Barretos, minha cidade natal, está localizada
ao norte do estado de São Paulo, distante 424 km da capital. É conhecida pela
Festa do Peão de Boiadeiro, que lá ocorre todo ano na última semana de agosto; um
quase resquício da atividade pecuária que havia na região, ou ainda um
explícito interesse econômico para manter a tradição.
De região pecuária para a citricultura,
agora canavieira, seguindo a política governamental para produção de álcool
combustível, é cana a perder de vista, e com ela o picumã das queimadas; ainda
vamos só comer cana.
Contudo, não é esse o
assunto dessa carta, quero falar sobre uma
cidade distante 51 quilômetros da minha, ou seja, Bebedouro, cujo nome se deve ao
fato de ter nascido à beira de um córrego que era procurado pelos tropeiros,
que lá paravam para dar de beber ao gado.
Também, não tanto sobre a
cidade, e sim a respeito das estranhas aparições, uma assombração, uma mulher
vestida de noiva que atormentava quem passasse à noite pelo cemitério
Foi no começo dos 90. Testemunhas assustadas diziam ter visto a
noiva correndo, as vestes esvoaçantes, um fantasma ou alma do outro mundo. Rapidamente
a notícia se espalhou, aparecendo logo quem a explicasse. Diziam tratar-se de uma
jovem que morrera após experimentar o vestido
de noiva, e que havia sido enterrada com ele. A tenebrosa aparição ganhou a
imprensa, até um boletim de ocorrência policial teria sido registrado. Nem os
mais corajosos se arriscavam a passar pelo local durante a noite.
Conta-se que um coveiro, homem acostumado, resolveu encarar a alma
penada. E, na escuridão, estando diante de uma cova para um sepultamento que
aconteceria na manhã seguinte, viu a
noiva dentro dela, chamando-o pelo dedo indicador. Quase morreu de susto, e deu
entrada na aposentaria.
Como assombração não deve existir, a de Bebedouro tinha tudo para
ser uma farsa, e era. O pior, ou o mais engraçado, a noiva fantasma não era
ninguém se não o meu irmão que morava do outro lado da rua do cemitério. Brincalhão,
resolveu assustar os transeuntes, correndo pelo cemitério à noite com o vestido de noiva da mulher. Só ele
mesmo!
Acreditar em bruxas e duendes,
nenhum de nós acredita, entretanto como dizem os espanhóis: “pero que hay,
hay”. Há fantasma de todo tipo, como aqueles que metem no bolso o dinheiro que
seria para a Educação, Saúde e Segurança. Se a população não usar nas próximas
eleições o voto como Afugenta Fantasma seguiremos vivendo em um mundo
mal-assombrado.
P.T.Juvenal Santos – ptjsantos@bol.com.br
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