CEMITÉRIO DE RICHEBOURG ONDE SE ENCONTRAM OS RESTOS MORTAIS DE MILITARES PENACOVENSES |
Faz hoje 100 anos
que Portugal entrou na Primeira Guerra
Mundial. Em Fevereiro de 1916, a Inglaterra pediu ao Estado português o
apresamento de todos os navios alemães e austro-húngaros que estavam ancorados
na costa portuguesa. Uma vez acatado esse pedido, a Alemanha declarou guerra ao
nosso país em 9 de Março de 1916 (apesar
dos combates que se vinham já travando em África desde 1914).
Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo
Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direcção à
Flandres.
Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase
200 mil homens.
As perdas atingiram milhares de mortos e feridos, além de custos económicos e sociais muito superiores à capacidade
nacional.
Penacova também teve as suas vítimas: no Memorial dedicado
aos “FILHOS DA NOSSA TERRA SOLDADOS DE PORTUGAL MORTOS DA GRANDE GUERRA” e que
se encontra ao fundo da Pérgola, constam os nomes de Eduardo Pereira Viseu (Penacova),
João dos Santos (Carvoeira), António Couceiro (Ronqueira), Alípio da Cruz (Riba
de Baixo), Domingos Serafim Henriques (Carregal), António Carvalho (Rebordosa),
Daniel Alves (Aveleira), Artur Branco (Cácemes), Manuel da Costa (Cácemes) e
Manuel Alves (Palheiros).
Nos arquivos militares constam cerca de 120 sargentos e
praças naturais dos mais diversos lugares de Penacova e que pertenceram ao
Corpo Expedicionário Português.É também possível consultar muitos Boletins
Individuais destes militares. Aí, somos confrontados com o seu percurso desde a
data do embarque até ao momento do desembarque. Louvores, mas também punições.
Tudo aí está registado.
Por exemplo, sobre o malogrado combatente Daniel Alves,
soldado nº 432 do 2º Batalhão de Infantaria / Infantaria 35, sabe-se que era
casado com Maria de Jesus e filho de Estêvão Alves e Bernarda de Nossa Senhora.
Natural da Aveleira, embarcou em Lisboa em 15 de Abril de 1917 e morreu em
França em Agosto desse mesmo ano.
“Faleceu na 1ª linha, por virtude de ferimentos recebidos em combate em 14 de
Agosto de 1917, sendo sepultado no cemitério de Pont du Hem” – refere o Boletim
Individual. Recorde-se que mais tarde os restos mortais de muitos militares
portugueses foram trasladados para o Cemitério Português de Richebourg. É precisamente aí que podemos encontrar actualmente a campa deste soldado, conforme se
pode ver na gravura.
Lápide da sepultura de Daniel Alves em Richebourg |
No referido monumento, existente em Penacova, consta, como
referimos, o nome de Manuel Alves, natural dos Palheiros. No entanto, nos
documentos de arquivo, encontramos um
mesmo nome com a mesma naturalidade, mas que terá desembarcado com vida em
Lisboa em 15 de Junho de 1919. Era solteiro, filho de António Alves e Maria de
Jesus. Tratar-se-á da mesma pessoa?
Falemos também de Artur Branco. Primeiro Cabo, nº 50 da 4ª
Companhia, embarcou em Maio de 1917. Faleceu em Pont du Hem “por ter sido
ferido involuntariamente por um seu camarada em 2 de Junho de 1917, sendo
sepultado no cemitério daquela localidade, coval A8."
Era solteiro, natural de Lorvão, filho de Caetano Branco e
de Joaquina das Neves.
Boletim de Daniel Alves |
Recorde-se que além de defenderam o território nacional,
incluindo as ilhas atlânticas, os soldados portugueses estiveram presentes na
frente de Angola (18 000) em 1914-1915; em Moçambique, (30 000) entre 1914 e
1918; e em França, (mais de 56.000) em 1917 e 1918. Em todas as frentes se
travaram combates, mas os efectivos portugueses só participaram numa batalha, a
Batalha de La Lys, na Flandres, no dia 9 de Abril de 1918.
No total, Portugal perdeu cerca de 8 000 homens, a que se somam mais
de 16.000 feridos e mais de 13.000 prisioneiros e desaparecidos.
Neste Centenário da I Grande Guerra (1914/18-2014/18)
prestemos homenagem a todos os portugueses - e em especial aos penacovenses -
que se bateram nos campos de batalha deste trágico conflito.
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