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07 maio 2024

As fontes de Cácemes, Corgas e Caldas numa crónica dos anos quarenta


(…) Numa tarde calmosa de Setembro de 1935, passávamos sequiosos ao cimo de Cácemes. Eis que na ribanceira da estrada dos «dois Emídios» (como alguém lhe chama), nos surge uma telha jorrando água abundante e finíssima. Foi então, mais do que nunca, que encontrámos verdadeira a quadra que Menano cantava ao fado: Benditas sejam as fontes | Que à beira .estão dos caminhos | Aonde matam a sede | As bocas dos pobrezinhos.... Hoje já, ali se não encontra a telha primitiva. É um monumento em grandeza e bom gosto, que assinala o local outrora ermo e solitário, cheio de mato e silvas. É uma fábrica de refrigerantes para serem confeccionados com a água da pobre telha de outros tempos. Mas não amaldiçoemos o progresso, que vai assim valorizando a terra portuguesa e vai dar pão a tantos operários que ali vão trabalhar naquela empresa.

Há anos falou-se muito das águas das Corgas, ao lado da igreja de Sazes. Registou-se a nascente, constituiu-se uma comissão, desafogou se o local, construiu-se um barracão ao cimo da ladeira, encheram-se ali milhares e milhares de garrafões devidamente rotulados. Corria que estava aberto àquelas águas um mercado excepcional no Brasil. Houve banquetes, onde, a propósito das águas, se bebeu... algum vinho. Mas tudo foi esmorecendo. As silvas tornaram a engrinaldar a nascente; o barracão caiu e desapareceu; e as águas, que toda a gente que as usa continua a achar maravilhosas, continuam a moer o milho, o trigo e o centeio e a espadelar o linho nos seus engenhos e finalmente a regar os milhos de Sazes que, sem elas, pouco ou nada produziriam...

Admirador apaixonado de todas as belezas naturais, apesar das pernas protestarem, lá fui um dia até às Caldas, junto à Quinta da Aguieira, em frente de Vila Nova. É que me diziam que era uma nascente de águas copiosas, muito leves, muito límpidas e tépidas, nas frígidas manhãs de inverno. E confesso que não dei por mal empregado o tempo e o esforço que tive de empregar É realmente uma nascente invulgar. O brotar da água claríssima em sentido vertical por entre seixos polidos e clarinhos, num espaço de alguns metros quadrados, borbulhando gazes; o aspecto florestal e selvático do local, onde tudo cresce com exuberância; o contraste que nos oferece a rudeza das penedias e o escalvado da serra de Entre Penedos e a secura das vertentes da Senhora do Monte

Alto; a proximidade do rio, que nos seus minúsculos barquinhos, ali nos pode conduzir, tudo isto me disse que era um acto de desamor, o turismo local não olhar melhor por aquele arrabalde de Penacova e torná-lo mais acessível e desfrutável aos amantes da natureza que aqui vêm à nossa terra, precisamente por amor dela.

A fonte das Caldas seria para Penacova a sua Fonte dos Amores e o seu Choupal...

Três fontes: Cácemes, Corgas e Caldas. Já que os outros amam as primeiras, porque não hão-de amar os penacovenses esta última?

M. MARQUES

in Notícias de Penacova


A propósito:

https://hidrogenoma.dgeg.gov.pt/agua-mineral-natural/corgas-bucaco

https://www.caldasdepenacova.pt/

https://centralpenacova.blogspot.com/2010/01/agua-das-corgastao-natural-como-sua.html

https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/contrato-extracto/552-2011-828954