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30 outubro 2016

A visitar: exposição temporária "Scriptorium Medieval" em Lorvão



O termo “Scriptorium” significa, literalmente, "local para escrever". Nos mosteiros medievais da Europa, o scriptorium era um complemento da bibliotecaA maior parte da escrita monástica era feita em pequenos espaços, em reentrâncias dos claustros ou nas celas dos próprios monges. Sabemos da existência de um importante scriptorium no Mosteiro de Lorvão, onde foram produzidas obras primas hoje consideradas Memória do Mundo pela UNESCO.
Para mostrar um pouco  do mobiliário , dos instrumentos e dos materiais, encontra-se em Lorvão, cedida pela Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, uma interessantíssima exposição que nos últimos anos tem corrido o país. Com assessoria científica da Prof.ª Doutora Maria José Azevedo Santos, esta exposição foi estruturada inicialmente no âmbito da exposição "Santa Cruz de Coimbra – A Cultura Portuguesa Aberta à Europa na Idade Média", no contexto das iniciativas Porto Capital Europeia da Cultura 2001.

Imagens da exposição patente em Lorvão

No desdobrável que acompanha a exposição podemos ler:

Entrou num scriptorium. Ou melhor, está num "palco" onde se pretende representar um centro de cópia de manuscritos, de um qualquer mosteiro ou catedral, da Idade Média, no Ocidente Europeu.
Aqui encontra e pode admirar o mobiliário, os instrumentos, os materiais e os utensílios indispensáveis à tarefa complexa e exigente de reproduzir um saltério, uma bíblia, um missal ou outro livro litúrgico.
Em espaços semelhantes a este, foram copiados, de Portugal à Itália, da Espanha à Suiça, milhares de códices.
Copistas, mas também correctores, iluminadores, encadernadores, e outros artesãos da arte de fazer códices, foram os principais responsáveis pela constituição de preciosas bibliotecas que nem a incúria dos homens nem a voragem do tempo conseguiram destruir.

Pelos scriptoria dos séculos VIII a XIII, e por todo o pessoal que citámos, na maior parte dos casos sem rosto e sem nome, mas, igualmente, pelo pergaminho, pelas penas e pelas tintas, passou inquestionavelmente, a divulgação da cultura monástica europeia.
Todavia, desta magnífica empresa de transcrever livros, deram os copistas, muitas vezes, no final das suas obras, um testemunho condoído e melancólico. A grande maioria daqueles homens considerava a cópia uma louvável mas muito penosa tarefa. É a referência à dor, à dor física, que domina os seus desabafos. Uma múltipla dor (dos dedos, da mão, das costas, dos olhos) causada por um trabalho que parecia não ter pressa de chegar ao fim. Como a ideologia cultural da escrita proclama: "Era preciso matar o corpo para que a escrita nascesse.”

O que podemos observar neste conjunto expositivo? (vamos seguir algumas das notas do referido desdobrável):

Mesa de trabalho horizontal (banca), própria para a elaboração de documentos avulsos
Pergaminho - pele de animal que, depois de preparada, proporciona uma superfície com dois lados (o do pêlo e o da carne) para nela se escrever.
Pele de peixe - utilizada para polir os pergaminhos na sua preparação.
Pedra-pomes - rocha vulcânica seca, porosa e leve. Serve para polir o pergaminho e até afiar o bico da pena.




Fac-simile do "Apocalipse de Lorvão" produzido
em finais do séc XII neste Mosteiro e assinado pelo
monge Egeas






Facas - servem para cortar as peles, raspar o pergaminho, talhar as penas, corrigir os erros dos copistas.
Canivetes - instrumentos usados no talhe (dar forma à ponta da pena, geralmente fendida ao meio) das penas das aves.
Cornos - chifres de animal utilizados como tinteiros.
Penas - penas de ave que, depois de serem talhadas nas pontas servem para escrever.
Dedais - objectos para proteger os dedos quando se cose o pergaminho.
Compassos - servem para traçar círculos, medir, ou fazer a pautagem no pergaminho (ponta seca).
Espátula - instrumento de madeira utilizado para juntam as tintas moídas.
Sovelas - instrumentos constituídos por uma espécie de agulha, direita ou curva, com que se faziam os orifícios nas folhas de pergaminho para, unindo-os, estabelecer o pautado.
Caixa destinada a guardar os instrumentos necessários para escrever
Pena talhada - pena de ave, talhada. Com tinta serve para escrever.
Régua - instrumento de madeira utilizado no traçado das linhas rectas.
Tabuinhas enceradas com seu estilete - destinam-se a receber escritos.
Palmatória - castiçal em barro, para colocar velas, que serviam para iluminar.
Ampulheta - instrumento que serve para calcular o tempo (o tempo que a areia gasta em passar de um dos cones para o outro).
Tesouras - serviam para cortar os pergaminhos, os fios e as penas.
Novelos de fio - linha para coser rasgões no pergaminho.
Reprodução de iluminuras antigas - iluminura é um tipo de pintura decorativa aplicado às letras capitulares (letras maiúsculas que iniciam o capítulo). O termo também se aplica aos elementos decorativos e representações que surgem nos livros da Idade Média.
Armário destinado a guardar manuscritos e outras peças relativas à escrita
Almofarizes com seus pilões - serviam para machucar e macerar os bugalhos e gomas arábicas destinadas à preparação das tintas.
Goma arábica - resina produzida por diferentes árvores do género da Acácia. Ingrediente de receitas de tinta de escrever.
Sulfato de ferro - sal metálico utilizado na preparação das tintas deescrever. Associado a um agente tanino (noz de gralha) produz um precipitado castanho ou negro (tinta).
Agulhas - serviam para coser os pergaminhos.
Tábuas - placas de madeira destinadas à encadernação dos livros. Forravam-se com pele ou tecido
Vassouras.
Nozes de galha ou bugalhos - elemento principal na preparação das tintas negras de escrever, porque são ricas em tanino.
Móvel fixo com superfície inclinada. Adapta-se fundamentalmente à cópia de livros permitindo o emprego de folhas de formato grande
Frascos com tintas de escrever - líquidos vermelho e preto.
Candeia - objecto de metal com bico por onde sai a torcida. Deita-se-lhe azeite e acende-se para dar luz.
Penas de ave talhadas - compõe-se de duas partes: a haste e as barbas.

SOBRE ESTA TEMÁTICA VEJA: