sexta-feira, maio 30, 2025

Freguesia de Penacova em 1876: a Ponte da Carrapiça e outras curiosidades



O lugar ainda existe? Fazemos a pergunta, dado que não somos da freguesia de Penacova. Não fazemos ideia onde ficava, ou se ainda fica... O que é certo é que a designação é muito antiga: aparece. por exemplo, no Livro de Assentos de Óbito do ano de 1876:

"Aos dezanove dias do mês de Maio do ano de mil oitocentos e setenta e seis (...) no sítio da Ponte da Carrapiça, limite e freguesia de Penacova, concelho de Penacova, diocese de Coimbra, faleceu um indivíduo do sexo feminino com todos os Sacramentos, Maria de Jesus, de idade de quarenta anos, casada com José de Novais (...). Não testou nem deixou filhos e foi sepultada no Cemitério Público. (...)
O Prior: Francisco de Paula Queiroz

No Alentejo e Algarve o apelido é frequente: já  a 22 de Julho de 1891, Joaquim José Carrapiça, arrendou a Horta do Malhão (Évora) a Joana Vitória de Oliveira por 100$000 réis.

No entanto, a Revista Lusitana (I, 310), de finais do séc. XIX, regista o termo como sendo um dialecto português, existente por exemplo, em Rio Frio (Bragança) com o significado de "pedaço de velo a que é difícil desfazer os nós"; daí, o verbo carrapiçar que significa desfazer os nós da lã para a cardar.

Circulam na net imensos textos com nomes insólitos de terras de Portugal...
Ponte da Carrapiça...mais um a juntar à lista?

- o -

quarta-feira, maio 14, 2025

Da minha janela: 𝕆 𝕙𝕦𝕞𝕒𝕟𝕠 𝕢𝕦𝕒𝕤𝕖 𝕤𝕖𝕞 ℍ𝕦𝕞𝕒𝕟𝕚𝕕𝕒𝕕𝕖


O humano quase sem Humanidade

Humano é assumido, taxonomicamente, como “pessoa, gente ou homem…caracterizado por ter cérebro grande, o que permitiu o desenvolvimento de ferramentas, culturas e linguagens avançadas”.

A palavra “humano” vem do latim humanos, que é a forma adjectiva, do nome homo, que significa homem.

Os humanos tendem a viver em estruturas sociais complexas, compostas por grupos cooperantes e concorrentes, desde a Família, às redes de parentescos, até aos Estados.

As interações sociais estabeleceram uma ampla variedade de afectos, de valores, de normas e de rituais, que fortaleceram até agora a Sociedade Humana.

“A curiosidade e o desejo humano de compreender e influenciar o meio ambiente e de explicar e manipular fenómenos, motivaram o desenvolvimento da ciência, filosofia, mitologia, religião e outros campos de estudo”.

A tudo isto entrosado se pode, com propriedade, chamar Humanidade!

As Universidades têm pilares importantes ligados a estas realidades e, ultimamente, o estudo  científico desenvolveu, muito, tudo quanto gira à sua volta.

Do latim humanitas, Humanidade é um adjectivo polissémico, cujo sentido começa na designação objectiva do conjunto de todos os seres humanos que habitam a terra.

E, daqui, chegamos ao Humanismo: 

- postura ética e democrática que valoriza o ser humano e a sua capacidade de transformar o mundo.

… Transformar, pensava eu, no sentido positivo.

Ora, 

Aqui chegados, sabendo nós que a parte significativa das normas que tratam destes assuntos estão integradas em Tratados da ONU (de que falei há pouco tempo), entre os Estados (ou aglomerados de Estados), nas Constituições, nos Códigos e, até, nas Leis da Guerra, dos Direitos Humanos, etc, não é difícil concluir que, pé ante pé, se vai desmoronando todo este Edifício que parecia passível de ser/estar cada vez mais consolidado.

- O modo como se têm colocado os Países Africanos em fome quase total, roubando-lhes as riquezas naturais, é paradoxal; 

- O modo como se matam crianças indefesas, por razões diversas, é inexplicável;

- O modo como se desprezam os direitos das Mulheres, a sua Liberdade e a sua integridade, é simplesmente vergonhoso;

- O modo como se distribui uma Saúde para os mais ricos e outra para os mais pobres, faz regredir centenários na Humanidade;

- O modo como as Guerras se sobrepõem à paz, não se pode tolerar e tem de se parar;

- O modo como se distribui a riqueza, atingiu patamares inconcebíveis;

- O modo como “os mais fortes” fazem demonstrações de força contra “os mais fracos”, são deploráveis.

Tudo avança a velocidades diferentes, com a capitulação quase total das Autoridades, lactu senso consideradas, que já nada valem, nada controlam e nada querem controlar…

Pior do que tudo isso, ainda, é o crescimento desmesurado - e sem travões aparentes - de seres autocráticos, oligárquicos, anti-democráticos, até terroristas e corruptos, que derrapam, sem oposição, para regimes onde se desenvolvem ditaduras ferozes.

Era esta -ou muito próxima- de resto, também, a visão de uma figura emblemática da Igreja Católica que desapareceu recentemente: o Papa Francisco, Jorge Bergoglio, de origem Argentina, nascido no Bairro das Flores -por onde passeei em Buenos Aires com o meu amigo Ucraniano Igor Holovko- que muita falta nos vai fazer;… a todos, todos, todos!

Cresci e fui ensinado para ter em atenção (e trabalhar) o bem-estar do próximo; Lutei muito pelo avanço de reformas sociais; Aprendi a ser um homem tolerante, amigo do compromisso.

E pergunto: - Por onde anda, afinal, a educação para o ser humanitário, que procura o bem-estar do próximo, quer através de ajuda, quer através da defesa intransigente dos chamados Direitos Humanitários?

Não anda, pura e simplesmente.

… Parou no tempo e isto está a tornar-se absolutamente dramático!

Luís Pais Amante




sábado, maio 10, 2025

Apocalipse em Lorvão...


O Livro do Apocalipse de Lorvão volta ao Mosteiro de Lorvão, em Penacova, para uma exposição inédita que decorre de 1 a 18 de Maio, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão. Considerado um dos mais belos manuscritos medievais do mundo, o códice foi copiado em 1189 pelo monge Egeas e integra, desde 2015, o Registo Memória do Mundo da UNESCO.


A mostra é organizada pela Câmara Municipal de Penacova, em parceria com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e inclui um programa cultural diversificado, com ciclos de concertos, palestras e oficinas didácticas para crianças. Os concertos realizam-se nos dias 2, 9 e 16 de Maio, às 21h30, enquanto as palestras decorrem nos dias 3, 10 e 17 de Maio, às 15h30. A programação contempla ainda actividades educativas para o público escolar.

O acesso à exposição faz-se através de um bilhete único de 8 euros, que inclui a entrada na mostra do Livro do Apocalipse, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão e no Centro Interpretativo do Palito. Os residentes no concelho de Penacova beneficiarão de condições especiais de acesso.

Este ano assinala-se o décimo aniversário da inscrição do manuscrito no Registo Memória do Mundo da UNESCO, e a sua exibição em Lorvão representa uma oportunidade rara para investigadores e público em geral apreciarem a obra no local onde foi produzida há mais de oito séculos.

O presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, sublinha o simbolismo do evento: “O regresso do Livro do Apocalipse ao Mosteiro onde foi iluminado é um acontecimento de grande significado para Penacova e para o país. Mais do que uma exposição, trata-se de um reencontro com a nossa identidade histórica”. O autarca destaca ainda a importância da iniciativa na afirmação de Lorvão como destino cultural e turístico.

Fábio Nogueira, curador da exposição, realça a importância do momento: “Ter a possibilidade de expor o Livro do Apocalipse no local onde foi copiado e apresentá-lo com rigor científico e sensibilidade expositiva é um privilégio”. Já Mauro Carpinteiro, responsável pela empresa municipal de turismo Penaparque, salienta a vertente turística do evento: “Criámos um circuito que cruza história, espiritualidade e cultura, tornando esta experiência imersiva para visitantes de todas as idades”.

O Livro do Apocalipse de Lorvão é uma cópia do famoso códice de Beato de Liébana (séc. VIII), ilustrado com iluminuras em tons de vermelho, laranja, amarelo e preto. Trata-se de um comentário ao Livro do Apocalipse, o último livro do Novo Testamento, que contém as revelações recebidas pelo Apóstolo S. João, o Evangelista quando este se encontrava na ilha de Patmos. O manuscrito foi conservado no mosteiro até 1853, quando foi transferido para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo por Alexandre Herculano.

De acordo com o município de Penacova, “a exposição será um dos destaques da programação cultural nacional de 2025, proporcionando um reencontro simbólico com o passado e uma rara oportunidade de ver ao vivo um dos tesouros mais valiosos da cultura medieval portuguesa”.

FONTE: CORREIO DA BEIRA SERRA

https://correiodabeiraserra.sapo.pt/livro-do-apocalipse-do-lorvao-copiado-em-1189-regressa-a-penacova/


sexta-feira, maio 02, 2025

Os Contos da Casa Azul – O Clube da Netaria

É já amanhã que vai ser apresentado, num encontro restrito de familiares e amigos dos autores, Ana Amante & Luís Amante, um livro infantil, ilustrado por Mara Silva, que vem, certamente, enriquecer o património cultural e literário da nossa vila, do nosso concelho.

Perspectiva-se também uma apresentação pública na vila de Penacova. Será muito em breve, em data a anunciar. Vamos ficar atentos.

Uma espreitadela à introdução permitiu-nos ler as seguintes passagens:

“𝐎𝐬 𝐚𝐯ó𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐭𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐧𝐚𝐪𝐮𝐞𝐥𝐞 𝐝𝐢𝐚 𝐥𝐮𝐦𝐢𝐧𝐨𝐬𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐮𝐦 𝐚𝐨 𝐨𝐮𝐭𝐫𝐨 𝐨𝐬 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐦𝐚𝐫𝐚𝐯𝐢𝐥𝐡𝐨𝐬𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐢𝐯𝐞𝐫𝐚𝐦. (…) 

𝐏𝐞𝐧𝐬𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐭𝐨𝐫𝐧𝐚𝐫 𝐨 𝐞𝐬𝐩𝐚ç𝐨 𝐝𝐚 𝐪𝐮𝐢𝐧𝐭ã 𝐝𝐚 𝐂𝐚𝐬𝐚 𝐀𝐳𝐮𝐥, 𝐮𝐦 𝐥𝐮𝐠𝐚𝐫 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨, 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐮𝐭𝐚 𝐞 𝐝𝐞 𝐜𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐝𝐞 𝐚𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐢𝐳𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐜𝐨𝐦 𝐞𝐱𝐩𝐞𝐫𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚𝐬 𝐟𝐚𝐦𝐢𝐥𝐢𝐚𝐫𝐞𝐬, 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐧ã𝐨 𝐬ó à𝐬 𝐬𝐮𝐚𝐬 𝐟𝐚𝐦í𝐥𝐢𝐚𝐬, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐨𝐬 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨𝐬 𝐞 𝐦𝐞𝐧𝐢𝐧𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐅𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐚 𝐕𝐢𝐥𝐚 𝐝𝐞 𝐏𝐞𝐧𝐚𝐜𝐨𝐯a (…) 

𝐍𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐯𝐚𝐦 𝐚𝐛𝐫𝐚ç𝐚𝐫 𝐨 𝐂𝐥𝐮𝐛𝐞 𝐝𝐚 𝐍𝐞𝐭𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞, 𝐚 𝐞𝐧𝐬𝐢𝐧𝐚𝐫𝐞𝐦-𝐚𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐞𝐫𝐞𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐝𝐚 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐚 𝐞 𝐝𝐚 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞𝐚𝐣𝐮𝐝𝐚, 𝐜𝐨𝐦 𝐩𝐚𝐜𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚, 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐞 𝐝𝐞𝐯𝐚𝐧𝐞𝐢𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐬 𝐬𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐝ã𝐨 𝐟𝐨𝐫ç𝐚 𝐞 𝐞𝐧𝐞𝐫𝐠𝐢𝐚 à 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐚-𝐦ã𝐞 𝐞, à 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐧𝐚𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥 𝐞 𝐡𝐮𝐦𝐚𝐧𝐚 𝐞𝐦 𝐞𝐪𝐮𝐢𝐥í𝐛𝐫𝐢𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐍𝐚𝐭𝐮𝐫𝐞𝐳𝐚."

Entretanto, as aventuras começam...

“𝔼𝕣𝕒 𝕦𝕞𝕒 𝕧𝕖𝕫…”