Morreu há 129 anos, é certo. No entanto, o seu nome permanece na toponímia de Penacova e também no cemitério da Eirinha está a sua campa (em tal estado de abandono e corrupção que bem merecia que a autarquia procedesse ao seu restauro).
Quem passar pelo cemitério da Eirinha, verifica que, afinal, Joaquim Maria Leite, ainda tem quem lhe ponha flores, em atitude de respeito e de consideração por este ilustre penacovense. Sabemos que este gesto, que muito nos sensibiliza, partiu de uma sua conterrânea, pessoa culta que valoriza as raízes penacovenses: a Profª Lídia Cabral Costa.
Quem foi o Deão Leite?
Do livro recentemente publicado “125 Nomes da História de Penacova” extraímos os seguintes dados biográficos:
Joaquim Maria Leite nasceu em Julho de 1829. Filho de José Manuel Leite, oriundo de Fafe, e de Florência Efigénia, natural de Penacova, moradores no Largo do Cruzeiro, na chamada “Casa dos Leite”.
Foram seus irmãos, entre outros, José Maria da Conceição Leite, que foi pároco e arcipreste em Penacova, e António Maria Leite, chefe dos Correios.
No ano lectivo 1847/48 iniciou os estudos de Teologia. Na época era professor da Universidade João Crisóstomo de Amorim Pessoa. Joaquim Maria foi seu aluno e, quando aquele catedrático de Teologia foi nomeado Arcebispo de Goa e Patriarca das Índias (1862/63), convidou este seu pupilo para seu secretário pessoal.
Em Goa, Joaquim Maria Leite foi mais do que um mero “funcionário administrativo”. Foi professor de Ciências Eclesiásticas e Reitor do Seminário de Rachol, além de Chantre da Sé Primacial de Goa.
Quando Amorim Pessoa chegou à Índia procurou elevar o nível da formação eclesiástica reformando os estudos, centralizando-os naquele Seminário e nomeando Reitor Joaquim Maria Leite.
Por motivo de doença teve de abandonar a Índia, sendo pouco depois convidado para Professor do Liceu da Guarda, onde conheceu Emídio da Silva e ascendeu a Reitor.
Nesta cidade integrou o Cabido da Sé, na qualidade de Cónego-Deão. Ser Deão do Cabido da Sé implicava presidir àquele órgão. Daí o atributo de “Deão Leite”. Nesta cidade da Beira Alta presidiu à Comissão criada para fundar o Asilo da Mendicidade.
Joaquim Maria Leite ocupou, mesmo que por pouco tempo, por motivos de saúde, o cargo de Deputado por Penacova.
Acabou os seus dias em Penacova, onde viveu alguns anos, paralítico, vitimado pelo reumatismo gotoso, mas ajudando os necessitados e recebendo muitas visitas.
Morreu no dia 6 de Agosto de 1896, há 129 anos, com apenas 67 anos. Os seus restos mortais repousam no cemitério da Eirinha, onde existe uma campa-memorial com a seguinte inscrição:
À MEMÓRIA / DE / SEU IRMÃO O DEÃO DA / SÉ DA GUARDA / JOAQUIM MARIA LEITE / NATURAL DE PENACOVA ONDE / FALECEU / EM 6 DE AGOSTO / DE 1896 / JOSÉ MARIA LEITE
Na sessão de 4 de Janeiro de 1902, a Câmara Municipal, presidida por Daniel da Silva, deliberou atribuir ao Largo do Cruzeiro a designação de “Largo do Deão Leite”.
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