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13 dezembro 2019

As paisagens e as gentes de Penacova na pintura de José Campas (1888-1971)

"Intimidade", 1932 . José Campas
Óleo sobre madeira (0,33x0,24)

Há poucos dias, em visita ao Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, deparámo-nos com um quadro pintado em Penacova por José Campas.

Trata-se de um retrato de senhora intitulado ”Intimidade” (0,33x0,24). Com data de 1934 está assinado “J Campas”. De acordo com informação do Museu, encontra-se no verso, manuscrita em etiqueta timbrada, a indicação de que fora oferecido ao Museu José Malhoa em 1934 e que foi pintado em Penacova.

José de Sousa Ferreira Campas (1888-1971) [1] já é conhecido dos penacovenses. No livro “Patrimónios de Penacova” da autoria de Joaquim Leitão Couto e David Almeida (2012) consta a referência a este pintor que registou nas suas obras as paisagens e as gentes de Penacova.

Foi autor de vários quadros relacionados com o concelho: "Mirante Emídio da Silva", "Paliteira e Tricana", "Trecho do Mondego", "Entre Penacova e Rebordosa", entre outros. Está representado em vários Museus Nacionais e a Câmara Municipal possui um quadro deste pintor, representando o Mirante, oferecido por Emídio da Silva em 1916 quando, acompanhado pelo arquitecto Raul Lino, veio estudar o projecto de construção da Pérgola.

"Mirante Emídio da Silva", 1916 

A ligação de José Campas a Penacova já vem, se não de antes, pelo menos de 1914. Nesse ano esteve aqui durante um mês e no final (por ocasião do casamento elegante de Alberto de Castro Pita) expôs no Salão do Palacete da Quinta de Santo António (actual Casa do Repouso) pertencente ao casal Joaquim Augusto de Carvalho e Raimunda Martins de Carvalho.

Refere o Jornal de Penacova de 12 de Setembro de 1914 que estiveram expostos catorze quadros pintados em Penacova onde se destacavam "O Velho Aldeão", "Velha Fiando", "Paliteira e Tricana", "Trecho do Mondego", "Ruas da Aldeia", "As Lavadeiras" e "Mirante Emídio da Silva".

Sobre este quadro, diz o periódico que se trata de "uma pequenina tela de desenho rigoroso e de quente colorido, com um fundo em que a poeira luminosa do sol de verão doira a folhagem virente".

A senhora retratada em “Intimidade” tratar-se-á de alguém de Penacova?

No Museu José Malhoa podemos também admirar um quadro de Martins da Costa “Entardecer no Escorial” datado de 1946. 

"Entardecer no Escorial", 1946
Pintura (óleo sobre madeira) de Martins da Costa

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[1] JOSÉ de Sousa Ferreira CAMPAS, Pintor, natural de Lisboa, nasceu a 14-06-1888 e faleceu a 04-01-1971. Cursou  Pintura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, obtendo o Prémio Anunciação em 1905-1906. Estagiou em Paris, onde expôs com êxito de 1918 a 1922. Foi discípulo de Carlos Reis, Jean Paul Laurens, Léon Bonnat, Raphael Collin e J J Duval.

Com os seus quadros recebeu honrosos galardões, como a 1ª medalha em pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes, estando representado no Museu Nacional de Arte Contemporânea.

Foi delegado de Portugal  na Exposição Internacional de Paris, em 1935. Foi Professor do Ensino Técnico, tendo sido Director das Escolas Técnicas de Lagos e de Abrantes.

O seu nome faz parte da Toponímia de Almada (Freguesia da Charneca de Caparica), Cascais; Lagos e Lisboa (Freguesia de Santa Maria dos Olivais).