a entrada no mundo do trabalho - a profissão de alfaiate - depois a vida militar em Moçambique e, ao regressar, a vida passada em S. Pedro de Alva, 30 anos como Autarca com grandes responsabilidades, não esquecendo o seu papel crucial na vida da Casa do Povo bem como a sua vida de empresário de sucesso.

Alfredo dos Santos Fonseca nasceu na freguesia de S. Paio do Mondego (à época, S. Paio de Farinha Podre) no dia 30 de Maio de 1944. Frequentou o Ensino Primário nas Escolas das Ermidas e da Atouguia. Feita a 4ª classe e o Exame de Admissão ao Liceu, viu-lhe cerceada a possibilidade de prosseguir estudos. Aprendeu a arte de alfaiate e no dia 27 de Abril de 1966 partiu para a Guerra do Ultramar. Regressou no dia de Santo António de 1968, casou em S. Pedro de Alva e aí tem vivido até ao presente. Foi agente da "Singer", correspondente de diversos Bancos, representante da Esso Gás e igualmente de cinco Companhias de Seguros.

Aos 27 anos passou a exercer o cargo de Secretário da Junta de Freguesia. Estávamos em 1972. Daí, até 2001, cumpriu 3 mandatos como Secretário, 3 como Presidente e 1 como Presidente da Assembleia de Freguesia. Depois de deixar a vida autárquica foi "atraído" para a Direcção da Casa do Povo. A par de toda esta actividade conseguiu conciliar a sua vida de comerciante na área do mobiliário e electrodomésticos, revelando o seu espírito empreendedor. 

Agora aposentado, dedica-se à família, aos amigos e à escrita, onde desde sempre se revelou como grande comunicador, crítico e interventivo, quer nos seus livros, quer, não esqueçamos, na imprensa regional. E neste domínio, deixo aqui um repto: vamos organizar - disponibilizo-me para nisso colaborar - mais um livro, agora com uma seleção das muitas centenas de crónicas publicadas em jornais locais e regionais?

Grande comunicador, contador de histórias, no seu sentido mais nobre, empreendedor, confiante (auto-estima elevada), resiliente, como agora se diz, inconformado, líder nato...enfim, um conjunto de adjectivações que poderíamos apontar.

Em muitos dos seus escritos, Alfredo Fonseca faz questão de salientar: "Sou apenas um autodidacta, apaixonado pela leitura e pela escrita, por narrativas históricas e ainda por tudo o que diga respeito ao progresso da terra que me adoptou.) (in Divagação sobre a Génese das nossas Gentes). Por sua vez, em "Pegadas dos meus Pés", livro onde já aparecem muitas partes em verso, escreveu:"Não sou pessoa letrada / Nem muito bem preparada/ No condão da literatura/Tenho uma devoção / Escrever é uma paixão / Lições para a vida futura." No livro hoje apresentado, define-se como "um terra-a-terra", um humilde "Zé Ninguém" e escreve em verso "Não sou uma pessoa muito culta / a cultura em mim foi comedida / Pois o que sei aprendi-o / na 'Universidade da Vida'."

Também a sua motivação profunda para escrever nos é apresentada em vários locais da sua obra. A propósito de um dos seus grandes temas de escrita, as Vivências da Guerra, escreveu no seu primeiro livro: "Este e outros escritos do género são necessários para que o alheamento (...) para coma Guerra do Ultramar não se transforme em esquecimento." A propósito dessa guerra é de salientar que esse seu 1º livro resultou de um conjunto de 316 versos que o autor foi registando dia-a-dia. No livro " Farinha Podre / S. Pedro de Alva: pessoas e factos para a sua história" escreveu que "a vida de um cidadão é efémera (...) descrevê-la é um dever de todo o ser humano, porque só assim se saberá na posteridade quem foram essas pedras ancestrais (...). Essas "figuras cairão no esquecimento e as suas memórias passaram sem deixar rasto, como uma cortiça na corrente de um rio".

E o que escreveram outros sobre o Sr. Alfredo e a sua Obra? - "Alfredo Fonseca escreve como pensa, isto é, com autenticidade" - Ruy Miguel, cronista da Beira-Serra. Por sua vez, Luís Adelino, num dos prefácios: "Um sincero obrigado ao autor que em muito contribuiu nas últimas décadas para manter a originalidade e identidade das gentes do Alto Concelho." Noutro prefácio, agora assinado pelo saudoso Dr. Eurico Almiro Menezes e Castro,  são destacadas as qualidades de trabalho, de luta, de esforço, a vontade de vencer e de aprender cada vez mais. Salienta ainda "a sua alegria de viver e ser útil", bem como o seu dinamismo, capacidade de trabalho" e grande " afectividade pelos lugares e pelas pessoas." 

Muitas outras referências podíamos fazer. No prefácio ao livro "Memórias Imperfeitas de um Ex-Autarca", Teodoro Antunes Mendes recorda a frase de Ghandi: "Quem não vive para servir, não serve para viver." 

Na obra hoje apresentada, Arlindo Cunha (ex-ministro da Agricultura, deputado, empresário e professor) escreve igualmente no prefácio: "Alfredo Fonseca constitui também um exemplo vivo de que se pode ter uma vida digna, coerente, feliz, pessoal e profissionalmente realizada, em qualquer contexto social, económico ou geográfico". E acrescenta: "Revela-se um autodidacta, exibindo consideráveis conhecimentos, especialmente no que respeita à sua região, em matérias como a história, a geografia, a agricultura, ou a etnografia, a política, a cultura e a sociedade em geral (...) graças à sua inteligência, sagacidade, espírito de observação e muito trabalho."

Vejamos agora alguns aspectos do livro de hoje. Em nota ao título, o Autor sublinha que se trata de uma "forma singela mas afectuosa" de "atribuir" o seu "sincero obrigado" a quem tanto "o tem estimado". Esta mesma ideia aparece a seguir, agora em verso: "Dou hoje por satisfeito / um desejo acalentado / saudando as gentes deste jeito / que tanto me têm estimado." E ainda: "Este meu décimo livro / tem uma nobre missão / dizer um terno obrigado / a quem me tratou com educação."

A obra começa com cerca de 40 páginas em prosa, onde se faz uma breve descrição autobiográfica. Seguem-se 30 páginas em verso. Em primeiro lugar, sobre o seu percurso de vida, seguindo-se um conjunto de estrofes sobre lugares /localidades da União de Freguesias: Vimieiro, Hombres, Laborins, Bêco, Carvalhal, Arroteia e Vale da Serra, Vale da Vinha, Ribeira, Silveirinho, Quintela, Zarroeira, Castinçal, Sobral, Parada, Vale do Barco, Cruz do Soito, Lufreu, Cavaleiro, S. Pedro de Alva, S. Paio do Mondego, Ermidas, Estrela de Alva e S. Paio do Mondego.

Muito mais haveria a dizer. Obrigado Sr. Alfredo por ter partilhado connosco todas estas vivências e experiências de vida. Obrigado pelo seu testemunho de vida, de uma vida que não se fechou nos legítimos interesses pessoais, mas se dedicou á freguesia de S. Pedro de Alva, ao Alto Concelho, a Penacova. Que Penacova, no seu todo, saiba reconhecer o seu valor e um dia destes lhe seja atribuída a Medalha de Mérito Municipal. Bem o merece. Muita saúde e que Deus o conserve por muitos anos mais no nosso convívio."

PALAVRAS DO PRESIDENTE DA UNIÃO DE FREGUESIAS, VÍTOR CORDEIRO

"(...) Cumprimento de forma muito  especial o autor da obra, o Sr. Alfredo Santos Fonseca, por ser um grande homem, um distinto ex-autarca, um amigo e um grande Sãopedralvense. Antes de mais quero agradecer-lhe o convite que me endereçou para estar aqui presente, dando-me assim, a oportunidade de pela sexta vez, partilhar consigo a apresentação de mais uma obra, das onze já escritas. [No prelo está já um pequeno livro sobre a história do Vimieiro]. 

Por isso, é com imenso prazer que aqui estou, como amigo e em representação da União das Freguesias de S. Pedro de Alva e S. Paio de Mondego, para o felicitar e parabenizar, mas acima de tudo, para contribuir, ainda que modestamente, para que este acto seja para si um momento de alegria e em especial um encontro de amigos. 

É sem dúvida um orgulho que sinto, em fazer parte deste grupo de amigos, oriundos das várias vivências, das várias circunstâncias e de vários locais do Concelho. Se é verdadeira a expressão de que “a grandeza de um homem se mede pelo número de amigos que tem”, não restam dúvidas quanto à dimensão humana do autor.

Pois é sempre com agrado que vemos nascer obras literárias e mais ainda, quando essas obras têm um conteúdo referente ao território em que habitamos e do qual fazemos parte integrante. Este facto leva-nos à conclusão de que o que for escrito hoje perdurará para sempre, serão as nossas memórias futuras.

Contudo, não são as obras em si que devemos relevar, porque essas cada um dirá sobre elas coisas diferentes, mas sim, o homem que está por trás delas.

Importante será referir, as origens humildes do autor, homem de muito valor na nossa comunidade, que desde muito novo se começou a destacar pela sua vontade de vencer e empenho nos projectos que foi abraçando ao longo da sua vida, dando muito de si, quer à comunidade, quer até mesmo à sua pátria, ao fazer parte de uma Companhia de Combatentes em Moçambique.

É dessas vivências que o autor tem escrito as suas memórias, as suas experiências, os seus sentimentos e os seus sofrimentos, narrando-os na primeira pessoa. 

Volvidos alguns anos, ao sabor da vida, o Sr. Alfredo, quando começou a ter um pouco mais de tempo para si, começou a sentir uma necessidade tremenda, não pela escrita em si, mas pelo que ela podia representar no sentido de poder dar continuidade a um sonho que sempre alimentou e que de certeza ainda traz no coração…o de perpectuar para sempre a sua terra, as suas gentes, os momentos mais importantes, por vezes na vida de cada um. 

Nessa sua caminhada, por vezes sentiu-se apolítico e protestou por causa da guerra do Ultramar, outras foi mesmo político na verdadeira acepção da palavra e lutou. Lutou por aquilo em que acreditava, lutou pelos sonhos, lutou pela vida, lutou pelos filhos e família e assim conforme talhava os fatos, cortava e os fazia por medida, também talhou a sua própria vida, deixando um espólio bastante considerável.

Em jeito de conclusão, um homem sem memórias não é homem, um homem sem moral e sem respeito não é homem, um homem que não guarda as suas raízes não é homem... mas um homem que reuna estes predicados nunca será esquecido. Bem-haja Sr. Alfredo!"

PALAVRAS DO AUTOR, ALFREDO FONSECA

"É para mim uma sublime honra ter-vos aqui nesta apresentação deste meu décimo livro. Muito obrigado por terem vindo pois a vossa presença é para mim motivo de muita satisfação.

Conforme facilmente se aperceberão, na leitura desta modesta obra, ela tem a dupla finalidade de ser a minha despedida, não só da escrita mas também como cidadão activo, pois apercebo-me constantemente das minhas mazelas que me anunciam poder estar perto o fim da minha caminhada, embora não tenha pressa nenhuma, agora que ela está certa, isso é que está e os meus setents e oito anos não me deixam muitas dúvidas e são como que um aviso para arrumar a casa e as minhas contas com Deus.

No meu percurso de vida fiz muitos amigos, os quais tem sido a minha maior riqueza, pois ajudaram-me muito a vencer os obstáculos que se me depararam na vida, sempre com uma amizade, estima, consideração e respeito fora de série.

Pesava na minha consciência o dever de lhe atribuir um terno e emocionante muito obrigado e pedido de desculpas pelos meus desleixos e imprecisões que, se aconteceram, foram sempre involuntários e nãopropositados.

De todas as hipóteses que afloraram à minha mente, naqueles cerca de dois meses em que estive retido em casa, para ver se enganava o Covid19 no seu maior pico, escrevi não só este livro, mas também outro intitulado "Episódios na Guerra do Ultramar-Niassa-Moçambique" fazendo uma cronologia verdadeira do que eu e os meus companheiros lá passámos.

Não me alongo mais, pois como dizia um africano "se falas, muito erras" e eu quero evitar isso. Muito obrigado por terem vindo e que a vossa vida vos sorria e se prolongue por muitos e felizes anos.

Agradeço ao senhor Presidente da Câmara não só o apoio dado para que a edição deste livro fosse possível, como também o ter integrado o seu lançamento nas festas do Município e neste lugar nobre deste maravilhoso largo. Muito obrigado senhor Presidente.

Agradeço também à minha querida família o apoio que sempre me deram. Lembro aqui a impossibilidade de estar presente um grandeamigo, que até foi o autor do brilhante e muito eloquente prefácio, que enriqueceu sobremaneira esta obra. Ele é o Senhor Doutor Arlindo Cunha, que foi proeminente Ministro da Agricultura e é actualmente professor na Universidade Moderna no Porto e também Presidente da Comissão Vitivinícola do Dão. Além de ser um grande produtor de vinho numa propriedade com mais de seis hectares em S. João da Boavista, no concelho de Tábua. A sua ausência é porque se encontra neste momento nos Açores.

Agradeço as palavras elogiosas, mas de certa forma imerecidas, que me foram dirigidas. Também por elas o meu muito obrigado. Muito obrigado a todos."

25 setembro 2021

Bibliografia sobre Lorvão conta com mais um estudo de Maria Alegria F. Marques

 


No dia 18 de Setembro teve lugar, no Mosteiro de Lorvão, a apresentação do livro Memória de um Mosteiro: Lorvão, séculos IX-XII. História de uma comunidade masculina, de Maria Alegria Fernandes Marques, professora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A obra, editada pela Câmara Municipal de Penacova, foi apresentada por Maria José Azevedo Santos, também ela professora catedrática da referida Universidade.

De acordo com a autora, este livro tenta preencher algum vazio ainda existente sobre a acção organizativa e até orientadora do Mosteiro, na fase em que foi ocupado pelos monges.  Por outras palavras, perceber melhor “o papel que o mosteiro teve na organização e desenvolvimento de boa área da bacia do Mondego, pelos seus responsáveis, enquanto foi uma comunidade de monges de fronteira.”

O livro começa por fazer em traços largos a evolução histórica desta região, desde a ocupação muçulmana em 715 até à consolidação da fronteira do Mondego em 1147. Passa depois à história do mosteiro, desde a comunidade primitiva até ao “momento funesto do seu fim” nos inícios do século XIII. 

Este estudo insere-se no conjunto de outros que a autora tem vindo ao longo de alguns anos a publicar: Inocêncio III e a passagem do Mosteiro de Lorvão para a Ordem de Cister; Vida e morte de um mosteiro beneditino: o caso de Lorvão, e  O Mosteiro de Lorvão: ainda a saída dos monges e a entrada das freiras.

Um livro - segundo a autora - que apesar do rigor histórico e científico pretende ser de leitura acessível ao “cidadão comum interessado na sua terra, no seu passado, nas suas raízes e nos seus símbolos” isto é, a todos os penacovenses que se revejam, “com orgulho, numa instituição que levou longe o nome da sua terra. “

 


 

 

11 dezembro 2020

Já disponível a 3ª edição de "Patrimónios de Penacova"

Publicado pela Câmara Municipal em 2012, o livro Patrimónios de Penacova: Apontamentos para a sua valorização e divulgação da autoria de Joaquim Leitão Couto e David Gonçalves de Almeida, viu sair a 3ª edição em Outubro de 2020. A capa surge agora com uma panorâmica geral de Penacova (foto de Óscar Trindade, que já integrou o "miolo" da 1ª edição). 


Capa da 3ª edição (2020)

Transcrevemos a nota a esta 3ª edição: 

«A publicação da terceira edição de "Patrimónios de Penacova: Apontamentos para a sua Valorização e Divulgação", decorridos que são oito anos após o seu lançamento em 2012, é motivo de natural satisfação, não apenas para os seus autores, mas também para todos os penacovenses que sentem orgulho na sua terra. O propósito implícito no subtítulo foi atingido: o nome (e a marca) Penacova foi mais divulgado e chegou mais longe e o conjunto das riquezas patrimoniais do nosso concelho saiu certamente mais valorizado. 

Relendo a Nota de Apresentação à 1ª edição, assinada pelo Sr. Presidente da Câmara, verificamos que já aí se perspectivava o bom acolhimento deste trabalho junto dos potenciais leitores. Na opinião do Dr. Humberto Oliveira “esta obra, depois de devidamente publicada e divulgada” poderia “funcionar como um verdadeiro roteiro turístico e promocional de Penacova”. 

Certamente por isso, o Município entendeu fazer uma reimpressão (2ª edição) em 2017 e, uma vez esgotada, decidiu avançar agora para uma 3ª edição, o que muito nos apraz. 

Volvido este tempo, reconheceu-se ser pertinente proceder a uma revisão e actualização de alguns aspectos do livro. A primeira alteração, que salta à vista, situa-se ao nível do grafismo, apenas por motivos de ordem logística. Sentiu-se depois a necessidade de corrigir uma ou outra “gralha” que sempre teima em existir e fazer pequenos ajustes no texto e nas gravuras. Em relação ao conteúdo, completaram-se alguns dados de carácter informativo e acrescentaram-se outros, como foi o caso do Rancho de S. Pedro de Alva e a referência ao jornal digital Penacova Actual. No capítulo da pintura, incluímos agora a alusão à homenagem a Martins da Costa, sublinhámos as raízes penacovenses de Waldemar da Costa e actualizámos as referências às obras de José Fonte. 

O património cultural e a natureza são valores indissociáveis. A cultura não é mais do que o diálogo criador da humanidade face ao mundo natural. O próprio termo “Património” encerra na sua etimologia um sentido dinâmico (recorda-nos Guilherme d’Oliveira Martins no recente livro Património Cultural: Realidade viva) na medida em que é formado por duas palavras latinas, patres e múnus, que significam “pais” e “serviço” apontando assim para uma “acção posta ao serviço do que recebemos dos nossos pais.” 

Um interessante modo - que nos responsabiliza ainda mais - de encarar as questões do património, seja ele natural ou cultural. 

Travanca do Mondego, 7/7/2020 
David Gonçalves de Almeida»

Capa da 1ª edição (2012)


23 agosto 2018

História da Casa do Povo de S. Pedro de Alva é o tema de novo livro de Alfredo Fonseca

No dia 15 de Julho teve lugar a apresentação de mais um livro de Alfredo Santos Fonseca. É o oitavo título que publica, desta vez sobre a Casa do Povo de S. Pedro de Alva. Recordemos os sete volumes anteriores: Memórias do Sofrimento na Guerra de Moçambique (2001); Pegadas dos meus Pés (2006) ; A História do Batalhão de Artilharia 1885 (2010) ; Farinha Podre- S. Pedro de Alva (2011) ; Os Sãopedralvenses da Diáspora (2012); Divagação sobre a Génese das Nossas Gentes (2015) e Memórias Imperfeitas de um Ex-autarca (2016). 
A partir das Actas existentes desde 1939, ano em que nasceu a Casa do Povo, e de outras fontes escritas e orais o autor procurou, segundo as suas palavras "agregar areias (entenda-se palavras), algumas bem pequeninas e de pouca importância", na convicção de que "algum dia estas agregações poderão ser úteis a quem desejar edificar com mestria" a história da Casa do Povo de S. Pedro de Alva. O livro é também ilustrado - e assim, enriquecido - com um número bastante significativo de fotografias que retratam pessoas e factos que ao longo dos anos marcaram a vida desta Instituição.
A Comarca de Arganil, jornal sempre atento às dinâmicas das nossas terras, noticiou, pela mão do dedicado jornalista José Carlos Vasconcelos, o lançamento deste livro.



[clique nas imagens para ampliar]


19 junho 2017

Uma viagem ao Mosteiro do Vale do Silêncio


Integrado no programa da Feira de Tradições que decorreu em Lorvão de 14 a 18 de Junho, foi apresentado, no dia 17 à tarde, o livro “No Mosteiro do Vale do Silêncio” da autoria de Sónia Marques Carvão, editado pelo Município de Penacova. Na sessão de lançamento esteve presente Humberto Oliveira, Presidente da Câmara, Fernanda Veiga, Vereadora da Cultura, Rui Baptista, Presidente da Junta de Lorvão e José Pisco, Guia do Mosteiro.
Depois de muita bibliografia de carácter historiográfico sobre Lorvão, surge agora “este pequeno romance” que “pretende dar a conhecer a presença dos beneditinos nesta região e despertar interesse pelo conhecimento da sua história em todos os âmbitos da sua expulsão”, “sensibilizando para uma época e para um Mosteiro “, conforme se pode ler nas páginas introdutórias. “Sem entrar em detalhes de actos históricos, mas recorrendo a alguns deles para desenvolver o romance – que é disso que se trata - foram lidas algumas obras para nos inteirarmos de alguns aspectos importantes” – salienta também a autora.


O romance tem como personagens principais um jovem monge, Bernardo, a jovem Clara, uma rapariga do “povoamento” e o Abade Lucas. Trata-se de uma viagem no tempo. Viagem ao passado, envolta numa dinâmica de regresso ao futuro. É que, depois de muitos séculos, o Mosteiro de Lorvão, vê regressar os Beneditinos, dando assim, vida e dinâmica aos espaços que, com a saída do hospital psiquiátrico, se encontravam à espera de uma utilização condigna.
“Um clarão como se fosse um relâmpago bateu no grupo e no círculo ao mesmo tempo. Alguns bordados de algumas aves foram transformados em penas no momento em que a viragem para o futuro se deu. Todos juntos chegaram ao cimo das escadas do mosteiro actual.”
Claro que todo este processo gerou alguma perplexidade na pacata vila.
“Vem ali outra pessoa! - exclamou o monge Antão quando um rapaz se dirigiu à porta da igreja do mosteiro.
- Boa tarde! – sou o guia deste mosteiro, quem são vocês pelo vosso traje? – perguntou o guia do mosteiro um pouco espantado.
- Somos os beneditinos deste mosteiro – respondeu o Abade Lucas. (…)
- Mas os beneditinos que estiveram neste mosteiro estiveram no século XII. Não podem ser vocês! – exclamou o guia.
- Nós somos os beneditinos que estiveram neste mosteiro no passado, só que fizemos uma viagem ao futuro. Estamos aqui porque estávamos no passado que era nosso presente e quisemos viajar ao seu presente, para nós era futuro que agora também é presente. Íamos ser expulsos. -disse o monge Bernardo…”
No entanto o fulcro do romance é a relação amorosa entre Bernardo e Clara (que nessa viagem ao futuro acabam por casar em 2016 na igreja de Lorvão). Mas voltando aos tempos medievais, tudo começou quando o monge e a jovem aldeã deram o primeiro beijo:
“Nesse momento, Clara não esperou por mais nada e beijou-o. O jovem monge esqueceu-se que era monge e aquele momento configurou-lhe o mundo como uma corrente que corre no leito profundo.”
E mais adiante, encontramos a seguinte passagem:
“- Vou copiar o códice do livro das Aves o mais rápido possível, tenho algo em mente. [diz Bernardo]
- O que tens em mente?- perguntou Clara.
- Direi, mas não hoje. – respondeu e foi para a sua tarefa.
Enquanto isso, os irmãos perguntaram:
- Que relação tens com o jovem monge, Clara?”
Como lidar com tudo isto?
O romance tenta explicar, e prepare-se o leitor para uma leitura mais demorada pois vai encontrar passagens como esta:
“Como poderia existir sensorialidade sem materialidade? Para os beneditinos a sensorialidade podia ser o avesso que seria o direito. Noutro sentido, e esta sensibilidade era levada pela transcendência, a fim de ser visto o invisível ou aquilo que está naquilo que o outro não vê, poderia existir sensorialidade sem materialidade …”
O livro tece também longas considerações sobre a regra de S. Bento, aborda Teologia e Filosofia. A dado passo, imagine-se, Clara recebe uma lição de filosofia:
“Nem um nem outro responderam e o jovem monge preferiu explicar a Clara o que era a dialética de Pedro Abelardo…”.

Uma obra que certamente vai cumprir os seus objectivos: cativar (e desafiar) o leitor, promover um maior conhecimento e sensibilidade sobre o Mosteiro de Lorvão, cuja história, não se escreve apenas no feminino, mas nos remete também para a acção dos monges negros, isto é, dos monges beneditinos que estiveram na origem do cenóbio laurbanense.

24 junho 2016

S. Pedro de Alva: Alfredo Fonseca apresentou Memórias "Imperfeitas" de um Ex-Autarca

No passado domingo, 19 de Junho, Alfredo Fonseca apresentou na Casa do Povo de S. Pedro de Alva  mais um livro, desta vez intitulado "Memórias Imperfeitas de um Ex-autarca".
Tal como referiu, move-o uma “vontade férrea de deixar escritas as memórias”. Uma atitude corajosa que o levou a escrever, com este, sete volumes, que recordamos: Memórias do Sofrimento (2001); Pegadas dos meus Pés (2006) ; A História do Batalhão de Artilharia 1885 (2010) ; Farinha Podre-S.Pedro de Alva (2011) ;  Os Sãopedralvenses da Diáspora (2012) e  Divagação sobre a Génese das Nossas Gentes (2015).
As "Memórias Imperfeitas de um Ex-autarca" reflectem os 31 anos de vida autárquica na Junta de Freguesia de S. Pedro de Alva, quer enquanto Presidente, quer como Secretário e Presidente da Assembleia de Freguesia.  A apresentação da obra coube ao  ex-ministro da Agricultura Arlindo Cunha.











Na Mesa marcaram presença, além do autor, Pedro Coimbra (presidente da Assembleia Municipal e Deputado), Humberto Oliveira (Presidente da Câmara), António Catela (Vice-Presidente da Junta S. Pedro de Alva / S. Paio, Arlindo Cunha (ex-ministro da Agricultura e ex-deputado europeu), José Costa Ramos (amigo de família) e Estácio Flórido (ex-presidente da Câmara de Penacova).
Arlindo Cunha salientou a importância de que se reveste o “prestar contas” e considerou este livro um “tratado de política local”, bem como   a ”memoria de um homem que amou profundamente a sua terra”. José da Costa Ramos, radicado no Porto, com raízes em S. Pedro de Alva, onde passa habitualmente férias na ancestral “Casa de Mondalva” enalteceu também as grandes qualidades do autor.
Estácio Flórido destacou o grande volume de escrita de Alfredo Fonseca lembrando que “sete livros é uma obra literária notável”, apreciando também  a “linguagem directiva e sintética”. António Catela, do conjunto das obras destacou “Pegadas dos meus Pés” e enquanto autarca em exercício, prestou a devida homenagem ao ex-autarca e ao escritor .  Para Humberto Oliveira, “se há políticos que merecem um especial reconhecimento são os autarcas de freguesia”. Considerou ainda que Alfredo Fonseca “marcou a política em S. Pedro de Alva”depois do 25 de Abril. Pedro Coimbra destacou a “vivência política” a “vida longa de autarca”  bem como a “obra meritória e digna de registo em prol da comunidade”.

Uma das páginas do livro Memórias "Imperfeitas" de um Ex-Autarca

21 março 2016

Luís Pais Amante: conectado com a terra, com o rio, com os locais onde trabalhou, passeou e foi feliz

Luís Pais Amante, advogado e consultor em Lisboa, é natural de Penacova. No dia 12 de Março, apresentou no Centro Cultural o livro de poesia a que deu o título de “Conexões”. É o próprio autor que esclarece que o título foi escolhido “por ser o que melhor respeita todo este percurso de ligação e interligação e coligação com o mundo e com os seus problemas – e a minha visão deles – a partir dos locais onde passei o meu tempo e independentemente dos continentes onde eles se localizaram.”

Confessa também que vir a Penacova, tantos anos depois de a ter deixado, “continua a ser uma gratificante (re)descoberta!”. E no conjunto dos sessenta e dois poemas, ela está bem presente. “Espelho d’ Água” é um deles, merecendo especial destaque na contra-capa do livro:


Olha-se para ti, cá de cima
...e pressente-se o romance
O teu espelho, na água
Curva a mágoa num alcance
Mondego!
E sobe todo o nosso ego
E chora a rima...de relance
Olha-se para ti, cá de cima
... e logo bem se percebe
Que tudo ali se vai indo, na corrente
Seguindo um caminho consistente
Turvando a mente, ao de leve
Rio!
E ali se reflecte a felicidade da alma
E, fixando a imagem, se dá calma à idade
Absorvendo toda a aura da beldade
Processando-a com o passado persistente
Tudo o que tivemos, lá se vai
Tudo o que queremos, de lá se vem
Tudo ali se renova com beleza
Em trabalho consciente da natureza
... até tu, minha terra
Penacova!





O Dr. Luís Amante revela-nos, de coração aberto, o seu percurso de vida e ajuda-nos a compreender melhor este “seu trabalho para além do trabalho” – a escrita poética.

“Conectado com a minha terra, com o meu Rio, com as nossas casas e com os locais onde trabalhei, onde passeei e onde fui feliz, a verdade é que sobreveio sempre tempo e inspiração para ir traduzindo as experiências vividas em poesia.”

“Em Agosto de 1973, quando deixei a casa dos meus Pais, em Penacova, no Cruzeiro e fui para Lisboa, onde ainda resido, levava a certeza de querer evoluir como homem e de manter bem presentes, sempre, as bases e os ensinamentos da minha educação, da nossa simplicidade e da sua honestidade intrínseca.

Eram tempos de grandes dificuldades, há que admiti-lo sem vergonhas!

Ao longo destes anos que, entretanto se passaram – e são os anos de uma vida – tive a felicidade de ter um percurso ascendente e fui sendo titular de cargos de alguma responsabilidade.

Modestamente, embora, sei que construí coisas importantes e que me dediquei a causas interessantes.

Principalmente, sei que ajudei a consolidar uma Família e um grupo de empresas tradicionais, coesas e fraternas e solidárias e dedicadas, como as nossas, felizmente, são.

Mas continuei – ou tentei continuar – a ser a mesma pessoa humilde que nasceu numa terra do interior, gratificado pelo esforço que fizeram por si, dedicada aos seus amigos de infância, sem nunca esquecer as suas raízes.

E uma pessoa firme, por vezes dura, como somos quase todos por aqui, na Beira.

Corri mundo na minha profissão de consultor e conheci por dentro a problemática das empresas e as vicissitudes do desenvolvimento, em situações complexas e em países de onde saí chocado.

Mas sempre aproveitei, nos tempos livres que se me ofereciam, os ares puros da minha terra, o acolhimento das suas gentes, a bondade dos meus amigos e o prazer da sua boa comida, da minha pesca e das minhas caminhadas, que sempre me deliciaram, tudo servido num prato de beleza natural incomparável.

Ir à minha terra, ao fim de tantos anos, continua a ser uma gratificante (re)descoberta!

Participar, tanto quanto possível, nas questões da minha terra, constitui‑se para mim como imperativo de consciência.

E não ter terra, no sentido bem português de não ter – e manter –raízes no país profundo, tantas vezes esquecido, seria para mim um drama, na justa medida em que é aí que encontro a amizade desinte­ressada e a genuinidade do povo, essa instituição na qual tantos dizem ter a razão do seu desígnio, mas que, na realidade vão esquecendo a cada passo... Da evolução dos seus interesses particulares.

Em boa verdade, vai sendo a problemática de todo um Povo causticado – tendo como expoente os indefesos – que se torna a minha fonte privilegiada de preocupação actual, confesso.

Tenho, aliás, a sensação triste de que a minha geração das liber­dades falhou completamente quando se tratou de proteger, como se lhe impunha, os mais desprotegidos de hoje: doentes, reforma­dos, idosos, deficientes, sós, desempregados... E demais pessoas que já não têm tempo para reagir às vicissitudes do País.

Entretanto fui fazendo poesia – a minha poesia – e fui guar­dando ou oferecendo, ou dedicando o meu hobby e passando para as folhas brancas dos livros que fui lendo todos os meus senti­mentos, todos os meus pensamentos, todas as minhas impressões e todas as minhas apreensões.

Nesses livros encontra‑se, pois, o meu património literário, parte do qual constitui este livro que eu agora vos dou.

Sensível aos argumentos das pessoas mais próximos e, princi­palmente, da minha mulher, aquiesci à presente publicação que é despretensiosa e não quer mais do que dar a conhecer o meu trabalho para além do trabalho.

Sabendo que vou espantar muita gente que ao longo dos tem­pos se cruzou comigo (colegas, colaboradores, amigos, clientes, parceiros, fornecedores, professores) o certo é que admiti chegado o momento de me revelar a todos nesta faceta singular, que admito me completa como ser humano e que agora me tempera a idade, sobremaneira.

O resto, fica sujeito ao critério a que sempre estive sujeito nas minhas múltiplas actividades profissionais e ao qual sempre, tam­bém, me submeti por inteiro: o do contraditório e da crítica.


O título Conexões foi escolhido por ser o que melhor respeita todo este percurso de ligação e interligação e coligação com o mundo e com os seus problemas – e a minha visão deles – a partir dos locais onde passei o meu tempo e independentemente dos continentes onde eles se localizaram.

Conectado com a minha terra, com o meu Rio, com as nossas casas e com os locais onde trabalhei, onde passeei e onde fui feliz, a verdade é que sobreveio sempre tempo e inspiração para ir traduzindo as experiências vividas em poesia.

Quase sempre quando escrevi nas folhas brancas dos tais livros, registei o local e, muitas vezes, a própria hora. Tal facto pretende transportar‑me para a vivência concreta daquele momento, ainda hoje quando os releio. Os poemas aqui colocados neste livro, estando sequenciados no tempo – datados – podem não ser seguidos, por esses que se lhes seguiram não terem sido para aqui seleccionados.

Dito tudo isto devo agradecer às minhas fontes de inspiração, em primeiro lugar, a minha mulher, Ana Marques Lito, a Marga­rida Ferreira, que me assistiu na compilação, ao Fernando Mão de Ferro, meu Editor e sua equipa da Colibri (Helena e Raquel) e à minha sempre amiga Maria José Vera (filha do saudoso poeta António Vera), que aqui faz o favor de me anunciar ao mundo enquanto poeta, com toda a sua bon­dade e conhecimento.

Bem hajam todos.

Aos meus leitores, bom proveito.

A Penacova e aos meus conterrâneos, muito obrigado!

Do amigo, Luís Pais Amante
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Fotos: Penacova Eventos

16 fevereiro 2014

Apresentação do livro "A ferramenta que faz os contos" trouxe a Penacova o debate sobre a Filosofia para Crianças


Ontem, 15 de fevereiro, falou-se de Filosofia em Penacova. Mais, de Filosofia para Crianças. De facto, a apresentação do livro A ferramenta que faz os contos  nada faria pensar que a temática central do evento incidisse neste movimento pedagógico, assim lhe podemos chamar, que teve como percursor MATTHEW LIPMAN ((1922-2010). Sónia Marques Carvão, penacovense com ascendentes na localidade de Chelo,  escolheu Penacova para, depois de o ter feito em Lisboa, divulgar  o seu trabalho.
A sessão decorreu na sala Leitão Couto (Biblioteca Municipal). Presidiu Humberto Oliveira, presidente da Câmara Municipal. A mesa contou, além da autora,  também com a presença de Fernanda Veiga, vereadora da Cultura e de Joaquim Pinto, professor da Universidade Católica.
Formada em Filosofia e Antropologia e com uma especialização em Filosofia para Crianças, Sónia Marques Carvão, pretendeu com a publicação deste livro, não só concretizar um sonho de infância (conforme confidenciou) mas também passar para o papel algo da sua experiência de trabalho com crianças num colégio de Lisboa. A própria sessão de apresentação incluiu a demonstração de uma sessão prática de Filosofia (com) para Crianças, seguindo a metodologia da “comunidade de investigação”. Hoje a “internet” está cheia de documentação sobre esta corrente pedagógica, desenvolvida em todo o mundo, mas com grande aceitação no Brasil e Espanha, a título de exemplo. Em Portugal  existem também muitos projetos isolados, mas é praticamente desconhecida. Daí a importância destas iniciativas editoriais que nunca são de mais para questionar o modo como se educa e o próprio sentido do que é educar.

O professor Joaquim Pinto fez a apresentação do livro. A sua intervenção focou muitos dos problemas daquilo que na sua óptica deve ser o Filosofar e o Filosofar com Crianças, acabando por coincidir com a referência que a autora fez a L. Wittgenstein : a Filosofia é uma Tarefa de Liberdade.
Voltando ao livro em si, refira-se que é composto por sete contos (edição bilingue português-inglês) distribuídos por cerca de noventa páginas. “ Um livro para todos e não só para crianças. Um livro que leva à reflexão de conceitos como o Belo, o Bom, a Ferramenta, o Amor, o Jogo, o Saber e Não Saber, bem como à reflexão de valores éticos, costumes e tradições, brincando” – refere uma pequena nota inserida junto à ficha técnica do mesmo.
Ser pretexto para falar de Filosofia em Penacova (fora das paredes da Escola Secundária) foi, além da importância que o livro tem, o grande mérito desta iniciativa. 




Texto e fotos de Penacova Online / David Almeida

13 janeiro 2014

Engenheiro mecânico penacovense radicado no Brasil lança mais um livro

Do Brasil, acabamos de receber uma mensagem de um nosso conterrâneo, natural da Rebordosa, dando conta do lançamento de um livro técnico sobre Automóveis. É com muita satisfação que deixamos aqui a notícia e que transcrevemos a sua "carta", bem como um artigo publicado a propósito do lançamento daquela obra.

Bom dia Prezados,
Meu nome é Hélio da Fonseca Cardoso, sou natural da Rebordosa, Lorvão, Penacova e resido há  mais de cinquenta anos em São Paulo, Brasil.
Tenho grande orgulho de ter nascido nessa Terra abençoada e muito linda. Sou neto do Sr. Joaquim Luís Miguel que foi um grande comerciante de ervas medicinais de Penacova.
Em 2012 lancei meu primeiro livro sozinho (já tinha escrito outros três em coautoria com outros companheiros) e tive a honra de que Penacova Online mostrasse aos meus conterrâneos essa minha façanha.
Pois bem, no final do ano passado foi lançado o meu segundo livro individual e gostaria muito que divulgassem esse feito aos meus amigos de Portugal.
O livro tem o título de Automóvel sem Mistérios.
Um grande abraço a todos os amigos de Penacova, que tenham um excelente ano pela frente.
Grato
Hélio Cardoso


Especialista esclarece dúvidas sobre cuidados com automóveis

O engenheiro mecânico Hélio da Fonseca Cardoso aborda os principais pontos e polêmicas sobre tecnologia veicular em seu livro “Automóvel sem Mistérios”
Ao longo de três anos, o engenheiro mecânico HÉLIO DA FONSECA CARDOSO, NATURAL DE REBORDOSA, PENACOVA, RESIDENTE EM SÃO PAULO BRASIL, diretor do IBAPE/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo) escreveu uma série de artigos voltados ao esclarecimento de dúvidas sobre a escolha e utilização de automóveis e, agora, os reúne no livro “Automóvel sem Mistérios – 50 Dicas Sobre Tecnologia Veicular”. A obra é voltada para todos os amantes de carros e aos que buscam informações para comprar o primeiro automóvel ou trocar o que já possuem.
O livro foi lançado pela editora Leud traz com uma linguagem didática diversas informações sobre cuidados com automóvel. “São informações importantes que visam minimizar uma série de dúvidas que surgem quando precisamos executar algum tipo de manutenção, passar por uma inspeção ou escolher um veículo novo ou usado”, afirma o autor.
Entre as dicas contidas no livro, o engenheiro destaca os pontos que devem ser observados antes de comprar um novo veículo. “Muitas pessoas levam em conta simplesmente a estética na hora de comprar um carro, mas é importante saber exatamente como ele será utilizado e, assim, escolher um modelo com características compatíveis ao objetivo do usuário”, explica Cardoso.
De acordo com o especialista, é preciso saber, por exemplo, se o veículo será utilizado na estrada ou na cidade, se é para uma família ou se fará transporte de cargas. Essas informações devem influenciar a escolha do tipo de motorização, um carro mais potente ou mais econômico. “É preciso observar também os gastos que o veículo gera. Além de ver se o preço do carro cabe no bolso, devem-se checar os custos com manutenção, seguro e impostos”, alerta.
Escrito em linguagem acessível, a leitura do livro não requer do leitor qualquer conhecimento técnico prévio para total compreensão dos assuntos abordados. Segundo o autor, os artigos foram escritos pensando inclusive no interesse crescente das mulheres na temática. “Escrevi para que elas também se habituem ao tema. Hoje as mulheres escolhem o próprio carro, antigamente eram os homens que escolhiam para elas”, explica o engenheiro.
Para Cardoso, o livro dá uma visão geral sobre o assunto e também serve de apoio em situações comumente enfrentadas por proprietários de veículos. “Esta obra fará com que o leitor se torne mais analítico e crítico ao discutir sobre o assunto em qualquer ocasião, inclusive para evitar que o sonho vire pesadelo”, afirma o autor.


15 outubro 2012

Livro de António Catela "Tudo Num Momento" foi apresentado em Penacova


Foi apresentado no dia 13 de Outubro, no auditório do Centro Cultural de Penacova o livro de António Catela Tudo num Momento. Contou com a presença do Presidente da Câmara, Humberto Oliveira e a Vereadora da Cultura, Fernanda Veiga, bem os ex-presidentes do Município, Estácio Flórido e Maurício Marques. Presentes  também muitos amigos e familiares do autor. A cerimónia iniciou-se com um espaço musical e com a projecção de uma montagem em vídeo com fotografias biográficas do autor. Uma selecção das suas filhas, oferecida no dia em que, há um ano atrás, completou cinquenta anos de vida.  
Como o subtítulo do livro sugere, Tudo num Momento-do blog ao livro, engloba uma selecção de textos que desde 2007 foram sendo publicados no blogue com o mesmo nome. De acordo com o autor, esta obra vem "concretizar um sonho de menino nunca cumprido". A escrita, e em especial a escrita romântica, sempre foi a sua paixão. Conforme se pode ler no Prefácio e numa das Notas Introdutórias "recorrendo a pinceladas de cores fortes e expressivas, fala do Amor, da amizade, das relações, dos valores, de si próprio, da família e das (des)ilusões". Por outras palavras, o livro remete para "o melhor e o pior do quotidiano; os valores éticos, morais ou a falta deles; os sentimentos nobres, puros e belos que habitam o ser humano e, acima de tudo, a beleza de uma alma sonhadora" levando-nos a "questionar os nossos próprios sentimentos e a nossa forma de ser e de estar neste mundo."
António Manuel Teixeira Catela, nascido em Luanda em 1961, reside em S. Paio do Mondego onde preside, há 26 anos, à Junta de Freguesia. Pessoa empenhada também na vida associativa local.
Para o autor, este livro pretende "ser um tributo ao amor", a esse sentimento que "mais faz sofrer e alegrar o mundo", que "enlouquece, que faz chorar, que magoa, mas que também faz sorrir e sonhar".

21 setembro 2012

"Meu Rio de Prata": livro de Ulisses Baptista vai ser apresentado na Biblioteca Municipal

 
No Sábado, 29 de Setembro, pelas  15:00 na Biblioteca Municipal de Penacova será apresentado o livro de Ulisses Baptista Meu Rio de Prata.


Na sua página do Facebook, o autor escreve:
"Meu Rio de Prata" é um livro que fala de Penacova e do rio Mondego. Duma forma acessível, tenta também dar a conhecer o impacto humano no rio que banha Penacova, desde há longos anos até à actualidade; e transpirando de musicalidade, relata alguns dos costumes das suas gentes e das suas paisagens bucólicas.

06 agosto 2012

Novo livro de Alfredo Fonseca sobre a diáspora foi apresentado em S. Pedro de Alva

A apresentação do livro coube ao Dr. Leitão Couto e contou com a presença do
Vice-Presidente da Câmara, Engº Ernesto Coelho, da Vereadora da Cultura,
D. Fernanda Veiga e do Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Luís Adelino.

Alfredo dos Santos Fonseca, usando da palavra e
autografando o seu livro.

A míngua dos meios de subsistência e as condições precárias de vida das pessoas provocou e provoca ainda o "êxodo" de muitos portugueses. Se pensarmos que são perto de cinco milhões que actualmente residem em países estrangeiros teremos uma ideia mais exacta da dimensão da "Diáspora Portuguesa".
"Os Sãopedralvenses da Diáspora", trata deste fenómeno que também nesta região tem sido uma constante há dezenas de anos.  É a 5ª obra publicada por Alfredo Fonseca. Neste livro, conta histórias de vida de tantos e tantos que um dia deixaram a freguesia de S. Pedro de Alva procurando em África, no Brasil, em França, em Lisboa, e noutras partes do mundo e do país, melhores condições de vida e de trabalho para si e para os seus.
A apresentação teve lugar ontem, dia 5 de Agosto, na Casa do Povo de S. Pedro de Alva, perante numerosa assistência. 
Livros publicados por Alfredo Fonseca:
Memórias do Sofrimento (2001)
Pegadas dos meus Pés (2006)
A História do Batalhão de Artilharia 1885(2010)
Farinha Podre-S.Pedro de Alva (2011)
e agora Os Sãopedralvenses da Diáspora.