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16 outubro 2023

“Palitos de Lorvão: Saberes Partilhados”-valorizar e promover


O Programa SABER FAZER, que é uma iniciativa da Direcção Geral das Artes (DGA), pretende fazer “o mapeamento e a caracterização das artes tradicionais em território nacional”. Este programa surge no âmbito da Estratégia Nacional para as Artes e Ofícios Tradicionais (2021-2024) e assenta em quatro pilares - preservação, formação profissional, capacitação e promoção.

Assume-se a produção artesanal tradicional como um sector dinâmico, inovador e sustentável, que contribui ativamente para a riqueza e diversidade do património cultural e para o desenvolvimento socioeconómico do País”. A Direcção Geral das Artes “valoriza o Saber Fazer como um património cultural único, à luz dos desafios e das exigências atuais e criou medidas para salvaguardar o reconhecimento e o desenvolvimento sustentável da produção artesanal, assentes em três eixos principais: transversalidade, territorialidade e tecnologia.”

O Programa Saber Fazer “assume a produção artesanal tradicional como uma atividade viável e sustentável, com enorme relevância para as questões mais prementes do nosso tempo: preservação de conhecimento, produção sustentável, consumo responsável, respeito pelo clima e pelo bem-estar em comunidade.”

Entre as primeiras medidas a implementar pelo Programa estão Atividades Pedagógicas e um conjunto de Rotas do Saber Fazer, sendo que a mais estruturante é o Repositório do Saber Fazer, concebido como um portal de entrada para conhecer e cultivar as artes tradicionais e o conhecimento que lhes é inerente. Esta plataforma digital, que já contempla os Palitos de Lorvão, pretende reunir e disseminar conhecimento sobre a produção artesanal tradicional, promovendo a transmissão desse conhecimento e a continuidade das atividades artesanais.

Foi neste contexto que o Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão recebeu, no passado sábado, o "Laboratório de Intervenção Territorial (LIT) Palitos de Lorvão: Saberes Partilhados”. A Direção-Geral das Artes, através do Programa Saber Fazer organizou esta iniciativa juntamente com o Município de Penacova.

Contou com a presença do vereador da Educação, Carlos Sousa, do representante do Centro Interpretativo do Mosteiro do Lorvão e da Penaparque, Mauro Carpinteiro, e da subdiretora da Direção-Geral do Património Cultural, Rita Jerónimo, tendo sido abordados diversos aspectos relacionados com a arte dos palitos.

Maria João Ferreira, do Programa Saber Fazer, fez uma breve apresentação do programa em causa e Rita Jerónimo teceu algumas considerações sobre o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.










Seguiu-se um painel, moderado por David Almeida, sobre experiências desta arte. Luís Silva, do Grupo Etnográfico de Lorvão, partilhou os seus conhecimentos e vivências de muitos anos e de igual modo a artesã Fátima Lopes, desde muito jovem ligada a esta arte, partilhou a sua experiência. Ana Cristina Mendes salientou o contributo do CEARTE para a certificação das produções artesanais.

Os Laboratórios de Intervenção Territorial são uma das linhas de atuação do Programa Nacional Saber Fazer e consistem numa proposta de dinamização dos lugares das práticas artesanais através do encontro, da cocriação, interdisciplinaridade e experimentação, dando visibilidade aos produtos e serviços artesanais de forma contextualizada, informada e criativa e integrando a produção artesanal na promoção comercial do património cultural.

Esta iniciativa nacional pretende proporcionar e potenciar o encontro de entidades de diferentes regiões, num espírito de partilha informal de experiências e saberes em vários domínios como o da produção, investigação, promoção, valorização e transmissão de conhecimento.

De referir ainda que, inserida na mesma acção, se realizaram duas Oficinas de Experimentação da arte dos palitos de Lorvão, orientadas pela artesã Fátima Lopes tendo como público-alvo os alunos de vários níveis de ensino. As oficinas que decorreram na sede do Agrupamento de Escolas foram muito bem acolhidas.







19 maio 2023

Lorvão há 75 anos: um retrato animador em vésperas da crise paliteira de 1950

Dois anos antes da grave crise paliteira de 1950, Lorvão era ainda uma pujante localidade com um número apreciável de empresas industriais ligadas ao fabrico de palitos e igualmente  um importante núcleo comercial.

Sob o título “O VALOR DA NOSSA TERRA", escreve o correspondente em Lorvão do jornal Notícias de Penacova (20 de Março de 1948):

 Como já por várias vezes temos escrito, Lorvão é hoje uma terra muito importante. Para que os nossos leitores possam avaliar a veracidade destas palavras, vamos descrever ligeiramente o seu comércio, indústria e outras actividades, associações, repartições, etc.:

A. Baptista, com exportação de palitos dos dentes e negócio de madeira de salgueiro.

António Pisco da Silva, proprietário da marca de palitos dos dentes «Diana.».

Benjamim Luiz Pisco &Irmão, com mercearias, exportação de palitos dos dentes, negócio de madeira de salgueiro e cartonagem privativa.

Manuel Ferreira Pedrosa, com exportação de palitos dos dentes e indústria corticeira.

Manuel Rodrigues Craveiro,com exportação de palitos dos dentes e frutas, cartonagem privativa e negócio de madeira de salgueiro.

Maria Ricardina da Silva, com mercearias, vinhos e outros artigos

Manuel Teixeira de Sousa, com fazendas, mercearias, ferragens, material eléctrico e outros artigos, vinhos e agência funerária.

Manuel da Silva Figueiredo,com mercearias e negócio de madeira de salgueiro.

Ezequiel Simões, com exportação de palitos dos dentes, negocio de madeiras e fábrica privativa de cartonagern.

Manuel da Rosa Ralha, com mercearias e exportação de palitos dos dentes e plantas medicinais.

António Saraiva júnior, com estabelecimento de mercearias.

António Rodrigues Craveiro com mercearias, exportação de diversos produtos portugueses e negócio de madeira de salgueiro.

Justiniano da Silva Figueiredo, com mercearias, vinhos e negócio de madeira de salgueiro

Manuel Rodrigues da Silva com mercearia e miudezas

João Rodrigues da Silva, com mercearias, vinhos e outros ar­tigos.

António de Jesus Borges, com mercearias e vinhos.

Manuel dos Santos David, com mercearias, vinhos e outros arti­gos.

António Ramos, com mercea­rias e vinhos.

Felismino Tomé da Fonseca, com mercearias e vinhos.

Alípio Rodrigues Beato, com mercearias.

Manuel Melquíades da Fon­seca, com louças e negócio de pescado.

Edmar Guimarães Oliveira, em­preiteiro de Obras Públicas.

Manuel dos Santos Fabião, for­necedor de madeira de salgueiro.

Manuel de Sousa Rosa, nego­ciante de madeiras, lenhas e car­vão vegetal.

José Albino da Silva, com ofi­cina de tipografia.

Manuel da Fonseca Craveiro, com oficina de sapataria.

Vergílio da Silva Laranjeira, com oficina de reparação de bi­cicletas e aluguer das mesmas.

Joaquim Fonseca, com barbea­ria.

Manuel Simões Mateus, com barbearia.

José Tomé & Irmão, exporta­dores de palitos •Dálias».

António Tomé da Fonseca & Filhos, exportadores de palitos dos dentes."

E acrescenta o colaboardor dor jornal concelhio:

"Há duas camionetas de car­ga, respectivamente, pertencentes aos Srs. Manuel Ferreira Pedrosa e Armando Pedroso.

Possui ainda Lorvão competentíssimos artistas de sapata­ria, alfaiataria, funilaria, caixotaria, e hábeis operários da construção civil (pedreiros e carpinteiros).

Há também nesta terra mui­tos negociantes ambulantes de palitos dos dentes, sarro, borras de vinho, cravagem de centeio, etc., etc.

É Lorvão é centro fabril da importantíssima indústria dos palitos dos dentes, na qual se empregam muitas centenas de pessoas.

Temos a acrescentar ainda ao que acima fica registado, o seguinte: 

3 associações  (Filarmónica Lorvanense, Associação Recreativa Lorvanense e Grupo Representativo de Lorvão (futebol). 

Estação dos CTT com serviço de encomendas, registos, emissão de vales, telefone, etc.

3 escolas: masculina, feminina e mista.

E, para orgulho de Portugal, do concelho e da nossa terra, encontra-se aqui edificado o venerando e secular Mosteiro de Santa Maria de Lorvão, um dos mais antigos da Península e digno de ser visitado."