25 fevereiro 2024

Exposição sobre António José de Almeida no Palácio de Belém até 31 de Março


A primeira visita de um Chefe de Estado português ao Brasil, após a  independência daquele país, foi concretizada por António José de Almeida no contexto das Comemoraçöes do 1º Centenário da Independência, que ocorreram a 7 de Setembro de 1922.

Apesar de muitas contrariedades, principalmente relacionadas com a viagem por via marítima, que fizeram atrasar a data prevista para a chegada,  António José de Almeida manteve o sentido de Estado e acabou por ser recebido apoteoticamente por milhares de pessoas, tendo as entidades oficiais e civis lhe prestado significativas homenagens.

Os discursos de António José de Almeida arrebataram plateias, atestando, perante os brasileiros, a fama de grande orador. A viagem, observam alguns historiadores, ficou marcada, mais pelos afectos do que por reais proveitos políticos, já que do ponto de vista oficial apenas três tratados de pouca relevância foram assinados.

Esta viagem ao Brasil do Presidente António José de Almeida mereceu especial atenção do Museu da Presidência da República que desde Agosto tem patente uma exposição não apenas sobre a viagem em si, mas também sobre a Vida e a Obra do Estadista.

Cerca de 200 peças da coleção do Museu, mas também de museus nacionais e de colecionadores privados – algumas delas recebidas e expostas no Rio de Janeiro, há 100 anos –, trazem ao presente aquela «viagem gloriosa», lembrando também o percurso pessoal de António José de Almeida, desde a terra que o viu nascer, Vale da Vinha, em Penacova, até ao monumento que o homenageia, em Lisboa.

A exposição encerra no dia 31 de Março. Ainda está a tempo de a visitar. Já o fizemos e recomendamos vivamente.


























19 fevereiro 2024

Governadores Civis (5): Luís Duarte Sereno (1863-1948)

 GOVERNADORES CIVIS NATURAIS DE PENACOVA

ou ao concelho ligados por casamento

O famoso "chalet" de Luís Duarte Sereno na vila de Penacova 


Natural de Oliveira do Bairro, Bacharel em Direito e Juíz, foi Governador Civil de Coimbra entre 5 de Fevereiro de 1915 e 24 de Maio do mesmo ano.

Luís Duarte Sereno, filho de Joaquim Duarte Sereno, negociante, e de Carolina Augusta de Almeida, “lavradora”, nasceu em Bustos no dia 21 de Janeiro de 1863.

Foi no exercício das funções de magistrado que conheceu Penacova e Maria Pureza Correia Leitão, filha o Conselheiro Alípio Leitão, com quem viria a casar em 1893.

Formou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, em 2 de Julho de 1887. De imediato foi colocado como Juiz Municipal em Albergaria-a-Velha, tendo em 1888 pedido a transferência para Vagos. Seguiu-se Penacova, para aqui ocupar o lugar de Delegado do Procurador Régio, assumindo-se como “magistrado austero no cumprimento dos seus deveres”.

O seu elegante “chalet”, em Santo António, aparece em fotografias de 1909, por exemplo na Revista “Serões” e era considerado, a par do palacete de Joaquim Augusto de Carvalho, um dos ex-libris de Penacova.

Durante muitos anos esteve à frente da Misericórdia, como Provedor, ocupando esse cargo na altura em que foram negociadas, com Bissaya Barreto e a Junta da Província da Beira Litoral, as condições para a construção do Preventório e do Hospital.

Esteve também ligado à Conferência de S. Vicente de Paulo que durante alguns anos funcionou na vila.

Em 1915, foi Governador Civil de Coimbra durante o Governo de Pimenta de Castro, num período muito conturbado da vida política. O elenco governativo fora nomeado pelo presidente Manuel de Arriaga sem a sanção do Congresso da República e durou apenas de 25 de Janeiro a 14 de Maio.

De acordo com informação do “Notícias de Penacova” o Dr. Guilherme Moreira, que era Ministro da Justiça, convidara-o para Governador Civil de Coimbra.

O Conselheiro Luís Duarte Sereno faleceu em Penacova no dia 23 de Fevereiro de 1948. Eugénio Mascarenhas Viana de Lemos, Governador Civil, fez-se representar no funeral pelo Delegado Policial do concelho de Penacova. Acompanharam o cortejo fúnebre até ao jazigo de família no Cemitério da Eirinha, as Irmandades do Santíssimo e de Santo António, a Cruzada Eucarística e as Crianças do Preventório.



16 fevereiro 2024

Caso da “serial killer” Luiza de Jesus vai ter documentário na RTP2

ANTE-ESTREIA DECORREU ONTEM EM LISBOA


O caso Luiza de Jesus, que tem relação directa com o nosso concelho, mais precisamente com a aldeia de Gavinhos, continua a ser tema de estudo, motivo de questionamento e matéria para a produção literária, teatral e audiovisual.

A ante-estreia teve lugar no Teatro A Barraca

Assistimos ontem, no cineteatro A Barraca (Lisboa) à ante-estreia do documentário “Luiza de Jesus”, um trabalho da produtora A Clara Amarela Films, realizado por Ricardo Clara Couto, que será muito em breve estreado no Canal 2 da RTP.

A seguir à projecção do filme/documentário numa das salas daquele teatro do Largo de Santos, o numeroso público presente teve oportunidade de dialogar com os principais intervenientes neste trabalho que tem a participação especial (voz) de Maria do Céu Guerra.

O documentário que recorre à animação 3D é intercalado com diversas intervenções desde a historiadora da Universidade de Coimbra, Maria Antónia Lopes, passando pela jornalista que no Expresso (2016) tratou o assunto, Anabela Natário, até à autora do romance histórico “A Assassina da Roda”, Rute Serra, que em 7 de Março de 2020 esteve em Penacova para apresentar este seu livro.
Recorde-se que Luíza de Jesus ia buscar crianças de tenra idade à Roda dos Expostos, gerida pela Misericórdia de Coimbra, matando-os a seguir, presumivelmente para se aproveitar do enxoval e dos 600 réis que eram atribuídos em troca da amamentação e criação até aos 7 anos. Corria o ano de 1772. Encontraram-se os cadáveres de trinta e três bebés. Confessou ter garrotado vinte e oito por suas próprias mãos! Foi condenada à morte. Atenazada pelas ruas de Lisboa, cortaram-lhe as mãos em vida, foi garrotada e queimada.

[Veja AQUI algumas das publicações do Penacova Online sobre o caso Luiza de Jesus]
 

Imagens da apresentação do livro "A Assassina da Roda" em Penacova (2020)

Note-se que a “história da última mulher executada em Portugal”, acusada de ter cometido “o mais horrendo dos crimes: o massacre de inocentes”, deu origem ao romance histórico “A Assassina da Roda” tendo como autora Rute Serra, publicado pela Editora Guerra & Paz.

Por sua vez, a autora adaptou a obra para o palco. O monólogo encenado e interpretado por Maria Henrique, teve como título 'Luiza de Jesus - A assassina da roda' e esteve em cena no Teatro da Trindade INATEL de 29 Abril a 30 de Maio de 2021.

Também o TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra) apresentou em Maio de 2023 uma criação colectiva com direção de Cristina Valente (dramaturgia de Ana Sousa, Catarina Martins, Cristina Valente, Daniela Proença, Kelly Veloso, Si Masseno e Tatiana Almeida, sendo a interpretação de Ana Sousa, Catarina Martins, Daniela Proença, Kelly Veloso, Si Masseno e Tatiana Almeida) com o título “33 – Seis Faces de Luísa”. Saliente-se que este trabalho, baseado na história da ‘serial killer’ portuguesa, natural de Figueira do Lorvão, foi igualmente apresentado em Penacova no dia 13 de Junho de 2023.

Segue-se agora, como referido acima, o excelente documentário a passar por estes dias na RTP2. Fique atento. Recomendamos vivamente.

14 fevereiro 2024

Centro Interpretativo do Palito vai abrir em Lorvão

Museu da Ciência da UC cede peças ao novo Centro Interpretativo do Palito


O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra vai ceder cerca de quatro dezenas de peças ao município de Penacova para enriquecer o novo Centro Interpretativo do Palito, em Lorvão.

Os objetos, na grande maioria, relacionados com a temática dos palitos, vão fazer parte do espaço expositivo situado na Casa do Monte, no centro histórico de Lorvão.

O novo Centro Interpretativo, com abertura prevista para este ano, terá várias salas dedicadas à história dos palitos, desde a sua origem no secular mosteiro, à manufatura que se disseminou pela população, até ao aparecimento de várias empresas, sobretudo na freguesia de Lorvão.

Do conjunto de peças cedidas pelo Museu da Ciência fazem parte inúmeros paliteiros, de várias formas e materiais, peças de cestaria e outros utensílios utilizados no processo de manufatura do palito.

O protocolo de cedência das peças foi assinado pelo diretor do Museu da Ciência, Paulo Trincão e pelo presidente da Câmara de Penacova, Álvaro Coimbra. Na ocasião, o autarca sublinhou a importância deste acordo – “quero agradecer ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, na pessoa do seu diretor, Paulo Trincão a abertura demonstrada para a cedência deste conjunto de objetos que vai, sem sombra de dúvida, enriquecer a coleção do novo Centro Interpretativo do Palito.”

O novo núcleo museológico vai surgir na Casa do Monte, no centro histórico da vila de Lorvão, edifício do século XVIII que terá servido como casa de hóspedes do mosteiro. No seu interior vão surgir várias salas dedicadas à história do palito, desde o século XVII até, praticamente, aos nossos dias.

O investimento superior a duzentos mil euros foi financiado através de candidatura do município à AD ELO – Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego.

FONTE:

https://www.gazetarural.com/museu-da-ciencia-da-uc-cede-pecas-ao-novo-centro-interpretativo-do-palito/


10 fevereiro 2024

Governadores Civis (4): Júlio Ernesto de Lima Duque (1859-1927)

GOVERNADORES CIVIS NATURAIS DE PENACOVA  

OU AO CONCELHO LIGADOS POR CASAMENTO

Foi Governador Civil de Évora de 26 de Junho de 1904 a 2 de Maio de 1905, 
mas a sua carreira política foi muito para além do desempenho deste cargo.

Júlio Ernesto de Lima Duque nasceu a 11 de Agosto de 1859, na freguesia de Chancelaria, concelho de Torres Novas. Era filho de José Gomes Duque e Otília Simpatia de Lima Duque.

A sua vida repartiu-se pelo concelho de Penacova onde casou e teve destacada intervenção política, por Coimbra onde estudou e fez carreira de militar - médico e por Lisboa onde teve assento no Congresso da República e foi Ministro. 

Casou em Penacova com Maria da Pureza Correia Leitão, filha do Conselheiro Alípio Leitão, no ano de 1888. Enviuvou muito cedo e casou uma segunda vez, em Coimbra (1907) com Isaura Carolina de Lima Duque, sua prima.

Estudou Medicina na Universidade de Coimbra, vindo a concluir o curso em 1886 indo logo exercer funções como facultativo do partido médico de Farinha Podre durante um curto espaço de tempo.

Pouco depois ingressou no Exército, na arma de artilharia, onde foi cirurgião - militar: tenente, 1889; capitão, 1897; major, 1911; tenente-coronel, 1911 e coronel em 1917. Passou à reserva em 1925. No início da carreira, prestou serviço em Moçambique. Ocupou o cargo de Inspector de Saúde junto da 5.ª Divisão. Foi Director do Hospital Militar de Coimbra e Presidente da Junta de Saúde daquela cidade.

Foi Governador Civil de Évora de 26 de Junho de 1904 a 2 de Maio de 1905. Iniciara a vida política de âmbito nacional em 1898 como deputado do Partido Progressista pelo círculo de São Pedro do Sul. Foi ainda deputado pelos círculos de Penacova em 1899 e 1900; por Arganil em 1901; por Lamego em 1904 e por Viseu em 1905. Em 1910 ainda se candidatou por Arganil, mas a eleição não foi validada até ao 5 de Outubro.

Foi um poderoso influente eleitoral na região de Penacova e Poiares. Na fase final da Monarquia abandonou os progressistas e procurou o apoio de diversos partidos para acautelar a sua eleição e influência local. Após o 5 de Outubro manteve durante algum tempo os ideais monárquicos, tendo participado na revolução monárquica de 27 de Abril de 1913, em virtude da qual foi preso.

Posteriormente, aderiu à República e filiou-se no Partido Republicano Evolucionista. Foi dirigente concelhio em Penacova desta formação política fundada por António José de Almeida, sendo também presidente da Junta Distrital.

Mais tarde, alinhou na ala conservadora da República aderindo ao Partido Republicano Liberal (1919-1923) e depois ao Partido Republicano Nacionalista (1923).

Foi Presidente da Comissão Distrital de Coimbra do PRL e foi eleito membro substituto do Directório daquele partido em 1922.

Foi substituto do Directório e Presidente da Comissão Distrital de Coimbra do PRN em 1923. Em Dezembro esse ano fez parte do efémero «Directório Sombra» do PRN (grupo pró-Álvaro de Castro) e aderiu à facção dissidente liderada por aquele político, inscrevendo-se no Grupo Parlamentar de Acção Republicana.

Durante a República foi também Senador. Pela primeira vez em 1915-1917 por Leiria e em 1919-1921, representando Portalegre. Em 1921-1922, 1922-1925 e 1925-1926 voltou a ser Senador, desta vez por Viseu. Em 2 de Dezembro de 1922 foi eleito 2.º vice-presidente do Senado.

Foi ministro do Trabalho em quatro ocasiões: 19 de Julho a 20 de Novembro de 1920; 24 de Maio a 30 de Agosto de 1921; 30 de Agosto a 19 de Outubro de 1921 e 18 de Dezembro de 1923 a 6 de Julho de 1924.

Em 1901 foi um dos fundadores do Jornal de Penacova onde se destacou como articulista polémico. Teve uma vasta colaboração na imprensa, escrevendo em diversos jornais e revistas: Coimbra Médica, Revista Académica de Coimbra, Imparcial de Coimbra, Elvense, O Dia, Correio da Noite, Novidades, Jornal da Noite, Medicina Militar e A Província (jornal do Partido Evolucionista) do qual foi director.

As celeumas com o periódico A Folha de Penacova, jornal regenerador, atingiram por vezes foros de grande agressividade. A Folha chamou-lhe solípede, duque de copas, amigo de Peniche. Por essa época Lima Duque encetou intensa campanha pela destituição de Alfredo de Pratt, administrador concelhio, o que veio a suceder. De novo a A Folha contra-ataca e desmonta as ''jogadas'' da política local, de feição progressista.

S. Pedro de Alva, onde iniciou a sua carreira de médico, teve para com ele uma consideração especial. Em 1916, no jornal “Ecos de S. Pedro de Alva” é referido como ''ilustre amigo de S. Pedro de Alva'' e apontado como um dos grandes promotores, enquanto deputado, dum melhoramento há muito reivindicado: o Chafariz daquela localidade.

O seu pai, José Gomes Duque, foi dono da “Farmácia Duque” em Penacova e neste concelho ocupou o cargo de Administrador (1888) e Vice-Presidente da Câmara (1896).

Na Mata, na casa onde nasceu, encontra-se a seguinte lápide com os dizeres:

 "NESTA CASA NASCEU EM 11 DE AGOSTO DE 1859 O DR. LIMA DUQUE CORONEL MÉDICO JORNALISTA ORADOR PARLAMENTAR E MINISTRO HOMENAGEM DOS SEUS CONTERRÂNEOS NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO 11 DE AGOSTO DE 1959"

Júlio Ernesto de Lima Duque faleceu na sua casa da Cumeada (zona da Av. Dias da Silva, em Coimbra) a 12 de Março de 1927.

09 fevereiro 2024

Dar (mais) vida a Lorvão: Recital no Mosteiro

Fotos: São Veiga


Realizou-se no dia 3 de Fevereiro, no Mosteiro de Lorvão, um Recital de Acordeão e Violino promovido pela Junta de Freguesia, em parceria com a Câmara Municipal, Paróquia de Lorvão e Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão. 

Rafael Nunes (Acordeão) interpretou Iduna (2°and.) de C. Duque,  Aztarnak  de R. Lazkano  e a Sinfonia N°1 de V. Bonakov  (Maestoso II - Adagio - Allegro III - Grave IV - Andantino Allegro non troppo)

Por sua vez, o duo Rafael Nunes e Bruna Sousa executou obras de Chain (S. Kaczorowski) e de M. Zimka (Sonata para violino e acordeão: I - Allegro Moderato,  II - Adagio Espressivo e III - Allegro Vivace.

O Duo Impromptu, constituído como se referiu, por Bruna Sousa no violino e Rafael Nunes no acordeão, é formado por antigos membros do Trio Voci, galardoado com o 1° Prémio na Categoria F - Música de Câmara Nível Superior, na décima sexta edição do Concurso Folefest. Este Duo surge no ano de 2023 na Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART), no âmbito da disciplina de Música de Câmara sob orientação do professor Paulo Jorge Ferreira.

08 fevereiro 2024

Penacova um olhar 1921: características, anseios, necessidades (I)


Com o título “Monografia” e assinado por Bernardino Pereira, o Jornal de Penacova publicou em 1921 um artigo / crónica que nos transpõe para tempos que já levam a marca de um século e nos dão uma imagem, nalguns aspectos curiosa, do nosso concelho no primeiro quartel do século XX.

À época, Penacova enquadrava-se no conjunto dos concelhos de 2ª ordem e das comarcas de 2ª classe, agregando, em termos judiciais, o “novo” concelho de Vila Nova de Poiares. O concelho de Penacova, estendendo-se por uma área de 193 Km2 era formado por 11 freguesias: “Nossa Senhora da Assunção” (sede), Lorvão, Sazes de Lorvão, Carvalho, Travanca, S. Pedro de Alva, Oliveira do Mondego, “S. Paio de S. Pedro de Alva”, Paradela e Friúmes. Confrontava, tal como hoje, com Santa Comba Dão, Tábua, Arganil, Vila Nova de Poiares, Coimbra, Mealhada e Mortágua, concelhos com quem estabelecia “relações sociais e comerciais, transmitindo e recebendo influência psíquica regional, reciprocidade de novos sentimentos e costumes.”

A sede do concelho, com mais de 900 fogos, teria, em termos “redondos”, 4 000 habitantes. A Vila possuía “edifícios alegres, bem caiados e devidamente alinhados.” 

As artérias principais eram a Avenida 5 de Outubro, a Rua Conselheiro Fernando de Melo e a rua Dr. Joaquim Correia”. É referido também o Largo Alberto Leitão. Relativamente aos edifícios públicos merece destaque “o novo edifício Escola Maria Máxima, do legado do benemérito António Maria dos Santos”. Acrescenta o cronista que “dizem que vai possuir também um hospital”. Por sua vez os Paços do Concelho são considerados “sofríveis”.

Vejamos a apreciação feita sobre as estruturas turísticas: “tem dois hotéis, insuficientes para conter com as devidas comodidades, os seus hóspedes no Verão; nesta época os forasteiros são aos milhares, que aqui vêm veranear e repousar. Vêm de Coimbra, Figueira da Foz, Lisboa e outras terras de Portugal e do Estrangeiro.”

Sobre as actividades económicas é referido o seguinte quanto à agricultura: “O terreno não pode ser considerado como o mais fértil – refere Bernardino Pereira – mas está longe de ser estéril”: tem muitos terrenos regados pelos rios, veigas entre pinhais, em estreitos vales, nas encostas e nos planaltos dos seus montes, “alimentando cerca de 6 000 famílias, isto é, perto de 20 000 dos seus habitantes. Em “géneros alimentícios não é muito abundante” pelo que “tem de importar milho, trigo, vinho, batata, feijão“ e outros produtos.

Pelo contrário, em termos de comércio, exportava “palitos em grande quantidade, cal parda, madeiras, lenha e telha.”

Num registo, de algum modo “romântico”, o cronista salienta que o concelho de Penacova “exporta para o Brasil e para outras partes, braços de camponeses robustos e morigerados”; exporta também “música, flores e seus perfumes”, pelos seus “admiradores e forasteiros envia a saúde do corpo e principalmente do espírito”, bem como “o retemperamento das forças perdidas, com ares salubérrimos das proximidades do Bussaco e com uma relativa economia.”

Enaltecendo as personalidades ilustres do concelho, sublinha B. Pereira que “desta terra abençoada têm saído lentes e sábios notabilíssimos e oradores dos mais distintos.”

“Quem não conhece o grande orador Alves Mendes, quem se não verga respeitoso e submisso perante esse vulto eminente da República, nobre e sublime, muito grande para um país tão pequeno; quem não rende as devidas homenagens ao maior vulto que tudo sacrifica ao bem da Pátria – o nosso venerando Chefe de Estado?”


(Continua)