terça-feira, outubro 29, 2024

Desanexação de freguesias: quando Chelo quis ser independente de Lorvão


“Esta aprazível aldeia, digna de ser conhecida por todos os apreciadores de terras lindas, tende sempre a caminhar na vanguarda do progresso, procurando tenazmente enfileirar ao lado das suas congéneres.

Não tendo, porém, pessoa alguma que se interesse por ela, faz esforços gigantescos para abrir caminho, não se poupando os seus filhos aos maiores sacrifícios para esse fim, trabalhando incansavelmente para suportarem as ásperas e ingratas barreiras que se lhe deparam na sua rota.

O povo da minha terra, tem bastantes aspirações e todas da mais incontestável e indiscutível justiça.

Uma delas é a sua pretendida desanexação da freguesia de Lorvão, sendo criada uma outra, com sede nesta linda povoação de Chelo, composta com os lugares vizinhos, de Chelinho, Rebordosa e Granja do Rio.

Com este fim assinaram o respectivo requerimento e representação aos poderes públicos, todos os habitantes (cônscios dos seus deveres e respectivos direitos) de Chulo, Chelinho, Granja do Rio e da Rebordosa, para cima de dois terços.

Conseguido este nosso desideratum, ficaria a nossa freguesia composta de cerca de 450 fogos, e 1 800 almas, isto sem exagero.

Como já acima digo, é uma justa aspiração que os habitantes de ChElo alimentam, e que sem dúvida, não tardará a transformar-se numa realidade, se se conseguir arredar os entraves que continuamente lhe impedem a marcha.

Mas, pergunto: qual a razão porque se não concede a emancipação a um povo que quer e pode governar-se por si mesmo?

Se este povo tem a capacidade precisa, porque se lhe não há de confiar a direcção dos seus destinos?

É tempo, pois, de afastar para o lado os empecilhos que até agora tem entravado a rota do seu progresso, continuando a trabalhar cada vez com mais afinco para se conseguir a meta.

Não desanimemos, pois, porque melhores dias virão, em que veremos coroados do melhor êxito, o produto das nossas justas e honradas energias! Avante! “ (C.)


in A VOZ DE S. PEDRO DE ALVA, 16 de Janeiro de 1931

A pretensão já vinha de 1925, 
quando deu entrada na Câmara dos Deputados, uma Representação sobre o assunto:





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