terça-feira, setembro 28, 2010

Mauro Carpinteiro dirige Carta Aberta ao Presidente da Mesa da Assembleia Municipal

A sessão da Assembleia Municipal de Penacova de sábado passado assumiu contornos que, há onze meses atrás , quando Penacova deu a maioria absoluta ao Partido Socialista, ninguém imaginaria  que tal viesse a acontecer tão cedo.
Primeiro: o facto de se ter registado a presença de um número significativo de Pais e Encarregados de Educação na Assembleia Municipal, criticando fortemente o Executivo por falhas no  arranque do ano lectivo  no pré-escolar e no primeiro ciclo, no que se refere aos transportes escolares, falta de funcionários e à abertura da nova escola em Penacova (que terá aberto as suas portas sem estarem cabalmente concluídas as obras e instalado todo o equipamento).
Segundo: o abandono temporário  da sala por parte dos deputados da bancada social-democrata, em solidariedade e protesto pela negação do uso da palavra, para defesa da honra, ao membro da Assembleia Municipal e Presidente da Junta de Lorvão, Mauro Carpinteiro.
O Penacova Online, tem como um dos seus objectivos, a divulgação das dinâmicas locais, incluindo a política, quando ela atinge determinadas proporções.  Acabamos de receber uma Carta Aberta assinada pelo Dr. Mauro Carpinteiro, que a seu pedido e por acharmos pertinente passamos a publicar:

Carta aberta ao senhor Presidente da Assembleia Municipal de Penacova
Ao Presidente da Assembleia Municipal de Penacova:
Venho deste modo, uma vez que me impediu, de modo arbitrário, de o fazer na sessão da Assembleia Municipal de Penacova do passado dia 25 de Setembro de 2010, apresentar defesa da honra e responder a interpelações consequentes de intervenções de membros do Partido Socialista na Assembleia.
Lembro-o de que fui severamente ofendido na honra pelo Deputado Municipal do Partido Socialista Paulo Coelho que achou por bem dizer que eu tinha, e passo a citar, mestrado e doutoramento em “chicoespertice”, chegando a essa conclusão por eu, no seu entender, andar a mobilizar os pais da Freguesia contra a Câmara por esta nada decidir quanto à construção dos Centros Escolares previstos para a Freguesia de Lorvão e que me interpelou a apresentar a minha posição sobre a construção desses mesmos Centros Escolares.
Lembro-o, ainda, do pedido feito pelo Presidente da Junta de Freguesia de Figueira de Lorvão para que me retratasse por, alegadamente, ter colocado uma placa de localização de localidade num local já pertencente à Freguesia de Figueira de Lorvão.
Senhor Presidente, compreendo que tenha alguma dificuldade em compreender a realidade fora do mundo da pura e simples luta politico - partidária. Ainda assim, não me sentiria bem comigo próprio, até porque, como diz o povo, “quem não se sente não é filho de boa gente”, se não lhe desse conta da minha indignação contra o triste modo como fui atacado.
Relativamente à intervenção do senhor Deputado Municipal Paulo Coelho, queria dizer-lhe que ele está profundamente equivocado, certamente por má informação! É que eu nunca me propus mobilizar os pais da freguesia contra a Câmara (é um disparate que os próprios um dia destes poderão desmistificar!), simplesmente os pais das crianças da Freguesia têm manifestado à sua junta de Freguesia preocupação por, volvido um ano desde que o novo executivo municipal tomou posse, nada ter avançado quanto à criação das previstas novas instalações escolares na Freguesia. Pior do que isso, a Câmara, através dos seus representantes, tem-se desdobrado em declarações muito contraditórias:ora dizendo que constroi um Centro Escolar em Lorvão; ora que o constroi só na Aveleira; dizendo ainda que, afinal, até é melhor fazer os dois. Este dizer e desdizer traz as pessoas da Freguesia, com os principais interessados no processo educativo à cabeça, numa inquietante e preocupada incerteza. Quanto à posição do meu executivo da Freguesia sobre o assunto, este membro do seu partido manifesta andar profundamente arredado da realidade do Concelho, ou então muito mal informado pelo Sr. Vereador do Pelouro da Educação, pois a Junta de Freguesia de Lorvão tornou pública, em diversas ocasiões, perante os pais e perante a câmara, que a sua opinião é no sentido de ser cumprida a  Carta Educativa, ou seja, serem construídos os Centros Escolares de Lorvão e da Aveleira. Toda a gente na Freguesia sabe disto!!!
No que respeita à suposta indignação manifestada pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Figueira de Lorvão, acerca da alegada colocação de uma placa de indicação de localidade em território da Freguesia de Figueira de Lorvão, queria dizer ao estimado colega que admito ter havido algum erro ou equívoco e que, obviamente promoverei uma reunião conjunta com vista a, nos locais próprios e em espírito de diálogo e respeito mútuo, resolvermos a questão. Queria dizer também a este colega que estranho muito que um assunto deste tipo seja trazido à Assembleia Municipal, uma vez que o relacionamento entre as duas Freguesias e nós próprios, enquanto seus responsáveis, sempre foi o melhor, pelo menos assim o considerávamos. Aliás, aquele colega bem sabe o quanto a Freguesia de Lorvão esteve disponível para colaborar com ele em situações de necessidade surgidas no início do mandato.  Situações essas em que sempre prestámos apoio, prontos a ajudar uma Freguesia vizinha e com laços históricos tão profundos. Sinceramente pareceram-me excessivas e despropositadas as considerações tecidas por aquele autarca do Partido Socialista, que manifestou não ser grato por quem o ajudou e, sobretudo, não saber tratar dos assuntos da sua Freguesia com elevação, respeito e do modo e nos locais próprios.
Mas, Sr. Presidente, lamento ter que lhe escrever esta carta! É triste que um membro da Assembleia Municipal se veja forçado a fazer deste modo aquilo  que, por direito, poderia fazer no local próprio, no órgão de discussão e debate por excelência.  Entristece-me, sobretudo, porque não gosto de comunicar assim com quem tem o dever de me ouvir cara a cara!
Ficou à vista de todos que fui ofendido e interpelado, pelo que era seu dever cumprir o Regimento da Assembleia e dar-me a palavra.  Não o fez, e não o fez exibindo uma atitude de arrogância desprezível e imprópria de quem ocupa o ilustre cargo de Presidente da Assembleia Municipal de Penacova. Negou deixar defender-me simplesmente porque a minha razão certa destruiria o argumentário básico e primário dos seus correligionários. Negou deixar defender-me porque não queria juntar incómodo ao incómodo que lhe causou ver tantos cidadãos penacovenses na Assembleia, denunciando sem peias a incompetência que vai grassando na gestão Municipal, sobretudo num sector chave como é a educação. Negou deixar defender-me porque nutre por mim um indisfarçável ódio (um dia vou explicar aos nossos cidadãos o porquê !). Negou deixar defender-me, enfim, porque não compreende o sentido do órgão a que preside. Não compreende que a voz do povo e dos membros da Assembleia, que o representam, não são um incómodo, são a manifestação livre do pensamento e da razão diversa. Sei que a ideia que o senhor perfila é a da razão e inteligência únicas do Partido Socialista. Lamento desiludi-lo. O Partido Socialista não é o reduto exclusivo da inteligência e da razão.
Sr. Presidente, sei bem que lhe falta caminho longe da rota da política. Sei bem que nos seus horizontes pouco mais há do que a luta mesquinha do partido (dos partidos!) e da política. O Senhor é o fruto desta nova casta de decisores que não tem o privilégio de saborear o quanto é bom estar no terreno e construir comunidade, de contribuir para o bem comum sem a pressa de chegar ao topo. Não é daqueles que teve que dar de si aos outros, ter a noção de prejuízo pessoal para dar proveito aos outros. Eu tive, continuo a ter, e não me arrependo!
A Democracia só é compreendida, na sua essência, e a política só é vivida no seu esplendor, por quem teve o privilégio de dar o seu esforço pessoal - porque não o seu sacrifício?! - em prol da sua terra, da população e com a população! É por isto que não fico ressentido consigo! O Senhor não tem como compreender a Democracia e viver a política como ela deve ser vivida!!!
Penacova, 26 de Setembro de 2010
                                                                                                                              Mauro Carpinteiro
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(Texto publicado também na página de Mauro Carpinteiro no Facebook , a 28 de Setembro de 2010 às 0:03.)

domingo, setembro 26, 2010

1810 - 2010 : duzentos anos depois, Batalha do Bussaco é assinalada com um programa especial

UM POUCO DE HISTÓRIA

A batalha de Buçaco teve uma importância capital para o resultado da campanha pela acção moral que exerceu nos dois exércitos contrários.
O exército anglo-luso perdeu o medo às águias napoleónicas, que ameaçavam dilacerar a Península. Os ingleses reconheceram que os soldados portugueses eram dignos émulos no valor e brio militar, com os quais podiam e deviam contar. O moral do exército dos aliados foi exaltado.

Os franceses reconheceram que não eram invencíveis ao medirem-se com as tropas inimigas, que até então tinham em pouca conta. As desinteligências que lavravam entre os generais franceses mais se acentuaram; e a incapacidade de Massena, já apontada por Ney antes da batalha do Buçaco, tornou-se frisante. Massena sentiu-se golpeado no seu amor próprio: a Vitória abandonava o seu filho querido. E, quando este julgava fazer calar os descontentes e insofridos por um estrondoso triunfo, viu que, ao contrário, a sua derrota mais ia insuflar a
indisciplina dos generais seus subordinados. Não estava de todo perdido o exército, podia haver ainda
probabilidades de uma vitória; mas era preciso proceder com ponderação.

No Buçaco vira ele quanto Wellington. se soubera aproveitar das propriedades defensivas do terreno. Atacar novamente em terreno análogo seria uma temeridade, porque uma nova derrota poderia trazer consigo uma capitulação, mancha vergonhosa que viria empalidecer e murchar os verdejantes louros do herói de Rivoli, de Zurique, de Génova, de Caldiero e de Essling. Era necessário ser-se prudente,  ponderado.

A derrota do Buçaco cortou as asas a Massena e impediu que voasse até aos cerros de Alhandra, do Sobral de Monte Agraço, de Torres Vedras...

Continue a ler AQUI
Veja também site oficial das comemorações

sexta-feira, setembro 24, 2010

Centenário da República: fotobiografia de António José de Almeida, quem a conhece?

António José de Almeida, quer se queira, quer não, é (talvez pudesse ser mais ) um ex - libris de Penacova, se assim podemos falar , em termos da história e da cultura política do concelho. O Grande Comício de 1 de Agosto de 1909 em S. Pedro de Alva, a Inauguração dos Centros Republicanos, quer de S. Pedro de Alva, quer de Penacova, o florescimento de jornais republicanos no concelho, as suas passagens por casa de seu cunhado, no Silveirinho ( além de Vale da Vinha ) atestam, entre outros factos, a sua influência e familiaridade com as  gentes que o viram nascer. Os finais do século XIX e as primeiras décadas do Séc. XX são, deste modo,  também no nosso concelho, marcados directa e indirectamente por  esta   importante voz  da ideologia republicana e por este grande actor da Primeira República. Nascido na freguesia de S. Pedro de Alva, estudante em Coimbra foi, desde muito cedo, quer enquanto activista universitário, quer enquanto titular de cargos políticos ( deputado, ministro, “primeiro-ministro e Presidente da República”) ,  uma “ figura tutelar” do republicanismo no nosso concelho.
Penacova honrou-o com a instituição do feriado municipal, evocando o dia do seu nascimento – 17 de Julho de 1866 – e erigiu em sua memória alguma estatuária. Todos sabem que nasceu em Vale da Vinha ( poucos saberão ou sequer se confrangerão com o estado ruinoso em que se encontra a casa que lhe serviu de berço e onde viveu a sua infância). Podemos estar a ser injustos mas a nossa percepção vai no sentido de que existe por parte dos penacovenses um grande desconhecimento da vida e obra desta figura da História de Portugal. Este desconhecimento é visível, por exemplo, quando o turista que chegue a Vale da Vinha se depare com duas lápides, uma indicando o dia 17 de Julho e outra o dia 19 de Julho, como dia do seu nascimento. (1) Os próprios dados biográficos - políticos nem sempre são referidos correctamente. Por vezes se diz que foi Ministro das Colónias (o que está correcto) e esquece-se que nesse período (1916 / 17 ) mais do que ministro, foi, de facto, no chamado Governo da União Sagrada, Presidente do Ministério ( isto é, Chefe do Governo ). Que foi Presidente  da República toda a gente saberá, mas não se vai muito além disso.
Em 2004, foi publicada uma fotobiografia de António José de Almeida, resultante dum protocolo entre a Câmara Municipal de Penacova, o CEIS 20 (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX), Familiares e o Círculo de Leitores.(2) A obra António José de Almeida e a República: discurso de uma vida ou vida de um discurso foi assinada pelo Prof. Doutor Luís Reis e  distinguida com o prémio de História Contemporânea da Academia Portuguesa de História.
No centenário da República, a obra António José de Almeida e a República: discurso de uma vida ou vida de um discurso assume uma importância ainda maior. Este livro é, pois, um óptimo meio de conhecer melhor a vida e a obra deste nosso ilustre conterrâneo.
Goste-se ou não se goste de História, valorize-se ou não a Memória Colectiva, continuamos a defender que para compreender o Presente é preciso saber alguma coisa do Passado. É assim para as nossa história e identidade pessoal, é assim também para a nossa história e identidade concelhia.
Comemorar os Cem Anos da República poderá passar também pela promoção desta obra, à venda  no Posto de Turismo ou nas grandes livrarias do nosso país.
Um livro para “ver”, uma obra para ler, um texto para reflectir.
David Almeida
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(1) O dia do nascimento de António José de Almeida é apontado como tendo sido o 17 de Julho ( segundo consta da Certidão de Baptismo). No entanto, no site da Presidência da República, aparece o dia 27 de Julho. Esta data também foi divulgada aquando do concurso da RTP “ Os Grandes Portugueses”; o site actual do Centenário  da República regista o dia 18 de Julho, bem como o site da Fundação Mário Soares. Também alguns jornais penacovenses da época falam nesta data. A lápide de Vale da Vinha ( 1975) refere o dia 19 de Julho…Quase que é de colocar a questão: afinal o dia do nosso Feriado Municipal está correcto?
(2) A 2ª edição é da editora Temas e Debates

sexta-feira, setembro 17, 2010

Fina d'Armada vem a Penacova falar do papel das Mulheres na Implantação da República

Depois de já ter estado em diversos locais (Auditório do Museu de Arte e Arqueologia em Viana do Castelo, Casa da Beira Alta no Porto, a título de exemplo) onde apresentou   o tema  «As mulheres na Implantação da República», a Dr.ª Fina D'Armada vem no final do mês a Penacova. 
 
Mestre em Estudos sobre as Mulheres pela Universidade Aberta, tem  dedicado a sua investigação à História das Mulheres e, concretamente, à Mulher Portuguesa na 1ª. República. Para além dos seis  livros sobre o fenómeno de Fátima, é autora dos romances A Chave dos Encobertos (2007), sob o pseudónimo de Iria Oceano, o romance O Segredo da Rainha Velha (Ésquilo, 2008) e o ensaio Mulheres Navegantes no tempo de Vasco da Gama (Ésquilo, 2006). Foi também mandatária do Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim, aquando do referendo sobre o Aborto.

Na sua intervenção em Penacova irá, provavelmente, falar do papel que um significativo número de mulheres portuguesas, em fins do séc. XIX e inícios do séc. XX, desempenhou na luta por direitos como o exercício de uma profissão e salário digno, o direito a voto, falar/intervir em público, protecção às mulheres grávidas e crianças, à educação, à saúde e à igualdade na família e no casamento.
 No contexto da sua intervenção na Casa da Beira Alta, o blogue desta associação regionalista publicou o seguinte texto:
“ Assim , foi nomeando algumas mulheres que se destacaram na luta pelos direitos das mulheres e intervenção cívica. Entre elas: Maria Pinto Leite Ferreira, Beatriz Correia e Maria Antónia Azevedo, as três maiores republicanas do Porto que angariaram, através de peditórios e jantares, uma significativa soma para apoiar os presos na sequência do 31 de Janeiro de 1891; Angelina Vidal que aparecia frequentemente vestida de verde e vermelho e se evidenciava pelo seu anti-clericalismo; Elvira Afonso professora na Escola «O Vintém das Escolas», uma das criadas pela Maçonaria; o «Grupo das Treze» criado em 1911 para combater a superstição e a credulidade pública explorada pelo clero; Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher cirurgiã e a primeira a votar sozinha em 28 de Maio de 1911, depois de aturada controvérsia; Ana Castro Osório que, de parceria com Adelaide Cabete fundou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas; Maria Veleda, mãe solteira, natural de Faro; Aurora de Castro Gouveia a primeira notária portuguesa e talvez mesmo mundial; Amélia Santos que se evidenciou na Rotunda; Elzira Dantas Machado (casada com Bernardino Machado) e tantas outras que lutaram pela emancipação da Mulher.
Refere o texto do blogue que Fina d’Armada terminou a sua intervenção “ referindo mulheres das Beiras que se destacaram neste período. As já citadas Carolina Beatriz Ângelo, da Guarda, Ana Castro Osório de Mangualde, Beatriz Pinheiro, que fundou a União das Senhoras Liberais de Viseu, Raquel Perdigão de Viseu, Maria Martins de Seia, Amélia Socker Machado, 2ª. esposa de Pedro Boto Machado de Gouveia, preso e degradado na sequência da Revolta de 31 de Janeiro, Luz Pais e Berta Peres, entre outras.”
Uma personalidade e uma temática que merece ser ouvida, estamos convencidos, em Penacova no próximo dia 28, na Pérgola Raul Lino.

quarta-feira, setembro 15, 2010

O novo ano lectivo...um texto do Notícias de Penacova ( 1932 )

Neste arranque do ano lectivo, trazemos aqui um texto publicado no jornal NP de 17 de Setembro de 1932, na rubrica Tribuna do Professorado. Nesse tempo as aulas só começavam em Outubro, como muitos de nós sabemos. Comentários? Deixamo-los para os leitores ...
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terça-feira, setembro 14, 2010

Dinâmicas Locais... afinal a DREC pressionou ou não?

A comunicação social de hoje, com base numa notícia da LUSA, noticiou um diferendo entre a Direcção Regional de Educação e o Agrupamento de Escolas de Penacova sobre a abertura do ano lectivo. Agora a DREC já veio negar...
E, assim, Penacova é notícia por esse país, por esse mundo fora...

domingo, setembro 12, 2010

Nova Escola do 1º Ciclo vai abrir sob o signo da polémica e do insólito…


Em tempos, assistimos em Coimbra a uma conferência de Siza Vieira e uma ideia que retivémos foi a do “ diálogo” entre o existente e o novo, como pressuposto para qualquer projecto arquitectónico. Falava a propósito da sua obra em Marco de Canaveses, a Igreja de Santa Maria. Sem entrar em mais pormenores , serve esta introdução para chegar à polémica que corre por Penacova pelo facto de a nova escola estar paredes meias com o cemitério da Eirinha, sujeitando os alunos, não só à vista permanente e diária dos socalcos daquele, mas também à movimentação inevitável em dias de funeral, conforme o Penacova Actual denunciou recentemente. Também o blogue O Homem das Tabernas já havia há dias “ brincado”, não com a questão do cemitério, mas sim com o facto do edifício ter falta de espaços de recreio abertos, ser um edifício muito fechado e com pouca penetração de luz natural. Assim, parecendo “ mais talhado para a clausura e reclusão” os autores do blogue adiantam que a autarquia já estaria a tratar de reconverter tudo aquilo em Estabelecimento Prisional.

Mas voltemos à questão do diálogo entre as pré-existências e as novas estruturas. À luz desta ideia, fácil é verificar que a concepção e implantação do projecto, a ter que ser naquele local – e esse é outro motivo de polémica - não terá conseguido uma boa solução, minimizando a exposição da escola e dos alunos ao “ silêncio da morte“ , inevitavelmente quebrado quando o sino da igreja tocar os “ sinais” e um funeral daí a pouco irromper pelo cemitério adentro.

Vários psicólogos se têm debruçado sobre a reacção das crianças perante a morte, nas diferentes fase do desenvolvimento. Com a internet é fácil, hoje, ler algumas coisas sobre esta questão. Ver, por exemplo aqui e também uma outra posição possivelmente mais questionável. Seja como for, é legítima a preocupação, não só dos pais, mas também dos professores que ali irão trabalhar.

Curiosamente o Governo através do Decreto-Lei n.º 80/2010 de 25 de Junho veio revogar o Decreto-Lei n.º 37 575,de 8 de Outubro de 1949, que estabelecia uma distância mínima de afastamento dos edifícios escolares em relação a cemitérios, nitreiras ou fábricas cujas emanações fossem incómodas ou doentias e também a novos estabelecimentos cuja edificação e funcionamento fossem susceptíveis de constituir vizinhanças incómodas, perigosas ou insalubres para os edifícios escolares. Segundo o texto do diploma, este “ tem como principal objectivo actualizar a legislação que, em face da evolução na área do urbanismo e do ambiente, se tornou anacrónica. Como vemos esta legislação ainda é recente. Não se compreende que, quando ainda estava em vigor o tal decreto de 1949, tenha sido licenciada a construção duma escola mesmo em frente dum cemitério. Não acreditamos que tenha sido por desconsideração pela educação, pelas crianças, pelos professores, que se tenha feito esta opção.

A polémica está pois, lançada, apesar de na entrevista que o Vereador da Educação concedeu ao jornal Nova Esperança, nada ser referido, tendo sido salientada, isso sim, “ a qualidade das instalações do Centro”.

Sobre polémica e sobre o insólito número um ficamos por aqui.

O insólito número dois, é o facto de, segundo parece, a nova escola ir abrir sem as obras estarem cabalmente concluídas e sem que o equipamento esteja todo instalado. Pelo que refere o Penacova Actual, “ o mobiliário destinado às salas de aulas transitou das escolas desactivadas para a nova EB1 “. Atrasos há sempre nestas coisas de obras. Quantas vezes, por esse país fora, se anunciou a abertura de novos centros educativos em Setembro e só alturas da Páscoa tal foi possível? Estas obras não estão assim tão atrasadas e sendo assim, não seria de adiar por algum tempo a abertura? São questões que o cidadão comum legitimamente coloca. Sem pôr em causa a ponderação consciente dos responsáveis, não deixa de ser um aspecto insólito a manchar a abertura deste novo equipamento educativo, cheio de aspectos positivos também. Cremos que disso ninguém duvida.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Imprensa local: Nova Esperança e Frontal

Embora com algum atraso, mas como vinha sendo hábito, o penacovaonline divulga hoje  as capas dos últimos números publicados dos jornais Nova Esperança e Frontal.

Missal Antigo e Apocalipse de Lorvão (por falar em Lorvão, o Órgão já regressou... isto é, as peças...mas o restauro continua na estaca zero...)

Escreveu o Diário de Coimbra:
18 ANOS DEPOIS : Órgão de tubos regressou ao Mosteiro de Lorvão

As peças do órgão de tubos do Mosteiro de Lorvão chegaram, finalmente, na terça-feira, ao seu local de origem. 18 anos depois de terem sido retiradas para trabalhos de restauro que estariam a cargo de um organeiro de Condeixa-a-Nova, que nunca chegaram a concretizar-se, as peças voltaram a “casa”, sem restauro, é certo, mas marcando o início de uma nova etapa na “vida” daquela importante peça. Estão, pois, «reunidas as condições para que avance o restauro, agora é necessário que avance», diz o presidente da Junta de Freguesia de Lorvão, satisfeito com a situação, que afirma, significa um novo fôlego num processo que se arrasta e pelo qual populações e autarquias (Câmara e Junta) têm lutado.

Leia mais
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Uma das páginas do Missal Antigo de Lorvão


 A ILUMINURA
A iluminura, considerada em Diplomática como sinal e um dos meios de validação e autenticidade dos códices e documentos, é também um dos mais interessantes capítulos da história da Arte, confundindo-se na sua origem com a escrita para vir, finalmente, a identificar-se com a Pintura.


O costume de fazer executar nos códices e manuscritos uma parte decorativa e ilu­minada, partindo, principalmente, das letras iniciais, tal como se praticou na Idade Média, vem já da mais remota antiguidade, admitindo muitos autores que esta prática era já conhecida e usada no Egipto faraónico, onde esta arte teve como principal centro de maior impor­tância e perfeito desenvolvimento a cidade de Alexan­dria.
( excerto )
Fonte: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Lisboa, Editorial Enciclopédia, Limitada, volume XIII, pp. 522-525,
citada no blogue