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Em véspera da Batalha do Buçaco, o Penacova Online, recorda alguns pormenores sobre um dos mais relevantes episódios da Guerra Peninsular, ocorrido há 215 anos. Para tal, trazemos aqui algumas notas tendo como base um excerto do artigo “A última campanha napoleónica contra Portugal [1810 1811]”, da autoria do coronel José Custódio Madaleno Geraldo, publicado na Revista Militar (nº 2501/2502 - Junho/Julho 2010).
Enquadrando o acontecimento, escreve ROBINSON * (Charles Walker Robinson, 1836 –1924):
“Wellington, achando-se situado detrás das cristas da Mucela, e tendo oficiais colocados nas montanhas com o fim de observarem a direcção da marcha dos franceses, determinou que se procurasse impedir o caminho a Massena na serra do Bussaco, com o fim não só de levantar o espírito dos seus próprios soldados e do povo português, mas também de ganhar tempo, que lhe permitisse poder retirar os seus armazéns de Coimbra e Condeixa, e auxiliar os camponeses na destruição das suas colheitas, e na devastação dos campos.
Esta serra oferecia uma posição muito forte, e havendo nesta ocasião chegado Hill e Leigh (o primeiro por se haver antecipado ás determinações de Wellington, marchando a reunir-se a este general logo que soube que Reynier seguira a encontrar-se com Massena, e o segundo vindo de Tomar).
Wellington formou, no dia 26 de Setembro, o seu exército em ordem de batalha sobre ela, com excepção das poucas tropas que tinha deixado na outra margem do Mondego em observação, e da cavalaria que fôra postada na estrada do Porto, ao sul do Sardão, vigiando a esquerda.
Wellington ordenou também que algumas milícias portuguesas saíssem de Lamego sobre Sardão e o desfiladeiro de Boialvo, para obstarem a que os franceses o torneassem por aquela estrada.
Quanto á estrada de Pena Cova era desnecessário guardá-la, por estar exposta ao fogo de artilharia da serra.
Massena aproximou-se no dia 26, e julgando que os ingleses estavam em menor força do que realmente [estavam], pois ignorava o facto da junção de Hill e de Leigh, tentou forçar a posição no dia 27 (com Ney e Reynier na frente e Junot na reserva), e deu a batalha do Bussaco. Nesta batalha os aliados eram em número de 49 000 e os franceses de 66 000”
*ROBINSON, C. W. - A Guerra da Península: 1808-1814. Lisboa: Typographia de Mattos Moreira & Cardosos, 1883, p. 102. (Texto com grafia actualizada)
Ofício de Lord Wellington a D. Miguel Pereira Forjaz
Escreve o Coronel José Custódio Madaleno Geraldo que nas suas pesquisas se deparou “com três descrições sobre os acontecimentos da Batalha do Buçaco, todas elas primeiras edições, de primeira água”, descritas na Gazeta de Lisboa, no Correio Braziliense e Recueil Choisi des Dépêches et des Ordres du Jourdu Field-Maréchal duc de Wellington, editados respectivamente em Lisboa (1810), Londres (1810) e Bruxelas (1843).
Perante tanta riqueza deixada por Wellington, resolvemos – escreve Madaleno Geraldo - seguir o texto que nos traz a primeira fonte ora descrita, isto é o Ofício de Lord Wellington a D. Miguel Pereira Forjaz, de 03 de Outubro de 1810. (Gazeta de Lisboa, n.º 237, Lisboa, 3 de Outubro de 1810).
[...] Às 6 da manhã do dia 27 o inimigo fez dois desesperados ataques sobre a nossa posição, um na direita, e outro sobre a esquerda do mais alto ponto da Serra. O ataque sobre a direita foi feito por duas divisões do segundo Corpo naquela parte da Serra, ocupada pela terceira divisão de infantaria. Uma divisão francesa chegou ao cume da cordilheira a tempo e foi atacada com a mais bizarra maneira pelo regimento 88, comandado pelo Tenente Coronel Wallace, e pelo regimento N.º 45 pelo muito honrado Tenente Coronel Meade, e regimento Português N.º 8, comandado pelo Tenente Coronel Douglas, dirigidos pelo Major General Picton. Estes três regimentos avançaram com baioneta calada, e fizeram retroceder a divisão do inimigo do terreno vantajoso que havia obtido. A outra divisão do segundo Corpo atacou a maior distancia na direita, pela estrada que vem por Santo António do Cântaro, igualmente em frente da divisão do Major General Picton. Esta foi repelida antes que tivesse chegado ao cume da Cordilheira pelo regimento N.º 74 comandado pelo honrado Tenente Coronel Trench, e pela brigada de infantaria Portuguesa, comandada pelo Coronel Champalimaud, dirigida pelo Coronel Makinnon. O Major General Leith igualmente se moveu para a sua esquerda, para apoiar o Major General Picton, ajudando a destroçar ao inimigo nesta parte o terceiro batalhão do regimento das Reaes, o primeiro batalhão do regimento 9, e o segundo batalhão do regimento 38. Nestes ataques distinguiram-se os Majores Generais Leith e Picton, os Coroneis Makinnon e Champalimaud no serviço Português, (e o qual foi ferido), o Tenente Coronel Sutton do regimento Portuguez N.º 9, o Major Smith do regimento 45, o qual infelizmente foi morto, o Tenente Coronel Douglas, e o Major Bermingham do regimento Portuguez N.º 8.
O Major General Picton reporta boa conduta dos regimentos Portugueses N.º 9 e 21, comandados pelos Tenentes Coronéis Sutton, e Araujo Bacellar, e da artilharia Portuguesa, comandada pelo Major Arentschild.
Tenho igualmente a mencionar de uma maneira muito particular a conduta do Capitão Dansey do regimento 88.
O Major General Leigth reporta a boa conduta do regimento Real, e do primeiro batalhão do regimento 9, e segundo batalhão do regimento 38; e peço permissão para assegurar a V. Ex.ª que nunca presenciei um mais bravo e denodado ataque do que aquele, feito pelos regimentos 88, 45, e pelo regimento Português N.º 8 sobre a divisão do inimigo, que havia subido a Serra.
Na esquerda o inimigo atacou com três divisões de infantaria do oitavo Corpo aquela parte da Serra, ocupada pela divisão de tropas ligeiras, comandadas pelo Brigadeiro General Crawford, e pela brigada Portuguesa, comandada pelo General Pack.
Uma única divisão de infantaria inimiga fez algum progresso na subida para o cume da Serra; porém foi imediatamente carregada à baioneta calada pelo Brigadeiro General Crawford com os regimentos 43, 52 e 95, e o regimento de caçadores Portugueses N.º 3; e obrigados a retroceder com imensa perda.
A brigada Portuguesa de infantaria, comandada pelo Brigadeiro Colemans, que estava em reserva, foi movida para suportar a direita da divisão do Brigadeiro General Crawford; e um batalhão do regimento Português N.º 19, comandado pelo Tenente-coronel Mack-Bean, fizeram um denotado e bem sucedido ataque contra um corpo de outra divisão do Inimigo, que estava procurando penetrar naquela paragem.
Neste ataque o Brigadeiro General Crawford, o Tenente-coronel Beckwith do regimento 95, e Barclay do regimento 52, e os Oficiais comandantes dos regimentos empregados nesta parte da acção distinguiram-se todos individualmente.
Além destes ataques as tropas ligeiras de ambos os Exércitos bateram-se durante todo o dia 27, e o regimento de caçadores Português N.º 4, e os regimentos N.º 1 e 16 dirigidos pelo Brigadeiro General Pack, e comandados pelos Tenentes Coronéis Rego, Barreto e Hill, assim como o Major Armstrong, mostraram grande firmeza e bravura.
A perda que o Inimigo sofreu neste ataque do dia 27, foi enorme.[...]
Wellington.”
Com adaptações e correcções de texto para a actualidade.
Um ano diferente para o projeto " Caminhos da Batalha do Bussaco" - podemos ler hoje na página do Município. "Este ano não tivemos os nossos passeios encenados, as nossas atividades que de forma diferente tentam levar de uma forma lúdica e cativante a história da Batalha do Bussaco e a sua importância nesta região. Este vídeo é uma retrospetiva do nosso trabalho até aqui realizado, mas é também uma homenagem ao grande responsável pela existência deste projeto. Em memória do "General" Luís Rodrigues."
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| CEMITÉRIO DE RICHEBOURG ONDE SE ENCONTRAM OS RESTOS MORTAIS DE MILITARES PENACOVENSES  | 
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| Lápide da sepultura de Daniel Alves em Richebourg  | 
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| Boletim  de Daniel Alves  | 
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| Duque de Wellington (gravura publicada no referido livro)  | 
António Alves Mendes da Silva Ribeiro nasceu em Penacova no dia 19 de Outubro de 1838, filho de Joaquim Alves Ribeiro e Joaquina Mendes da Silva. Faleceu no Porto no dia 4 de Julho de 1904.
Em Coimbra frequentou o Liceu (1853 a 1858) e o Curso Superior do Seminário (1856 a 1858). Também nesta cidade cursou Teologia na Universidade (1859 a 1863), formando-se a 8 de Julho de 1863.
Naquele dia 27 de Setembro deu-se a maior e mais sangrenta batalha travada em Portugal durante a Guerra Peninsular.
Depois de terem invadido Portugal por duas vezes, em 1807 e 1809, os exércitos napoleónicos, comandados pelo Marechal Massena, voltaram, no Verão de 1810, a atacar as nossas fronteiras.
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| Gravura publicada no século passado na imprensa local  | 
A senhora do Mont’Alto
Mandou-me agora chamar,
Que tem o seu manto roto,
Que que eu lho vá remendar!
A senhora do Mont’Alto
Lá vai pelo monte acima,
Leva a cestinha no braço
Para Fazer a vindima.
Ó senhora do Mont’Alto,
Eu não volto à vossa festa,
Que me tirais a merenda
E mai-la hora da sesta!
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| Imagens da Conferência e do  descerramento da lápide (Fotos originais de Mauro Carpinteiro / Arranjo de Penacova Online)  | 
Só no concelho de Penacova
(território actual) foram cerca de 60 pessoas assassinadas, entre elas uma
criança, e perto de 80 casas incendiadas, não contando com a destruição total de 6
aldeias e das “casas principais”, não contabilizadas, de Oliveira do Cunhedo.
Atingidas pelo fogo posto também 2 igrejas, 1 capela e 1 residência paroquial. 
Os relatos[1]
que cada paróquia - dos então arciprestados de Sinde, Arganil e Mortágua - fez
no rescaldo da incursão dos franceses, principalmente no primeiro trimestre de
1911, dão-nos uma ténue imagem do que realmente aconteceu. 
A freguesia mais atingida em termos
de vítimas pessoais foi sem dúvida Farinha Podre: assassinados 16 homens e 9
mulheres. O mapa elaborado pelo pároco regista mesmo os locais e por vezes os
nomes. Na Sede da freguesia pereceram 3 homens e 3 mulheres, em Hombres 5 homens
e 3 mulheres, em Laborins 2 homens, no Carvalhal, na Cruz do Soito e no
Silveirinho 1 homem em cada uma das terras. Calcula-se que muitas outras
pessoas terão acabado por morrer na sequência dos maus tratos sofridos. Também
a destruição de 30 casas incendiadas nos dão uma ideia da violência e do terror
espalhado na actual freguesia de S. Pedro de Alva. 
Na freguesia de S. Paio de
Farinha Podre assassinaram 1 criança, contabilizando-se no total 3 indivíduos
do sexo masculino  e três do sexo
feminino. Além de 8 casas incendiadas também a Igreja sofreu igual ofensa.
Nesta, roubaram imagens e objectos de culto.
Todo o concelho sofreu de um modo
ou de outro. Apenas a freguesia de Sazes terá tido a sorte de passar à margem
destas desgraças. Refere o relato do arcipreste que “nesta freguesia não
entraram franceses alguns.”
A freguesia de Carvalho foi outra das que sofreram duros revezes. Não tanto em mortes mas sim em destruição. Morreu 1 indivíduo do sexo masculino e é importante recordar que as aldeias de Seixo, Soalhal, Pendurada, Lourinhal e Cerquedo foram totalmente incendiadas. Quanto a roubos o relatório traduz a situação em poucas palavras dizendo que “tudo se foi”.
Por falar em aldeias incendiadas
passemos à freguesia de Penacova. A aldeia do Felgar foi também completamente
destruído pelo fogo. Foi esta zona da freguesia (Felgar, Travasso, Sanguinho,
Ferradosa, Hospital, Balteiro e Ribas) a mais atingida pelos invasores,
registando-se “pesados roubos” de gado, porcos, fruta e alfaias religiosas. Das
capelas do Travasso e da Riba de Cima levaram o cálice e “todos os ornamentos”.
No que toca a mortes há a referência a 5 homens e 3 mulheres.
Passando a Lorvão, há o registo do assassinato de 4 homens e a ocorrência de inúmeros “roubos sacrílegos”. Nas
capelas do Roxo e do Caneiro foram roubados cálices, patenas, paramentos e
óleos.
Figueira de Lorvão “foi menos
atacada”… No entanto, mataram António Francisco e F. Henriques dos Santos e
ainda Ana Marques, de 45 anos, moradora em Alagoa.
Em Paradela assassinaram Manuel Carvalinho e Isabel Henriques,
ambos na casa dos 80 anos. Na Sobreira foi um homem de 40 anos: António
Silveira e ainda uma mulher de 50 anos, viúva, Isabel Lemos. As violações foram
outro dos dramas vividos, quer nesta freguesia, quer em todas as zonas
atingidas. Nesta freguesia queimaram a residência paroquial “com tudo o que
tinha dentro” e 16 casas tiveram igual destino. Roubaram “todo o grão, vinho e
azeite”, hortas e gado. Destruíram 
searas e vinhas. Na Igreja “escavacaram” o trono, o altar-mor e o
sacrário. Queimaram todos os livros de Assentos, Pastorais e outros documentos.
Oliveira do Cunhedo e Travanca foram “visitadas” pelos  franceses em Setembro de 1810, nas vésperas da
batalha do Buçaco, e em Março de 1811 quando retiravam pela margem esquerda do
Mondego. 
Em Oliveira assassinaram 3 homens e 1 mulher e incendiaram
as “casas principais” da localidade. Roubaram casas, “grãos”, gado e a Igreja. 
Na freguesia vizinha de Travanca, mataram 3 homens, sendo um
deles Manuel Rodrigues, sapateiro de Lagares, com mais de 80 anos. Outro foi
vítima de cutiladas. Uma mulher casada foi presa, acabando os soldados de Napoleão por “a
deixar”…provavelmente violada como tantas outras. Queimaram 7 das melhores casas e roubaram
tudo o que apanharam na residência paroquial. Na Igreja, que foi assaltada por
duas vezes, “arrancaram a pedra de Ara”, destruíram o sacrário e relíquias e
até os galões dos paramentos levaram.
Em Friúmes assassinaram 6 homens e 4 mulheres. Luís António
levou um tiro na cara e João Reis foi enforcado na Igreja, escapando por
milagre. Incendiadas 15 casas, queimada a Igreja e a capela do Espírito Santo
em Vale do Tronco (que acabou por ser demolida). Roubaram 600 cabeças de gado, 800 alqueires de milho, 10 pipas de vinho e 60 alqueires de azeite.
Milhares de páginas se escreveram nestes 200 anos passados
sobre a chamada Guerra Peninsular. E quem se lembra das “vítimas mais humildes
e ignoradas”, das “populações civis espoliadas, cruelmente martirizadas e
assassinadas”? – perguntamos também, subscrevendo  as palavras de Maria Antónia Lopes, da
Faculdade de Letras e Centro de História da Sociedade e da Cultura da
Universidade de Coimbra.
[1] Relatórios
elaborados pelos párocos e arciprestes da diocese de Coimbra, dando conta dos
“Estragos, incêndios e mortes causados pelo exército na invasão de 1810-1811”.
EVOCANDO O 93º ANIVERSÁRIO DA SUA MORTE E O CENTENÁRIO DA VISITA PRESIDENCIAL AO BRASIL transcrevemos as referências feitas a António José de Almeida, ilustre penacovense, pela REVISTA DA SEMANA na edição de 9 de Novembro de 1929 publicada no Rio de Janeiro
“A morte do eminente estadista português António José de Almeida, ocorrida em fins da semana última, repercutiu dolorosamente na alma brasileira, por isso que o grande morto – figura inconfundível de revolucionário, de médico, de orador – era para os Brasileiros um vulto quase familiar: era um “cidadão carioca”, título que lhe foi conferido quando da sua honrosa visita, na qualidade de Presidente de Portugal, ao Brasil. Homenageando a memória do grande morto, reproduzimos nesta página dupla alguns aspectos fotográficos tirados há sete anos, quando da visita de António José de Almeida ao Rio de Janeiro, publicando em outro lugar a nota de redacção sobre o pensamento do eminente estadista.