sexta-feira, setembro 04, 2020

À SOMBRA AMENA DA PÉRGOLA (II) - O Castelo de Penacova e o Monte da Senhora da Guia


Acabada a guerra entre mouros e cristãos, e convencidos os castelhanos de que os portugueses se não deixavam dominar, o valor militar da maior parte dos castelos perdeu-se, pelo que estes foram em geral abandonados, começando a arruinar-se. O castelo de Penacova não fez excepção a esta regra.

Mas, ao formoso outeiro sobre que ele assentava, ir-se-ia dar outro destino ainda mais nobre. A vida mais pacífica dos povos determinou grande desenvolvimento da sua riqueza.O movimento comercial cresceu notavelmente. Como não havia as estradas que há hoje , era pelo rio Mondego que as mercadorias vindas de fora subiam do porto da Figueira até às Beiras e os produtos dessas regiões em excesso vinham igualmente para o porto da Figueira pelo rio Mondego para serem exportadas.

Desde a Raiva até Louredo numa extensãp de 9 ou 10 quilómetros, avistava-se o outeiro e Castelo de Penacova. Com os temporais, a navegação era muito difícil e perigosa o que levou um devoto a deixar em seu testamento os meios necessários para se construir no sítio do castelo uma capela consagrada à Virgem sob a invocação de Nossa Senhora da Guia, para que os barqueiros aflitos implorassem o seu auxílio.

Foi esta capela construída depois do meado do século XVIII, aproveitando-se em parte as paredes do castelo. Levou assim o castelo um grande rombo. O que sobrou dele ficou a ser explorado como pedreira, até que todo ele desapareceu. Os terraços do castelo ficaram com o nome de "Largo do Castelo" e eram pontos obrigatórios, de dia para os passeantes desocupados, e de noite para os descantes e serenatas da rapaziada da Vila.

À capela foi dado, há pouco tempo, outro destino, como é sabido, construindo-se capela nova a pouca distância. Era de há muitos idealizado um Hospital em Penacova, mas não havia os recursos necessários, para a construção e sustentação dele. Um dia soube-se em Penacova que um benemérito penacovense. do lugar da Ponte, António Maria dos Santos, que saira muito novo e pobre para o Brasil e de quem quase se apagara a notícia, tinha deixado em seu testamento um legado para construção de um modesto hospital em Penacova. Foi o primeiro passo para a construção do Hospital da Santa Casa da Misericórdia.
(continua)
CAROCHINHA (José Albino Ferreira)

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