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07 setembro 2019

Algumas notas sobre a Barca (Serrana) no Mondego


Desde tempos muito recuados que o rio Mondego serviu de via de comunicação do litoral para o interior beirão. Romanos, Mouros, Normandos estabeleceram circuitos de navegação ao longo do maior rio português, atingindo a região de Coimbra e cerca de cinquenta quilómetros a montante até à foz do rio Dão. O leito era então muito mais profundo do que actualmente. Até Coimbra chegavam a vir caravelas e outras embarcações vocacionadas para o mar. Nos séculos XV e XVI ainda aportavam pequenos navios nos cais da cidade onde se desenvolvia alguma indústria de construção naval. 

Entretanto, o progressivo assoreamento do rio veio alterar a paisagem ribeirinha. Principalmente no período de estiagem a navegação começou a ser muito difícil. As embarcações de carena deram lugar a barcos de fundo chato, mais adaptados às novas características do rio. O casco sem saliências facilitava a navegação em águas pouco profundas. 

As primeiras referências escritas às barcas aparecem no Foral de Coimbra (1516). Também se encontram alusões ao “mestre barqueiro ou arraes” a quem, a partir do século XVII passou a ser exigida uma carta. 

O tráfego fluvial com ritmos intensos manteve-se até meados do século XIX, verificando-se a partir daí uma progressiva decadência para um século depois se extinguir quase por completo. Foi já no século XX que a designação de Barca Serrana passou a ser utilizada. 

Como sabemos, as barcas transportavam, em direcção a Coimbra e à Figueira da Foz, lenha, madeira, carvão, carqueja, telha, pipas de vinho, produtos agrícolas e também pessoas. Com destino ao interior, circulava o peixe, o sal, o sal e peças de louça. 

As barcas serranas tinham com dimensões muito variadas, podendo ir dos 10 metros até ao máximo de 22 de comprimento. Existiram barcas que permitiam uma carga de cerca de 15 toneladas, com vantagens de rentabilidade económica mas ao mesmo tempo com dificuldades acrescidas de manobra em épocas de cheia e na atracagem. 

Um excelente trabalho sobre estas embarcações típicas do Mondego foi publicado em 2005 pela Câmara Municipal. O livro, da autoria do Arquitecto Fernando Simões Dias intitula-se precisamente “Ó da barca! “ e tem como subtítulo “Memória da Barca Serrana do Mondego”. 
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