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08 março 2024

Poetas penacovenses (XII): "Tanto caminho..." - Poema de Luís Pais Amante


ANA PAULA CAMPOS
"Tanto caminho por percorrer". Acrílico sobre tela  40x50 . Coleção Incompletude

Tanto caminho…

Só vejo pela frente

Um caminho longo

Que me põe dormente

Caminho feito à mão

E na medida da dor

O Espaço é pequeno

E gira sereno

Nas perspectivas da vida

As pedras a sobressaírem

Dificultando a caminhada

As árvores refilando

Por lhes não darem nada

E eu

A olhar pra mim sem esperança

Carregada de problemas demais

De circunstâncias reais

Pensando:

“Tanto caminho por percorrer”

Tanta distância pra Liberdade

De me ter


Luís Pais Amante

Telheiras Residence | 23Set23; 10h45 
A olhar para uma pintura em acrílico sobre tela, da Minha Amiga Ana Paula Campos.

27 janeiro 2024

[Muito] mais do que a apresentação de um livro...

 

"Um dia espectacular a celebrar a Liberdade. Foi realmente muito lindo. Parabéns Dr. Luis Amante pelo seu aniversário e pelo seu novo trabalho." 

TESTEMUNHO DE UM PARTICIPANTE publicado numa rede social 

                                                           

O lançamento do livro de Luís Pais Amante A Liberdade Actual,  no Centro Cultural de Penacova,  foi muito mais do que o clássico formato de apresentação de uma obra literária. A tarde do dia 20 de Janeiro afirmou-se como momento intenso de convívio, celebração, cultura, amizade. O auditório encheu, os aplausos e as vozes dos grupos corais inundaram igualmente o espaço. "E foi bonita a festa".

O evento contou com a presença do Presidente da Câmara,  Álvaro Coimbra. No uso da palavra e na abertura do programa (que havia principiado com um vídeo de apresentação e a interpretação do poema "A Quelha" na voz de Pedro André Rodrigues) enalteceu a importância dos livros e da leitura nos tempos actuais e dirigiu a Luís Amante palavras de apreço pela sua relevante obra escrita e pela sua dedicação a Penacova. Também David Almeida, autor do prefácio, dirigiu breves palavras de agradecimento ao Autor, felicitando-o, não só pela sua obra literária, mas igualmente pela celebração do seu 70º aniversário natalício. Uma tarde "sob o signo da 12ª letra do alfabeto: L de Luís, L de Literatura / Livros, L de Liberdade!”- observou.

Tratando-se de uma homenagem mais abrangente, extensiva a outros títulos assinados pelo Autor, houve lugar à evocação de alguns dos seus mais “emblemáticos” poemas. Humberto Matias, musicólogo e pintor, declamou “O Meu Sonho Azul” e “ O Sem Abrigo Cem”. Por sua vez os grupos corais Vox et Communio e Divo Canto interpretaram “Liberdade” (in A Liberdade Actual) e “Confissões” (in Conexões). Ricardo Coelho e Joana Soares declamaram os poemas “Eu também sou fã do Divo Canto” e “Vox Adrenalina” publicados noutros livros de Luís Amante.

Os Maestros Rodrigo Carvalho e Pedro André Rodrigues dirigiram também breves palavras ao Autor. Rodrigo Carvalho  agradeceu todo o “afecto” com que em qualquer circunstância, Luís Amante, “exemplo para todos os penacovenses”, recebe, acolhe e apoia o grupo que musicalmente dirige. Pedro Rodrigues destacou a “relação de mais de uma década” em que “os laços têm sido cada vez mais fortes”. Grato pelo “apoio constante”, afirmou ser uma honra tê-lo como amigo e sócio honorário do grupo.

O Livro e o Autor foram magistralmente apresentados por Ana Marques Lito. Na sua intervenção (ver AQUI), sublinhou que “a mensagem da obra reflete um grito, um alerta à Liberdade individual e coletiva, à dignidade, à importância da atitude vigilante face ao modo como vivemos quase sem escolha”, traduzindo, no fundo, a “alma sensível e cuidadosa que define o autor.” Autor que revela um “espírito intrinsecamente genuíno, sem disfarces, frontal”, reflectido nas diferentes áreas do seu percurso de vida, um “estilo relacional épico e apaixonado pelas pessoas e pelas causas profundas e verdadeiras como a liberdade, a igualdade e a justiça.”

Evocando autores como Freud e Sartre, Ana Marques Lito salientou igualmente que “o autor - não sendo psicanalista - recolhe do seu espaço psíquico íntimo, recordações que o presente pode evocar, que ajuda o leitor a libertar as tensões da mente.” Ou ainda: ”Encerrado em si, em diálogo com o mundo interno povoado de recordações e de vivências que o acompanham intimamente, ausente de qualquer interação, engendra a existência humana condenada à liberdade, porque não pode renunciar quem é.”

O autor “assume-se e, é um homem livre, apaixonado pelas coisas simples da vida, pelos costumes das suas origens”, mas também aberto “ao novo e ao original” [...] “comprometido com a cultura beirã da sua terra natal, penacovense de gema, como sujeito desejante, leader por natureza, preocupa-se com o bem-estar das pessoas e interiorizou a responsabilidade social da importância da função pedagógica da arte poética, cujo dom nasceu com ele.“ - afirmou igualmente.

As “tonalidades e formas caleidoscópicas da sua escrita transformam-se em poesia, opinião e prosa, que espelham o seu ser intuitivo, buscando-se noutros horizontes... e até na transcendência.” Noutro passo referiu a apresentadora: “a partir dos títulos dos livros já publicados apreende-se o lugar de observador/testemunha e protagonista da co-construção de realidades alternativas do mundo paradoxalmente mais livre, estreito e fechado que nos submete a escravaturas.”

Ana Marques Lito, já na parte final da sua intervenção, reconheceu que toda esta “interpretação e transformação em poesia, opiniões e devaneios […] levando ao rubro a sua ironia sincera”, reflecte “coerência na condição humana, realizando conexões entre a luz, as sombras e as trevas, entre a clareza e a incerteza, a amálgama e a complexidade das circunstâncias da vida dos nossos tempos.”

Na breve alocução que fez, Luís Pais Amante começou por agradecer a presença do Presidente da Câmara, que também detém o Pelouro da Cultura, e estendeu o seu reconhecimento aos Vereadores da Cultura nos executivos anteriores. Realçou igualmente a grande qualidade dos dois grupos corais que são motivo de orgulho para Penacova. Na pessoa da sua professora de Filosofia no Liceu, Isabel Jardim, saudou e agradeceu a presença de todos os amigos, desde os mais recentes aos “amigos de uma vida inteira”. Lembrou o trabalho social de muitos jovens penacovenses da sua geração, que incentivados por aquela sua mestra, e no contexto do “Grupo Joaninha”, se dedicavam a orientar o estudo das crianças da escola e a dar-lhes um lanche no salão paroquial quando regressavam da Escola. “É nesta Penacova Solidária que me revejo!” - frisou Luís Amante.

Um pouco antes de (re)citar o poema, com que terminou, “Como gostar da nossa terra?”, escrito na Casa Azul a 5 de Junho de 2022, Luís Amante vincou que “as pessoas não têm amigos por ter, as pessoas não são importantes por ser; é preciso trabalhar muito para que a Amizade aconteça; muito mais para que permaneça. E não é preciso trabalhar nada para se ser importante porque a importância é dada pela percepção que os outros têm de nós…”.



Como “gostar” da nossa terra?

(in A Liberdade Actual, pág.34)

Antes de mais é
Trabalhando em prol dela
Penacova
(Toda ela)
Sem retirar disso “sequela”
Acarinhando-a
Divulgando-a
Cantando-a
Pintando-a
Poetando-a
!… Não deixando que se vão as suas tradições …!
Devotando-lhe sempre os melhores dos corações
Como se fossem “associações de bem fazer”
Que não só “quintas” para auto-promover
Depois
Investindo no desenvolvimento dela
Donzela, bela
Das suas boas gentes
Da sua geração mais nova, genuína
Olhando crítico para ela, qual rainha
Construtivamente
Articulando-se com os interesses dela
Sabiamente
Elevando-a
Representando-a
Agendando-a como aluna bem distinta
Nos eventos que nos surgem à janela
Por vezes só com com os cheiros da panela
E finalmente
Não “não rapar, nem comer, nem sugar” o que está à volta dela
Nem “à conta” do que tudo ela tem
Porque, mais tarde ou mais cedo
Será ela, qual beleza ancestral
Em movimento sincopado natural
Que dará um murro na mesa
E fará com que os “artistas”
… tropecem e caiam do pedestal!



O convívio, a festa- foi disso que se tratou afinal – terminou com a presença dos dois coros em palco  interpretando em uníssono Canções Heróicas de Lopes Graça e cantando os Parabéns ao autor (que no dia 15 havia completado 70 anos de vida), ali rodeado de todos os netos - André, Madalena,Martim, Maria Teresa, Margarida e Maria do Carmo - a quem é dedicado o livro.  

A findar esta tarde em que, nas palavras de Ana Paula Campos, coordenadora do evento, “se celebrou a vida de alguém de bem”, foi servida uma fatia de bolo de aniversário e uma taça de champanhe a todos os presentes.




Testemunhos de participantes
 recolhidos nas redes sociais:

Uma viagem que se tornou num lindo passeio pois possibilitou conhecer uma terra maravilhosa e ter a possibilidade de participar num lindo evento, o lançamento do livro de um um velho Amigo, amigo de um coração sem tamanho, igual a sua obra. Bem haja Dr. Amante!

Os meus parabéns por continuar a colocar no papel histórias e memórias suas e das gentes da sua terra contadas através dos seus belos poemas que ficaram na memória de quem os lê para sempre…E essa sim, é uma bela forma de deixar um legado rico de cultura aos seus.

Um dia muito bom a celebrar a Liberdade.

Um dia espectacular a celebrar a Liberdade. Foi realmente muito lindo. Parabéns Dr. Luís Amante pelo seu aniversário e pelo seu novo trabalho.

Um dia magnifico. Mais uma grande jóia do nosso poeta amigo Luís Pais Amante.

Foi um evento memorável, amei.

Simplesmente maravilhoso.

Aquele grupo de amigos enorme, aquela família bonita e a paixão por Penacova, falou mais alto. Gostei, foi muito bom estar ao pé de gente boa. Vim de coração cheio e acredito com mais força que ainda há muita gente boa neste mundo.

Foram momentos únicos vividos com uma emoção (que a todos tocou) numa festa de CULTURA, de FAMÍLIA, de AMIZADE … E AMOR!

Permitam-me, felicitar, todos aqueles que organizaram, contribuíram e participaram neste evento que contribuiu para Elevar a Cultura de Penacova e valorizar a Identidade Penacovense.

Admiração pelo seu caráter e determinação, cuja liberdade de pensamento lhe permite exprimir o que sente sem qualquer receio.

Na vida não somos nada sem o apoio incondicional da família e dos amigos leais, verdadeiros que estão sempre connosco ao longo da vida. Na vida podemos “ter tudo” mas não “somos nada” sem laços seguros. Não existe cultura sem afectos.

Foi dia de honrar o amigo Luís Pais Amante, ilustre advogado, humanista, escritor e poeta… “amante” da vida e da sua Penacova onde a Casa Azul é ninho de amor a uma família linda e onde a inspiração lhe brota como a água do Mondego que a seus pés corre…

A matinée de apresentação do seu mais recente livro A Liberdade Actual foi uma carinhosa manifestação de puros afetos por parte de conterrâneos, amigos e da sua querida Ana, que ao estilo de apresentação do autor fez mais do que uma declaração de amor.

Foi uma tarde excelente que me ficou no coração. Voltei atrás muitos anos e fiquei feliz por ter voltado.

A [justa] homenagem que tantos quiseram prestar-te, não só como escritor, como Homem, mas também pelos teus 70 anos e pelo teu percurso como advogado.

O valor de alguém não se mede com aplausos, mas sim pela obra e dedicação à família, o amor à terra e ao mundo; é nesta construção de raízes que este Homem se tem debruçado para deixar o seu legado em actos assertivos e de beneficência.


Mais algumas imagens do evento 
(créditos fotográficos: Óscar Trindade, Ana Ferreira, David Almeida)












07 janeiro 2024

Luís Pais Amante apresenta em Penacova "A Liberdade Actual em Poesias e Opiniões"


No próximo dia 20, a partir das 15 horas, o Centro Cultural de Penacova vai ser mais uma vez palco de um importante evento cultural e social: a apresentação da obra A Liberdade Actual [em Poesias e Opiniões], de Luís Pais Amante.

Este facto já seria suficientemente relevante para justificar a abertura das portas da Casa da Cultura do Município neste início de ano. Porém, o programa transcende o lançamento do livro. O evento apresenta-se como convite especial para uma tarde de Encontro e de Celebração, homenageando a produção literária de Luís Pais Amante no último decénio e, igualmente,  todo um trajecto de vida plena que já soma algumas décadas.

Diversos poemas que fazem parte da obra literária vão ser declamados e interpretados musicalmente. Em “palco” estarão os Grupos Corais de Penacova, Divo Canto e Vox et Communio, que se associarão a este momento muito especial para o autor, família e amigos: a celebração do 70º aniversário natalício. 

O programa, abrangente que é, vai ser coordenado pela Professora Ana Paula Campos. Vão intervir  Álvaro Coimbra, Presidente do Município de Penacova, David Almeida, autor do prefácio, Humberto Matias, músico e pintor, que dirá alguns poemas, Ana Marques Lito, que fará a apresentação deste livro de poesias e crónicas, e,  obviamente, o Autor.

A fechar a tarde de Convívio, depois de os grupos corais interpretarem As Heróicas de Fernando Lopes Graça, serão cantados os Parabéns, mimados por uma fatia de bolo de aniversário e brindados com uma taça de champanhe.

Sobre a obra agora apresentada é o próprio autor que, na "Nota ao Leitor", nos revela que a mesma “nasceu no período imediatamente subsequente aos picos maiores do louco (Covid 19)” e na sequência do livro Inquietude, o seu “Livro da Pandemia”.

“Se naquele se retratava a minha atitude pessoal perante o fenómeno que, naturalmente, teve influência na minha vida e nas vidas dos que me são mais próximos, neste retrata-se o que hoje assumo como a minha Liberdade [essa palavra sem preço]…” - sublinha o autor, acrescentando que este seu livro condensa as “expressões das vivências evolutivas” que “foram – religiosamente todas – publicadas pelo Jornal da [sua] terra Penacova Actual.”

“Obrigado Pedro Viseu! Obrigado Amigos do WhatsApp! Obrigado a quem leu, a quem comentou, a quem incentivou e a quem partilhou!” - faz questão de afirmar publicamente, acrescentando um apelo: “Homenageemos todos juntos esse fenómeno – que temos a sorte de ter na nossa terra –- da Imprensa Regional, em que exercer a Liberdade é possível, sempre com todo o respeito por opiniões contrárias e sempre admitindo que a nossa acaba onde começa a do outro.” Dirá mais adiante: “Sim, este Livro é a minha homenagem pessoal ao Penacova Actual; humilde, mas genuína."

“Os principais destinatários do conjunto destes textos (em poesias e opiniões) elaborados na lógica da Liberdade que tenta ser verdadeira, desprendida, simples, humilde…mas firme!” são, conforme nos revela, “os mais velhos, os mais doentes, os mais pobres, os desempregados, os sem abrigo, que é como quem diz os que vão deixando de acreditar em tudo e em todos.”

A obra, em si, tem dois capítulos: as Poesias e as Opiniões: “Ao contrário do que sempre aconteceu nas minhas obras anteriores, a escolha da distribuição dos escritos em si mesmos e destes pelos capítulos não teve possibilidade de existir, justamente porque estão aqui publicados todos os textos inseridos no Penacova Actual, post pandemia, até Maio de 2023, uma vez que sou Colaborador do Jornal e tenho muito orgulho nisso.” - explicita igualmente Luís Amante no seu texto introdutório.

Este livro, uma edição da Calçada das Letras, chancela da Letras em Marcha, tem como conteúdo:

I - POESIA
1. A Liberdade Actual; 2. Hoje fui ver o “Futsal”; 3. O Abril em tempo; 4. Guerra (em directo) e indignação; 5. Como “gostar” da nossa terra?; 6. As nossas Jéssicas; 7. Juventude: ainda as “Descobertas”; 8. Um “trio” no Galinheiro; 9. Liberdade; 10. Rosa de Porcelana; 11. Deixem de lhes lixar a Pensão!; 12. iPhone, o nosso melhor amigo; 13. Terra batida no Outono; 14. Homenagem aos Militares de Abril; 15. O Natal que sinto; 16. Lágrimas por Kherson; 17. Dia soalheiro; 18. O clarear da manhã; 19. O Céu da minha Terra; 20. O “galo” já não canta; 21. Um homem e a curva; 22. As cavadas 23. Pedrógão: o que se fez; 24. A incerteza; 25. Se calhar, adiantei-me; 26. O Dia do Pai; 27. Que orgulho ser do Roxo; 28. O silêncio;  29. A Confraria da Bifana; 30. Mães de Seda; 31. Lua de Vida; 32. Campeões; 33. As Afegãs; 34. Ser Criança no dia da Mulher; 35. O Fundo da Vila; 36. As Andorinhas; 37. O carrinho Bogdan; 38. David, o Professor Avô.

II - OPINIÕES
1. Democracia = Alternância; 2. Ai a “saúde”;! 3. SNS: como fazer omeletes sem ovos?; 4. O SNS e a ministra em fim de linha; 5. E Agora, António?; 6. Incêndios: esse flagelo!; 7. Santos Silva e o Chega e … vice versa; 8. Adeus Chalana!; 9. O “tinteiro” e o “mata borrão”; 10. Pronto! …é proibido parir; 11. Os Funcionários da Justiça e a Greve; 12. Os heróis de Putin serão mesmo os veteranos?; 13. Ai Timor!; 14. Valha-Lhe Deus, Senhor Professor; 15. Falemos, então, de sujidade…; 16. Conteúdos directos de um País torto; 17. Os aviões da TAP já não irão passear de BMW; 18. O Futebol, a hipocrisia e a Entourage; 19. Não só… mas Penacova está a ficar sem gente!; 20. Ajustados, ou alinhados? ; 21. Queremos respeito pelos Professores; 22. Não manchem as Jornadas Mundiais da Juventude; 23. Parabenizo a GNR; 24. Ai ACT, ACT!; 25. A Justiça tem de funcionar? ;26. O “Tinteiro” zangou-se!; 27. Senhor Rui, auto-estradas p'ra quê?; 28. Os Trabalhadores da Imprensa e da Comunicação; 29. A “Eutanásia” incompetente; 30. Como assim Lula?; 31. A “profissão” que Abril não queria; 32. O País em suspenso!

Dando uma espreitadela às “badanas” do livro, lemos, em relação às diversas obras anteriormente publicadas:

Estes poemas... representam a alma de quem sabe amar e esperar, que protege e que cuida com paixão.
Ana Marques Lito, in Poemas a recordar, 2012

O selo da responsabilidade social parece tê-lo cunhado desde sempre nas paisagens do Mondego que quer preservar... adivinham-se nestes poemas as paisagens, os aromas, as tradições e as épocas de um Portugal interior...refiro-me a Penacova, terra onde nasceu... É preciso conhecê-la e respirá-la através da mão do poeta.
Maria José Vera,  in prefácio do Livro Conexões

Palavra a palavra em comunicação secreta escreveu um amante o que lhe ia na alma: não há cultura sem afectos.
Joana Bonifácio, in Blog - O estranho mundo dos livros

Impossível de escrever aqui fielmente a revelação efectuada sobre todas as qualidades e virtudes... designadamente como excelente pessoa, experimentado e ilustre profissional, poeta talentoso.
Leonor, in Blog - Tudo e mais alguma coisa

É devido a este magnetismo natural, a esta incondicional paixão, que o autor deste livro (re)ergueu a sua casa...aquela que possui uma não menos nostálgica gárgula de feição medieval, virada para a Rua da Costa do Sol, lugar onde brincou, namorou e dançou no fecundo período da sua adolescência. Luís Pais Amante é o poeta da Casa Azul…
José Fernando Tavares, in prefácio de Penacova Intemporal

MAIS sobre o Autor: 


06 dezembro 2023

Poetas penacovenses (XI): um poema de Luís Pais Amante





 Sem abrigo


Eu sei quão dolorosa vai a actual situação

Os momentos que passas sem nada comer

O frio que te aperta a coluna em ondulação

As pessoas que passam sem nada te dizer


Eu reconheço que este tempo está fingido

Que quem não tem eira nem beira está mal

As Autoridades não enxergam bem o perigo

Nas ruas da nossa cidade já só há frio termal


Estar sem abrigo e só é estar a bater no fundo

A vida não existe para se suportar em angústia

Para andar de saco na mão percorrendo mundo


Caminhando à noite és mesmo um errabundo

O tua fome persistente já só te dá parageustia

A Sociedade oferece-te estatuto de vagabundo


Luís Pais Amante

Casa Azul

A cogitar sobre o modo como cresceu, ultimamente, este fenómeno triste.


31 agosto 2023

Poetas penacovenses (X): A Lua Azul vista pelo poeta... da Casa Azul


"Na última noite, os céus foram iluminados por uma super lua azul, um fenómeno raro que foi visível também em Portugal. A última super lua do ano foi vista em vários pontos do mundo. Da Europa à Ásia, passando por Brasil, Estados Unidos e Portugal. Em Portugal, o fenómeno conseguiu ser visto às 2h30 desta quinta-feira. A Lua Azul, como é chamada - por ser também a segunda lua cheia do mês -, esteve a 357 344 quilómetros de distância da Terra e parecerá ter mais “área” do que a média. Segundo a NASA estima-se que o a próxima Lua Azul apenas apareça novamente em 2037.”

in Rádio Renascença, 31 agosto 2023

Do amigo Luís Amante recebemos um poema (acompanhado de foto), alusivo a este fenómeno que também nos céus de Penacova foi motivo de curiosidade. Muito obrigado!  Com todo o gosto o publicamos, em primeira mão, no Penacova Online. 


Oh Lua Cheia


Esta Lua d’hoje

Veio cheia de intenção

Nesta despedida do Verão


Ilumina-me a Casa toda

E, também, a minha necessidade

De a sorver, porque rara, com solenidade


!… É Lua Cheia Azul …!


Parece feita de lã e algodão

Sobressai do céu bem escurecido

E dá-lhe vida, pra ficar bem parecido


Corre espelhada no Rio

Pondo o Espelho d’Agua quase quente

Motivos -muitos- para me manter contente


Luís Pais Amante

Casa Azul
A observar a Lua Cheia Azul, como a minha Casa.

05 agosto 2022

Lugares, monumentos e sítios de Penacova (6): Casa Azul


"Uma das casas mais importantes do edificado da Vila, quer pela escala, quer pela cor que a demarca das restantes, é a designada “Casa Azul”. O edifício, de manifesto interesse arquitectónico, necessitava de profunda reabilitação (1). 

Entretanto, o edifício, que tem a frente principal voltada para a Rua Fernando de Melo e faz esquina para o início da Rua da Costa do Sol, foi adquirido por Luís Amante e Esposa, Ana Marques Lito, que lançaram mãos à obra e avançaram com um projecto arrojado de reabilitação, mantendo a cor azul forte que há muitos anos ostentava, destacando-a harmoniosamente do casario do núcleo histórico da vila.

A avaliar por algumas construções ainda existentes, pode-se deduzir que a vila de Penacova teria registado um surto de renovação e desenvolvimento no início do século XVII. Ao longo da rua principal sucedem-se algumas casas características, provavelmente do século XVII e XVIII ,  cheias de tradição e pitoresco como é a “Casa da Freira” e aquela outra que ostenta sobre a porta dois brasões manuelinos, com armas do reino e da vila, onde se localiza hoje a Junta de Freguesia e terá sido, em tempos, a Casa da Câmara." 

(1) Foi incluído, com o nº 149, na planta geral,  da” Operação de Reabilitação Urbana (ORU)”, aprovada em 2016 pelo Município de Penacova.

David Almeida, in PENACOVA (IN)TEMPORAL,

 livro de poesia de Luís Pais Amante

Deste Autor e Amigo, acabamos de receber uma poesia inédita, oferecida ao Penacova Online e ao seu Administrador. Obrigado Dr. Luís!




19 abril 2022

Lançamento do livro "Penacova (In)temporal" no Dia da Liberdade



O dia 25 de Abril, Dia da Liberdade, foi a data escolhida para o lançamento da obra, editada pelo Município, Penacova (In)temporal

Trata-se de um livro de poemas de Luís Pais Amante que contou com a colaboração de David Almeida e de Óscar Trindade. A apresentação, que terá lugar no Auditório do Centro Cultural de Penacova, pelas 15 horas, caberá a José Fernando Tavares, autor do prefácio.

A sessão será presidida por Álvaro Coimbra, presidente da Câmara Municipal de Penacova. O evento contará com a declamação de alguns poemas, por Humberto Matias, e também com a actuação dos grupos penacovenses Coral Divo Canto e Coro Vox et Communio e de alunos da Escola de Artes.

“Penacova (In)temporal” integra sessenta e sete poemas de Luís Pais Amante, complementados, na sua grande maioria, por fotografias digitalmente editadas, de Óscar Trindade, e por textos de enquadramento histórico e social, relacionados com os temas abordados.

O livro está dividido em três partes. A primeira parte trata essencialmente de lugares icónicos da vila e do concelho, sendo o segundo capítulo mais voltado para as instituições, as pessoas e as tradições penacovenses. Por último, alguns poemas de carácter mais pessoal, mas registando sempre a relação umbilical à terra natal do Autor, às suas pessoas e aos seus lugares, à sua Penacova inserida no Tempo, mas que, ultrapassando os limites temporais, se projecta num tempo "sem tempo" no plano do rememorar e do sentir.


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https://www.acomarcadearganil.pt/penacova-penacova-in-temporal-livro-cuja-receita-reverte-a-favor-dos-bombeiros/


10 janeiro 2021

Poetas penacovenses (VIII): A tentar descodificar este tempo, em sofrimento: um poema de Luís Amante

O meu “circuito”


Pela manhã, da minha janela, por baixo dela

O meu circuito parecia que encolheu

... ou que, dando guarda à liberdade, se encheu!

Hoje é Domingo, segundo do novo ano

Que se segue a um outro, espartano

As pessoas encolhidas de geada branda

Sem benesses ou compadrio

Vieram respirar ar puro

Vieram a fugir do confinamento

Vieram ganhar coragem para o sofrimento

Que se avizinha ...

Desci pra me juntar à multidão

Pra sentir de perto o bater do coração

Sapatilhas calçadas

Ceroulas apertadas

E calças de fato de treino por cima

Com anorac de neve

De frente no caminho solto

Uma família de máscaras: uma azul clara; outra verde; outra preta

Atrás com distância de segurança

Outra família sem máscara

Rapaz atleta; rapariga de olhar suave ... os filhos de bicicleta

A seguir um grupo grande a correr sem gemer

De gente madura transportando frescura

Quatro voltas alargadas no espaço do meu tempo

Outras quatro circunscritas à volta do Estádio Universitário

E, sempre, o mesmo pensamento:

- quem será que está livre do vírus danado?

- como é que, afinal, ele se tem propagado, assim, tão descontrolado?

Daqui a cinco dias terminam os meus sessenta e seis

Gostava que a passagem fosse no ambiente do “ar puro” da minha terra

Encostadinho ao cheirinho da nossa serra

A olhar pro Rio, envergonhado com frio

Mas não vai dar

Não posso passar

Os meus conterrâneos estão lá a sofrer

... e no meu novo “circuito”, só dá pra temer!

 

Luís Pais Amante

Telheiras Residence,10Jan21; 14h00

A tentar descodificar este tempo, em sofrimento.

________________

Obrigado Dr. Luís. Muita saúde! Abraço

09 setembro 2020

Poetas penacovenses (VII): Cogitando sobre as consequências deste tempo...

Nu

Poema de Luís Amante

Neste tempo de percurso cinzento, fiquei nu

Corri devagar, pensei sem saber, contive a tristeza

Não sorri, nem o exteriorizei, nem falei com o cu

Apenas dei por mim a percorrê-lo só, com leveza


A minha rua, sem gente, vai nua de despojada

E eu despido no silêncio que me afaga

De beijos francos, carinhos em laço de vaga

De abraços ternos, de ti como sorte almejada

 

Nu é o despido de tudo, até de auto-estima

Silêncio é o ponto mais assertivo da rima

Gente é vida, amizade é culto abrangente

 

A tristeza cresce nesta condição dormente

O mundo entorpece até para lá do pungente

A crença desvanece, passando a saber a lima

 

Luís Pais Amante
Telheiras Residence
9Set20; 17h45
Cogitando sobre as consequências deste tempo

25 março 2020

Poetas penacovenses (VI): Poesia em tempo de pandemia


Em prosa ou em verso, Penacova já se habituou às reflexões de Luís Pais Amante.
Agradecemos o envio deste texto que o autor fez questão de partilhar - em primeira mão connosco - e que entendemos dever ser também partilhado com os leitores do Penacova Online.

A DISRUPÇÃO DO MUNDO

O nosso tempo entrou em modo de quebradura
Distanciou, inda mais, o mundo já em fractura
Colocou-nos em quarentena
Afastou-nos da fala à “boca pequena”
E separou-nos
Do abracinho da Madalena

Estamos em disrupção
Não podemos dar a mão
Nem abrir o coração
Nem correr em contramão
Nem tocar no corrimão
A nossa civilização está em colapso
Cavado nos fregueses do relapso
Está instalada a rutura
Do carinho e da ternura
Estão fechadas as fronteiras
Separadas as nossas esteiras
Confinadas povoações
Com tampões colocados nos próprios dos aldeões
Donos do livre ar sem convulsões
Temos que acabar com isto, alterar o paradigma
Cantarmos em sol com rima
Unir esforços
Mandar para trás os remorsos
Confinarmos os destroços
Puxarmos pela destreza
Darmos mais atenção à limpeza
Trabalharmos com mais firmeza
Responder com luva branca à safadeza
Adoptar só a justeza
... e esperar ...
... que venha o Verão e o vírus fique sem ar!

Luís Pais Amante
Telheiras Residence
25Mar20; 17h15

Concentrado no meu novo modo de vida de “solitário solidário”.


22 janeiro 2020

Poetas penacovenses (V): Penacova no olhar [poético] de Luís Pais Amante

Pintura de Sofia Alves (2019)
Pequeno olhar

Olho-te daqui debaixo
Das praias do Mondego que realço
Das ínsuas descarnadas por percalço
Da Barca Serrana arrastada rio abaixo

E vejo a tua beleza, Penacova
Qual presépio de aconchego que se renova
Qual raio de luz abstracta na doçura da paisagem
Com porte imponente de belo na retina da imagem

Revejo a história
Tropeço nas memórias do meu Povo
E sinto-me bem agarrado a ele de novo

Num segundo olhar fiel
Arrancado ao meu cérebro derretido como o mel
Retenho um ponto mais saliente na estrutura do papel
E fico sem ar ao dar comigo recordando o meu pião a dar voltas no cordel

Não é a cor do céu bonito que me entende
Não é o bloco do casario altivo, radioso, que me compreende
É a trajectória do tempo que me remoça a vida colocada num alpendre
Projectada pelo renascer da cor da Casa Azul que já lá está fixada e me surpreende

Luís Pais Amante
22Jan20; 12h30

Emocionado ao ver a nossa Casa Azul restaurada, já com a sua cor primitiva.


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NR: Obrigado Dr. Luís. É uma honra publicar em primeira mão este poema dedicado a Penacova.

19 outubro 2017

Poetas penacovenses (IV): ... e a nossa beleza ardeu


O Penacova Online tem na sua linha editorial a divulgação do património natural e belezas paisagísticas do nosso concelho. Nesta hora de luto, concelhio e nacional, em que jamais esqueceremos o que vimos naquela manhã de segunda-feira passada, autêntico  "day after" apocalíptico, ao percorrer o alto concelho, tragicamente atingido, dizíamos, nesta hora difícil, associamo-nos ao sentimento de Luís Pais Amante, aqui expresso neste texto intitulado "...e a nossa beleza ardeu".
Foi ontem, num dia trágico
Daqueles que não foi Deus que nos deu
Que nas nossas serras e outeiros verdes
Nas nossas encostas florescentes
O inferno aconteceu
Veio travestido de fogo
Intenso
Em bolas
Empurrado por ventos de maré
Suspenso
Monstruoso
Medonho
Desgovernado
Este incêndio malvado
Corria voraz atrás do tempo da paz
Sacrificando-o
Alimentava-se de tudo quanto lhe aparecia à frente
E, num repente
Cortou-nos o cabelo da beleza natural
Sorveu-nos o sangue bom do suor rural
Empertigou-se como se tivesse vida forte
De estupor
E matou-nos gente amiga com nome sem sorte
Nossos conterrâneos, amigos
Causando-nos muita dor
Consternação
E estupefação
O rasto deste abalo intenso e brutal
Que cheirará por aí a massacre sobrenatural
Não pode ficar escondido sozinho no nosso tempo
Nem esquecido na parte mais íntima do nosso pensamento
Terá que ser sempre lembrado como se fosse um desgraçado
... até porque ele nos ofendeu!

Luís Pais Amante
Telheiras Residence
16Out17, 21h30

Horrorizado com o que se passou na minha terra, Penacova


13 setembro 2017

Poetas penacovenses (III): Mont’Alto - memórias poéticas de Luís Amante

Foto de Luís Amante, publicada no
Penacova Actual
Mont’Alto


É para a colina que nos encima

Que corremos hoje

E a festa que ali se manifesta

Dar-nos-á prazer e recordação, depois

Levamos farnel às costas ou à cabeça

Água, vinho a granel, broa e panados

Enrolados em papel

Chouriço, febras para assar, tremoços

Bacalhau em pastel

Limonada

Laranjada

Tudo misturado com boa disposição

As moças, no caminho,

Vão “agarradas“ às saias das mães

Mas há outras que lhes fogem e ficam mais à frente

… De repente

Os rapazes aproveitam para as tentar seduzir

Elas ficam tão nervosas que só lhes dá para rir

O nosso Mont’Alto é uma romaria cristã

Centenária

O local é ermo durante quase todo o ano

Só se lhe conhece um vizinho sonhador

Chamado Aviador

Mas o Jovem não se esquece

Do tempo que ali se aquece na manifestação pagã

As toalhas à chegada são bem estendidas no chão

Mais à sombra ou mais ao sol pr’a passar a Procissão

Esta decorre alinhada logo a seguir à missa

Que por vezes é cantada pelo coro sem preguiça

As vendas são apregoadas

As fogaças leiloadas

Os donativos cumpridos

Até que o baile começa antes que ali anoiteça

E todos se vão embora

Ano, após ano, religioso ou profano

Esta vai sendo a nossa boa sina

enquanto Povo

Manter lá alto, na ermida, as tradições

Cozinhar - e regar - cá em baixo as ilusões

Porque isso nos ensina!


Luís Pais Amante
Telheiras Residence
8 Set 17, 19:30

Lembrando uma romaria popular a que ia antes de vir

para Lisboa, agora recordada pelo Prof. David Almeida, que muito estimo.

10 julho 2017

Poetas penacovenses (II): Reconquinho...



Entrelaçado na/ envolvência de ti / Rio / Eu fico aqui em cima a /

Olhar parado / Quase paralisado /  Como se tivesse  muito /Frio /

O teu espelho continua / Reflector /

O arvoredo circundante / Nas tuas margens /

Está agora a iniciar / Um longo processo de dor / Diletante / 

A curva da estrada do /Reconquinho / Está mais cavada, mais / Curvada, /

 Embora / Reconfortante /

A Praia fluvial com /Cobertura de geada /

Canta connosco e tira / Suores ao povo /

Que se renova e ali vai /Ficando mais novo /

As formas bizarras das / Canoas /

Trazem colorido sofrido /

E a velha Barca Serrana /Alberga o pescador que /

Ali pesca boga à cana /

Tudo harmoniosamente / Colocado / Tudo estoicamente conservado

/ Tudo belo / Para não dizer / Encantado!


Luís Pais Amante
Casa Paraíso, Penacova, 3 Dez 16, 9h30
Olhando para o RioMondego


13 janeiro 2017

Associação Cultural Divo Canto promove apresentação concelhia do novo livro de Luís Pais Amante

Depois de ter sido lançado em Lisboa (ver aqui na Associação 25 de Abril e na Casa do Concelho de Penacova, o livro REFLEXO[s], de Luís Pais Amante, vai ser apresentado em terras penacovenses, por iniciativa da Associação Cultural Divo Canto. A sessão de apresentação deste segundo livro de poemas será no próximo dia 21, sábado, pelas 16 horas, no auditório do Centro Cultural de Penacova. A cerimónia contará com dois momentos musicais proporcionados pelo Coral Divo Canto e pelo Grupo de Concertinas do Caneiro.

27 novembro 2016

Reflexo(s): título do novo livro de poesia de Luís Pais Amante

Depois de ter lançado em Março passado o livro de poesia “Conexões", Luís Pais Amante vai apresentar, já no dia 9 de Dezembro, um segundo livro de poemas, desta vez intitulado “Reflexo(s)”.
Apesar de radicado em Lisboa, Luís Amante cultiva laços viscerais com esta terra que o “viu nascer”, que o embalou nos anos da sua meninice e que o recebe também com alguma frequência. Esta ligação forte a Penacova é uma constante na sua obra poética. Podemos desde já afirmá-lo quanto ao novo livro, pois o Penacova Online tem a honra de apresentar, em primeira mão, um dos poemas que dele vão fazer parte: “O que Penacova tem”. Desde já, em nome pessoal e em nome dos leitores deste blogue, o nosso reconhecido obrigado.
Um texto que nos remete para as potencialidades que esta terra tem mas que, (in)compreensivelmente, ainda não soube ou não foi capaz de fazer valer. Estamos também  a recordar-nos da intervenção que teve no colóquio “Mondego Vivo” em 21 de Janeiro de 2012. O Penacova Online esteve lá e fez o registo. Nesse evento, o Dr. Luís Pais Amante apresentou o tema "Penacova - Quem somos e o que pretendemos". Referiu algumas das potencialidades e debilidades do concelho e indicou algumas coordenadas para o futuro de Penacova. Tópicos que designou por “Vectores” e “Âncoras” de “Desenvolvimento”.

Poema "O que Penacova tem" in Reflexo(s), livro a ser lançado no dia 9 de Dezembro

Como dizíamos, Penacova está presente na sua escrita, na sua poesia, mas também naqueles e noutros espaços de intervenção.
“Participar, tanto quanto possível, nas questões da minha terra, constitui‑se para mim como imperativo de consciência” - escreveu, por ocasião do lançamento de “Conexões.

Reflexo(s), o seu novo livro, vai ser apresentado pela Prof.ª Doutora Luísa Branco Vicente, no dia 9 de Dezembro de 2016 às 18 horas, na Associação 25 de Abril, em Lisboa.  

21 março 2016

Luís Pais Amante: conectado com a terra, com o rio, com os locais onde trabalhou, passeou e foi feliz

Luís Pais Amante, advogado e consultor em Lisboa, é natural de Penacova. No dia 12 de Março, apresentou no Centro Cultural o livro de poesia a que deu o título de “Conexões”. É o próprio autor que esclarece que o título foi escolhido “por ser o que melhor respeita todo este percurso de ligação e interligação e coligação com o mundo e com os seus problemas – e a minha visão deles – a partir dos locais onde passei o meu tempo e independentemente dos continentes onde eles se localizaram.”

Confessa também que vir a Penacova, tantos anos depois de a ter deixado, “continua a ser uma gratificante (re)descoberta!”. E no conjunto dos sessenta e dois poemas, ela está bem presente. “Espelho d’ Água” é um deles, merecendo especial destaque na contra-capa do livro:


Olha-se para ti, cá de cima
...e pressente-se o romance
O teu espelho, na água
Curva a mágoa num alcance
Mondego!
E sobe todo o nosso ego
E chora a rima...de relance
Olha-se para ti, cá de cima
... e logo bem se percebe
Que tudo ali se vai indo, na corrente
Seguindo um caminho consistente
Turvando a mente, ao de leve
Rio!
E ali se reflecte a felicidade da alma
E, fixando a imagem, se dá calma à idade
Absorvendo toda a aura da beldade
Processando-a com o passado persistente
Tudo o que tivemos, lá se vai
Tudo o que queremos, de lá se vem
Tudo ali se renova com beleza
Em trabalho consciente da natureza
... até tu, minha terra
Penacova!





O Dr. Luís Amante revela-nos, de coração aberto, o seu percurso de vida e ajuda-nos a compreender melhor este “seu trabalho para além do trabalho” – a escrita poética.

“Conectado com a minha terra, com o meu Rio, com as nossas casas e com os locais onde trabalhei, onde passeei e onde fui feliz, a verdade é que sobreveio sempre tempo e inspiração para ir traduzindo as experiências vividas em poesia.”

“Em Agosto de 1973, quando deixei a casa dos meus Pais, em Penacova, no Cruzeiro e fui para Lisboa, onde ainda resido, levava a certeza de querer evoluir como homem e de manter bem presentes, sempre, as bases e os ensinamentos da minha educação, da nossa simplicidade e da sua honestidade intrínseca.

Eram tempos de grandes dificuldades, há que admiti-lo sem vergonhas!

Ao longo destes anos que, entretanto se passaram – e são os anos de uma vida – tive a felicidade de ter um percurso ascendente e fui sendo titular de cargos de alguma responsabilidade.

Modestamente, embora, sei que construí coisas importantes e que me dediquei a causas interessantes.

Principalmente, sei que ajudei a consolidar uma Família e um grupo de empresas tradicionais, coesas e fraternas e solidárias e dedicadas, como as nossas, felizmente, são.

Mas continuei – ou tentei continuar – a ser a mesma pessoa humilde que nasceu numa terra do interior, gratificado pelo esforço que fizeram por si, dedicada aos seus amigos de infância, sem nunca esquecer as suas raízes.

E uma pessoa firme, por vezes dura, como somos quase todos por aqui, na Beira.

Corri mundo na minha profissão de consultor e conheci por dentro a problemática das empresas e as vicissitudes do desenvolvimento, em situações complexas e em países de onde saí chocado.

Mas sempre aproveitei, nos tempos livres que se me ofereciam, os ares puros da minha terra, o acolhimento das suas gentes, a bondade dos meus amigos e o prazer da sua boa comida, da minha pesca e das minhas caminhadas, que sempre me deliciaram, tudo servido num prato de beleza natural incomparável.

Ir à minha terra, ao fim de tantos anos, continua a ser uma gratificante (re)descoberta!

Participar, tanto quanto possível, nas questões da minha terra, constitui‑se para mim como imperativo de consciência.

E não ter terra, no sentido bem português de não ter – e manter –raízes no país profundo, tantas vezes esquecido, seria para mim um drama, na justa medida em que é aí que encontro a amizade desinte­ressada e a genuinidade do povo, essa instituição na qual tantos dizem ter a razão do seu desígnio, mas que, na realidade vão esquecendo a cada passo... Da evolução dos seus interesses particulares.

Em boa verdade, vai sendo a problemática de todo um Povo causticado – tendo como expoente os indefesos – que se torna a minha fonte privilegiada de preocupação actual, confesso.

Tenho, aliás, a sensação triste de que a minha geração das liber­dades falhou completamente quando se tratou de proteger, como se lhe impunha, os mais desprotegidos de hoje: doentes, reforma­dos, idosos, deficientes, sós, desempregados... E demais pessoas que já não têm tempo para reagir às vicissitudes do País.

Entretanto fui fazendo poesia – a minha poesia – e fui guar­dando ou oferecendo, ou dedicando o meu hobby e passando para as folhas brancas dos livros que fui lendo todos os meus senti­mentos, todos os meus pensamentos, todas as minhas impressões e todas as minhas apreensões.

Nesses livros encontra‑se, pois, o meu património literário, parte do qual constitui este livro que eu agora vos dou.

Sensível aos argumentos das pessoas mais próximos e, princi­palmente, da minha mulher, aquiesci à presente publicação que é despretensiosa e não quer mais do que dar a conhecer o meu trabalho para além do trabalho.

Sabendo que vou espantar muita gente que ao longo dos tem­pos se cruzou comigo (colegas, colaboradores, amigos, clientes, parceiros, fornecedores, professores) o certo é que admiti chegado o momento de me revelar a todos nesta faceta singular, que admito me completa como ser humano e que agora me tempera a idade, sobremaneira.

O resto, fica sujeito ao critério a que sempre estive sujeito nas minhas múltiplas actividades profissionais e ao qual sempre, tam­bém, me submeti por inteiro: o do contraditório e da crítica.


O título Conexões foi escolhido por ser o que melhor respeita todo este percurso de ligação e interligação e coligação com o mundo e com os seus problemas – e a minha visão deles – a partir dos locais onde passei o meu tempo e independentemente dos continentes onde eles se localizaram.

Conectado com a minha terra, com o meu Rio, com as nossas casas e com os locais onde trabalhei, onde passeei e onde fui feliz, a verdade é que sobreveio sempre tempo e inspiração para ir traduzindo as experiências vividas em poesia.

Quase sempre quando escrevi nas folhas brancas dos tais livros, registei o local e, muitas vezes, a própria hora. Tal facto pretende transportar‑me para a vivência concreta daquele momento, ainda hoje quando os releio. Os poemas aqui colocados neste livro, estando sequenciados no tempo – datados – podem não ser seguidos, por esses que se lhes seguiram não terem sido para aqui seleccionados.

Dito tudo isto devo agradecer às minhas fontes de inspiração, em primeiro lugar, a minha mulher, Ana Marques Lito, a Marga­rida Ferreira, que me assistiu na compilação, ao Fernando Mão de Ferro, meu Editor e sua equipa da Colibri (Helena e Raquel) e à minha sempre amiga Maria José Vera (filha do saudoso poeta António Vera), que aqui faz o favor de me anunciar ao mundo enquanto poeta, com toda a sua bon­dade e conhecimento.

Bem hajam todos.

Aos meus leitores, bom proveito.

A Penacova e aos meus conterrâneos, muito obrigado!

Do amigo, Luís Pais Amante
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Fotos: Penacova Eventos