Com a implantação do regime liberal, pela vitória definitiva do partido constitucional, por toda a parte se refundiu e transformou a vida social dos portugueses.
As antigas casas dominantes desapareceram ou decaíram. As fortunas das famílias antigas que em geral se mantiveram ligadas ao partido miguelista estavam muito comprometidas por virtude das Invasões Francesas e depois pela Guerra Civil.
Em Penacova aconteceu o mesmo.
Eram donatários da vila de Penacova, primitivamente, os condes de Odemira. Esta Casa fundiu-se mais tarde, por casamento, com a dos Duques de Cadaval e, assim, ficou a ser donatário de Penacova o Duque de Cadaval. Era este Senhor que superintendia em todos os serviços judiciais e administrativos. Nomeava o Juiz e demais funcionários públicos.
Tinha em Penacova o seu Paço, com capela anexa, no sítio onde agora
está a Casa do Tribunal. Tinha em Penacova o seu capelão e procurador, pois era proprietário de muitas terras, lagares e azenhas, e recebia delas as rendas e foros.
O Duque de Cadaval era Governador Militar de Lisboa quando
os miguelistas foram vencidos pelas tropas liberais em Almada. Como visse que
não podia manter-se em Lisboa, retirou com as tropas fiéis e, assim, depois da
Convenção de Évora Monte e termo da Guerra Civil, emigrou para França, não
voltando a Portugal.
Ainda hoje [c. 1940] a Família Cadaval vive em França e só vem a Portugal com curta
demora, mas conserva o seu apego à Pátria. Os varões, chegando à idade própria,
cumprem os seus deveres militares, segundo me consta.
Como consequência, resolveu o Duque de Cadaval vender todos os bens que possuía em Penacova.
O Paço foi destruído por um incêndio e depois vendido à
Câmara de Penacova, que ali construiu o edifício dos Paços do Concelho e o
Largo Fronteiro, que hoje temo o nome de largo Alberto Leitão.
Tinha a Casa de Cadaval além da capela anexa ao Paço, que foi destruída
pelo incêndio, uma capela lateral na Igreja de Penacova onde ainda está o escudo das armas dos Duques de Cadaval. É uma capela ampla com sacristia. O estilo é de boa renascença.
Com o desaparecimento da fortuna da Casa Cadaval em Penacova, desapareceu o capelão, o procurador e mais pessoal. Com o incêndio desapareceram muitos documentos que, certamente, dariam luz para a história de Penacova.
José Albino Ferreira,
in Notícias de Penacova, "À
Sombra Amena da Pérgola" c. 1940.
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