domingo, setembro 14, 2025
quinta-feira, junho 26, 2025
Da minha janela: Com o Mundo no Horizonte
… Os Açores estão à vista
Tudo por lá gira no movimento
Inter Ilhas
E nos cumes dos Vulcões
Com São Miguel a nascer pro Sol
E o Faial de costas pro Pico
Só há água de permeio
E queijo de atum rico
A Terceira apela à Comunidade
O Corvo mais à Liberdade
Talvez um pouco de “razão”
Trouxesse mais Felicidade
Baleeiros na tradição
Com São Jorge em ação
É nas boas ondas que cheira
A Graciosa ali à mão
Santa Maria virada pró mundo
Com certo ar mais profundo
Olha pra longe e releva
As Flores que não enxerga
Tudo treme em tormento
Até o ar tem ciúmes
Dos caminhos da Saudade
… Que cá chega em câmara lenta!
quarta-feira, junho 04, 2025
Da minha janela: 𝑪𝒊𝒓𝒖𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂 𝒆 𝑴𝒆𝒅𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂 𝑯𝒖𝒎𝒂𝒏𝒊𝒕á𝒓𝒊𝒂
Hoje a sorte me deu
Para ver um Cirurgião de Guerra
Ir-se abaixo ao atingir uma meta
Como acontece ao Poeta
Quando escreve sentimento
E lhe sobra o lamento
No coração
Escreveu um Livro antes disto
E apresentou-o agora
Soltando os pesadelos fora
Quiçá os medos
Que nos silêncios conquista
Com lágrimas em câmara lenta
Saindo do Foco
Aquela nobreza de ser normal
Deixou-me orgulhoso muito
Enalteceuo Ser e a Obra
Que conta muita Medicina
Por vezes só feita com Aspirina
Mas sobretudo tem o tom
Da Humanidade
E o som frio das explosões
A morte como destino
De Pessoas (adultas ou crianças)
Que têm o simples azar
De estar no sítio errado
Há hora em que alguém tresloucado
Mata por vaidade
Seja no Sudão do Sul
Na República Democrática do Congo
(Goma)
No Iraque ou no Iémen
Na Faixa de Gaza ou na Ucrânia
Onde só os fortes e despojados
Vão combater a morte
…Com carinho e devoção!
quarta-feira, março 19, 2025
Da minha janela: 𝚂𝙰𝚄𝙳𝙰𝙳𝙴 𝙴𝙼 𝚃𝙴𝙼𝙿𝙾 / 𝗅𝖾𝗍𝗋𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗎𝗆 𝖥𝖺𝖽𝗈 𝖽𝖾 𝖢𝗈𝗂𝗆𝖻𝗋𝖺
Se o meu amor me dissesse
Que tinha muita Saudade
Levá-la-ia ao Penedo
No meu colo em Liberdade
E se ela de lá gostasse
Ficaria todo o tempo
A dar-lhe mimo e carinho
De quem ama sentimento
Se ela, bela, ficasse
Rendida à luz da Cidade
Pedir-lhe-ia que fosse
Comigo à Universidade
Dar-lhe-ia o meu coração
Na Biblioteca Joanina
E oferecia-lhe a minha mão
Na descida da Escadaria
Luís Pais Amante
Casa Azul, Penacova
quinta-feira, fevereiro 06, 2025
Da minha janela: O "sabor" do Bairro
Bairro era uma forma de gestão do território municipal
Existia estruturado para alojamento, também nupcial
Não lhe estava alheio o anseio, conjuntural, de dar lar
A quem dele precisava
A quem se amava
E queria fazer crescer a sua Família, em reprodução
O Bairro era específico
Característico
E por isso tinha sabor
Saboreava-se o ar circundante
O cheiro das comidas em confecção
O da amizade a pairar, que crescia ali “à mão”
…
Cada Bairro se foi desenvolvendo
Passou a ter Jardim Escola
Deu benefícios no Centro de Saúde
As crianças passaram a ter Locais de Encontro
E Bombeiros
E Postos da PSP ou da GNR
E Associações de Canto
De Teatro
De Dança
Muitas vezes, até, instalações de Junta de Freguesia
Sem esquecer a existência do Parque Infantil
E de Parques de Merendas, aos mil
…
Era o Bairro do amor
Um aglomerado, esmerado
Que também era sedutor
…
Depois passou para as ex-quintas, nas colinas, nas ravinas
Nas zonas menos nobres, até pobres
E aglomerava gentes sem sortes
Estratificada nas classes sociais
Nas ditas “zonas urbanas sensíveis”
Empurradas para fora do centro
Dos centros urbanos iluminados
Longe dos mais ricos e decanos
Para não se misturarem as pessoas
Fossem elas más ou boas
Arrumavam-se mais longe
Embora se dependesse delas
…
À medida que evoluiu a pressão imobiliária
As casas diminuíram muito na qualidade
Os moradores têm muito mais dificuldade
As relações sociais degradam o espaço protector
As crianças não têm acompanhamento
Valoriza-se só a alegria do momento
Que não a que combate o sofrimento
Mais droga pr’aqui; mais álcool pr’ali
Mais violência pr’acoli…e pobreza muita, aí
Tudo o que lhes escondemos no triste sabor
Das casas acrescentadas de barracas degradadas
E tendas de campismo ou de plásticos rasgadas
…
E é este o Bairro do desamor
Que acorda bem cedo na sua dor
Com humanos, como nós, já cheios de pavor!
Luís Pais Amante
Casa Azul
A pensar na letra e na música do Jorge Palma “O Bairro do Amor” que servirá de tema a um Congresso de gente Amiga, sem esquecer o “momento” socialmente destrutivo que criámos, enquanto Nação de Emigrantes.
domingo, dezembro 29, 2024
Da minha janela: Fora do tempo
Fora do tempo
Tempo é a normalidade a passar
E também o calendário a abrir as suas folhas
Algumas de “pernas pro ar”
Sem parar no fim do ano
Eu sinto estar
Fora do tempo d’agora
Que parou para eu me vir embora
Fico do lado de cá, fora do tempo, a observar
O que se está a desenrolar
Do lado de lá do espelho da Vida
E a querer adivinhar o tempo que ainda irei ter
Para além do que tenho estado por aqui a sorver
…
É bom gozar o tempo enquanto se tem, frio
Usufruí-lo, dormir com a cabeça na fronha
Do relento com brio
Colmatar a necessidade
De ser sem-abrigo militante
Por vezes delirante
E vivenciar, realmente, o modo do perigo
É chato que o tempo esteja assim malparecido
Com Sol vazio
Sem Estrelas com brilho
Ou Luas de luar crescido
… Imperdoável, até!
Luís Pais Amante
Casa Azul
Poema pra minha passagem do ano.
quinta-feira, dezembro 19, 2024
Da minha janela: Natal em desassossego
Natal em desassossego
Estamos cá a preparar a época do Natal
Sei que os nossos netos estão esfuziantes
Amantes da noite em si, passada por aqui
Na casa dos Avós
Há qualquer coisa em mim, que me desassossega
Que me aborrece
Que me entristece
Como o destino do mundo quase fatal
Com os adolescentes em transtornos delirantes
Resfriados nas sombras das guerras por ali
Nas tendas improvisadas
Onde há revolta, ao perceber que a vida está cega
O que me sabe a briga
O que me trás fadiga
Porque pudemos nós com génese igual
Produzir esta composição do ser militante
Em que a injustiça se regenera a si própria
Numa vingança cruel?
Desprotegendo o sol do amanhecer sem refrega
O que altera o Natal
O que só nos faz mal
São grandes áreas de desigualdade letal
Nesta actualidade cheia de guerras errantes
Em que o “ser criança” não tem mais valor
Nem o mínimo de prazer
Acabar a vivência infantil, por certo, já descarrega
Nas mentes mal amadas
Nas consciências pesadas
*
Tão bom que seria ter só crianças iguais
Em direitos
Ter pilares de sorte em todos os natais
Com igualdade
Ter vidas parecidas, sem “armas” fatais
Na comunidade
Ter as oferendas e as prendas “a mais”
Repartidas com amizade!
Luís Pais Amante
Casa Azul
Em homenagem às Crianças vítimas das guerras, obrigadas a carregar o Mundo.
domingo, dezembro 08, 2024
Da minha janela: O pré Natal
A Árvore de Natal
Em frente do Município
E a Casa do Pai Natal
Mais uma tenda com prenda
Prás Crianças
Carroceis
Papel com pincéis
Uma rena com buracos pr’acertar
Uma mesa com caixas pra derrubar
Uma Árvore cintilante de cores
E lacinhos como amores
Até uma mesa de pintura
E uma panela que não é de “farturas”
Mas sim de algodão doce
Que todos adoram
Bolas de espelhos
Palco
E Palhaços mais tarde
Para rir
E curtir a amizade
Em certas idades
O convívio surge em 2 minutos
Franco
Resiliente
Contente
Música a condizer com a época
… E uma alegria imensa!
Estamos numa terra da Beira
Penacova
Que se adornou
Para receber a pequenada
E para ver se se renova
Até em inquietude
Daqui a pouco
A máquina das pipocas
Vai arrancar
Já estão todos na fila pra degustar
E a Sara e o Daniel
Prontos pra trabalhar
Luís Pais Amante
Casa Azul
Após uma tarde passada com as Netinhas no Espaço Natalício do Terreiro, em Penacova.
terça-feira, outubro 15, 2024
Ainda o poema "Remoçar na Praia" ... agora em vídeo
No contexto da II Bienal de Música de Lorvão, o "Colectivo declAMAR poesia" apresentou, no dia 12, uma selecção de Poesia Portuguesa. Este grupo que iniciou a sua atividade no Salão Brasil, em Coimbra e, tem vindo a participar em diversas iniciativas poéticas, no Teatro Académico Gil Vicente e no Museu Machado de Castro, é composto por Catarina Matos, Lurdes Telmo, Olga Coval, Rui Amado e Vanda Ecm, O programa teve momentos musicais de viola de arco, bem como um espaço aberto ao público para apresentação livre de poesias de poetas, preferencialmente locais.
Deste segundo momento, destacamos a intervenção de Ricardo Coelho ( membro do Coral Divo Canto) que declamou, entre outros, o poema de Luís Pais Amante, "Remoçar na Praia" publicado há dias no Penacova Online. Por sua vez, Óscar Pereira Trindade transpôs tudo isso para vídeo, que podemos visualizar na sua página YouTube (veja AQUI).
Excelente texto, excelente interpretação, excelente vídeo! - permitam-me os leitores este sincero e pessoal reconhecimento.
domingo, setembro 01, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: E a fantasia apareceu…
Ao terceiro dia de Festa
Aconteceu magia
Em dia dedicado às Crianças
Logo no meu Fundo da Vila
… Que, assim, rejuvenesceu!
SaltaRico em ação tarde fora
À volta do Mirante
Local estonteante
Das gerações dos Meninos do Cruzeiro
Não no pobre d’outrora
Mas no remediado d’agora
Como as Crianças merecem
Eram centenas as que desciam
Encavalitadas às costas
Ao colo, a pé, de carrinho de bebé
Ou de Tuc Tuc, eléctrico, pois é
Vinham com os Avós, os Pais ou os Tios
E distribuíam-se pelas “praias” dos Eventos
Aos rodopios
Havia Palhaços às Bandas
O Kid’s Corner
Teatro Infantil cheio de sentido
Escorregas e outras “bodegas” de brincar
Frutas de tocar
Ateliers de pinturas e de maquilhagens
E de Dança
Estivemos todos a dar mais sentido à vida
Fazendo-o em face das Crianças divertidas
Como o girassol a seguir a luz e a sorrir feliz
Ah
Realçar o Laboratório de Livros
E o Ficão Comigo
Que, para além da diversão
Formam gente para a Nação
Estivemos todos a dar mais sentido à Vida
Que é o que se deve fazer
Em face de uma Criança divertida
… Como faz o Girassol a seguir a luz!
Luís Pais Amante
Casa Azul
Num dia de Alegria no Fundo da Vila
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NOTA DA REDAÇÃO: Hoje decorreu o festival infantil Saltarico no Mirante Emídio da Silva, em Penacova. O Saltarico constou de música, teatro, dança, palhaços, mascotes, insufláveis, animais para adoção, exibição da GNR, showcooking, pinturas faciais, ateliê de pinturas, laboratórios de dança e de livros, etc. O espetáculo de encerramento contou com presença da famosa dupla de palhaços “Batatinha & Companhia”, do programa da TVI “Batatoon”.quarta-feira, agosto 14, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: A minha casinha [poema dedicado aos Emigrantes]
Estou a caminho da minha Aldeia
Não consigo que me saia da ideia
A casa onde nasci, cresci e vivi
Até começar a minha odisseia
De emigrar
Pra noutro lugar me poder remediar
…
Ai,
Como eu me lembro de te ver
No recorte temporal da memória
No decurso imersivo da nossa história
Consistente
Ai,
Como tens seguido o meu “ser”
Mesmo distante do meu crescimento
Em momentos difíceis de toda uma vida
Resiliente
Ai,
Como me emociona olhar pra ti
Agora, neste dia, de tão perto assim
E sentir ao teu lado este afago abençoado
Persistente
Ai,
Casinha da minha recordação
Tu estás no meu coração
Com o “reboliço” de então
Presente
…
Parece que me restituí na alegria de viver
Que me rebolei no ar da nossa fantasia
Como saltimbanco entrusado na magia
E que se me foi embora a saudade
De repente
Ao ver-te e ao tocar-te aqui, fisicamente
Dedicado aos Emigrantes [perante os quais eu me vergo e com orgulho neles].
domingo, julho 28, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: A tapar o Sol...
A tapar o Sol …
Foi dia 10 de Junho
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
A “Festa” desenvolveu-se num local de muito azar
!… Em Pedrógão Grande …!
Por onde passou o fogo a matar
As Pessoas nunca irão esquecer
Como as deixaram ali à sua sorte
Prontas pra morrer
Lembrar-se-ão, sempre, dessa malapata sem nome
Deste tipo de gerir territórios sem noção ou coração
Como se fez -e faz- neste Interior amado e beirão
Passaram anos (sete)
As estradas continuam más
Os órfãos não tiveram paz
O emprego fugiu de lá, sagaz
A emigração continuou audaz
… mas julgaram-se Bombeiros que combateram o fogo!
E, por isso mesmo, não existem voluntários, agora
Nem lá, nem por este País fora
Como poder pensar-se cativar assim, no logro?
Neste dia absolutamente triste
Esteve a desenrolar-se um desfile
Da Política que por cá existe
Que não foi para lá definir-se
Dar nada do que é preciso ao Povo
Nem do que lhes foi prometido
Só rememorar o traumatismo
Só discutir balelas na televisão
Demonstrando-lhes má afinação
E nenhuma consternação
Não vale a pena dizer “coesão”
Jurar amor em tropeção
Falar em empenho, em trazer riqueza
Quando pela frente só se tem pobreza
Aqueles milhares de militares
Desfilando e entoando os ares
Foram em armas, sim
Mas em boa verdade
Para ajudar, em sentido, Rui Rosinha pra ele ser ouvido
Não para fazer festa em local de saudade, onde o fole
Da gaita
Leva muita gente a querer tapar o Sol
Com a peneira
Desta vida, que, afinal, continua traiçoeira
quarta-feira, julho 10, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: a Estrela
segunda-feira, junho 10, 2024
𝕯𝖆 𝖒𝖎𝖓𝖍𝖆 𝖏𝖆𝖓𝖊𝖑𝖆: uma nova rubrica de poemas (e crónicas) de Luís Pais Amante
Da minha janela
É da minha janela que vejo este mundo
Plano, agitado ou com tez de rotunda
Que olho pró tempo de crescer
Para as memórias de me ter
E me introspectivo na saudade
Que mora cá, na minha idade
De mais novo do que ela
Também rememoro os tempos idos
As liberdades da alma
O pousio desta calma
Que é olhar pró infinito tão perto
Pra natureza em beleza sem igual
Há quem tenha ciúmes da minha janela
Porque como ela, não existe outra tão bela
Será só por ser um sítio único?
Será só porque ela é a singela?
Será porque é a fina donzela?
Eu penso que é por tudo isso
E pelo seu imaginário translúcido
Que circunda em alegria
E promove a democracia
Um lugar de sorriso e inspiração
Um observatório de ar puro
Que permite olhar para tudo
Até idealizar o que se requer
Quem sabe, capaz, de determinar
E moldar
O meu ser de rigoroso no meu crer
Resiliente em por aqui me manter
A admirá-la…
Vou mesmo tentar dar-lhe fantasia
Desde este Fundo da (minha) Vila
Austero, antigo
Mas sonhador e profundo … e amigo!
Luís Pais Amante
Casa Azul
sábado, junho 01, 2024
Poetas penacovenses [15]: De olhar entristecido
De sobrolho olho
O quintal do fundo
Com nozes, cebolas e couves tronchudas
Um pouco além
A quinta do mundo
Com ínsulas, videiras e abóboras carnudas
Bem a direito
O Rio sempre belo
Com moçoilas novas a dar ao marmelo
Mais pra lá
O oceano imundo
Com plástico apodrecido e peixes a boiar
Dizem mas eu não vejo
Que junto aos desertos das Áfricas
Há gente a correr no sonho de algo querer ter
Que se afunda
Assim que vê terra
E que luta com a água -e treme- antes de morrer
Luís Pais Amante
Casa Azul
sábado, abril 20, 2024
Poetas penacovenses [14]: Cheirava a Abril
C h e i r a v a a A b r i l
Luís Pais Amante
Podia ter sido em Março, em Maio, quiçá em Junho
O momento para rebentar a pólvora junta no barril
Mas foi em Abril…
Abril era o mês sem tempo, sem ar cinzento, primaveril
No ano andámos no pressentimento preso na mudança
Em Março não deu p’ra ser
Se calhar deu-se com a língua no dente
Talvez o entusiasmo se tenha congelado
O Soldado ficado atrapalhado
Ou o Major, descoordenado
Certo é que não deu pra “construir” Revolução
Então, nessas horas de esperança
Começara 1974
Na Faculdade demos corda ao sapato
Uns chevrolet’s foram postos a arder
Uns vidros foram partidos a derreter
Uns tropeções ocorreram sem saber
Umas corridas valentes aos “gorilas”
E uma crença grande num amanhecer
Diferente
Podia ter sido muito antes de ter sido
A junção de uma quase toda Nação
Para nos dar carácter e legitimação
Mas foi em Abril…
Abril 25 em dia, antecipou Maio em 1
O Militar pôs-se ao lado do Trabalhador
Os rios passaram a correr em Liberdade
Dos céus vieram sons de Fraternidade
E nós, na Universidade, Estudantes
Começámos a sonhar
E, com ingenuidade, a equacionar
Vai haver oportunidades em Igualdade?
Apesar de espalhado o cheiro em Cravo
Sadio e bom, fresco em frisson, desde lá
Ainda não se conseguiu dar Igualdade cá
Sequer democrática, pá
E isso não pode deixar de nos fazer pensar
Porque, em boa verdade
Sem Igualdade básica, Democracia não há
Minha Gente!
Luís Pais Amante | Casa Azul
Memórias: Recordando o Dia 25, as cumplicidades e os sonhos…
terça-feira, abril 02, 2024
Poetas penacovenses (13): "Ai Cravo, Cravo ! " de Luís Pais Amante
Oh meu cravo vermelho
Minha flor do jardim em coração
Como é que todos te querem
Se não foste bem feito assim
Para te prostituir
Para te dividir
Ou mesmo para em pétalas te cindir?
Uns querem-te usado, usurpado
Outros preferem-te moldado
Mas és símbolo do Abril singelo
Incorruptível
Derrota do mau conselho
Símbolo da Democracia
Longe da demagogia
Cravo da cor do nosso sangue
Da Revolução em Povo
Do sofrimento exangue
Da luta contra a pobreza
Contra a arrogância
Contra as manigâncias
Contra a prepotência
E contra a preponderância
Da política do mal fazer
Com memória do nada ser
Este mês não podes ter outra função
Serás a flor de mais relevo
Aquela que se canta com enlevo
E que se poeta
Com sonho alerta
E vontade desperta
Por seres discreta, também, fraterna
Com tom sublime
Nobre e firme
Bom para exibirmos na nossa lapela
… em tom evocativo da Liberdade, bela!!
Luís Pais Amante | Casa Azul | 1Abr24; 7h10 | Na entrada do mês de Abril e dos 50 anos do aniversário da Revolução.
sexta-feira, março 08, 2024
Poetas penacovenses (XII): "Tanto caminho..." - Poema de Luís Pais Amante
Só vejo pela frente
Um caminho longo
Que me põe dormente
Caminho feito à mão
E na medida da dor
O Espaço é pequeno
E gira sereno
Nas perspectivas da vida
As pedras a sobressaírem
Dificultando a caminhada
As árvores refilando
Por lhes não darem nada
E eu
A olhar pra mim sem esperança
Carregada de problemas demais
De circunstâncias reais
Pensando:
“Tanto caminho por percorrer”
Luís Pais Amante
Telheiras Residence | 23Set23; 10h45
A olhar para uma pintura em acrílico sobre tela, da Minha Amiga Ana Paula Campos.
quarta-feira, dezembro 06, 2023
Poetas penacovenses (XI): um poema de Luís Pais Amante
Sem abrigo
Eu sei quão dolorosa vai a actual situação
Os momentos que passas sem nada comer
O frio que te aperta a coluna em ondulação
As pessoas que passam sem nada te dizer
Eu reconheço que este tempo está fingido
Que quem não tem eira nem beira está mal
As Autoridades não enxergam bem o perigo
Nas ruas da nossa cidade já só há frio termal
Estar sem abrigo e só é estar a bater no fundo
A vida não existe para se suportar em angústia
Para andar de saco na mão percorrendo mundo
Caminhando à noite és mesmo um errabundo
O tua fome persistente já só te dá parageustia
A Sociedade oferece-te estatuto de vagabundo
Luís Pais Amante
Casa Azul
A cogitar sobre o modo como cresceu, ultimamente, este fenómeno triste.
quinta-feira, agosto 31, 2023
Poetas penacovenses (X): A Lua Azul vista pelo poeta... da Casa Azul
"Na última noite, os céus foram iluminados por uma super lua azul, um fenómeno raro que foi visível também em Portugal. A última super lua do ano foi vista em vários pontos do mundo. Da Europa à Ásia, passando por Brasil, Estados Unidos e Portugal. Em Portugal, o fenómeno conseguiu ser visto às 2h30 desta quinta-feira. A Lua Azul, como é chamada - por ser também a segunda lua cheia do mês -, esteve a 357 344 quilómetros de distância da Terra e parecerá ter mais “área” do que a média. Segundo a NASA estima-se que o a próxima Lua Azul apenas apareça novamente em 2037.”
Do amigo Luís Amante recebemos um poema (acompanhado de foto), alusivo a este fenómeno que também nos céus de Penacova foi motivo de curiosidade. Muito obrigado! Com todo o gosto o publicamos, em primeira mão, no Penacova Online.
Oh Lua Cheia
Esta Lua d’hoje
Veio cheia de intenção
Nesta despedida do Verão
Ilumina-me a Casa toda
E, também, a minha necessidade
De a sorver, porque rara, com solenidade
!… É Lua Cheia Azul …!
Parece feita de lã e algodão
Sobressai do céu bem escurecido
E dá-lhe vida, pra ficar bem parecido
Corre espelhada no Rio
Pondo o Espelho d’Agua quase quente
Motivos -muitos- para me manter contente