Já em 20 de Fevereiro de 2011 havíamos escrito neste
blogue um texto intitulado As Bilobites de Penacova onde dávamos conta dos
longínquos anos em que pela primeira vez tivemos a oportunidade de ver esta “pedra” no Museu Geológico da Universidade de Coimbra.
No livro Penacova e a República na Imprensa Local (2011) também fizemos referência
à “pedra
curiosa” a propósito da crítica desferida às crenças
religiosas do “povo ignorante” por parte dos republicanos, detentores do Jornal de Penacova.
Em 2012 quando se preparava a obra Patrimónios de Penacova, de novo procurámos mais informação sobre o
assunto. A referência a “este património” ficou a constar do livro. Já antes, na
obra de Carlos Fonseca e Fernando Correia, Penacova,o Mondego e a Lampreia havia sido dado grande relevo a estes aspectos,
inclusivamente com fotografias excelentes de fósseis recolhidos na região de
Penacova e também dos icnofósseis (vestígios da actividade biológica) encontrados na zona de “Entre Penedos”.
Há dias, a propósito da intervenção que a Câmara
Municipal está a levar a cabo na Livraria do Mondego voltámos ao assunto. Quando hoje publicámos imagens da “lage de
grandes dimensões” prometemos trazer aos leitores do Penacova Online a notícia publicada em 1915 no Jornal de Penacova nº 709 de 22 de Maio de 1915.
Aqui vai:
PEDRA CURIOSA
Em Entre Penedos, nas
obras da estrada 48 (...) foi encontrada uma pedra curiosíssima, com desenhos
em alto relevo, que não obstante serem irregulares, são de traço uniforme, de
largura aproximada de seis centímetros, em forma de cordão, com umas
reentrâncias ao meio. Os desenhos ou antes cordões entrecruzam-se,
sobrepondo-se no ponto de contacto.
A pedra que conseguiu
arrancar-se , mas fragmentada , mede cerca de 3 metros de comprimento por um a
um e meio de largo e de 20 a 30 centímetros de espessura.
O bloco, que foi
encontrado em posição vertical (...) não foi completamente arrancado devido à
grande dificuldade que há em o fazer.
O lente de geologia
da Universidade, dr. Anselmo Ferraz, veio ver a referida pedra e mandou
removê-la para o museu daquela cidade. O exemplar realmente curioso não é uma
novidade para os geólogos (...) uns atribuem à incrustação de raízes e fetos
minerais (...) outros atribuem ao rasto de um bicharoco de nome muito
arrevesado que agora não nos lembra, que passeava muito tranquilamente por
sobre esses referidos minerais, que depois se petrificaram.
Como é natural, em
volta da referida pedra já o nosso povinho na sua ignorância, criou uma lenda -
ou mais do que uma - crendo uns que aquilo é obra dos moiros e outros que é
coisa de milagre porque no emaranhado dos desenhos e ao meio de um círculo, com
um pouco de boa vontade, se pode ver desenhada uma cruz!
Mas não temos que nos
admirar do desacordo em que o povo ignorante está sobre a origem da curiosa
pedra, porque os próprios sábios geólogos também o estão!
.
É de fato ( ou como ai, de facto) um assunto no mínimo curioso e que desperta interpretações. Como já dizia o Jornal Penacova em 1915: mas não temos que nos admirar do desacordo em que o povo ignorante está sobre a origem da curiosa pedra, porque os próprios sábios geólogos também o estão!
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