sexta-feira, fevereiro 28, 2025

Festival Literário em Penacova?

 


Festival Literário em Penacova?

Nas primeiras impressões, quando ouvi falar neste projeto fiquei apreensiva e ao mesmo tempo curiosa para descobrir e entender o que era um Festival Literário em Penacova. No  meu pensamento, a palavra Festival traria a este evento muito mais do  que leitura, ouvir os escritores, ou observar os livros. E foi através das redes sociais que a divulgação sobre o tal festival se expandiu com rapidez por todo país e mesmo além fronteiras.

No entanto, fui invadida por uma questão: um evento de tão alto nível cultural ser realizado durante a semana? No meu íntimo, pensei nos meus filhos e tantos outros filhos que iriam estar a trabalhar; “ graças a Deus” é legítimo e digno o trabalho, ganhar o pão nosso de cada dia! Mas,  desta forma não poderiam estar presentes, como normalmente, o fazem noutros eventos, durante o final de semana! No entanto, felizmente, no meu imaginário surgiu a profunda convicção de que se o programa estava assim definido, é porque teria a origem criativa dos pensadores do evento a enriquecer  Penacova em vertentes mais abrangentes e com outra projeção.

E o programado foi o acontecido, diariamente, o auditório sentiu o calor humano dos alunos, professores das nossas escolas, bem como pais, avós e outras pessoas vindas de outros pontos do País.  Palestras, que serviam todas as idades, que mas na minha opinião a nova geração habituada só às novas tecnologias, naquele auditório, experenciaram emoções diferentes, bem como novas aprendizagens, do que fosse numa sala de aulas; o que ouviram e da forma como foi esclarecido, os livros vão ter outro valor e outro sabor na sua vida. Sonhos, aventuras, viagens , criatividade foram palavras descritas com sabedoria por aqueles que as escrevem, leem, cantam, declamam. Ler  um livro é tão importante para o desenvolvimento intelectual como o alimento que ingerem, e como  alguém  dizia: ler livros enriquece o ser humano culturalmente e não matam ninguém, ao contrário  das redes sociais que na maioria das vezes são armas do ódio e da raiva onde a ofensa não tem qualquer critério. Os dedos que as escrevem e publicam pertencem a mentes irracionais e vazias até de amor próprio.

O escritor João Gobern dizia-nos “que a leitura dos livros são exercícios de liberdade e de cidadania e Portugal precisa que todos se dediquem mais aos outros do que ao seu umbigo” , e eu acrescento a cultura da solidariedade deve estar presente em cada homem ou mulher, para poder aceitar e valorizar o trabalho dos outros. Temos o dever de nos instruirmos dia após dia e os livros são canais específicos para esses ensinamentos. Todos temos talentos escondidos que podemos utilizar para fazer crescer uma comunidade e não para a destruir.

Dizia-nos o escritor José Luís Peixoto "cada um de nós tem o dever de transformar um pouco do mundo, tirar um curso superior não resolve, é preciso saber estar e saber aprender”

Tenho também de fazer um aparte, sobre as críticas e os mal dizeres sobre os cartazes publicitários deste Festival, só "preenchidos com escritores Homens", e a falta da presença feminina neles. Numa altura em que se apregoa e apela, por todo o mundo, para que haja paz, ainda há tanta língua afiada e tanto dedo a teclar criando polémicas inúteis e fúteis.

Pois e então? Grandes SENHORAS escritoras, médicas, jornalistas, professoras, coralistas,e tantas outras se fizeram presentes com ou sem cartaz e foram motivo de muito orgulho neste evento, demonstraram e vincaram bem a sua dignidade de mulheres.

Em Penacova, a relevância e a emancipação das mulheres já é um processo muito antigo, e  a D. Maria da Luz com oito décadas de vida, representou todas as mulheres neste festival, porque bem cedo teve de ser autónoma.  Na dureza da vida, a comer as côdeas da broa, aprendeu que só a dedicação ao trabalho lhe permitia ter uma vida digna, assim como a sua família. Uma mulher que não teve oportunidade de ir à escola para ler e escrever , mas aproveitou o seu tempo e o seu mundo para “cultivar”, a sua dignidade, fidelidade e respeito à família que constam numa outra escola que é a das virtudes.

Esta MULHER, FILHA, MÃE, SOGRA, AVÓ, VIZINHA, DONA de CASA, VENDEDORA de TREMOÇOS, ah e cantadeira enquanto trabalha ou nas horas vagas, ah e intitulada como tão velha para ir cantar, mas cantou e desassossegou um auditório cheio de gente que procurou um serão diferente. O título da raiz do povo enquadrou-se como se fosse um puzzle, e o tal festival onde toda a literatura se conjugou na diversidade e em equilíbrio.

A D. Maria da Luz além de tudo o que está escrito, ainda posso acrescentar que ela é o rosto turístico de Penacova, quase um posto de informação para os visitantes e para todos os que se aproximam.

E ainda mais! Segue em apontamento que as mulheres colaboradoras deste evento representaram muito bem a classe feminina, sempre em ação e prontidão tanto nas mudanças de equipamentos para as novas tertúlias como na subida dos escadotes para comporem os sistemas de luzes.

Um Festival tão acarinhado e tão agradecido pelos participantes, a contribuírem e a darem sugestões para que haja continuação dum 2° Festival Literário, um dos caminhos reais para o respeito entre partes e sem divisões, onde prospere cada vez mais a cultura do povo de Penacova, bem como a PAZ.

Saudade Lopes

terça-feira, fevereiro 25, 2025

Da minha janela: 𝙸𝚖𝚒𝚐𝚛𝚊çã𝚘

Imigração 

O termo “Imigração” - que aqui tratamos - significa o processo de chegada de pessoas a países que não sejam os seus. Como é o nosso caso, mais recentemente.

Está na chamada “ordem do dia” quase em todo o mundo, sendo diversificadas as suas origens.

Nalguns casos mais parecem “movimentos de êxodo” com toda a carga que daí advém.

Não podemos esquecer, nunca - nós portugueses - que, paralelamente se verifica um movimento substancial de “Emigração” de compatriotas nossos para esse mundo fora, principalmente Jovens que, tristemente, ainda não aprendemos a “reter no nosso País”!

O termo “Emigração” significa o ato de sair de um país para viver noutro.

Ora bem,

Tentemos explicar, resumidamente o que se passa, começando pelos pressupostos a reter em qualquer tipo de análise imparcial sobre o tema:

    1. A Imigração, na maior parte dos casos, é provocada:
       
    a) Pelo estado de guerra em que os locais de origem se encontram, um pouco (muito) pelo mundo inteiro;

    b) Pelo estado ruinoso a que as economias chegaram, sobretudo consequência do aparecimento cada vez mais significativo de Estados falhados, governos corruptos, clivagens tribais e fome generalizada;

    c) Pela invasão com extorsão pura e simples das riquezas públicas de Estados soberanos, que acarretam pobreza fuga e desemprego assustador.

    d) Pela subsistência cada vez mais aguerrida dos “inimigos/destruidores da Vida”, que parecem ganhar cada vez mais adeptos, recriando memórias que a Humanidade não merece ter no nosso século.
       
    2. A Imigração - como tudo o que se passa num país - deve, sempre, ser controlada, regulada, nunca descontrolada.

    3. Aos imigrantes devem ser “exigidos” os mesmos deveres que são exigidos aos portugueses em geral (máxime o estabelecido no art. 15, da CRP); também lhes devem ser disponibilizados os mesmos direitos, quando legal for a sua permanência...

    4. Em princípio, a Imigração deve suprir as nossas carências de mão de obra, a qual nem sempre é perceptível ao comum dos mortais, num país de desemprego elevado.

    5. A Imigração não deve, nem pode, constituir arma de arremesso político, como tem vindo a acontecer, vergonhosamente. 

    6. É ao Estado, como um todo, que compete traçar as linhas gerais do enquadramento jurídico e social deste fenómeno, combatendo os modos e meios que se enquadrem em “permanência ilegal” ou usufruto indevido de benefícios públicos.

    7. Também é ao Estado que compete zelar pela Segurança dos Imigrantes e bem assim dos Portugueses em todo o Território, sem esquecer o Interior, quase abandonado.

    8. Interior esse onde os exemplos de exemplar integração são factuais, o que valoriza o trabalho dos Municípios e torna explícito que “a guerra política” vive em Lisboa.

    9. Aquelas “fatias” de imigração humanitária (que se impõe num Estado de Direito de cariz social, como queremos parecer) deve ser assumida com clareza absolutamente inatacável, preferencialmente acompanhada por Organismos Públicos com vocação.

Aqui chegados, evidencia-se que as discussões em curso - por vezes demais com histeria barulhenta e “profissionalização” dedicada à sobrevivência das narrativas - nos espaços mediáticos, está enviesada e parte do princípio de que a Imigração tem donos na nossa organização política. Tem protectores exclusivos. Tem Associações privilegiadas, que vivem dos apoios estatais e que, pelos vistos, se querem manter ad eternum, para empregar “militâncias”.

Pior é todos sabermos que, num conjunto tão expressivo de Pessoas - utilizando os conhecimentos de Gauss  - podemos afirmar que, em probabilidade e estatística, a distribuição normal  é uma das mais utilizadas e descreve a dispersão simétrica em torno da média.

O que obriga à conclusão de que nem todos os chegados ao nosso País são Pessoas de bem, incólumes à prática da criminalidade de todos os tipos, como já estamos a assistir no contra-ciclo das proclamações e quase “gozando” com elas (crime organizado, clandestinidade, roubo, violação, violência doméstica, homicídio, em menor ou maior percentagem, mas violentos).

E o que não é tolerado, sei eu, por muitas Pessoas que se manifestaram recentemente, em defesa destas linhas que tracei - que têm a ver com a honra de toda a pessoa humana e com a dignidade intrínseca ao estatuto humanitário - mas não com necessidades de encobrimento de ações de “capitalismo selvagem” ou de hipotéticos ganhos em corridas eleitorais.

O contrário é retórica pura, manipulação indevida, que nos leva a objectivar a retoma de um caminho controlado por quem o deve fazer (neste caso o Governo de Portugal) tendo presentes os aspectos (todos) da fragilidade com que se nos apresentam estas populações e sem esquecer o facto de devermos agir para com os outros, como gostamos que se aja para com os nossos filhos, nos Países que os acolhem.

… Haja bom senso; Acabe-se com o aproveitamento!

Luís Pais Amante

𝟭º 𝗙𝗲𝘀𝘁𝗶𝘃𝗮𝗹 𝗟𝗶𝘁𝗲𝗿á𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗲 𝗣𝗲𝗻𝗮𝗰𝗼𝘃𝗮: uma síntese


A 1ª edição do Festival Literário de Penacova realizou-se de 17 e 22 de Fevereiro. O evento incluiu uma feira do livro, palestras, apresentações de livros, espectáculos de poesia, teatro, música e dança, além da realização de ateliês de artes visuais. 

O festival foi organizado pelo Município de Penacova em colaboração com o Agrupamento de Escolas de Penacova, a Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares e a Rede Nacional de Bibliotecas Escolares (programas “A Ler Mais e Melhor” e “Pró Literacias”). 

O site e-cultura destacou palavras do presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, considerando o Festival Literário de Penacova muito mais do que um evento cultural: "Este evento não só promove Penacova como um polo cultural de excelência, mas também incentiva o envolvimento de toda a comunidade, desde as escolas até às associações locais. Queremos que este festival seja uma referência anual, capaz de atrair visitantes e de enraizar ainda mais o gosto pela leitura e pelas artes na nossa população."

Ainda, na opinião de Álvaro Coimbra, "esta 1ª edição é uma oportunidade única para reforçarmos o papel da literatura e das artes como pilares da educação e do crescimento da nossa comunidade. Reunir nomes de dimensão nacional e internacional numa iniciativa de um município do interior é um motivo de grande orgulho e um sinal claro do nosso compromisso com a cultura”.

O presidente do município sublinhou ainda a relevância de proporcionar o acesso gratuito às atividades, na medida em que  "a cultura deve ser acessível a todos, e é com essa premissa que estruturámos este festival. Estou certo de que esta será uma experiência enriquecedora para todos os participantes e que, juntos, daremos um importante passo para consolidar Penacova como um ponto de encontro entre a literatura, as artes e a educação." - podemos ler igualmente em e-cultura.

No primeiro dia, além da inauguração oficial, foi também aberta a Feira do Livro e inaugurada a Exposição do Festival Internacional de Imagem de Natureza.

Seguiram-se as Palestras de Carlos Fiolhais (físico e divulgador de ciência) e de João Gobern (jornalista e escritor) sobre o poder do conhecimento e da literatura e o impacto da leitura no conhecimento e na sociedade, complementada com uma conversa com os mesmos, moderada pelo radialista e escritor Fernando Alvim. 

Ainda no primeiro dia do festival, Pedro Chagas Freitas apresentou  “O Rei Tigão”, o seu mais recente livro, e Fernando Alvim, a obra “Ninguém Disse Que Iria Ser Fácil”.

No segundo dia do evento decorreu a apresentação do livro "Fomos Mais do Que um Erro", com Raul Minh’alma e a abertura da Exposição “Camões, Engenho e Arte”, com trabalhos dos alunos do ensino secundário de Penacova. 

No terceiro dia, no início da manhã, foi apresentado o espetáculo teatral da companhia ADN de Palco - "A Noite dos Vilões"- sobre o impacto das novas tecnologias na leitura e na imaginação. Seguiu-se a exibição do filme "O Crime do Padre Amaro", uma adaptação cinematográfica da obra de Eça de Queiroz. A apresentação do livro "Em Nome do Pai – Abusos Sexuais na Igreja em Portugal", da jornalista Sónia Simões, encerrou o programa da manhã. Ao início da tarde teve lugar uma “Conversa” com o Pe. João Paulo Vaz sobre "Tabus da Fé: Perguntas que ninguém ousa fazer a um padre", moderada por Miguel Gonçalves e Sónia Simões. 

O dia 20, quarto dia do festival, iniciou-se com uma palestra de Daniel Joana sobre o Padre António Vieira, a que se seguiu um momento cultural com um poema de Camões musicado pelos alunos da EBA- Escola Profissional Penacova e uma apresentação de dança tradicional de São Tomé e Príncipe. A “poesia dita e sentida” marcou presença com  Pedro Lamares que trouxe até Penacova "Entre nós e as palavras”. 

Na sexta-feira, dia 21, esteve presente no evento José Luís Peixoto com uma palestra / conversa sobre a “Arte de habitar vidas paralelas através da leitura e da escrita”,  moderada por Pedro Miguel Gonçalves. 

A literacia dos media foi o tema central de um outro debate sobre a importância do pensamento crítico no ensino. De referir também o espetáculo da Escola de Artes de Penacova "Diálogos de liberdade". 

À noite realizou-se o espetáculo musical "Raízes de um povo", com Maria da Luz Lopes, vendedora de tremoços, que cantou temas penacovenses, acompanhada de Ana Gomes, (aluna da Escola de Jazz de Coimbra) e  do Coral Divo Canto. 

Rodolfo Castro encerrou o programa da noite com uma sessão de contos.

Durante o dia de Sábado e a encerrar a Semana Literária, realizou-se uma oficina de Leitura em Voz Alta conduzida por Rodolfo Castro, a que se seguiu a iniciativa "À Volta dos Livros: Veterinário" e a peça de teatro infantil "O Príncipe Nabo".

À noite, esteve em palco a performance poética "Metafisicamente d’Outro Mundo", apresentada por  Pedro Freitas, poeta, artista e “dizedor” de poesia, que iniciou o seu percurso aos 16 anos  (concurso “Dá Voz à Letra”, da Fundação Calouste Gulbenkian). Os seus vídeos de leitura de poesia portuguesa chegam, nas mais diversas redes sociais, procuram influenciar os mais jovens a descobrir o mundo da poesia portuguesa e chegam a milhares de pessoas em todo o mundo. 

A imprensa regional e nacional noticiou largamente o evento, apesar de nalguns órgãos de projecção nacional se ter gerado um circunscrito coro de críticas (negativas) a este tipo de eventos e a alguns aspectos concretos do seu programa inicial.

Para o Município, este festival marcou um momento histórico para o concelho.  "Trouxemos nomes incontornáveis da literatura e do pensamento para discutir temas fundamentais e promover o gosto pela leitura. A forte adesão do público prova que há espaço para iniciativas como esta e que a cultura pode e deve chegar a todos" – referiu a organização.


                                                        

VEJA OS VÍDEOS-SÍNTESE de cada um dos dias PUBLICADOS PELO MUNICÍPIO DE PENACOVA NAS REDES SOCIAIS:






A SEGUIR
FOTOS PUBLICADAS NAS REDES SOCIAIS DO MUNICÍPIO