Imagem de Santo Amaro que se venera no Casal
Texto de Alípio Barra
in Jornal Nova Esperança
31 de Março de 1999
Amaro ou “Mauro”, segundo o livro Santos de Cada Dia, nasceu em Roma de família senatorial e foi entrgue aos cuidados de S. Bento, quando tinha apenas 12 anos. Correspondeu tão bem à afeição e solicitude do Mestre que foi proposto como modelo aos outros religiosos. S. Gregário exaltou-o por se ter distinguido no amor da oração e do silêncio e conta que a exemplo de S. Pedro foi recompensado da sua obediência caminhando sobre as águas. Foi o caso de um jovem chamado Plácido caiu no açude de Subiaco. S. Bento soube-o por revelação e chamando Amaro disse-lhe: Irmão Amaro vai depressa procurar Plácido que está prestes a afogar-se. Munido com a benção do Mestre, Amaro, correu sobre a água a socorrer Plácido a quem agarrou pelos cabelos e trouxe para a margem não se apercebendo sequer que tinha saído de terra firme. Quando deu pelo milagre atribuiu-o aos méritos de S. Bento. Cumpria tão bem o ideal monástico que todos passaram a considerar nele o perfeito herdeiro espiritual de S. Bento, o sucessor eventual dele. Segundo a tradição foi Amaro quem ficou a substituir S. Bento, quando este se transferiu para Monte Cassino. É-lhe atribuída ainda a implantação do Instituto Beneditino nas Gáleas. Julga-se que veio a falecer em 584.
Do aparecimento da sua imagem nesta terra, cerca de mil anos depois da sua morte, diz-nos a lenda, contada de pais para filhos, que um dia, há umas centenas de anos, quando uma barreira de terra e pedregulhos caída sobre parte da estrada foi limpa, encontraram uma imagem de Santo Amaro que depois de limpa foi levada para casa de um morador no Casal, mas, todos os dias que era levada, no dia seguinte de manhã estava novamente na pedreira.
Por detrás da barreira que foi limpa estava a pedreira na vertical, que tinha a meio um cubículo cavado, tipo prateleira, onde teria estado colocado Santo Amaro. Era nesse cubículo que aparecia o Santo, sempre que na véspera era levado dali.
O povo construiu-lhe uma capela a meio do lugar e concerteza depois de festa condigna, foi ali colocado e considerado padroeiro desta terra.
Não se sabe quem teria trazido o Santo Amaro para colocar no cubículo da Pedreira. Teoricamente supõe-se que fazia parte das alminhas que teriam existido naquele lugar e que era ponto de paragem obrigatória dos funerais vindos da povoação de Ribela, pela estrada antiga que fazia ligação na Ribela de Gavinhos, passavam no Casal e seguiam em direcção a Penacova. O cemitério, ao tempo, era junto à Igreja de Nossa Senhora da Guia, que nos anos 30, foi absorvida pelas construções do Preventório.
Quando no início do século foi rasgada a estrada que liga Penacova - Luso, que em princípio só chegava às Contenças, os funerais de Ribela passaram a utilizar esta estrada mas paravam sempre na direcção do local onde havia aparecido Santo Amaro, par rezar os respectivos responsos. Essa paragem era referenciada por uma cruz de madeira que estava pregada numa oliveira.
Diz mais a lenda, que a pedreira onde teria estado o Santo Amaro, foi rebentada já no século XIX e a pedra, foi metida no forno, onde esteve a arder cerca de 72 horas (o normal seriam 36 horas) mas não se transformou em cal.
Quanto aos cabouqueiros que tiveram a coragem de rebentar a pedra, ou foram mandados fazer isso, teriam entrado em doença contínua e morreram com o corpo cheio de mazelas.
O Santo Amaro por ser de pedra, é muito pesado e por isso foi feita uma imagem à semelhança, de madeira, que é a que vai no andor da procissão nos domingos de Festa.
No século XX o Santo Amaro de pedra só saiu duas vezes da Capela: - Uma no início do século. no dia da Festa, que chovia torrencialmente, e não podia sair a procissão e os mordomos colocaram o Santo fora da Capela, à chuva, mas milagrosamente a chuva parou de imediato. A procissão foi feita, mas logo que recolheu e o Santo também, a chuva voltou a cair; - a outra há mais de vinte anos, por promessa, de um conterrâneo nosso, o Armando Xavier, imigrado no Brasil, que ofereceu o relógio existente na Capela e fez a Festa dedicada a Santo Amaro. A juventude desta terra conseguiu com muito esforço adaptar o andor e transportá-lo no longo do percurso percorrido pela procissão, ajudando assim, o nosso amigo Armando Xavier a cumprir a sua promessa.
Fotos:
página da Comissão de Festas no Facebook (2024)
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