Bons dias!
Assim Machado
de Assis iniciou algumas de suas crônicas publicadas na Gazeta de Notícias,
entre abril de 1.888 a
agosto 1.889; isso mesmo, no plural, e por manter contado apenas semanal com os
leitores, deseja a todos “bons dias”.
Em uma delas,
justificou o cumprimento — “Hão de reconhecer que sou bem criado. Podia entrar
aqui, chapéu à banda, e ir logo dizendo o que me parecesse; depois ia-me
embora, para voltar na outra semana”.
A saudação
inicial em uma chegada ou aproximação, além de polidez, revela nossa
cordialidade e apreço. Um “bom dia” recebido de um amigo, quando sabemos das
dificuldades que teremos que enfrentar, pode ser o conforto ou força de que
tanto necessitamos; quer melhor para começar o dia!
No Vale do
Ribeira, terra do meu pai, mantendo até hoje um antigo costume, no primeiro
encontro diário com os pais, as pessoas ajuntam as mãos, como se fossem rezar,
fazem um leve aceno com a cabeça, e dizem: “bença, pai! bença mãe!” Repetem o
gesto ao final do dia antes de ir para a
cama.
De volta às
crônicas de Machados de Assis, aquelas dos “Bons Dias” ele as assinava usando o
pseudônimo Policarpo, apresentado como um relojoeiro que havia se desencantado
com a profissão.
E eu estou
aqui a falar de relógio, eu que sequer use um, não porque não me prenda ao tempo e nem dê
valor a ele; não. É que contando fazendo as contas nas pontas do dedos, vi que
minha mãe se viva fosse teria feito 101 anos, e que o tempo levou meu pai já há
sete anos, privando-nos para sempre de ouvir o som de sua clarineta.
Então busco
consolo escutando “Beguin the Beguine”com
Artie Shaw e Orquestra. Ao som da música digo: “Bença pai, bença mãe!”
E para você leitora ou leitora: “Bom mês!”
(clique na imagem)
P.T.Juvenal
Santos – ptjsantos@bol.com.br
Obs: crônica reescrita, original
publicada 03/08/2010 em O Diário de Barretos
Muito boas lembranças recordadas com sabedoria e como sempre com a BENÇA DE NOSSOS PAIS, parabéns, abraços
ResponderEliminarMilton /Emília e Karina