Há que repensar a Política!
Tenho a noção de ter “pensamento político estruturado” desde os meus 15 anos, complementado por “ação política” por vezes clandestina, desde as Eleições de 1969, sob a égide da CDE, que em Coimbra -como é interessante recordar- se coligou com a CEUD, de Mário Soares, em contra-ciclo com o que aconteceu na generalidade dos Distritos (em que a mera divisão divisão da Oposição foi visível).
Ainda existem vivas pessoas desse tempo; outros, até conterrâneos nossos dessas lides, infelizmente, já faleceram.
Antes do 25 de Abril propriamente dito (já como bastante próximo do PCP e Membro do Centro Republicano Almirante Reis), tentei ajudar, dentro das possibilidades, os meus Amigos Militares de Abril, vizinhos, envoltos na preparação da Revolução e, feita esta com o êxito que se conhece (já como Militante do PCP) foram-me confiadas “missões” concretas como os apoios informais ao Conselho da Revolução (quando era Assessor Jurídico do CEMFA/CEMGFA) acreditado Nato Secreto e a integração da Candidatura de Maria de Lourdes Pintassilgo, bem como, nomeadamente, outras “missões” que considero, ainda, passíveis de se manterem no conhecimento dos outros intervenientes interessados, até com ligação a Penacova, de que lhes caberá falar, por disso terem beneficiado.
Em 1983, saí do Partido Comunista Português, por considerar que se estava a querer interiorizar uma “ortodoxia seguidista”, muito controlada, acrítica e “pró soviética para além do normal” o que teve expressão numa “purga” que levou ao abandono de muita militância de grande valor intelectual, como Vital Moreira. Seja como for eu saí antes.
Mas recordo e mantenho grande estima pessoal por Membros do PCP, com os quais lidei de mais perto e de outros que fui conhecendo, que ainda hoje se me apresentam como gente muito confiável, embora estejamos distantes no pensamento e nas convicções. Não em todas, claro está.
De resto, nunca mais tive nenhuma experiência partidária…nem vou ter; a minha maneira de ser não se coaduna, nem com seguidismos, nem com facilitismos!
!… Quando ouço “discutir” tão apaixonadamente o 25 de Novembro, só posso sorrir, porque eu “estava lá”, literalmente falando e sei o que se passou …!
E quando vejo tentar “retalhar” um Processo Ganhador, como o foi o 25 de Abril, onde está um bocadinho de mim, jovem irrequieto que enfrentou “os fascistas de Penacova” -que os havia em substancial quantidade, como se sabe ou devia saber- em condições e com resultados que importa, ainda, manter no segredo, fico estarrecido.
Fui para outras paragens!
Fiz os meus Estudos!
Construí uma vida desafogada, sem favorecimentos mas com trabalho; muito trabalho, sempre!
E nesse “trabalho” de Escriturário na HPE, a Advogado, Director das maiores Empresas Portuguesas, Consultor Nacional e Internacional e Empresário/Gestor (fundador do Grupo Place há 33 anos) conheci de perto a evolução da mistura dos interesses pessoais, com os interesses da Política e, também, o modo como “as teias organizadas” mandam e comandam. Essas teias que se movem no escuro, integrando pessoas que até nos fazem ficar chocados, por vezes…
Quando falo -ou escrevo, ou penso- é porque tenho comigo os exemplos…; eu não invento!
Por obrigação profissional lidei com os melhores -porque extraordináriamente bem preparados- responsáveis políticos deste País.
Aqueles que nomeavam para tarefas complicadas do foro negocial, inclusive com várias Direções Gerais de Bruxelas, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, etc, etc, “um miúdo promissor”, como diziam e como Decq Mota antecipara.
Falo, a título de exemplo, desde logo, de José dos Santos Amaral, antifascista convicto e forte, numa terra minada pelos interesses do regime; do Dr. Ilharco, do Eng. Torres Campos e do Dr. Nascimento Rodrigues e do Dr. Antunes da Silva; do Dr. Jorge Seabra, do Professor Baião Horta, da Enga Maria de Lourdes Pintassilgo, do Dr. Melo Biscaya, do Eng. António Guterres, do Dr. João Figueiredo, do Eng. Carlos Dias, do Eng. Montalvão, do Eng. Fernando Mendes, do Dr. Leitão Couto (que me apresentou seu irmão), que viria a ser Presidente do IPE, com o qual trabalhei amiúde e muitos outros ligados a Partidos Políticos ou não.
Fui sendo sondado para muitos cargos, que sempre recusei. Até para Deputado. E fiquei boquiaberto - e às vezes ainda fico - com nomeações feitas a gentes da nossa terra, sem experiência ou traquejo, só por serem (ou os seus familiares) das tais “teias”…
Continuei a ser Advogado e Consultor; LIVRE e sem depender ou dever favores fosse a quem fosse. Amando a minha Terra, Penacova, mas poucas vezes confiando nos seus “actores políticos da sombra” que ainda estão vivos e sabem trabalhar nisso, comandado as tropas e mexendo os “cordelinhos”, o que por vezes sai asneira…
Durante todo este tempo - muito mesmo - fui assistindo a uma degradação gigantesca dos principiantes da política e tem sido isso mesmo a determinar o que vou escrevendo respeitosa, mas contundentemente. Há coisas que não se admitem!
Tenho apoiado situações diversas de pendores diferentes, justamente porque incorporo na minha avaliação isenta, em cada momento, os projectos estruturados, a sua mais-valia espectável, a capacidade de serem levados à prática e o impacto que possam vir a ter na vida triste dos mais desfavorecidos e na projeção da minha Terra e do famigerado Interior.
Aconteceu isso no meu apoio visível ao Humberto Oliveira e ao Pedro Coimbra; no meu apoio mais discreto, com voto expresso no Álvaro Coimbra (a que me liga o tempo em que comia bolachas no Fundo da Vila, ao colo do “Mané”, meu saudoso Pai, distribuidor de propaganda política antifascista pelo Concelho, na sua mota BSA) cujo trabalho de compromisso sério com a promessa eleitoral merece a minha vénia e, também, mais visível, no Paulo Rodrigues, como candidato à Junta de Freguesia.
As Pessoas, por vezes, não compreendem as minhas posições e eu dou isso de barato. Não as negoceio. Há beneficiários líquidos da política que ficam à espera que tudo lhes chegue à mão e que todos lhes devam bajulagem.
Mas sabem que não me vendo a interesses, venham eles donde vierem…e detesto os oportunismos e os meandros dos favores, confundindo as amizades, que vão engrossando.
É só estarmos atentos…
Já não sou o miúdo que, corajosamente, enfrentou os fascistas que mandavam em Penacova em 1969… mas continuo irrequieto e vertical.
Sou uma Pessoa que só “gasta tempo” com o que o merece: a Família, a Casa Azul, os Amigos, a Gestão do Património ganho a pulso, a projeção Cultural da minha Terra e a ajuda aos mais carentes e aos projectos diferenciadores que, do ponto de vista da Cultura e da sua estruturação e dinamização, hoje, causam inveja e têm sido conduzidos por uma Equipa extraordinária.
E aprendi a não fazer nem pedir favores… mas respeitar muito os actores do desenvolvimento sustentado.
Tenho, pois, preparação suficiente para entender que a Política tem de ser repensada e que os seus actores actuais, com honrosas exceções - são fracos, muito fracos - não têm capacidade para isso e estão “presos às militâncias”, sem as quais não são ninguém.
É preciso interiorizar que as questões, nos dias de hoje, já não se colocam na simplicidade dogmática da catalogação esquerda/direita; são mais “criação desinteressada de organizações capacitadas” para fazerem o caminho necessário à construção de um País Moderno, digno, incorruptível e socialmente estável, com aproveitamento das “cabeças independentes” que continuam desaproveitadas.
O titular do cartão partidário (quando em trabalho para o Estado) tem de ser um funcionário sujeito às regras (todas) da meritocracia e não essa cambada de corruptos incompetentes que surgem todos os dias em condições que até arrepiam. Os erros sistemáticos não podem ser “lavados”…
Será uma agenda complexa! Muita gente vai “ficar em terra”; muita outra vai sair do anonimato e singrar num Portugal diferente.
Principalmente porque os titulares das benesses “não querem deixar a chupeta” e o poder da comunicação social, salvo raras exceções, através de jornalistas empoderados e de comentariado interesseiro, só mantém na agenda o que provoca a disrupção dos eleitores, o interesse das Antenas e a “partidarite” que joga em todos os tabuleiros.
Caso mais do que evidente do que acima disse é o modo incompetente, mal intencionado, baseado na mentira e no preconceito como os adversários políticos trataram o “Caso Spinumviva” e continuam a tratar o “Caso Influencer”.
No primeiro caso, quis “cortar-se a cabeça” a um político que eu entendo promissor -discordando do seu pensamento em alguns aspectos - bem formado, apto, simples, que teve de trabalhar quando esteve em “sabática” por divergência partidária feia e que viu a sua Família, “ficar sem chão” à custa do “comentariado pago”!
No segundo caso quer “inocentar-se fora do tempo” aquele que é o político mais traquejado, mais “planificado”, mais aproveitador das oportunidades que a vida - e os muitos amigos - lhe têm dado de bandeja e continuam a dar, que “se envolveu” em conversas muito comprometedoras, com agentes pouco recomendáveis, por si escolhidos, aos quais deu guarida de confiança a pontos de selecionarem, para guardar dinheiro vivo de origem desconhecida, um “cofre escuro” como o do Gabinete do Primeiro Ministro de Portugal, o que é impossível de não ser escrutinado até ao tutano.
… E nada disto tem comparação!
Luís Pais Amante
Casa Azul

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