terça-feira, fevereiro 25, 2025

𝟭º 𝗙𝗲𝘀𝘁𝗶𝘃𝗮𝗹 𝗟𝗶𝘁𝗲𝗿á𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗲 𝗣𝗲𝗻𝗮𝗰𝗼𝘃𝗮: uma síntese


A 1ª edição do Festival Literário de Penacova realizou-se de 17 e 22 de Fevereiro. O evento incluiu uma feira do livro, palestras, apresentações de livros, espectáculos de poesia, teatro, música e dança, além da realização de ateliês de artes visuais. 

O festival foi organizado pelo Município de Penacova em colaboração com o Agrupamento de Escolas de Penacova, a Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares e a Rede Nacional de Bibliotecas Escolares (programas “A Ler Mais e Melhor” e “Pró Literacias”). 

O site e-cultura destacou palavras do presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, considerando o Festival Literário de Penacova muito mais do que um evento cultural: "Este evento não só promove Penacova como um polo cultural de excelência, mas também incentiva o envolvimento de toda a comunidade, desde as escolas até às associações locais. Queremos que este festival seja uma referência anual, capaz de atrair visitantes e de enraizar ainda mais o gosto pela leitura e pelas artes na nossa população."

Ainda, na opinião de Álvaro Coimbra, "esta 1ª edição é uma oportunidade única para reforçarmos o papel da literatura e das artes como pilares da educação e do crescimento da nossa comunidade. Reunir nomes de dimensão nacional e internacional numa iniciativa de um município do interior é um motivo de grande orgulho e um sinal claro do nosso compromisso com a cultura”.

O presidente do município sublinhou ainda a relevância de proporcionar o acesso gratuito às atividades, na medida em que  "a cultura deve ser acessível a todos, e é com essa premissa que estruturámos este festival. Estou certo de que esta será uma experiência enriquecedora para todos os participantes e que, juntos, daremos um importante passo para consolidar Penacova como um ponto de encontro entre a literatura, as artes e a educação." - podemos ler igualmente em e-cultura.

No primeiro dia, além da inauguração oficial, foi também aberta a Feira do Livro e inaugurada a Exposição do Festival Internacional de Imagem de Natureza.

Seguiram-se as Palestras de Carlos Fiolhais (físico e divulgador de ciência) e de João Gobern (jornalista e escritor) sobre o poder do conhecimento e da literatura e o impacto da leitura no conhecimento e na sociedade, complementada com uma conversa com os mesmos, moderada pelo radialista e escritor Fernando Alvim. 

Ainda no primeiro dia do festival, Pedro Chagas Freitas apresentou  “O Rei Tigão”, o seu mais recente livro, e Fernando Alvim, a obra “Ninguém Disse Que Iria Ser Fácil”.

No segundo dia do evento decorreu a apresentação do livro "Fomos Mais do Que um Erro", com Raul Minh’alma e a abertura da Exposição “Camões, Engenho e Arte”, com trabalhos dos alunos do ensino secundário de Penacova. 

No terceiro dia, no início da manhã, foi apresentado o espetáculo teatral da companhia ADN de Palco - "A Noite dos Vilões"- sobre o impacto das novas tecnologias na leitura e na imaginação. Seguiu-se a exibição do filme "O Crime do Padre Amaro", uma adaptação cinematográfica da obra de Eça de Queiroz. A apresentação do livro "Em Nome do Pai – Abusos Sexuais na Igreja em Portugal", da jornalista Sónia Simões, encerrou o programa da manhã. Ao início da tarde teve lugar uma “Conversa” com o Pe. João Paulo Vaz sobre "Tabus da Fé: Perguntas que ninguém ousa fazer a um padre", moderada por Miguel Gonçalves e Sónia Simões. 

O dia 20, quarto dia do festival, iniciou-se com uma palestra de Daniel Joana sobre o Padre António Vieira, a que se seguiu um momento cultural com um poema de Camões musicado pelos alunos da EBA- Escola Profissional Penacova e uma apresentação de dança tradicional de São Tomé e Príncipe. A “poesia dita e sentida” marcou presença com  Pedro Lamares que trouxe até Penacova "Entre nós e as palavras”. 

Na sexta-feira, dia 21, esteve presente no evento José Luís Peixoto com uma palestra / conversa sobre a “Arte de habitar vidas paralelas através da leitura e da escrita”,  moderada por Pedro Miguel Gonçalves. 

A literacia dos media foi o tema central de um outro debate sobre a importância do pensamento crítico no ensino. De referir também o espetáculo da Escola de Artes de Penacova "Diálogos de liberdade". 

À noite realizou-se o espetáculo musical "Raízes de um povo", com Maria da Luz Lopes, vendedora de tremoços, que cantou temas penacovenses, acompanhada de Ana Gomes, (aluna da Escola de Jazz de Coimbra) e  do Coral Divo Canto. 

Rodolfo Castro encerrou o programa da noite com uma sessão de contos.

Durante o dia de Sábado e a encerrar a Semana Literária, realizou-se uma oficina de Leitura em Voz Alta conduzida por Rodolfo Castro, a que se seguiu a iniciativa "À Volta dos Livros: Veterinário" e a peça de teatro infantil "O Príncipe Nabo".

À noite, esteve em palco a performance poética "Metafisicamente d’Outro Mundo", apresentada por  Pedro Freitas, poeta, artista e “dizedor” de poesia, que iniciou o seu percurso aos 16 anos  (concurso “Dá Voz à Letra”, da Fundação Calouste Gulbenkian). Os seus vídeos de leitura de poesia portuguesa chegam, nas mais diversas redes sociais, procuram influenciar os mais jovens a descobrir o mundo da poesia portuguesa e chegam a milhares de pessoas em todo o mundo. 

A imprensa regional e nacional noticiou largamente o evento, apesar de nalguns órgãos de projecção nacional se ter gerado um circunscrito coro de críticas (negativas) a este tipo de eventos e a alguns aspectos concretos do seu programa inicial.

Para o Município, este festival marcou um momento histórico para o concelho.  "Trouxemos nomes incontornáveis da literatura e do pensamento para discutir temas fundamentais e promover o gosto pela leitura. A forte adesão do público prova que há espaço para iniciativas como esta e que a cultura pode e deve chegar a todos" – referiu a organização.


                                                        

VEJA OS VÍDEOS-SÍNTESE de cada um dos dias PUBLICADOS PELO MUNICÍPIO DE PENACOVA NAS REDES SOCIAIS:






A SEGUIR
FOTOS PUBLICADAS NAS REDES SOCIAIS DO MUNICÍPIO











































































domingo, fevereiro 16, 2025

𝐏𝐞𝐧𝐚𝐜𝐨𝐯𝐚, 𝐚 𝐯𝐢𝐥𝐚 "𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐩𝐫𝐨𝐯𝐞𝐢𝐭𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐝𝐨𝐛𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐫𝐢𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐞𝐱𝐢𝐛𝐢𝐫 𝐯𝐢𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐥𝐨𝐧𝐠𝐚𝐬 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐞”


A beleza das vistas, tendo o Mondego como eixo de referência, é um sem parar de surpresas. As encostas ora são redondas e cobertas de plantas, ora são rochosas e escarpadas, ora misturam a suavidade de umas com a aspereza de outras. Fecham-se em ravinas, para logo se abrirem em pequenos vales férteis, à espera das enchentes. A terra é intensa, séria, a contrastar com a leveza doce da água transparente. Penacova fica numa dessas pinturas, encavalitada na encosta. É uma vila branca, que aproveita uma dobra do rio para exibir vistas longas sobre o vale. (…)


Portugal Passo a Passo foi uma publicação que circulou no mercado editorial em meados da década de noventa, há 30 anos sensivelmente, distribuída por diversos volumes (correspondentes às tradicionais províncias). 

No tomo dedicado à Beira Litoral encontramos interessantes referências a Penacova. O registo fotográfico é especialmente curioso. Veja-se, por exemplo, a zona degradada da Igreja Matriz e ruas envolventes, a panorâmica da Carvoeira, alguns trechos do Mondego, interessantes pormenores de Lorvão...








quarta-feira, fevereiro 12, 2025

Os últimos barqueiros do Mondego...


O nº 6 da revista Antropologia Portuguesa publicou, em 1988, um excelente artigo de Edgar Lameiras, intitulado "Contributo para o estudo da navegação comercial e dos sistemas primitivos de transporte de carga do rio Mondego a montante de Coimbra". 

Trata-se de um importante texto para a história da barca serrana e dos barqueiros do Mondego. O autor apresenta-nos, em apêndice, uma "Relação dos barqueiros ainda vivos [até Junho de 1987] dos diferentes lugares, ao longo do Mondego", que fazendo fé do rigor da investigação, abrangerá, se não todos, a maioria dos "últimos" barqueiros.

BESTEIRO
Arlindo Alves

CANEIRO
Américo Ralha
António Lopes Moreira
José Calhau (dono, em tempos, de uma barca. Chegou a ter ao longo da sua vida
5 barcas).

Manuel Calhau
Mário Lopes
Zé d'Assunção

CARVALHAIS
Manuel de Oliveira

CARVALHAL
Alípio Martins
Artur Ferreira
Américo Poças
Joaquim Silva

CARVOEIRA
António Caixeiro
António Pais
António Tomás
Constantino Grilo
Daniel Caixeiro
Jaime Oliveira (dono, em tempos, de urn barco)
Leonel Tomás

COIÇO
José das Carvalhas

CUNHEDO
Afonso Ferreira Febras
José Ferreira Febras
Manuel Ferreira Febras

GONDOLIM
António Lopes Flórido
António Maia de Oliveira (foi barqueiro só ate aos 20 anos)
António Martins Belbouche
Joaquim Martins Belbouche (dono, em tempos, de um barco)
Leonel Martins Branco
Manuel Duarte (dono, em tempos, de uma barca de passagem )

MIRO
Alípio Alves
Alípio Fernandes
David d'Ascenção
Mário Fernandes

OLIVEIRA DO MONDEGO
António Costa (dono, em tempos, de uma barca de passagem)

PONTE (de Penacova )
Alípio Manso
Alípio dos Santos
Alípio da Silva Cruz
Daniel Praça
Daniel da Silva Cruz
Henrique dos Santos
Joaquim Pinéu

RAIVA
Manuel

REBORDOSA
Américo Granha
Eugénio FIórido
Henrique Padilha de Oliveira
Maximino Padilha de Oliveira

RIBA DE BAIXO
Diamantino (Carapinha) dos Santos (dono, em tempos, de um barco)
José de Adelaide
José Alves Novo
José da Cruz
Mário Alves

SOUTELO
Mauro da Silva Carvalho

SOITO
Abel da Cruz
António Martins Calrrinho (dono, em tempos, de uma barca)
Francisco Alves
José da Cruz

TERREIROS DE ST. ° ANTÓNIO
João Santos (dono, em tempos, de pelo menos seis barcos

VILA NOVA
Armando Alves
Armando Oliveira Courtão
José (da Rabeca) Ferreira da Silva
Luís de Oliveira Courtão

Edgar Lameiras resume o artigo do seguinte modo:

“Factores de diversas ordens faziam com que o rio Mondego fosse, desde tempos remotos, preferencialmente usado no transporte e exportação de mercadorias oriundas das diferentes localidades ao longo do rio: azeite, vinho, cereal e principalmente lenha, carqueja, ramalheira, carvão e madeira (cortada das encostas do concelho de Penacova) para Coimbra e Figueira da Foz. Já rio acima, transportavam produtos que as populações serranas carenciavam (por exemplo sal), sendo descarregados principalmente no Porto da Raiva (com as suas feiras às 2.as e 5.as feiras onde o material era rapidamente escoado). Vários eram os sistemas primitivos de transporte de carga a montante de Coimbra, que percorriam o Mondego: barca serrana, barco, barco de Palheiros, barco de passagem e barco do trabalhador. Mas vários condicionalismos contribuíram para o quase total desaparecimento destes tipos de embarcações, apesar de presentem ente alguns esforços terem sido feitos no sentido da sua preservação."




quinta-feira, fevereiro 06, 2025

Da minha janela: O "sabor" do Bairro

 


Bairro era uma forma de gestão do território municipal

Existia estruturado para alojamento, também nupcial

Não lhe estava alheio o anseio, conjuntural, de dar lar

A quem dele precisava

A quem se amava

E queria fazer crescer a sua Família, em reprodução 

O Bairro era específico 

Característico

E por isso tinha sabor

Saboreava-se o ar circundante

O cheiro das comidas em confecção

O da amizade a pairar, que crescia ali “à mão” 

Cada Bairro se foi desenvolvendo

Passou a ter Jardim Escola

Deu benefícios no Centro de Saúde 

As crianças passaram a ter Locais de Encontro

E Bombeiros 

E Postos da PSP ou da GNR

E Associações de Canto

De Teatro

De Dança 

Muitas vezes, até, instalações de Junta de Freguesia

Sem esquecer a existência do Parque Infantil

E de Parques de Merendas, aos mil

Era o Bairro do amor 

Um aglomerado, esmerado

Que também era sedutor

Depois passou para as ex-quintas, nas colinas, nas ravinas

Nas zonas menos nobres, até pobres

E aglomerava gentes sem sortes

Estratificada nas classes sociais

Nas ditas “zonas urbanas sensíveis” 

Empurradas para fora do centro

Dos centros urbanos iluminados

Longe dos mais ricos e decanos

Para não se misturarem as pessoas

Fossem elas más ou boas

Arrumavam-se mais longe

Embora se dependesse delas 

À medida que evoluiu a pressão imobiliária 

As casas diminuíram muito na qualidade

Os moradores têm muito mais dificuldade

As relações sociais degradam o espaço protector 

As crianças não têm acompanhamento 

Valoriza-se só a alegria do momento

Que não a que combate o sofrimento 

Mais droga pr’aqui; mais álcool pr’ali 

Mais violência pr’acoli…e pobreza muita, aí

Tudo o que lhes escondemos no triste sabor

Das casas acrescentadas de barracas degradadas

E tendas de campismo ou de plásticos rasgadas

E é este o Bairro do desamor

Que acorda bem cedo na sua dor

Com humanos, como nós, já cheios de pavor!


Luís Pais Amante

Casa Azul

A pensar na letra e na música do Jorge Palma “O Bairro do Amor” que servirá de tema a um Congresso de gente Amiga, sem esquecer o “momento” socialmente destrutivo que criámos, enquanto Nação de Emigrantes.


quarta-feira, fevereiro 05, 2025

Centros Interpretativos de Lorvão: uma visita obrigatória


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Inaugurado em 17 de Julho de 2023 [ver notícia RTP: https://x.gd/FszZA ]


Segundo a tradição, a origem do Mosteiro recua ao ano de 561. Os documentos escritos fixam a data mais tarde, nos séculos IX ou X (anos de 800 ou 900), segundo os diferentes autores.

Lorvão teve um papel crucial contra os assaltos muçulmanos. Devido à sua implantação estratégica serviu de zona de proteção ao povoamento da região de Coimbra. 

O monumento é especialmente reconhecido pelo seu cartulário (lugar onde se guardam os livros de registo e documentos importantes), no qual foram copiados os mais antigos documentos produzidos em território português. E pela produção de manuscritos do seu scriptorium, em particular, o Apocalipse de Lorvão, distinguido como Memória do Mundo pela UNESCO. 

Em 1211, expulsos os monges beneditinos, Lorvão converteu-se num Mosteiro feminino, da ordem de Cister, dirigido pela filha de D. Sancho I, D. Teresa. 

Das antigas instalações que serviram as diversas comunidades religiosas, permanecem alguns vestígios. Os edifícios conservados, todavia, datam, na sua maioria, dos anos de 1600 a 1800.

A extinção das ordens religiosas levou ao abandono do mosteiro a partir de 1887 e à sua progressiva deterioração. Em 1960 foi instalado, na zona dos dormitórios, um Hospital Psiquiátrico. A instituição foi, entretanto, extinta e o espaço está a ser alvo de um projeto de reabilitação. 

O Mosteiro de Lorvão - portaria, igreja e claustro, apresenta agora um percurso de visita contextualizado, respeitando a prática devocional que aqui se mantém, e um novo espaço museológico, o Centro Interpretativo do lugar e acervo, no edifício construído no sobreclaustro, obra do arquiteto Mendes Ribeiro.

 [Texto do desdobrável promocional]




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Inaugurado no Dia do Município, 17 de Julho de 2024

https://x.gd/hmBkN

A origem da Casa do Monte remonta ao início do séc. XVIII, com o objetivo de alojar alguns dos muitos convidados nobres, para a cerimónia de Transladação das Santas Rainhas Teresa e Sancha dos túmulos de pedra para as urnas de prata, onde hoje se encontram no Mosteiro de Lorvão. 

Este novo núcleo museológico tem como tema central o palito, verdadeiro objeto icónico de Lorvão e de Penacova, conhecido e reconhecido nos quatro cantos do mundo. 

O percurso expositivo está dividido por oito salas que retratam a origem do palito, os vários tipos, o artesanato, o quotidiano em Lorvão ligado à manufatura, a etnografia, a industrialização, etc. A manufatura dos palitos tem origem no mosteiro de Lorvão. Começaram por ser feitos pelas monjas, para decorar a doçaria conventual. 

A extinção das ordens religiosas, no século XIX, contribuiu para disseminar os palitos pela população. A manufatura extravasou as portas do mosteiro e rapidamente se tornou numa importante fonte de rendimento para os habitantes de Lorvão e povoações vizinhas. 

A abundância de matéria-prima na região, sobretudo madeira de salgueiro-branco e choupo deu um forte contributo à sua expansão. A manufatura do palito inspirou a criação de outros artefactos em madeira representativos do património do concelho, tais como as miniaturas da roda, do moinho de vento e da barca serrana, peças que nasceram das mãos da artesã Fátima Lopes.  

[Texto do desdobrável promocional]





sábado, fevereiro 01, 2025

Laborins [ e arredores ] em festa: Nossa Senhora das Candeias



Por estes dias, Laborins (o cartaz faz questão de anunciar que a festa também é de Vale da Serra, Arroteia, Carvalhal e Beco...) vai estar em Festa. A antiquíssima tradição destes lugares vai repetir-se. Veja-se esta pagela que já terá uns bons anos e que era disponibilizada perto do cesto das ofertas pecuniárias que os devotos depositavam junto à imagem da venerada Senhora das Candeias.



A origem desta devoção a Nossa Senhora das Candeias está relacionada com a Apresentação do Menino Jesus no Templo e a Purificação de Nossa Senhora, quarenta dias após o Natal. Para assinalar esses acontecimentos surgiu então a  Festa de Nossa Senhora da Purificação, celebrada pela Igreja Católica a 2 de Fevereiro, e o culto a Nossa Senhora das Candeias. 

Em Portugal, esse culto nasceu a partir do século XV. Segundo a tradição deve-se a Pedro Martins. Num sonho lhe ter-lhe-á aparecido Nossa Senhora envolta em luz, que lhe indicou que iria encontrar uma imagem sua em Carnide, nos arredores de Lisboa. Aí foi construído um convento e uma igreja dedicada à Senhora da Luz, que foi muito danificada com o terramoto de 1755, mas foi reconstruída e é hoje  a Igreja Paroquial daquela freguesia.

Rapidamente o culto cresceu e se expandiu, não só em Portugal. No Brasil, por exemplo, é padroeira da cidade de Curitiba, no Estado do Paraná. Nas ilhas Canárias, “Nossa Senhora da Candelária” é, igualmente, a padroeira.  Em muitos outros lugares do nosso país, como em Terroso (Póvoa de Varzim), Mourão (Alentejo), Samuel (Soure), Ferreiros (Lamego), Delães e Landim  (Famalicão), S. Faustino (Guimarães), Nespereira (Lousada), esta festividade é assinalada com grande fervor.

O Papa, no século X, oficializou esta celebração que se chama , em rigor, “Festa da Apresentação do Menino Jesus no Templo e da Purificação de Nossa Senhora”,  começando, precisamente, por ser uma procissão à luz de candeias.

Nossa Senhora das Candeias era tradicionalmente invocada pelos cegos (como afirma o Padre António Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus: «Perguntai aos cegos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora das Candeias"...