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23 setembro 2012

Cartas Brasileiras II

Um rio para pescar
Com o coração apressado, todo meu corpo tomado, li no blog que nos dias 11 e 12 de agosto foi realizado o 5º Campeonato do Mundo de Veteranos em Água Doce, prova que trouxe  até ao rio Mondego delegações da Bélgica, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália e Portugal.
Por que com o coração assim apertado, tão emocionado?
Bem, resido em São Paulo, cidade com quase 11 milhões de habitantes; considerando a região metropolitana são 19 milhões.
Da sacada do vigésimo primeiro andar do meu apartamento posso ver o Rio Pinheiros, um dos rios que corta a cidade. Aqui do alto, tenho a impressão de que as águas estão paradas, na verdade seguem lentas; águas de um rio morto pela poluição.
Eis  porque me doeu o coração quando li sobre o torneio de pesca, uma dor de sadia inveja me tocou fundo, pois não tenho em minha cidade o Mondego, não tenho o Alva. Pesquisando sobre Penacova encontrei as praias fluviais; que beleza, que dádiva, que riqueza. Santo Deus! Feliz o povo que pode ter um rio vivo cortando suas cidades, passando por seus quintais; felizmente  temos aqui  ainda cidades com tal privilégio.
Esforço-me, não quero escrever cartas chorosas. Então, por falar em rio, lembrei-me de Paulinho da Viola, compositor brasileiro, nascido em 12 de novembro de 1942, autor de músicas inesquecíveis. Ele integra a ala dos compositores da Escola de Samba Portela, uma das comunidades do Rio de Janeiro. Em 1970 compôs “Foi um Rio que passou em minha vida”; sucesso nacional que se tornou hino de exaltação à Portela. Lá na frente, diz a letra da música:
“Quando alguém que não me lembro anunciou! Portela, Portela!
O samba trazendo alvorada, meu coração conquistou. Ah! minha Portela, quando vi você passar, senti meu coração apressado, todo o meu corpo tomado, minha alegria a voltar. Não posso definir aquele azul, não era do céu, nem era  do mar. Foi um Rio que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar”.
Uma escola ao entrar para desfilar na Passarela do Samba tem seu nome anunciado. Paulinho da Viola coloca-se com um expectador na arquibancada, sente a emoção ao ouvir o anúncio de escola. Os desfiles começam à noite, porém quando a derradeira escola entra na avenida já é manhã, por isso “o samba fazendo alvorada”. Ao ver tanto azul, diz  que não saber definir de onde era aquele azul, não era do céu, não era do mar. O azul é a cor da escola. Quando vê a escola a desfilar, a passar diante dele, tem a sensação de que é um rio, um rio de águas azuis; ele encantado se deixa levar.
Chega de prosa, os vídeos falarão melhor. No primeiro, uma gravação de 1980; Paulinho, ainda cabelos pretos, aos 38 anos. O segundo, já cabelos brancos, acompanhado pela “velha guarda” da Portela.