30 agosto 2015

Quando o chafariz estava junto à torre da Igreja

Em complemento do "post" anterior, publicamos uma fotografia dos tempos em que o chafariz estava próximo da torre da Igreja. Foto que Pedro Viseu teve a amabilidade de nos enviar.


AINDA A HISTÓRIA DOS CHAFARIZES DE PENACOVA...

No início do séc XX Augusto Leitão (falecido prematuramente) dá início à construção do edifício que albergou a União Comercial, depois o Penacova Hotel, Repartições Públicas...enfim, um espaço que todos conhecerão.
Nesse local existia um antigo chafariz que foi demolido com as referidas obras. Na falta dele, alguns anos depois, Joaquim Leitão oferece à Câmara - facto que foi notícia dos jornais e tinha mesmo uma lápide com essa indicação - uma verba para a construção de um novo Chafariz que foi implantado junto à Pérgula, que à data não existia. 
A história deste chafariz (que tem saltitado de lugar para lugar...) daria para escrever algumas páginas, mas, por hoje, fica este pequeno apontamento.


Antigo chafariz demolido
 (foto da colecção particular de José Alberto Costa)
Localização inicial  do novo chafariz
Imagem actual 
A notícia do acto de vandalismo
(recorte de 1921)
Uma nota: vandalismo? questões políticas?...é que
por esta altura Joaquim Leitão seria Senador da República...

Post scriptum: para completar, mais uma fotografia. Esta de quando o chafariz estava perto da torre da Igreja. Teria sido a segunda localização.

17 agosto 2015

Festa de N. S. dos Remédios: recortes do passado


A notícia da festa de 1910
(ainda no tempo da monarquia)
no jornal concelhio e a lista
dos mordomos para 1911...
...e aqui, em 1931
Uma tradição centenária, como já sabíamos. E que, mais uma vez, em 2015, se repetiu.


15 agosto 2015

A propósito da Festa de Nª Sª dos Remédios este fim de semana em Travanca

Hoje, dia em que se venera Nossa Senhora, e de um modo especial, Nossa Senhora dos Remédios, em Travanca do Mondego, recuperamos o texto que em tempos já publicámos neste blogue.

Altar da capela de N. S. dos Remédios
em Travanca do Mondego
Senhora  Ourada [ou o Costume de ornamentar as imagens com adereços de Ouro] 

A oferta de objectos de ouro aos deuses será tão antiga quanto a existência do homem, e, entre as coisas que ainda hoje se oferecem a Deus e aos santos encontra-se a joalharia. Esta, neste contexto, assume a designação de joalharia devocional, porque fruto de uma devoção, e pode ser constituída por peças eruditas ou de carácter popular. No entanto, são estas últimas as mais oferecidas às diversas invocações de Maria, e a algumas santas de especial devoção das ofertantes.
O costume de ornamentar as imagens com adereços de ouro foi comum em todo o País, mas, na actualidade, está mais concentrado nas regiões do interior transmontano, alentejano e beirão. Na pesquisa efectuada a nível nacional encontramos, até ao momento, cento e quinze imagens no Continente, vinte na Madeira e quatro nos Açores, que ainda saem em procissão ataviadas com ornatos de ouro oferecidos pelas fiéis, e as quais denominamos Senhoras Ouradas. No distrito de Coimbra deparamos com cinco ocorrências, com a Senhora dos Remédios incluída.
Relativamente à estrutura, as imagens ouradas podem ser do tipo vulto perfeito, em madeira, pedra ou pasta pintadas, ou imagens de vestir. Nas primeiras, os ornatos áureos são-lhes colocados sem a adição de qualquer peça de vestuário. Contudo, em certas regiões, estas recebem um manto em tecido para usar no dia de festa juntamente com as suas jóias, como é o caso de Travanca do Mondego. Por sua vez, nas imagens de roca, ou de vestir, usam-se vestes completas desde roupa interior, vestido, manto e véus, aos quais se juntam inúmeros ornamentos áureos.
O tipo de adornos que embelezam o colo das imagens - cordões, voltas, gargantilhas, alfinetes de peito com pedras vermelhas e azuis(1), medalhas de santos e crucifixos - são comuns a todo o País. No entanto, há zonas que apresentam uma grande concentração de peças mais particulares, como os colares de gramalheira (2) em Trás-os- Montes e as libras com guarnição(3) no Minho. Na Madeira o número de cordões ou fios é muito superior ao número de medalhas ou ornatos, como aliás em quase todos os acervos que tivemos ocasião de apreciar. Todas as imagens ouradas usam brincos, e, se muitas delas já têm as orelhas furadas para esse propósito, outras, como a Senhora dos Remédios, usam-nos presos à cabeleira ou ao manto que lhes cobre a cabeça. Quase sempre ostentam brincos compridos, com incidência no tradicional brinco à rainha(4) mas, principalmente no Centro e Sul do País, podem ver-se vistosos brincos compridos de tipologias e influências diversas.
A forma como o ouro é colocado nas imagens varia de região para região. Pode ser colocado só nas mãos, só ao pescoço, espalhado sobre as vestes e, ainda, sobre toda a imagem e seu traje. Contudo, todo o ouro exibido comporta em si, quanto a nós, duas características - a expositiva e a ornamental. A primeira ocorre dado que uma das principais razões deste uso ser a de apresentar à comunidade os ornatos oferecidos pelo pagamento de promessas, e assim, pela sua exibição, mostrar que estes não foram alienados e continuam a fazer parte do espólio da Senhora ou da Santa. Depois, o carácter ornamental surgirá quando as jóias são usadas para engalanar e embelezar a imagem, para o dia da sua festa, à semelhança do que qualquer um de nós faz para um dia especial.
Este costume provoca diferentes reacções por parte dos responsáveis da Igreja Católica, e, se uns o aceitam, outros condenam-no. Não é nosso propósito fazer a apologia nem a detracção de tal prática. Queremos somente notar que é um hábito que ainda se mantém em muitas vilas e aldeias e que, por envolver ornamentos em ouro, faz parte de um estudo alargado, que estamos a elaborar, sobre os vários usos do ouro tradicional português durante o século XX.
___________
Notas:
1 Tipo de ornatos que entrou em uso a partir dos anos 40, do século XX, e que foram largamente utilizados até aos anos 80. Eram peças de formas geométricas, a lembrar as influências Art Déco, e também florais, numa evocação da Arte Nova, decoradas com vidros coloridos, principalmente azuis e vermelhos, que com a sua cor e aparência davam um ar de jóia com pedrarias, vistosa mas a um preço muito acessível.
2 O colar de gramalheira é uma peça de grande aparato e excepcional efeito ornamental constituída por um medalhão e o seu respectivo cordão. Este tem duas formas básicas; grandes elos ovalados com círculos no interior ou constituído por secções de malha intercaladas com argolas. O medalhão, que em muitas zonas do Minho se chama também simplesmente gramalheira, é uma grande peça ornamentada com elementos vazados e pedrarias de fraco valor.
3 Moedas de libra, ou moedas de imitação de libra, envoltas por uma cercadura filigranada ou cinzelada.
4 Peça de grande aparato, em filigrana. É composto por duas peças recortadas e vazadas, articuladas por argolins. A parte inferior do brinco apresenta ainda no centro uma outra peça circular, também articulada, cujo movimento os torna ligeiros e elegantes ao serem usados. São os brincos mais usados no Minho e, na zona de Viana do Castelo são os brincos por excelência de todas as mulheres quando envergam o traje regional, seja este de que tipo for.
                                                                                                       Rosa Maria Mota

_____________________________
NOTA:
Travanca do Mondego venera Nossa Senhora dos Remédios. Por ocasião das festas de 2008 o Penacova Online publicou uma pequena reportagem fotográfica da procissão. Passado muito tempo, somos contactados por uma pessoa da zona do Porto, que nas suas pesquisas na internet tinha encontrado o nosso "post". Desejava  saber mais pormenores sobre o uso de colocar ouro na imagem no dia da Festa Anual, dado que estava a preparar uma tese de doutoramento.

É assim que, a nosso pedido, a Drª Rosa Maria Mota, doutoranda em Artes Decorativas - Ourivesaria, na Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto teve a gentileza de nos enviar o texto que aqui fica registado e certamente será do interesse de muitos dos nossos leitores.

----------------------------------------------------------
Das antigas "pagelas" ao cartaz de 2015

09 agosto 2015

Cartas Brasileiras: Eu não sei por quê

Eu não sei por quê 

Procurar, eu procurei. Não sei por que não encontrei a que eu queria. Pode ter certeza, eu juro, não estou mentindo. Porém, do fundo do meu coração, sinto muito, me desculpe. Dê-me a mão, sou um estranho no paraíso, permanecer sonhador, esse é o perigo.

Mas, não seja por isso. Tudo bem, eu imploro perdão, mas você não deve se esquecer, eu nunca prometi um jardim de rosas. Então, é melhor você pensar sobre isso. Bem, você poderia fazer tudo se tornar realidade, eu lhe daria o mundo agora mesmo em uma bandeja de prata. Mas o que isso importa!

Devem estar pensando, o cronista pirou de vez. Não, estou bem. Tentei  encontrar a letra da música I don’t kow  why” (Eu não sei por quê), com a orquestra de Ray Anttony (20/01/1922), música que faz derreter qualquer coração ligeiramente apaixonado.  

Incrível, não encontrei a letra, mas descobri que ele segue vivo, como viva são suas interpretações. Encontrei outras com mesmo nome, nem de longe se comparam à inesquecível versão com Ray Anthony.  Como não queria ser um estranho no paraíso, e “Stranger in Paradise” é famosíssima com RayConniff, tentei redimir-me.

Para me desculpar, me fiz valer de “I Apologize”, que tem uma versão primorosa e imbatível  com Billy  Eckstine (08/07/14 – 09/03/93).

[clique na imagem para ouvir]
Por fim, para que ninguém reclame, porque não apresentei o prometido, posso dizer, eu nunca prometi aos leitores “Rose Garden”, como tão bem cantou Lynn Anderson (26/09/1947 – 30/07/2015), isso mesmo, ela se foi um dia desses.

P.T. Juvenal Santos