Em finais do
século XIX o governo solicitou às “camaras municipaes do paiz” um relatório
sobre as condições de vida dos “povos”, suas necessidades e aspirações,
conforme se referiu anteriormente.
Continuamos a publicar o documento que a Câmara de Penacova remeteu ao Governo chefiado por Luciano de Castro em 1898:
“No reino
mineral são dignas de menção as pedreiras de mármore de Sazes e de calcário das
freguesias de Sazes e Penacova de que se extrai cal preta de primeira
qualidade, e as de granito, para cantaria e mós, das freguesias de Penacova e
Friúmes.
Não há neste
concelho minas em exploração, não obstante ser carbonífero o terreno ao sul da
serra do Bussaco. Estão
registadas nesta comarca, no corrente ano, em favor de Carlos Leuschner e
outros, dez minas de metais preciosos, carvão, ferro, chumbo e outros metais.
Não há
indústrias dignas de serem especialmente mencionadas a não ser as de madeira,
lenha, cal e palitos.
Dadas as
condições naturais do solo a persistente actividade da população deste
concelho, devia a sua riqueza ser muito maior e o bem estar mais geral.
Este
facto é devido a causas várias, que vamos apontar, algumas das quais são gerais
e outras privativas deste concelho.
Começou a
crise neste concelho com a abertura da linha férrea da Beira Alta, afectando
toda a população das margens do Mondego pela supressão, quase completa, da
indústria de barcagem que se fazia entre a Figueira e a Foz do Dão.
Logo a
seguir a filoxera devastou as vinhas e outras moléstias secaram grande parte
dos olivedos e castanhais, ficando, por estes motivos, muitos braços sem
trabalho e muitas famílias sem suficientes meios de subsistência.
Mas nem se
organizaram bandos precatórios [ peditórios na via pública] nem a propriedade
foi menos respeitada; desenvolveu-se a emigração extraordinariamente, o que
determinou a afluência de capitais, vindos principalmente do Brasil, com que se
sustentam muitas famílias e se procura restaurar a cultura da vinha e melhorar
todas as outras.”
CONTINUA
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