sábado, abril 04, 2015
quinta-feira, março 26, 2015
Jornal Notícias de Penacova: 26 de Março de 1932 - 28 de Dezembro de 1978
![]() |
A primeira página do nº 1 (26 de Março de 1932) |
O Notícias de Penacova, veio a lume pela primeira vez, a 26 de Março
de 1932 Faz, portanto, hoje, 83 anos. Teve uma existência de quase meio século.
O primeiro director e
proprietário foi José de Gouveia Leitão (que, recorde-se, era filho do Conselheiro Artur Leitão e foi
Presidente da Câmara). O editor era João Simões Barreto (que também estivera
ligado ao Jornal de Penacova). João
Barreto era Fiscal dos Impostos, escritor e fotógrafo amador. Como redactor principal
encontramos o nome de Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, natural de Lorvão (casado
com a escritora Lúcia Namorado, prima de Maria Lamas e mais tarde fundadora da
Revista Os Nossos Filhos). Na altura
era escrivão do Julgado Municipal de Penacova. O administrador era o professor
e delegado da Junta Escolar, José Joaquim Nunes.
Apresentou-se como ‘’Semanário
Regionalista” e ao mesmo tempo "integrado na corrente que de norte a sul” se desenhava.
Passado um ano de publicação, assume-se como afecto do “nacionalismo
triunfante”.
Até 1937 coexistirá com o Jornal de Penacova num clima de alguma
tensão. Em 1936 a direcção passa de J. Gouveia Leitão para Monsenhor José de
Oliveira Machado.
Nas últimas décadas de existência
será marcado pelas figuras do Professor e Delegado Escolar Joaquim de Oliveira
Marques e do Padre Manuel Marques (que assinava as suas escritas como Manuel do
Freixo). Este padre, natural de freguesia de Figueira de Lorvão, escreveu durante
muitos anos no bem conhecido “Amigo do Povo” a crónica À Sombra do Castanheiro
/ Ao calor da Fogueira. O Arcipreste, e mais tarde Cónego, Manuel Vieira dos Santos foi também seu proprietário. Era natural de Santa Catarina da Serra, ali perto de Fátima, onde está sepultado, .
Com a morte deste, em 1966, a
gestão passou para a Paróquia de Penacova.
Após o 25 de Abril de 1974 Joaquim de Oliveira Marques é “saneado” e os seus
directores passarão a ser os sucessivos párocos de Penacova.
Por motivos financeiros, conforme oficialmente
anunciado, terminará em 8 de Dezembro de
1978.
domingo, março 22, 2015
Penacova rural: início dos anos oitenta
![]() |
FOTOGRAFIAS DE VARELA PÈCURTO* RECOLHIDAS NO CONCELHO DE PENACOVA NO INÍCIO DOS ANOS OITENTA |
O MEIO RURAL EM PORTUGAL
“Como faz notar F. O. Baptista (1996: 53), na primeira metade dos anos
setenta (1970/74), a superfície semeada anualmente no Continente já baixara 23%
relativamente a 1960/64, e, em 1985/88, esta quebra era já de 45%. Entretanto,
compram-se muito mais adubos, pesticidas, motores e tubos de pvc para rega, e
tractores.
Em 40 anos a química e a
mecânica instalam-se nos campos. Da vila ou da cidade chegam também sementes,
rações e gasóleo.
É a mudança tecnológica bem patente na percentagem dos consumos intermédios
na produção final da agricultura, que passa de 6% em 1950 para 45% em 1990 (F.
O. Baptista, 1996: 40).”
in O MEIO RURAL
EM PORTUGAL: ENTRE O ONTEM E O AMANHÃ - Comunicação apresentada por José Portela (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
ao Seminário Internacional A Revitalização do Mundo Rural e o Ordenamento do
Território, Lisboa, 15-17 de Maio de 1997.
* publicadas no livro Penacova de Varela Pècurto,
edição Hilda, Coimbra 1984
edição Hilda, Coimbra 1984
quarta-feira, março 18, 2015
Cartas Brasileiras
Crónica de
Paulo Santos
DEVOLVA O ANEL

Vozes irão se levantar para dizer que a estranheza não é de hoje, começou em 1808, com a chegada
de Dom João VI e sua a corte, e que o “apadrinhamento”, inchaço da máquina
pública, vem desde aquela época, pois que na fuga de Portugal, entre 10 e 15
mil portugueses vieram para o Brasil. Claro, o “povo” lá ficou não por não
temer Napoleão, mas por tão ter como vir.
O tal “déficit público”
é herança maldita; treze anos após a
chegada da Família Real o buraco no orçamento tinha aumentado mais de vinte
vezes. Já naquele tempo contratavam
artistas com o dinheiro “da viúva” e esbanjavam o que não tinham com viagens
dos integrantes da “corte” (um dia vi pela TV Senado aprovarem o requerimento
para que um senador se ausentasse do país para participar de um congresso em
Saigon; 30 dias!).
O Banco do Brasil criado em
1808 estava arruinado em 1820, seus depósitos em ouro, que serviam para de
garantia para a emissão de moeda, representavam apenas 20% do total em dinheiro;
80% era “moeda podre”. Não fizeram o reajuste fiscal!
A “caixinha” corria solta nas concorrências e pagamentos dos
serviços públicos; se o interessado não “comparecesse” com os 17% os processos
simplesmente paravam de andar. Portanto, por que reclamar tanto do que acontece
na Petrobrás!
Ora, como se vê, dirão para se justificar, as coisas por aqui
desandam desde o tempo da coroa. Verdade! Os que aí estão não foram os únicos,
mas isso pouco resolve, não limpa a alma de ninguém; padrões éticos estão mais
na vergonha de cada um.
Imagine, alguém que tendo cometido um assalto com sua quadrilha, presenteia
a mulher com o anel de brilhante que roubou! Ainda que ela desse uma de Dona
Maria, a louca, e dissesse que não sabia que o marido era ladrão, que o anel
era roubado, ou preferisse desconhecer a origem do bagulho, poderia querer ela ficar
com o produto do roubo! Certamente que não, diremos nós; há os que acham que
pode.
Tudo bem que não deva ser presa, pensamos nós, mas que devolva o
anel!
P.T.Juvenal Santos
_________________________________________
Nota: 1) As citações sobre a chegada da
família real foram obtidas no livro 1808 de Laurentino Gomes, um livro de história do Brasil e Portugal, publicado em
2008. O autor recebeu o prêmio de melhor Livro de Ensaio da Academia Brasileira
de Letras e Prêmio Jabuti de Literatura. Escreveu 1882 e 1889 completando a
trilogia.
![]() |
CLIQUE NA IMAGEM PARA VISUALIZAR O VÍDEO |
Nota: 2) Dia 15 de março de 2015, a população saiu às
ruas no Brasil para protestar contra a corrupção, contra o verdadeiro assalto
cometido contra a Petrobrás, a nossa empresa queridinha. O Ministério Público,
recebendo as denúncias da chamada Operação Lava Jato indicia por diversos
crimes, empreiteiros, diretores da
Petrobrás e políticos. O esquema enriquecia os donos das empreiteiras, os
diretores da Petrobrás, e fornecia dinheiro para partidos políticos
principalmente para os integrantes da base aliada do Governo: PT. PMDB e PP,
financiando inclusive campanhas eleitorais.
É disso que trata o vídeo.
segunda-feira, março 16, 2015
Bizarros comportamentos com 480 milhões de anos
Ainda sobre o assunto que temos vindo a tratar relacionado com a tal "Pedra Curiosa", acrescentamos hoje mais alguma informação, especialmente dedicada àqueles que estão empenhados e estão a levar a sério a hipótese de termos na Livraria do Mondego mais um elemento que enriquecerá aquele local. Poder, aí, onde há 100 anos foi encontrado, observar aquele icnofóssil (ou uma réplica) ainda preservado e visitável no Museu Geológico da Universidade de Coimbra, seria sem dúvida mais um ponto de interesse a acrescentar àquele sítio.
O texto que se segue, referente a Penha Garcia, muito bem se poderia aplicar à Livraria do Mondego, dado que as condições materiais e temporais são as mesmas. Por isso onde se lê Penha Garcia, poderíamos ler Livraria do Mondego, Entre Penedos...
Icnofósseis de Penha Garcia
![]() |
Cruziana furcífera - Penha Garcia Fotografia de Pedro Martins |
Penha Garcia há 480 milhões de anos. Um mar negro pela noite
austral é varrido por ventos ciclónicos que erguem ondas colossais. Nesta
paisagem de trevas , pouco mais se vislumbra do que pequenos baixios arenosos
despojados de vida, um mar gélido estende-se para além do horizonte. Terra
firme existe a algumas centenas de quilómetros, uma gigantesca massa
continental onde se individualizam apenas maciços rochosos, desertos pedregosos, lagos e rios cor de terra. O verde não existe.
As primeiras plantas terão um papel decisivo na formação e
fixação de solos apenas 65 milhões de anos mais tarde.
Assim, pouca coisa vai sucedendo na terra, para além de uma rápida
erosão causada pelos rios numa paisagem desértica.
Abaixo da superfície líquida crispada, a vida floresce e fervilha de emocões. Colónias de vermes poliquetas
e foronídeos sedentários estendem os seus apêndices plumosoas às correntes
marinhas a partir das suas tocas verticais
ou em forma de U, quais redes para a pesca de minúsculas partículas orgânicas em suspensão
nas águas agitadas.
A passagem de um grande artrópode filocarídeo ( semelhante a um camarão
encerrado numa concha) nadando sobre estas colónias de “pescadores” faz com que , num piscar se olhos, os poliquetas e foronídeos se escondam no
interior dos seus tubos escavados nos fundos arenosos.
As fortes correntes de fundo que modelam a areia numa sucessão
de cristas paralelas e levantam nuvens de finas partículas também são o fulcro
do alimento para os braquiópodes linguliformes. No entanto estes seres vivem
enterrados na areia no interior da sua concha
bivalve, mantendo uma ligacão com o exterior para respirar e obter alimento.
A maior profundidade milhares de trilobites revolvem o fundo arenoso em busca de alimento,
adoptando várias e inovadoras estratégias de comportamento que lhes permitem
obter mais comida com menos esforço ( Neto de Carvalho, 2006). Basicamente as
escavações que as trilobites produzem entre níveis de areia e argila, num acto continuado
de assimilação dos abundantes detritos orgânicos, correspondem sulcos bilobados
provocados pelo movimento síncrono de mais de 13 pares de patas. Neste colossal
fast food de Penha Garcia não é raro
ver o trabalho de algumas das maiores trilobites que alguma vez terão existido,
com quase meio metro de comprido: verdadeiros gigantes no mundo dos
invertebrados! São animais que se alimentam em grupos compostos por dezenas de
indivíduos da mesma idade.
Afastados destes gigantes couraçados, verdadeiras escolas de trilobites com pouco
mais de 4mm de comprido testam as estratégias de alimentação e os modos de vida
que fizeram deste, um dos mais bem sucedidos grupos de artrópodes de sempre,
até desaparecerem definitivamente dos oceanos
230 milhões de anos mais tarde.
São janelas temporais deste mundo perdido há muito que poderá
encontrar ao longo da Rota dos Fósseis, em Penha Garcia.
Cada camada de quartzito, hoje verticalizada, conta um
instante passado no fundo marinho de há 480 milhões de anos. Aprender a ler
este livro sobre a História da Terra é despertar para a solução de múltiplos
enigmas que constituem a evolução da
Vida.
![]() |
capa do livro em referência |
Carlos Neto de Carvalho (texto) e Pedro Martins (Imagens) Geopark
Naturtejo da Meseta Meridional - 600 milhões de anos em imagens. Edição:
Naturtejo, E.I.M. – Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2007
![]() |
in Carlos Neto de Carvalho e Pedro Martins ,op. cit. |
Se não conhece Penha Garcia, deixamos a sugestão de uma visita!
domingo, março 15, 2015
Cartas Brasileiras: Com Cópia Oculta
Ao enviar email em cadeia
para meus amigos, utilizo sempre o recurso CCO (Com Cópia Oculta); evito
expô-los. Em uma dessas mensagens, encaminhava a todos as respostas recebidas, sem
que ninguém soubesse de quem era. O incrível era que eu não conhecia
pessoalmente um dos meus grandes amigos.
Como ter amigo que não se conhece?
Se eu contasse veria que pode.
Título do email: "Eu não estou me comportando mal"; o qual escondia uma mensagem cifrada. No texto, a morte de Robin Williams,
e um link para que ouvissem uma música, uma descoberta, então recente;
desconhecia a música e o intérprete, mesmo sendo preciosidade dos anos 40! A
beleza nem sempre se nos apresenta, temos que buscá-la.
Logo veio a primeira resposta
de um o amigo que se valeu de Saramago: "Ninguém está falando que
está"; ou seja, que eu
estivesse "enchendo". Passou ele batido pelo texto cifrado. E seguiu
falando do ator: ”atuação extraordinária em Bom dia, Vietnã. Acho
que o diretor deixou-o fazer o que quisesse. Outra atuação maravilhosa é a
do professor, em Sociedade dos Poetas Mortos. É isso aí.
Matarei a saudade, revendo seus filmes”.
O amigo “desconhecido” comentou:
“Devo dizer-lhes que estou ouvindo a canção; eu ainda não há
conhecia, foi amor à primeira vista; incrível, como pude não conhecer essa maravilha!
Como não sabemos de nada!”
Outro escreveu: “ah, eu também sou fã de Robin Williams, digo
sou, porque sou fã de Burt Lancaster, James Stewart, Audrey Hepburn, Ava
Gardner, etc., etc.”.
Animado, um queria mais: “espero que nos encontremos novamente nas próximas mensagens, estou adorando
essas conversas; a música é adorável!
Há
sempre os mais comedidos: “Obrigado pela música, de extremo bom gosto; enfeitou
meu sábado”.
A morte do ator provocou mais comentários:
“concordo, foi sim um belo filme. Linda canção! Bom final de semana, boas viagens. Abraços do
amigo de sempre.”
Como eu, um saudosista: “adorei Sociedade dos Poetas Mortos; não tenho visto mais filmes tão lindos assim.
Ou eu me tornei um chato, ou não fazem mais daqueles filmes”.
O fim daquela conversa veio com o email que enviei: “Interessante, amigo de sempre não é aquele
que é desde a eternidade, mas aquele que ao se tornar permanece assim. Abraço a
todos. Tenho que ir, minha mulher já me telefonou para o almoço; explico, meu
netinho quer comer comida chinesa no Shopping, eles foram eu fiquei, agora lá
vou eu.”
Não me censurem
pela brincadeira de “Eu não estou me
comportando mal”, segue o link para que ouçam “Ain´t Misbehavin´ ”; é linda!
PS: o amigo que não conhecia
partiu de repente, tive que apagá-lo dos meus contatos. Muito triste. Ah! Ele adorava a música “Misty”
quinta-feira, março 12, 2015
A "Pedra Curiosa": leia a notícia que o Jornal de Penacova publicou em 1915
Já em 20 de Fevereiro de 2011 havíamos escrito neste
blogue um texto intitulado As Bilobites de Penacova onde dávamos conta dos
longínquos anos em que pela primeira vez tivemos a oportunidade de ver esta “pedra” no Museu Geológico da Universidade de Coimbra.
No livro Penacova e a República na Imprensa Local (2011) também fizemos referência
à “pedra
curiosa” a propósito da crítica desferida às crenças
religiosas do “povo ignorante” por parte dos republicanos, detentores do Jornal de Penacova.
Em 2012 quando se preparava a obra Patrimónios de Penacova, de novo procurámos mais informação sobre o
assunto. A referência a “este património” ficou a constar do livro. Já antes, na
obra de Carlos Fonseca e Fernando Correia, Penacova,o Mondego e a Lampreia havia sido dado grande relevo a estes aspectos,
inclusivamente com fotografias excelentes de fósseis recolhidos na região de
Penacova e também dos icnofósseis (vestígios da actividade biológica) encontrados na zona de “Entre Penedos”.
Há dias, a propósito da intervenção que a Câmara
Municipal está a levar a cabo na Livraria do Mondego voltámos ao assunto. Quando hoje publicámos imagens da “lage de
grandes dimensões” prometemos trazer aos leitores do Penacova Online a notícia publicada em 1915 no Jornal de Penacova nº 709 de 22 de Maio de 1915.
Aqui vai:
PEDRA CURIOSA
Em Entre Penedos, nas
obras da estrada 48 (...) foi encontrada uma pedra curiosíssima, com desenhos
em alto relevo, que não obstante serem irregulares, são de traço uniforme, de
largura aproximada de seis centímetros, em forma de cordão, com umas
reentrâncias ao meio. Os desenhos ou antes cordões entrecruzam-se,
sobrepondo-se no ponto de contacto.
A pedra que conseguiu
arrancar-se , mas fragmentada , mede cerca de 3 metros de comprimento por um a
um e meio de largo e de 20 a 30 centímetros de espessura.
O bloco, que foi
encontrado em posição vertical (...) não foi completamente arrancado devido à
grande dificuldade que há em o fazer.
O lente de geologia
da Universidade, dr. Anselmo Ferraz, veio ver a referida pedra e mandou
removê-la para o museu daquela cidade. O exemplar realmente curioso não é uma
novidade para os geólogos (...) uns atribuem à incrustação de raízes e fetos
minerais (...) outros atribuem ao rasto de um bicharoco de nome muito
arrevesado que agora não nos lembra, que passeava muito tranquilamente por
sobre esses referidos minerais, que depois se petrificaram.
Como é natural, em
volta da referida pedra já o nosso povinho na sua ignorância, criou uma lenda -
ou mais do que uma - crendo uns que aquilo é obra dos moiros e outros que é
coisa de milagre porque no emaranhado dos desenhos e ao meio de um círculo, com
um pouco de boa vontade, se pode ver desenhada uma cruz!
Mas não temos que nos
admirar do desacordo em que o povo ignorante está sobre a origem da curiosa
pedra, porque os próprios sábios geólogos também o estão!
.
Ainda a "Pedra Curiosa" ou Cruziana de Entre Penedos: veja aqui fotos e vídeo recolhido em 2012 aquando da preparação do livro Patrimónios de Penacova
Publicamos, na sequência do penúltiplo post, um conjunto de imagens
que tínhamos em arquivo, sobre este tema.
Oportunamente publicaremos o texto que saiu no Jornal de Penacova há 100 anos
quando foi descoberta a tal " Pedra Curiosa", assim designada no título do artigo.
![]() |
CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA VER VÍDEO |
terça-feira, fevereiro 24, 2015
CARTAS BRASILEIRAS: O NARIZ DE VAN GOGH
Cores primárias, secundárias, terciárias, complementares, são
denominações para classificar as cores. Há outras tantas: podem ser quentes e
frias. Pouco sei sobre as cores, pouco sei sobre elas, mas são tão belas! Do
mesmo modo como me disse um amigo, de vinho e mulher pouco entendo mas gosto!
Para um artista, sabê-las é imprescindível, para melhor
distribuí-las na tela no momento da criação, e assim chamar a atenção para o
tema principal, dar destaques, oferecer contrastes, suavizar, dar força e
equilíbrio. Não basta distribuir sobre a paleta vários montinhos de tinta e
tentar combinações, poderá acontecer de serem todas cores complementares, que
se misturadas resultarão em cinzas e preto.
Dizem
que, em suas alucinações, Vincent Van Gogh cheira os montinhos de tinta, comia,
na tentativa de descobrir o gosto do amarelo, o sabor do vermelho, que paladar
teria o azul, para assim poder melhor utilizá-las! Ficava ele intrigado com o
que se passava na mistura do azul com o amarelo na formação do verde. Com tanta
a ansiedade, para entender as cores, era capaz de beber solvente com bocados de
tintas, queria compreender a interação que se dava entre elas. Que ninguém faça
isso; mera loucura, loucura do genial
Van Gogh.
E,
como de gênio e louco todo mundo tem um pouco, vou dar minhas pinceladas do
jeito que “malemá” eu sei, escrevendo (malemá, mais ou menos, expressão usada
no Vale do Ribeira, SP, Brasil, região onde nasceu meu pai).
Como
o negro é a ausência de cores, posso dizer que meu deu “um negro”, ausentei-me
de escrever prá lá de um mês para o blog.
![]() |
CLIQUE NA IMAGEM |
E, como cantou
Frank Sinatra, “Let me tray again”
(Paul Anka/Cahn e Caravelli): “Deixe-me tentar
novamente/ pense em tudo o que tínhamos antes/ deixe-me tentar mais uma
vez / podemos ter tudo/ você e eu novamente/Apenas
perdoe-me ou eu vou morrer/por favor, deixe-me tentar novamente”.
Do mesmo
Paul Anka, o Senhor Olhos Azuis, cantou MyWay, que pode ser ouvida e vista no YouTube.
![]() |
My Way (clique no link acima) |
Meu abraço ao David,
retomando o blog, o que é muito bom para Penacova.
Paulo T J Santos – ptjsantos@bol.com.br
Nota:
Obrigado Paulo. O regresso dos seus textos é também enriquecedor para o blogue e para os seus leitores.
Encontrada há 100 anos a “pedra curiosa” da Livraria do Mondego
Na obra Patrimónios de Penacova – apontamentos para a sua valorização e
divulgação, de J. Leitão Couto e David Almeida (e também no livro Penacova, o Mondego e a Lampreia,
de Carlos Fonseca e Fernando Correia) refere-se um pormenor, que entre outros, atesta a importância geológica da “Livraria do
Mondego”. Nestas obras são apresentadas imagens da lage de grandes dimensões
colectada na zona em 1915. Esta “pedra”
encontra-se exposta no Museu Mineralógico de Coimbra. Segundo a legenda “trata-se de um icnofóssil
de trilobite semiplicata do Período do Ordovícico da Era Paleozóica.” Nos
finais do séc. XIX o prestigiado geólogo Nery Delgado fez importantes estudos
nesta região e elaborou mesmo a célebre
Carta Geológica do Buçaco.
![]() |
"Bilobites – Vila Nova - Penacova" - assim identificada no Museu Mineralógico da Universidade de Coimbra |
Naquele ano de 1915, segundo
notícia do Jornal de Penacova, quando
decorriam as obras da Estrada Real n.º 48 na zona de "Entre-Penedos"
foi descoberta “uma pedra curiosíssima
com desenhos em alto relevo, que não obstante serem irregulares, são de traço
uniforme, de largura aproximada de seis centímetros, em forma de cordão (…) os
desenhos ou antes cordões entrecruzam-se, sobrepondo-se no ponto de contacto. A
pedra que conseguiu arrancar-se mas fragmentada, mede cerca de 3 metros de
comprimento por um e meio de largo e de 20 a 30 cm de espessura.”
Ora, é esta "pedra curiosa" que ainda
hoje se pode observar no Museu
Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra com a indicação
"Bilobites – Vila Nova - Penacova".Na altura, o lente de Geologia, Anselmo
Ferraz, mandou remover a placa para o museu daquela cidade – diz o referido
jornal - para estudo e posterior exposição. Junto do painel de grandes
dimensões podemos ler ainda a seguinte
informação: "Cruziana sp. – Marcas da locomoção produziadas pelo movimento
de trilobites sobre sedimentos pouco estabilizados. As trilobites deslocavam-se
rastejando semi-enterradas no sedimento com ajuda de apêndices locomotores.
Pensa-se que estas marcas poderão estar também relacionadas com os métodos de
alimentação utilizados pelas trilobites".
Como escreveu Carlos Neto de
Carvalho, estudioso destes temas, trata-se de
"janelas temporais" dum mundo "perdido" há cerca de
500 milhões de anos. A propósito, refira-se que o jornalista penacovense,
Álvaro Coimbra, o entrevistou aquando da produção de uma reportagem para a
Antena1 sobre o Geopark Naturtejo, que inclui o núcleo de Penha Garcia.
Por falar em Álvaro Coimbra, o local conhecido por “Entre Penedos”,
resultante do corte do Penedo João Freire, foi tema do post de em 10 de março de 2014, precisamente no seu blogue
“Livraria do Mondego”.
Já o sugerimos na obra acima
referida: seria motivo de interesse local e de enriquecimento turístico da zona
se uma réplica do original estivesse exposta em Penacova – mais precisamente no
local onde há 100 anos foi encontrada. Já só falamos em réplica, partindo
do princípio de que dificilmente o original regressaria à origem.
Até porque cremos que esta ideia não terá sido ponderada no projeto de preservação do Património Natural da Livraria do Mondego, candidato ao Programa LEADER ADELO, que vai permitir avançar com as obras relativamente às quais em 19 de Novembro passado foi assinada a consignação da empreitada. Conforme refere o site da Câmara, “esta empreitada [no valor de 46.473,14 euros] vai permitir preservar, valorizar, dinamizar e promover o território e nomeadamente aquele núcleo geológico, promovendo as acessibilidades a pontos fulcrais que permitam devolver este espaço de excelência natural às populações locais e visitantes”.
Até porque cremos que esta ideia não terá sido ponderada no projeto de preservação do Património Natural da Livraria do Mondego, candidato ao Programa LEADER ADELO, que vai permitir avançar com as obras relativamente às quais em 19 de Novembro passado foi assinada a consignação da empreitada. Conforme refere o site da Câmara, “esta empreitada [no valor de 46.473,14 euros] vai permitir preservar, valorizar, dinamizar e promover o território e nomeadamente aquele núcleo geológico, promovendo as acessibilidades a pontos fulcrais que permitam devolver este espaço de excelência natural às populações locais e visitantes”.
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)