segunda-feira, agosto 25, 2025

Opinião: FOGO - A DOENÇA QUE O POVO NÃO MERECE


Fogo: a doença que o Povo não merece

É com enorme tristeza que dirijo esta minha crónica a um tema sobre o qual ando a escrever há muitos anos.

Tristeza, amargura, vergonha, até!

Morreram mais Bombeiros…
…e, só por isso, já temos todos de estar angustiados.

Pior do que isso é que “os poderes” não se conseguem entender, nem têm a coragem de assumir que erraram mesmo muito durante os anos da nossa Democracia.

Não foram os políticos que fizeram e desfizeram estruturas supostamente para “prevenir” os fogos?

Não foram os Ministros da Administração Interna que derreteram rios e rios de dinheiro para, como afirmaram, “resolver o problema”?

Não foram “as guerras” que distrataram os Bombeiros e que os colocam -a centenas de quilómetros de casa- a olhar pró ar?

Sinceramente!

Continuar “o jogo político” na situação calamitosa em que o nosso País se encontra, é pura e simplesmente inadmissível!

A organização política tanto andou, tanto andou, que criou uma máquina tão penosa que até custa acreditar.

Os interesses são tantos e tão transversais que já não se sabe bem “quem são os chefes e quem são os índios”.

Não há linha de comando! Há tachos…
Essa é que é essa!

Após anos de desagregação de sistemas credíveis (talvez a necessitar de modernização) eis que transformaram o fogo numa doença que o nosso Interior não merecia e o nosso Povo (que continua a ser quem paga tudo) deve começar a repudiar; a contrariar.

Tudo nos levou a Pedrogão; tudo nos continua a levar a Pedrogão.

Não há prevenção; não há organização…e o combate é mantido à distância do fogo.

Só que o combate é conhecido localmente e o resto ninguém sabe quem são os actores de tanta asneira sucessiva.

Ofereço este Poema aos Leitores:


O  F o g o


Falar sobre o Fogo

Já não traz nada de novo

Nem ensina nada a ninguém

O Fogo é um martírio pró nosso Povo

Que vive no Interior e é tratado com o desdém

Dos “acrobatas” escondidos por aí

Nos gabinetes que bem os mantêm

É anedótico o dinheiro que se aloca

Aos comedores da “pipoca” a arder

É tortuoso ver Bombeiros a morrer

Todos os anos, em calor ou a chover

E as Famílias sem saber como comer

E é vergonhoso ver as televisões

A correr só para captar ignições

E os tempos só a vender ilusões

!… Até a Ciência não se sabe

Como consome tantos milhões …!

        *

Tudo isto já mete nojo

Já causa náuseas de dor

Tudo isto é um despojo

… Que muda o País de cor!


E chamo à atenção de todos que, se calhar, nós estamos mesmo à beira do precipício.

É que começa a discutir-se a passagem da prevenção para os Municípios.

E isso, constituindo um bom princípio descentralizador, pode tornar-se num problema que “mate” o Poder Local.

Financeiramente!

Não haja ilusão: o Poder Central só quer ter sob o seu controle o que dá prestígio sem dar chatices.

Sobre as responsabilidades maiores, é só fazer contas e contabilizar o número de anos de pertença dos tais Ministros da Administração Interna.


Luís Pais Amante

Casa Azul

4 comentários:

  1. Nos dias de hoje, para falar dos fogos assim, é preciso ter coragem e também independência.
    Que as coisas não podem conter como estão, é um facto Primo Dr. Luís Amante.
    Parabéns
    Ass
    Eduardo Cruz Becas

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  2. Quanto ao poema é lindo como sempre, quanto à analise muito bem feita, só tenho uma palavra, vergonha, políticos que nos envergonham a todos.

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  3. Ainda hoje li, que no dia 23 de Agosto de 1395, El Rei D. João I, emitiu a carta que definiu a criação de vigias noturnas para detecção de incêndios, ao mesmo tempo que se organizavam forças civis para o seu combate. Terá sido a origem da sistematização do conhecimeno do território, do nascimento das brigadas florestais e dos corpos locais de bombeiros.
    Quando olho para a situação atual, tenho dúvidas da evolução que muitos apregoam. Entre os interesses económicos e políticos, as vontades de "mandar" e a erradicação total do que é um bem maior e de Todos...talvez estejamos em regressão...mas é só uma perceção.
    Aplauso e gratidão aos Verdadeiros Heróis que ainda têm forças para ir a combate!

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  4. É mesmo uma desgraça o que se passa aí por Portugal. Parece que regredimos todos os anos.
    Excepcional este artigo e, igualmente, o Poema.

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