12 abril 2015

Cartas brasileiras: Não me importam os motivos


Santo Deus, e meus ouvidos! Pelo que está escrito no Apocalipse, é sofrimento para ninguém botar defeito. Os anjos chegarão fazendo muito barulho; na primeira trombeta o fogo jogado sobre terra irá causar “um arraso”, queimará um terço das árvores e das ervas. Na segunda trombeta, lança-se fogo e sangue sobre o mar, matando um terço das criaturas e destruindo um terço dos navios. E em cada uma delas, até à sétima, desgraças para ninguém botar defeito. Quando o terceiro anjo tocar sua trombeta cairá do céu uma grande estrela ardendo como uma tocha, cairá sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas. Ao som da quarta trombeta o Sol a Lua e as estrelas trarão escuridão, um terço do dia parecerá noite. Ainda com os ouvidos doendo, com os tímpanos quase estourados, ouviremos a quinta trombeta anunciando uma estrela que caindo do céu abrirá um grande abismo; gafanhotos e escorpiões cobrirão a terra, quem não tiver o sinal de Deus na testa pode esperar o pior. Na sexta trombeta mais dor. Das cabeças dos cavalos, como cabeças de leões, sairão fogo e enxofre. Nessa altura um terço dos homens já terá morrido. Não bastassem os ouvidos, a dor não irá parar com a sétima, a trombeta final anunciando o novo reino do Senhor.

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Será que não daria para trazerem junto Artie Shaw e sua orquestra, quem sabe Benny Godman. Por que não Ray Anthony! Talvez Lester Young. As opções são tantas que não há desculpas; dispenso os motivos; por Deus apenas façam. Ou não basta ouvir as ambulâncias desesperadas gritando pedindo passagem, presas pelo trânsito caótico, lá dentro uma mulher para dar a luz, um idoso nos últimos suspiros ou uma criança chorando.

P.T.Juvenal Santos ptjsantos@bol.com.br


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