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05 outubro 2023

Outubro de 1910: em toda a vila foi suspenso o trabalho, "pois que todos queriam pormenores do faustoso acontecimento"


O modo como Penacova recebeu a notícia da Revolução Republicana do 5 de Outubro de 1910 e reagiu nos dias subsequentes à mudança de regime e às profundas alterações que se verificaram na vida social e política ficou registado sobretudo nas páginas do Jornal de Penacova.

Durante muitos anos apenas as notícias publicadas neste periódico (edição de 8 de Outubro de 1910) eram do conhecimento de alguns penacovenses. No entanto, a imprensa local de feição republicana foi, nomeadamente durante as duas décadas que se seguiram, fazendo eco das inevitáveis repercussões nos órgãos autárquicos e na vida política em geral.

Outros periódicos locais (por exemplo Ecos de S. Pedro de Alva e A Voz de S. Pedro de Alva) nos fornecem um vasto conjunto de informações que nos permitem compreender melhor as dinâmicas duma época que tem como marca fundamental a mudança de regime político. Dados que podemos complementar com a análise das actas das sessões dos órgãos municipais e de outros documentos dispersos de carácter jurídico-administrativo.

Em Penacova, não foi propriamente no dia 5 de Outubro, ou melhor, do dia 6, quando a esta vila chegou a notícia, que o republicanismo se começou a afirmar. Também aqui, o ideário republicano vinha germinando há alguns anos. Ainda na vigência da Monarquia, em 1908, constitui-se a primeira Comissão Municipal Republicana e no dia 1 de Agosto de 1909 teve lugar um grandioso comício de em S. Pedro de Alva com milhares de participantes. Com a implantação da República as adesões ao Partido Republicano cresceram significativamente, fruto da militância dos núcleos de Penacova e de S. Pedro de Alva a que não era alheia a influência, por vezes discreta, de António José de Almeida que tinha no concelho um grupo de amigos e simpatizantes e uma tribuna privilegiada de propaganda e de mobilização: o Jornal de Penacova.

Logo após a implantação da República e durante os meses seguintes os militantes republicanos do concelho organizaram palestras em muitas aldeias, promoveram a constituição de comissões republicanas a nível de freguesia e dinamizaram e consolidaram os Centros Republicanos de Penacova e S. Pedro de Alva que já vinham do tempo da monarquia.

Vejamos alguns pormenores da notícia publicada por este jornal, dirigido por Amândio dos Santos Cabral:

''Viva a República Portuguesa! Está proclamada a República em Portugal - Novo Governo - o País adere com entusiasmo à República''
– foi com este título, a toda a largura da primeira página que o Jornal de Penacova de 8 de Outubro noticiou a revolução republicana.

Depois de relatar os acontecimentos em Lisboa, o jornal faz referência ao modo como a vila vivenciou este momento histórico:

“A notícia da Implantação da República em Portugal foi trazida a esta vila pelo nosso correligionário Joaquim Serra Cardoso, na quinta-feira, pelas 8 e meia horas da manhã. O nosso amigo tinha ido na véspera para Coimbra, e assim teve a honra de trazer em primeira mão a grata notícia. Logo ao chegar ao Ramal de Santo António, o nosso amigo soltou um estridente Viva a República que foi ouvido na vila o que fez com que o nosso director corresse ao seu encontro, dirigindo-se logo ao Largo Alberto Leitão, onde imediatamente se juntavam muitos cidadãos aclamando a República.”

E prossegue o relato:

“Pouco depois, uma comissão Republicana composta dos nossos correligionários dr. Rodolfo Pedro da Silva, dr. António Moncada, José Pedro Henriques, José Alves de Oliveira Coimbra e o nosso director percorreu a vila convidando os cidadãos para assistirem à proclamação da República nos Paços do Concelho, ao meio dia. “

A notícia fora anunciada por uma salva de 31 morteiros e grande número de foguetes. Imediatamente, ''foi suspenso o trabalho em toda a vila, pois que todos queriam pormenores do faustoso acontecimento.''

Conta-se, de seguida, o episódio da subida ao telhado da Câmara:

“Como as repartições da Câmara Municipal estivessem fechadas, o nosso director [Amândio dos Santos Cabral] subiu por uma escada ao telhado do edifício dos Paços do Concelho e ali, no meio de aclamações entusiásticas do povo, que se achava no largo, hasteou a bandeira vermelha e verde, augusto símbolo da pátria redimida, a qual foi saudada com entusiásticos vivas e por nova salva de 31 morteiros e inúmeros foguetes. Não pôde nesta ocasião lavrar-se auto de Aclamação, porque como atrás dizemos as repartições da Câmara estavam fechadas, não podendo assim, sem violência, haver-se o livro das actas das sessões. Ao meio dia da tarde apareceu nesta vila o nosso correligionário sr. Leonel Serra, a cavalo, e empunhando uma bandeira branca onde se lia – PAZ – acompanhado de muitos populares, que saudavam a República.”

Como sabemos, o auto não pôde ser lavrado no dia seis. Só no dia seguinte tal foi possível:

“Ontem, cerca das duas horas da tarde, na sala das sessões da Câmara, no meio do maior entusiasmo, foi lavrado o auto que noutro lugar publicamos, da aclamação da República, sendo logo assinado por todos os cidadãos presentes, levantando-se muitos vivas à República, à Pátria portuguesa, etc.”

De acordo com os relatos do jornal, apareceu pouco depois, no largo Alberto Leitão um ''numeroso grupo de correligionários da freguesia de S. Pedro de Alva que foi recebido no meio do maior entusiasmo, indo logo todos assinar o auto.

Em seguida, ''todos os cidadãos que estavam no Largo Alberto Leitão se dirigiram para a nossa redacção – conclui o Jornal de Penacova – fazendo-nos uma calorosa e penhorante manifestação, sendo-lhes aqui oferecida uma taça de champanhe, trocando-se numerosos brindes, sempre no meio do maior entusiasmo.''

O Jornal de Penacova esteve, assim, totalmente empenhado na dinâmica que naqueles dias se viveu. Em jeito de balanço e de apelo, escreve este semanário: ''Como os nossos leitores poderão verificar lendo os nomes que firmaram o auto de aclamação da República foram numerosas as adesões ao novo regime, e esperamos que aqueles que ainda não aderiram o façam brevemente, com o que rejubilaremos.''

Este jornal transcreve na íntegra o texto exarado no livro de Actas das Sessões da Câmara:

“Auto de aclamação da República Portuguesa no concelho de Penacova

Aos seis dias do mês de Outubro do ano de 1910 pelas 12 horas do dia, nesta vila de Penacova e no Largo Alberto Leitão, fronteiro aos Paços do Concelho, foi entusiasticamente aclamada a República Portuguesa, proclamada em Lisboa no dia cinco do corrente, e hasteada a bandeira republicana no edifício acima referido. E não podendo este auto ser lavrado logo após a aclamação, em virtude de estarem ausentes as autoridades administrativas deste concelho e fechadas as portas da câmara municipal sendo impossível, por isso, sem violência haver-se o competente livro das actas das sessões da mesma câmara, se lavra hoje, 7 do corrente, o presente Auto de Aclamação da República Portuguesa, que vai ser assinado pela Comissão Republicana Local, pelas pessoas que tomaram parte naquela manifestação e ainda pelas demais presentes a este acto que espontaneamente o queiram fazer. Depois de lido por mim, Alípio de Sousa Correia Leitão, secretário da Câmara que o escrevi.”

O documento é assinado por cerca de sessenta pessoas. A ordem aqui apresentada não corresponde à que se observa no original.

Por ordem alfabética teríamos: Abílio Augusto Fernandes, Alberto Cabral de Nascimento Palma, Alípio Serra Cardoso, Amândio dos Santos Cabral, Américo Pinto Guedes, Aníbal Duarte de Vasconcelos, António Carlos Pereira Montenegro, António Casimiro Guedes Pessoa, António Correia da Silva, António Gomes Freire de Almeida e Silva, António Henriques Fonseca Júnior, António Joaquim Dias, António Lopes da Costa Carvalho, António Seiça Ferrer de Saldanha Moncada, Armando Alberto Pimentel, Athalyba Duarte Sousa, Augusto Ribeiro de Almeida, Carlos Mendes, Constantino António Carvalho, Daniel da Silva, Eduardo Pedro da Silva, Eduardo Silva, Fernando Miguel, Francisco Augusto Guedes, Francisco de Almeida Ventura, Francisco da Costa Gonçalves, Francisco Sousa Júnior, Heitor Ribeiro de Almeida, Henrique de Assumpção, Henrique Freire Garcez, Henrique Silva, João Augusto Simões Barreto, João Casimiro Guedes Pessoa, Joaquim Augusto de Carvalho, Joaquim Cabral Júnior, Joaquim Madeira Marques, Joaquim Pereira Castanheira, Joaquim Pita d’Eça Aguiar, Joaquim Serra Cardoso, José Alves de Oliveira Coimbra, José António de Almeida Júnior4, José Augusto Monteiro Júnior, José Augusto Ribeiro, José de Almeida Coimbra, José de Matos Vieira, José dos Santos Silva, José Maria Marques, José Maria Pereira Pimentel, José Pedro Henriques, José Ventura de Almeida, Leonel Lopes Serra, Luís Pereira de Paiva Pita, Manuel Maria Ralha, Manuel Correia da Silva, Manuel Maria Ferreira, Manuel Silva, Rodolfo Pedro da Silva, Roldolfo Silva, Silvério de Amaral Guedes e Urbano Ferreira da Natividade.

No dia 10 de Outubro a Câmara (presidida por Joaquim António da Silva Tenreiro) apresentou a demissão e declarou formalmente a adesão à República. Dois dias depois, tomou posse uma primeira Comissão Administrativa, encabeçada por Amândio dos Santos Cabral. O seu mandato teve curta duração porque, por imperativo legal, foi nomeada uma nova Comissão que tomou posse no dia 24 de Outubro, tendo como presidente António de Seiça Ferrer de Saldanha Moncada.

Recorde-se que até 1913 a governação municipal foi sendo legitimada por nomeação do Governo Civil. Só naquele ano se realizaram eleições para as Câmaras Municipais. Passou a existir um Senado Municipal e uma Comissão Executiva, mantendo-se a figura do Administrador Concelhio.

Fonte  / clique neste link  BNP 


04 outubro 2020

A proclamação da República foi há 110 anos ... em Lisboa e em Penacova


RELATA O ALMANAQUE REPUBLICANO DE 1911:

“Finalmente, na manhã de quarta feira 5, as tropas monárquicas declararam-se vencidas, aderindo ao movimento e sendo hasteada no quartel general, no Castelo de S. Jorge, no Carmo, quartéis, etc., a bandeira republicana. Depois o povo, rompendo em massa, fraternizou com soldados, soltando entusiásticos vivas.

Em seguida dirigiram-se todos para a Câmara Municipal onde ia ser feita a proclamação da República.

Efectivamente, às 8 horas e meia da manhã, o Dr. Eusébio Leão, secretário do Directório, acompanhado pelo mesmo, apareceu à varanda dos Paços do Concelho e declarou implantada em Portugal o sistema republicano. Estas palavras foram recebidas pelo povo com uma ovação muito prolongada.

Depois o Dr. Inocêncio Camacho, também membro do Directório, leu os nomes dos Ministros que compõem o actual governo provisório, sendo cada nome à medida que ia sendo lido, freneticamente festejado.

Foi imediatamente enviado a todos os ministros dos negócios estrangeiros dos outros países um telegrama anunciando o advento da República e a nomeação do governo provisório. Depois tratou o governo de promulgar todas as medidas precisas para a manutenção da ordem e segurança da cidade. Enviaram-se telegramas para todas as cidades e vilas mandando hastear a bandeira republicana. Em todas as povoações a notícia dessa proclamação foi recebida com o maior entusiasmo, fraternizando o povo com o exército.

Conhecida na cidade a proclamação da república, o entusiasmo foi enorme. Das janelas desfraldavam-se as bandeiras republicanas e aos ecos da Portuguesa e da Marselhesa e ao estalejar dos foguetes juntavam-se os vivas à República, à pátria e à liberdade.

Como que por encanto, a capital adquiriu um aspecto de extraordinária animação. As ruas encheram-se de povo. Muitas carruagens e automóveis começaram a circular, levando todos os carros bandeiras encarnadas e verdes. Quase todos os populares traziam nos casacos fitas com as mesmas cores.

Todos mostravam nos semblantes a satisfação e a alegria por haverem terminado as cenas de sangue. E bem assim foi visto que os republicanos estavam decididos a vencer ou morrer. Disse um marinheiro que estava a bordo de um dos cruzadores, que a marinha iniciou o movimento revolucionário com perto de 900 homens, dispostos a não abandonar o seu posto e a irem até ao fim, havendo a certeza de que, se o movimento tem sido dominado em terra, resultaria uma guerra civil, com uma mortandade como não haveria memória. (…)

in Almanaque da República, 1911

EM PENACOVA:

Só no dia 6 de manhã a notícia chegou a Penacova. Joaquim Serra Cardoso “tinha ido na véspera para Coimbra, e assim teve a honra de trazer em primeira mão a grata notícia”. Ao chegar ao ramal de Santo António, “soltou um estridente Viva a República que foi ouvido na vila”. Pouco depois, uma comissão republicana composta por Rodolfo Pedro da Silva, António Moncada, José Pedro Henriques, José Alves de Oliveira Coimbra e Amândio Cabral, percorreu a vila convidando os cidadãos para assistirem, ao meio dia, à proclamação da República nos Paços do Concelho.

A notícia fora anunciada por uma salva de 31 morteiros e grande número de foguetes. Em toda a vila o trabalho ''foi suspenso, pois que todos queriam pormenores do faustoso acontecimento.''

SAIBA + AQUI

21 setembro 2019

Republicanismo em Penacova na vigência da monarquia

Neste edifício (foto da época) se reuniu (em 1908)  um grupo de republicanos
para formar a 1ª Comissão Republicana de Penacova

Em Penacova, as ideias republicanas foram ganhando força por acção de médicos e juristas, muitos deles formados na academia coimbrã. Também alguns emigrantes regressados do Brasil vieram engrossar as fileiras dos opositores ao regime monárquico.

Ainda na vigência da Monarquia, em 1908, constitui-se, primeiro, a Comissão Municipal Republicana, com sede em Penacova e, de seguida, o Centro Republicano de S. Pedro de Alva. Esta dinâmica culminou com o grande comício nesta freguesia, no dia 1 de Agosto de 1909, com a presença de António José de Almeida.

No dia 8 de Março de 1908 teve lugar uma reunião de republicanos ''no edifício onde funcionavam as fábricas[1] de José Pedro Henriques''[2], com o objectivo de fundar uma Comissão Municipal Republicana. Assim, da primeira comissão concelhia, passaram a fazer parte, como membros efectivos, Rodolfo Pedro da Silva, médico, José Alves de Oliveira Coimbra, comerciante, José Pedro Henriques, industrial e Amândio dos Santos Cabral, proprietário. Como suplentes: Manuel Correia da Silva, farmacêutico, António Maria, ferrador, Joaquim de Almeida Coimbra, comerciante, Joaquim Pereira Castanheira, comerciante, e Augusto Ferreira de Carvalho, farmacêutico.

A 14 de Março, o Jornal de Penacova, que à data já estava nas mãos dos republicanos, noticia aquela reunião e avança com uma relação dos inscritos, à data, no Partido Republicano:

Dr. Alípio Barbosa Coimbra, Dr. Rodolfo Pedro da Silva, José de Almeida Coimbra, Francisco de Almeida, Joaquim Pereira Castanheira, David Cordeiro de Brito, Albino Leonardo, Francisco Rodrigues da Silva, José António de Almeida Júnior[3], José de Matos Vieira, Augusto Ferreira de Carvalho, António Pedro Gonçalves, António de Matos Vieira, António Maria, Joaquim de Almeida Coimbra, João António de Almeida, José Joaquim Duarte Júnior, Vitorino de Almeida, Serafim José de Almeida, Francisco Duarte Almeida, José Pedro Henriques, José Alves de Oliveira Coimbra, Amândio dos Santos Cabral, Eduardo Pedro da Silva, José Augusto Ribeiro, José Esteves Viseu, Joaquim Serra Cardoso (que anunciará a implantação da República na manhã de 6 de Outubro), Manuel Correia da Silva, Luís Pereira de Paiva Pita, Alípio Carvalho, Aníbal Duarte de Vasconcelos, Alípio Lopes Flórido, António Joaquim Dias e Fernando da Assumpção.
Rodolfo Pedro da Silva

Em 1909 realizam-se as eleições para aquela Comissão, onde vamos encontrar nomes já conhecidos. Efectivos: José de Almeida Coimbra, José Alves de Oliveira Coimbra, Manuel Correia da Silva, Luís Pereira de Paiva Pita e Augusto Ferreira de Carvalho. Substitutos: dr. Alípio Barbosa Coimbra, dr. Rodolfo Pedro da Silva, José Pedro Henriques, Eduardo Pedro da Silva e Urbano Ferreira da Natividade.

Por sua vez, S. Pedro de Alva acabou por ser pioneira na criação dos Centros Republicanos a nível do concelho de Penacova. Em Junho de 1909 foi provisoriamente instalado o Centro Republicano naquela localidade. A inauguração oficial fora anunciada para o dia 1 de Agosto, coincidindo com a data do Comício. Da comissão instaladora faziam parte José de Almeida Coimbra, Eduardo Pedro da Silva (ambos cunhados de António José de Almeida), António Henriques da Fonseca Júnior, Francisco da Costa Gonçalves, José Maria Henriques, Joaquim Pereira Castanheira e Joaquim de Almeida Coimbra.

O novo Centro terá sido instalado num antigo edifício pertencente à família de António José de Almeida (onde hoje existe o Talho Abranches). Joaquim António Madeira ofereceu ''um belo quadro da República'', um outro com o ''notável Manifesto do Partido Republicano'' e ainda outro com os ''retratos dos deputados Republicanos''. Também foram oferecidos livros para a biblioteca por António Joaquim dos Santos, António dos Santos e José Madeira Marques. Este ofereceu, entre outras obras, Cartas Políticas de João Chagas e Pró-Pátria de Homem Cristo.

O Centro Republicano de S. Pedro de Alva irá, nos tempos mais próximos, exercer a sua acção política, cultural e cívica. Nesse sentido, achamos particularmente significativo o facto de Eduardo Pedro da Silva ter, em Outubro de 1909, apresentado uma moção, que foi aprovada por unanimidade, contra o assassinato de Francisco Ferrer[4], considerando aquele acto como ''o maior crime do século XX''. Em Abril de 1910 o Centro procedeu à escolha do delegado[5] ao 11.º Congresso do Partido Republicano Português que iria decorrer no Porto nos dias 29 e 30. Foi eleito, por unanimidade, António dos Santos Henriques, residente naquela cidade.[6]
José de Almeida Coimbra

As adesões sucedem-se. Angariadas por João António de Almeida, irmão de António José de Almeida e presidente da Comissão Paroquial Republicana de Paradela da Cortiça, temos: José Henriques Castanheira, comerciante e regedor, Joaquim Henriques Castanheira, proprietário, José Lourenço Rodrigues, barbeiro, José Neves Pinhão, carpinteiro, Joaquim Ferreira, serrador, António das Neves Carvalho, proprietário, todos de Paradela, e ainda Abel Mateus, da Cova do Barro.

Em Penacova, o Centro Democrático António José de Almeida, situado na Avenida 5 de Outubro,  só será inaugurado oficialmente já depois da queda da monarquia, no dia 1 de Dezembro de 1910. Discursou o Dr. Daniel Silva e foi descerrado um retrato de António José de Almeida (pintura a óleo) oferecido por Leonel Lopes Serra. O jantar de confraternização teve lugar ''no hotel da Sr.ª Altina Amaral.'' Foi também inaugurado neste dia, o sistema de iluminação pública a ''acetylene'', o que levou o Jornal de Penacova a reconhecer que ''com vagar embora, o progresso” ia “penetrando na nossa terra."
 . David Almeida
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Bibliografia:
ALMEIDA, David - Penacova e a República na Imprensa Local. Penacova: Câmara Municipal de Penacova, 2011.



[1] Muito provavelmente, ocupava o edifício onde funciona hoje a Escola Beira-Aguieira. Edifício que, segundo fotografias de 1909, já tinha a estrutura actual.
[2] Pedro Henriques & Cª, empresa que era detentora de uma fábrica de conservas e se dedicava também à indústria de palitos. Representou o distrito de Coimbra na Expo 1908, no Rio de Janeiro, conquistando medalhas de ouro e prata, pela qualidade dos seus produtos: palitos e azeite.
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[3] Irmão de António José de Almeida, bem como de João António de Almeida, que também consta da lista.
[4] Francisco Ferrer i Guardia, republicano catalão,  foi o fundador de um movimento de pedagogia libertária que deu origem à Escola Moderna. Os aspectos educacionais que defendia foram considerados "perigosos" para a aceitação social da autoridade e, em 1909, Francisco Ferrer foi preso na Catalunha, Espanha. Depois de julgado por um Conselho de Guerra foi executado em 13 de Outubro de 1909 na Fortaleza de Montjuich.
[5] Em 25 de Abril de 1910.
[6] Cfr. Jornal de Penacova, 30 de Abril de 1910.