sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Cartas Brasileiras: A Ditadura e a Música

Os regimes totalitários, ditaduras, governos de exceção, ao reprimirem a livre expressão popular se transformam em campo fértil para a criação dos artistas, na música, no teatro, no cinema e na literatura.
Se a regra é geral, imagem quanto o povo oprimido conta com uma casta de compositores e autores, como nunca parece ter existido, todos de uma só vez, em uma mesma geração! Assim se deu no Brasil; manifestações caladas pelo Regime Militar que imperou de 1964 a 1985, criações de uma geração de ouro. Deu no que tinha que dar, muita gente tendo que fugir “num rabo de foguete” (avião)
Para não serem presos os artistas deixaram o país, uns fugindo mesmo, outros foram “convidados” a fazê-lo. Não vou escrever muito para mostrar a imagem do Brasil naquela época, se uma imagem vale mais do que mil palavras,  vale muito cantada.
No começo da ditadura brasileira, a exemplo do Festival de Cannes (França) aqui também eram realizados festivais; a censura era ainda leve, o povo estava começando a experimentar o novo regime.
 
 A Banda  (Chico Buarque) – Intérprete: Chico Buarque

A BANDA clique na imagem para aceder a vídeo
No primeiro festival (1966) realizado pela TV Record (SP), venceu a maravilhosa, nostálgica e bucólica “A Banda”, de Chico Buarque, cantando um tempo maravilhoso, tempo de saudade, não como o tempo que então se vivia. A beleza da música não permitiu que “vissem” a verdadeira mensagem.

 Disparada (Téo de Barros – Geraldo Vandré)  1966 – Intérprete: Jair Rodrigues 



DISPARADA  clique na imagem para aceder a vídeo
Em segundo lugar, “Disparada”, com mensagem mais direta: “e no sonho que fui sonhando, as visões se clareando... até que um dia acordei... porque gado a gente marca, tange ferro, engorda e mata, mas com gente é diferente; se você não concordar não posso me desculpar, vou deixar você de lado, vou cantar em outro lugar”.

 Sabiá ( Chico Buarque – Tom Jobim)  - Intérprete: Quarteto em Si


SABIÁ  clique na imagem para aceder a vídeo
Em 1969, no Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo, da qual já se dizia ser a “voz do regime”, venceu Sabiá de autoria de ninguém mais do que dos “adorados” e “venerados” Chico Buarque e Tom Jobim. O vídeo mostrará a reação do público, gritando “marmelada”, que no Brasil, além do doce feito com o marmelo, quer também dizer  conchavo, acordo, conluio; queriam a música de Vandré.

Pra não dizer que não falei de flores  (Geraldo Vandré) 1968 – Com Geraldo Vandré



P´RA NÃO DIZER...
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Era a música preferida do público; dizem que a censura  assim não quis. Vandré provoca o poder a partir do título da música, porque nela ele até fala de flores. A música é também conhecida como “Caminhando”. A repressão calava o povo que ficava a esperando que alguma coisa pudesse acontecer.
Então cantou Vandré
“vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer.” 
Depois do festival a música foi proibida; Vandré teve que ir embora, quando voltou, com o fim da ditadura, nunca mais cantou. Já havia cantado “o necessário”.                       
 
Apesar de você – Chico Buarque – 1970 – Intérprete: Chico Buarque & MPB4  
APESAR DE VOCÊ
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Chico Buarque teve ser o compositor com mais músicas proibidas, porque censuradas pelo regime. Contudo, nem sempre o censor captava de “primeira vista” o verdadeiro significado da poesia. Foi o que aconteceu com “Apesar de você”. Quem ouve a música, hoje, terá a nítida impressão de que ela fala sobre as mágoas de um jovem com a amada. Não é disso que se trata a música. Apesar de você presidente, amanhã há de ser outro dia.
Era puro protesto. O final genial diz: “você vai se dar mal, etc. e tal”. Esse “etc. e tal” é tudo aquilo que Chico gostaria de dizer, em palavras de baixo calão, que cada um imagine quais seriam conforme os costumes locais.    

Meu caro amigo (Chico Buarque. Francis Hime) – Intérprete: Chico Buarque


MEU CARO AMIGO  clique na imagem para aceder a vídeo
Nessa música, novamente a genialidade de Chico, na gostosa música de Francis Hime. Como já dito, muitos haviam ido embora do Brasil, obrigados ou “aconselhados”; no exterior se encontravam os integrantes da  fina nata da música brasileira. Chico que também teve que partir, compôs músicas assinando  Julinho de Adelaide, tentando ludibriar a censura, sempre atenta ao nome dele. Em “Meu caro amigo”, Chico envia mensagens ao amigo  e compositor Augusto Boal,  outro exilado.
Diz ele: “ aqui na terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro, rock’n... mas o que eu quero-te dizer é que a coisa aqui ta preta.” (Aqui estar preta significa dizer que está feia). Fala sobre a censura: “acontece que não pode te contar as novidades”. E outro trecho: “quis até telefonar, mas a tarifa não tem graça”.  E fala da censura no Correio. 
 
Cálice – (Chico Buarque – Gilberto Gil) –Intérpretes: Chico e Caetano Veloso

CÁLICE  clique na imagem para aceder a vídeo

O titulo é trocadilho, cálice por outra expressão com mesma sonoridade: cale-se.
 
O Bêbado e a Equilibrista 1978(João Bosco, Aldir Blanco) –Intérprete: Elis Regina


O BÊBADO ....clique na imagem para aceder a vídeo
A música se tornou o hino da abertura.


Caía a tarde feito um viaduto

E um bêbado trajando luto

 Me lembrou Carlitos

A lua, tal qual a dona do bordel

Pedia a cada estrela fria

 Um brilho de aluguel.

E nuvens, lá no mata-borrão do céu

Chupavam manchas torturadas,

que sufoco!

Louco, o bêbado com chapéu-coco

Fazia irreverências mil pra noite do Brasil

Meu Brasil!

Que sonha com a volta do irmão do Henfil

Com tanta gente que partiu num rabo de foguete.

Chora a nossa pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarisses no solo do Brasil.

Mas sei que uma dor assim pungente

Não há de ser inutilmente, a esperança

Dança na corda bamba de sombrinha

E em cada passo dessa linha pode se machucar.

Azar, a esperança equilibrista

Sabe que o show de todo artista

Tem que continuar...

A mesma música na interpretação do autor, ou do público, porque, na verdade ele pouco canta.


O BÊBADO  clique na imagem para aceder a vídeo
 
Abraços a todos.

P.T.Juvenal Santos -  ptjsantos@bol.com.br

 
 

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Programa da RTP "Quem é que tu pensas que és?" viajou por Lorvão



IMAGENS DO PROGRAMA QUE TROUXE MARIA JOÂO ABREU A LORVÃO
TENDO A RECEBÊ-LA O PROF. NELSON CORREIA BORGES
 que a acompanhou também a Alcobaça
 
 

 O Mosteiro de Lorvão e a abadessa D. Catarina d'Eça foram  falados no programa "Quem é que tu pensas que és?", transmitido no passado dia 5 pela RTP1.
O programa é, na sua essência, uma viagem no tempo protagonizada por oito personalidades portuguesas, de diferentes áreas, que procuram as suas raízes familiares.
Neste programa Maria João Abreu descobre que é descendente daquela abadessa.
A acompanhá-la por terras de Lorvão esteve o historiador penacovense, Prof. Nelson Correia Borges.
“Quem é que tu pensas que és?” é a adaptação portuguesa da série de enorme sucesso internacional, intitulada“Who Do You Think You Are?”.
Além de um link para o vídeo do programa, deixamos um mosaico de imagens daquela emissão que tão bem divulgou Lorvão e a sua história.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

Câmara avança com obras para novas instalações do Tribunal Judicial

Fonte: Revista Municipal, Dezembro de 2011
(original a cores)
De acordo com nota de imprensa que recebemos da Câmara Municipal, já foi  assinado  o contrato de empreitada para a construção de novas instalações do Tribunal Judicial de Penacova. A opção recaiu na requalificação e ampliação do bloco nascente da escola Maria Máxima, no Largo Dona Amélia. Este projecto já vinha sendo anunciado, inclusivamente na Revista Municipal de Dezembro de 2011.
Adianta a nota de imprensa que a adjudicação recaiu sobre a empresa Dabeira, Sociedade de Construções, pelo montante de cerca de 250 mil euros, a que acresce o IVA e que  este projeto foi definido em cooperação com o Instituto de Gestão Financeira e de Infra - estruturas da Justiça, devendo as obras começar já este mês.

domingo, fevereiro 03, 2013

Foral Manuelino: 500 anos

Edição fac-similada do foral de 1513

O  exemplar  do foral manuelino de 1513, existente em Penacova,  foi recuperado em 2000. Em 2008 o município publicou uma edição fac-similada , não só do Foral de D. Manuel  mas também do Foral de D. Sancho I, 1192) com o título Os Forais de Penacova.   A nota introdutória, a transcrição a tradução e o glossário são da  Prof. Doutora Maria Alegria F. Marques, da Universidade de Coimbra. Segundo esta investigadora, o facto de Penacova ser depositária de uma história de muitos séculos e detentora de um rico património histórico, artístico e cultural, justificava uma obra de pesquisa deste género
Os forais são documentos  que instituíam, criavam ou reconheciam os concelhos, conferindo aos homens livres de um dado espaço geográfico alguns poderes e a possibilidade de se regerem por normas próprias de índole local. Assim, em linhas gerais, pode-se dizer que os forais determinavam ou fixavam o direito público local; regulavam algumas obrigações fiscais e determinavam as multas devidas pelos variados delitos e contravenções, registavam disposições sobre liberdades e garantias individuais, sobre os bens, sobre o serviço militar, entre outras.
No foral manuelino estão definidos os direitos reais a que estavam sujeitos os moradores de Penacova, nomeadamente: jugada, relego, pescado, dízimo, montado, maninhos, gado de vento, pena de sangue e de arma e a dízima. Define também os produtos sujeitos a portagem e os que estavam isentos.
De referir que, de acordo com este foral, já no séc. XVI Penacova dava um tratamento especial à lampreia e ao sável. Enquanto todo o pescado estava sujeito a uma "taxa real" de uma dízima, a lampreia e o sável eram tributados a três dízimos.

Imagens com 80 anos: cenas da vida rural na região da Beira-Serra

 
 
 
 
 
 
 
 
 

Imagens recolhidas de uma velha revista de 1932. Quadros da vida
campestre captados na região de S. Pedro de Alva, Arganil e Pampilhosa da Serra.
 
 
 
 
 

Física para o Povo: livro de Rómulo de Carvalho inspira exposição itinerante patente até dia 8 em Penacova


Exposição inicialmente patente, em 2012,
em Lisboa
A inauguração deste evento, que decorreu a 28 de janeiro, contou com a presença e Humberto Oliveira, presidente do município de Penacova, e com Ernesto Coelho, vice-presidente, bem como com Cristina Oliveira, diretora dos Serviços Regionais da Educação do Centro.
A digressão desta exposição itinerante com origem no Pavilhão do Conhecimento, tem vindo a ser feita exclusivamente pelas escolas do interior do nosso país e tem despertado enorme interesse por onde tem passado. Surpreendente pela sua simplicidade, a exposição está organizada por divisões de uma casa - quarto, sala, escritório, cozinha e jardim. As experiências que lá estão são as descritas por Rómulo de Carvalho no seu livro A Física para o Povo.
 A exposição pode ser visitada, não só pela comunidade envolvente como pelo público em geral, durante a tarde de sábado e domingo, dias 02 e 03 de fevereiro e durante a semana por professores e alunos.

 
Livro de 1968
 

quinta-feira, janeiro 31, 2013

Pesadelo da Mini-Hídrica terá chegado ao fim

"Fantasma está completamente posto de parte" - afirmou Maurício Marques
De acordo com  notícia do Diário de Coimbra, está, definitivamente posta de lado a hipótese de construção de uma mini-hídrica no rio Mondego. A informação foi avançada pelo deputado do PSD, Maurício Marques, a quem foi dada a garantia durante uma reunião na Agência Portuguesa do Ambiente.
Por sua vez, o rio Mondego tem um projecto de recuperação de habitats, cuja candidatura deve ser apresentada já este mês de Fevereiro.
«Após várias batalhas, dei hoje (ontem) por ganha a luta contra a mini-hídrica do Mondego, pois, no desempenho das minhas funções parlamentares, fiquei não só a saber que este , como existe um “Projecto de Recuperação de Habitats no Rio Mondego” desde Formoselha, no concelho de Montemor, até à Raiva, concelho de Penacova», disse Mauricio Marques.
O Projecto de Recuperação de Habitats no Rio Mondego pressupõe uma intervenção nos obstáculos existentes e identificados ao longo do rio, entre Formoselha e a Raiva, e que impedem, por exemplo, que espécies como a lampreia, o sável, a savelha ou a enguia, possam subir o rio para desovar e renovar a espécie. Os obsctáculo – açudes – podem, de acordo com o projecto, ser submetidos a um simples rearranjo dos materiais que impedem a passagem dos peixes, adaptação, remoção parcial ou mesmo total dos obstáculos.

Grupo de Teatro de Tábua apresenta em Penacova "O Julgamento do Chocolate"


sexta-feira, janeiro 25, 2013

Mais vale prevenir

Por António Simões
Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Coimbra
 
A região centro, e em particular o distrito de Coimbra, foi fortemente afectado pelas condições atmosféricas adversas que se fizeram sentir nos últimos dias
Perante um cenário de múltiplas ocorrências, e confrontados com tantas adversidades, os Bombeiros souberam estar à altura das suas responsabilidades e mobilizaram-se de uma forma tão voluntária, abnegada e responsável, só possível num sistema organizacional com esta dimensão humanista.
Como não podia deixar de ser, os Bombeiros do distrito foram iguais a si próprios, sensíveis face aos momentos de aflição vividos pelas pessoas mais desprotegidas e vulneráveis, estiveram em todos os teatros de operações com todos os meios de que puderam dispor e a lutar, como sempre, pela salvaguarda das Vidas, dos bens e dos haveres dos cidadãos.
Esta resposta pronta dos meios de socorro, e também da população, face à dimensão dos acontecimentos, não pode, no entanto, fazer-nos esquecer as medidas preventivas a que todos somos, moral ou legalmente, obrigados.
Cada um de nós, enquanto cidadãos, pode sempre dedicar mais atenção àquilo que nos rodeia e adoptar pequenos gestos e atitudes capazes de minimizar os impactos negativos das intempéries. Por outro lado, as entidades responsáveis, as empresas de distribuição de electricidade ou de telecomunicações, os gestores de escolas, de hospitais, de lares, de restaurantes, podem sempre tomar medidas a montante, que evitem em parte algumas das situações vividas.
Das coisas mais simples, como a aquisição de geradores ou a colocação de depósitos de água alternativos, às mais complexas como o corte de árvores de grande porte, ou a limpeza de faixas de protecção das linhas da electricidade, muito pode ser feito no âmbito da prevenção.
Portugal é mesmo um jardim à beira-mar plantado, e os Portugueses estão muito pouco habituados às adversidades da natureza. Face às alterações climáticas, aos Invernos e aos estios cada vez mais severos, somos todos convidados a reflectir sobre se o nosso comportamento individual e colectivo é o adequado às novas realidades.
Uma nota final, uma vez mais, para a capacidade de mobilização dos Bombeiros e de todas as equipas de socorro, que ainda a recuperar do fim-de-semana, já estavam a ser chamados para o acidente ferroviário de Alfarelos.



originalmente publicado no Diário as Beiras

quinta-feira, janeiro 24, 2013

O Mundo (da Física) na Escola

Durante os próximos 15 dias a Escola Básica 2/3 de Penacova e a Escola Básica de José Malhoa, de Figueiró dos Vinhos estarão de portas abertas para desvendar alguns dos mistérios da física. As visitas às exposições são sempre acompanhadas pelos monitores Teresa Carvalho e Rui Fonseca que contam, igualmente, com a preciosa colaborações dos docentes dos respetivos estabelecimentos de ensino. As inaugurações de ambas as exposições vão ter lugar no dia 28 de Janeiro, às 10h30 em Penacova e às 15h00 em Figueiró dos Vinhos, contando com a presença da diretora do programa O Mundo na Escola, Ana Maria Eiró. As inaugurações de ambas as exposições vão ter lugar no dia 28 de Janeiro, às 10h30 em Penacova e às 15h00 em Figueiró dos Vinhos, contando com a presença da diretora do programa O Mundo na Escola, Ana Maria Eiró.

http://www.mundonaescola.pt/?page_id=2973