Na obra Patrimónios de Penacova – apontamentos para a sua valorização e
divulgação, de J. Leitão Couto e David Almeida (e também no livro Penacova, o Mondego e a Lampreia,
de Carlos Fonseca e Fernando Correia) refere-se um pormenor, que entre outros, atesta a importância geológica da “Livraria do
Mondego”. Nestas obras são apresentadas imagens da lage de grandes dimensões
colectada na zona em 1915. Esta “pedra”
encontra-se exposta no Museu Mineralógico de Coimbra. Segundo a legenda “trata-se de um icnofóssil
de trilobite semiplicata do Período do Ordovícico da Era Paleozóica.” Nos
finais do séc. XIX o prestigiado geólogo Nery Delgado fez importantes estudos
nesta região e elaborou mesmo a célebre
Carta Geológica do Buçaco.
"Bilobites – Vila Nova - Penacova" - assim identificada no Museu Mineralógico da Universidade de Coimbra |
Naquele ano de 1915, segundo
notícia do Jornal de Penacova, quando
decorriam as obras da Estrada Real n.º 48 na zona de "Entre-Penedos"
foi descoberta “uma pedra curiosíssima
com desenhos em alto relevo, que não obstante serem irregulares, são de traço
uniforme, de largura aproximada de seis centímetros, em forma de cordão (…) os
desenhos ou antes cordões entrecruzam-se, sobrepondo-se no ponto de contacto. A
pedra que conseguiu arrancar-se mas fragmentada, mede cerca de 3 metros de
comprimento por um e meio de largo e de 20 a 30 cm de espessura.”
Ora, é esta "pedra curiosa" que ainda
hoje se pode observar no Museu
Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra com a indicação
"Bilobites – Vila Nova - Penacova".Na altura, o lente de Geologia, Anselmo
Ferraz, mandou remover a placa para o museu daquela cidade – diz o referido
jornal - para estudo e posterior exposição. Junto do painel de grandes
dimensões podemos ler ainda a seguinte
informação: "Cruziana sp. – Marcas da locomoção produziadas pelo movimento
de trilobites sobre sedimentos pouco estabilizados. As trilobites deslocavam-se
rastejando semi-enterradas no sedimento com ajuda de apêndices locomotores.
Pensa-se que estas marcas poderão estar também relacionadas com os métodos de
alimentação utilizados pelas trilobites".
Como escreveu Carlos Neto de
Carvalho, estudioso destes temas, trata-se de
"janelas temporais" dum mundo "perdido" há cerca de
500 milhões de anos. A propósito, refira-se que o jornalista penacovense,
Álvaro Coimbra, o entrevistou aquando da produção de uma reportagem para a
Antena1 sobre o Geopark Naturtejo, que inclui o núcleo de Penha Garcia.
Por falar em Álvaro Coimbra, o local conhecido por “Entre Penedos”,
resultante do corte do Penedo João Freire, foi tema do post de em 10 de março de 2014, precisamente no seu blogue
“Livraria do Mondego”.
Já o sugerimos na obra acima
referida: seria motivo de interesse local e de enriquecimento turístico da zona
se uma réplica do original estivesse exposta em Penacova – mais precisamente no
local onde há 100 anos foi encontrada. Já só falamos em réplica, partindo
do princípio de que dificilmente o original regressaria à origem.
Até porque cremos que esta ideia não terá sido ponderada no projeto de preservação do Património Natural da Livraria do Mondego, candidato ao Programa LEADER ADELO, que vai permitir avançar com as obras relativamente às quais em 19 de Novembro passado foi assinada a consignação da empreitada. Conforme refere o site da Câmara, “esta empreitada [no valor de 46.473,14 euros] vai permitir preservar, valorizar, dinamizar e promover o território e nomeadamente aquele núcleo geológico, promovendo as acessibilidades a pontos fulcrais que permitam devolver este espaço de excelência natural às populações locais e visitantes”.
Até porque cremos que esta ideia não terá sido ponderada no projeto de preservação do Património Natural da Livraria do Mondego, candidato ao Programa LEADER ADELO, que vai permitir avançar com as obras relativamente às quais em 19 de Novembro passado foi assinada a consignação da empreitada. Conforme refere o site da Câmara, “esta empreitada [no valor de 46.473,14 euros] vai permitir preservar, valorizar, dinamizar e promover o território e nomeadamente aquele núcleo geológico, promovendo as acessibilidades a pontos fulcrais que permitam devolver este espaço de excelência natural às populações locais e visitantes”.
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