Tínhamos prometido voltar ao assunto. Não contávamos fazê-lo
já hoje, mas dado que. da meia noite de Sábado até à meia noite de Domingo o “post” intitulado "Violenta explosão junto à Catraia dos Poços" teve cerca de 1800 visualizações (até ao momento – 23:20 do dia 1 - contabilizam-se 2272),
achamos pertinente referir desde já uma notícia sobre o caso, publicada num jornal de Lisboa em 1832 e
apresentar uma extensa lista de pessoas presas na sequência dos acontecimentos.
Caricatura representando D. Pedro e D. Miguel disputando a coroa portuguesa, por Honoré Daumier, 1833. |
“Ao general da
Província da Beira constou (...) que uma porção de cartuchame de fuzilaria (...)
havia sido assaltado por uma quadrilha de trinta a quarenta salteadores e que
apesar da resistência feita pela escolta (...) conseguiu a dita quadrilha apoderar-se de tal cartuchame que inutilizou apenas viu qual o objecto do que
encontrou.”
Adianta, ainda, a referida notícia:
“O General da Província da Beira Alta, assim que teve
conhecimento (...) ordenou que as pesquisas continuassem até ser alcançada a
quadrilha; e muito mostraram os povos tal empenho que não foi preciso
exortá-los para descobrir e acabar com semelhantes salteadores, pois no dia 15
de Agosto corrente, teve o Capitão Mor de Penacova e as suas Ordenanças a
fortuna de descobrir numa mata junto à Cortiça, sete indivíduos da mesma
quadrilha. (...) Tal era o rancor das Ordenanças contra estes malvados que foi
com muita dificuldade o salvar-lhes as vidas para a Lei os punir. (...) Os
dispersos continuaram a ser perseguidos por montes e vales(...)”
Esta versão dos acontecimentos, como se percebe, é nitidamente afecta aos absolutistas. A mata
perto da Cortiça, onde foram encontrados os sete fugitivos, trata-se da Mata da Bica. Deste grupo alguns
foram fuzilados mais tarde, conforme dissemos na mensagem anterior. Recordemos esses
nomes aos quais a lei capital não poupou a
vida: António Homem de Figueiredo, da Cruz do Soito; António Joaquim, da Várzea
de Candosa; Padre António da Maya, natural da Cruz do Soito, pároco de Covelo;
Francisco Homem da Cunha e o irmão Guilherme Nunes da Silva, da Cortiça, José
Maria de Oliveira, da Cortiça e, os irmãos Francisco de Sande Sarmento e
Felizberto de Sande Sarmento da Carvoeira.
A feroz perseguição feita nas nossas terras conduziu à
prisão de muitos nomes nossos conterrâneos, tendo alguns deles, como já
referimos, sido fuzilados: António Homem de Figueiredo e Sousa, da Cruz do Soito,
irmão de D. Rita, mulher do capitão-mor José Félix, e este, irmão de Bernardo
Homem; António Joaquim de Moura; António Francisco; António José de Frias, da
Sobreira; António (Padre) da Maya, da Cruz do Soito ; António Marques Guerra,
dos Poços; António de Sousa Maldonado Bandeira; Bernardo Homem, da Cortiça
(este nome consta da lista, mas haverá equívoco, pois ja estava preso, há
muito, nas cadeias de Almeida); Francisco, filho de Bernardo Homem, da Cortiça;
Francisco de Sande, da Carvoeira ; Guilherme, filho de Bernardo Homem, da
Cortiça; João Pereira Saraiva; Joaquim José Gonçalves; José Maria, filho de
Bernardo Homem, da Cortiça; José Félix da Cunha Figueiredo Castelo-Branco, que
faleceu nas prisões; José Henriques, de Farinha Podre, alfaiate; José Joaquim
Pereira, de Farinha Podre; José Lopes; José de Loureiro e Almeida, de Farinha
Podre; José Inácio Martins; José Maria de Figueiredo Castelo-Branco, filho do
dito capitão mor José Félix da Cunha Castelo-Branco; José Maria de Oliveira, da
Cortiça; Manuel Correia; Manuel Lourenço Gomes Cascão e Veríssimo Gonçalves.
Escrevia-se num livro editado em 1889 que “o despotismo
raivoso encarcerou muita mais gente do que a constante da lista, com quanto não
houvesse metido nem prego nem estopa na queima da pólvora”.
E a mesma fonte aponta, assim, mais nomes: Francisco António da Assumpção, da
Sobreira, de cuja prisão resultou perder a sua mãe o uso da razão; Maria Benedita
e Maria Antónia, filhas de Bernardo Homem, bem como uma criada das mesmas; Ana
Marques, da Cortiça, solteira; José Joaquim Pereira, de Farinha Podre, bacharel
formado; Joaquina da Fonseca, de Farinha Podre, “e outras [pessoas], das quais
umas não foram pronunciadas, mas outras, ou o fossem ou não, jazeram nas
cadeias de Lamego até que esta cidade foi libertada.”
A partilha do texto no Penacova Actual alcançou mais de 8 mil pessoas. É o que faz o tema explosão
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