16 fevereiro, 2024

Caso da “serial killer” Luiza de Jesus vai ter documentário na RTP2

ANTE-ESTREIA DECORREU ONTEM EM LISBOA


O caso Luiza de Jesus, que tem relação directa com o nosso concelho, mais precisamente com a aldeia de Gavinhos, continua a ser tema de estudo, motivo de questionamento e matéria para a produção literária, teatral e audiovisual.

A ante-estreia teve lugar no Teatro A Barraca

Assistimos ontem, no cineteatro A Barraca (Lisboa) à ante-estreia do documentário “Luiza de Jesus”, um trabalho da produtora A Clara Amarela Films, realizado por Ricardo Clara Couto, que será muito em breve estreado no Canal 2 da RTP.

A seguir à projecção do filme/documentário numa das salas daquele teatro do Largo de Santos, o numeroso público presente teve oportunidade de dialogar com os principais intervenientes neste trabalho que tem a participação especial (voz) de Maria do Céu Guerra.

O documentário que recorre à animação 3D é intercalado com diversas intervenções desde a historiadora da Universidade de Coimbra, Maria Antónia Lopes, passando pela jornalista que no Expresso (2016) tratou o assunto, Anabela Natário, até à autora do romance histórico “A Assassina da Roda”, Rute Serra, que em 7 de Março de 2020 esteve em Penacova para apresentar este seu livro.
Recorde-se que Luíza de Jesus ia buscar crianças de tenra idade à Roda dos Expostos, gerida pela Misericórdia de Coimbra, matando-os a seguir, presumivelmente para se aproveitar do enxoval e dos 600 réis que eram atribuídos em troca da amamentação e criação até aos 7 anos. Corria o ano de 1772. Encontraram-se os cadáveres de trinta e três bebés. Confessou ter garrotado vinte e oito por suas próprias mãos! Foi condenada à morte. Atenazada pelas ruas de Lisboa, cortaram-lhe as mãos em vida, foi garrotada e queimada.

[Veja AQUI algumas das publicações do Penacova Online sobre o caso Luiza de Jesus]
 

Imagens da apresentação do livro "A Assassina da Roda" em Penacova (2020)

Note-se que a “história da última mulher executada em Portugal”, acusada de ter cometido “o mais horrendo dos crimes: o massacre de inocentes”, deu origem ao romance histórico “A Assassina da Roda” tendo como autora Rute Serra, publicado pela Editora Guerra & Paz.

Por sua vez, a autora adaptou a obra para o palco. O monólogo encenado e interpretado por Maria Henrique, teve como título 'Luiza de Jesus - A assassina da roda' e esteve em cena no Teatro da Trindade INATEL de 29 Abril a 30 de Maio de 2021.

Também o TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra) apresentou em Maio de 2023 uma criação colectiva com direção de Cristina Valente (dramaturgia de Ana Sousa, Catarina Martins, Cristina Valente, Daniela Proença, Kelly Veloso, Si Masseno e Tatiana Almeida, sendo a interpretação de Ana Sousa, Catarina Martins, Daniela Proença, Kelly Veloso, Si Masseno e Tatiana Almeida) com o título “33 – Seis Faces de Luísa”. Saliente-se que este trabalho, baseado na história da ‘serial killer’ portuguesa, natural de Figueira do Lorvão, foi igualmente apresentado em Penacova no dia 13 de Junho de 2023.

Segue-se agora, como referido acima, o excelente documentário a passar por estes dias na RTP2. Fique atento. Recomendamos vivamente.

14 fevereiro, 2024

Centro Interpretativo do Palito vai abrir em Lorvão

Museu da Ciência da UC cede peças ao novo Centro Interpretativo do Palito


O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra vai ceder cerca de quatro dezenas de peças ao município de Penacova para enriquecer o novo Centro Interpretativo do Palito, em Lorvão.

Os objetos, na grande maioria, relacionados com a temática dos palitos, vão fazer parte do espaço expositivo situado na Casa do Monte, no centro histórico de Lorvão.

O novo Centro Interpretativo, com abertura prevista para este ano, terá várias salas dedicadas à história dos palitos, desde a sua origem no secular mosteiro, à manufatura que se disseminou pela população, até ao aparecimento de várias empresas, sobretudo na freguesia de Lorvão.

Do conjunto de peças cedidas pelo Museu da Ciência fazem parte inúmeros paliteiros, de várias formas e materiais, peças de cestaria e outros utensílios utilizados no processo de manufatura do palito.

O protocolo de cedência das peças foi assinado pelo diretor do Museu da Ciência, Paulo Trincão e pelo presidente da Câmara de Penacova, Álvaro Coimbra. Na ocasião, o autarca sublinhou a importância deste acordo – “quero agradecer ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, na pessoa do seu diretor, Paulo Trincão a abertura demonstrada para a cedência deste conjunto de objetos que vai, sem sombra de dúvida, enriquecer a coleção do novo Centro Interpretativo do Palito.”

O novo núcleo museológico vai surgir na Casa do Monte, no centro histórico da vila de Lorvão, edifício do século XVIII que terá servido como casa de hóspedes do mosteiro. No seu interior vão surgir várias salas dedicadas à história do palito, desde o século XVII até, praticamente, aos nossos dias.

O investimento superior a duzentos mil euros foi financiado através de candidatura do município à AD ELO – Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego.

FONTE:

https://www.gazetarural.com/museu-da-ciencia-da-uc-cede-pecas-ao-novo-centro-interpretativo-do-palito/


10 fevereiro, 2024

Governadores Civis (4): Júlio Ernesto de Lima Duque (1859-1927)

GOVERNADORES CIVIS NATURAIS DE PENACOVA  

OU AO CONCELHO LIGADOS POR CASAMENTO

Foi Governador Civil de Évora de 26 de Junho de 1904 a 2 de Maio de 1905, 
mas a sua carreira política foi muito para além do desempenho deste cargo.

Júlio Ernesto de Lima Duque nasceu a 11 de Agosto de 1859, na freguesia de Chancelaria, concelho de Torres Novas. Era filho de José Gomes Duque e Otília Simpatia de Lima Duque.

A sua vida repartiu-se pelo concelho de Penacova onde casou e teve destacada intervenção política, por Coimbra onde estudou e fez carreira de militar - médico e por Lisboa onde teve assento no Congresso da República e foi Ministro. 

Casou em Penacova com Maria da Pureza Correia Leitão, filha do Conselheiro Alípio Leitão, no ano de 1888. Enviuvou muito cedo e casou uma segunda vez, em Coimbra (1907) com Isaura Carolina de Lima Duque, sua prima.

Estudou Medicina na Universidade de Coimbra, vindo a concluir o curso em 1886 indo logo exercer funções como facultativo do partido médico de Farinha Podre durante um curto espaço de tempo.

Pouco depois ingressou no Exército, na arma de artilharia, onde foi cirurgião - militar: tenente, 1889; capitão, 1897; major, 1911; tenente-coronel, 1911 e coronel em 1917. Passou à reserva em 1925. No início da carreira, prestou serviço em Moçambique. Ocupou o cargo de Inspector de Saúde junto da 5.ª Divisão. Foi Director do Hospital Militar de Coimbra e Presidente da Junta de Saúde daquela cidade.

Foi Governador Civil de Évora de 26 de Junho de 1904 a 2 de Maio de 1905. Iniciara a vida política de âmbito nacional em 1898 como deputado do Partido Progressista pelo círculo de São Pedro do Sul. Foi ainda deputado pelos círculos de Penacova em 1899 e 1900; por Arganil em 1901; por Lamego em 1904 e por Viseu em 1905. Em 1910 ainda se candidatou por Arganil, mas a eleição não foi validada até ao 5 de Outubro.

Foi um poderoso influente eleitoral na região de Penacova e Poiares. Na fase final da Monarquia abandonou os progressistas e procurou o apoio de diversos partidos para acautelar a sua eleição e influência local. Após o 5 de Outubro manteve durante algum tempo os ideais monárquicos, tendo participado na revolução monárquica de 27 de Abril de 1913, em virtude da qual foi preso.

Posteriormente, aderiu à República e filiou-se no Partido Republicano Evolucionista. Foi dirigente concelhio em Penacova desta formação política fundada por António José de Almeida, sendo também presidente da Junta Distrital.

Mais tarde, alinhou na ala conservadora da República aderindo ao Partido Republicano Liberal (1919-1923) e depois ao Partido Republicano Nacionalista (1923).

Foi Presidente da Comissão Distrital de Coimbra do PRL e foi eleito membro substituto do Directório daquele partido em 1922.

Foi substituto do Directório e Presidente da Comissão Distrital de Coimbra do PRN em 1923. Em Dezembro esse ano fez parte do efémero «Directório Sombra» do PRN (grupo pró-Álvaro de Castro) e aderiu à facção dissidente liderada por aquele político, inscrevendo-se no Grupo Parlamentar de Acção Republicana.

Durante a República foi também Senador. Pela primeira vez em 1915-1917 por Leiria e em 1919-1921, representando Portalegre. Em 1921-1922, 1922-1925 e 1925-1926 voltou a ser Senador, desta vez por Viseu. Em 2 de Dezembro de 1922 foi eleito 2.º vice-presidente do Senado.

Foi ministro do Trabalho em quatro ocasiões: 19 de Julho a 20 de Novembro de 1920; 24 de Maio a 30 de Agosto de 1921; 30 de Agosto a 19 de Outubro de 1921 e 18 de Dezembro de 1923 a 6 de Julho de 1924.

Em 1901 foi um dos fundadores do Jornal de Penacova onde se destacou como articulista polémico. Teve uma vasta colaboração na imprensa, escrevendo em diversos jornais e revistas: Coimbra Médica, Revista Académica de Coimbra, Imparcial de Coimbra, Elvense, O Dia, Correio da Noite, Novidades, Jornal da Noite, Medicina Militar e A Província (jornal do Partido Evolucionista) do qual foi director.

As celeumas com o periódico A Folha de Penacova, jornal regenerador, atingiram por vezes foros de grande agressividade. A Folha chamou-lhe solípede, duque de copas, amigo de Peniche. Por essa época Lima Duque encetou intensa campanha pela destituição de Alfredo de Pratt, administrador concelhio, o que veio a suceder. De novo a A Folha contra-ataca e desmonta as ''jogadas'' da política local, de feição progressista.

S. Pedro de Alva, onde iniciou a sua carreira de médico, teve para com ele uma consideração especial. Em 1916, no jornal “Ecos de S. Pedro de Alva” é referido como ''ilustre amigo de S. Pedro de Alva'' e apontado como um dos grandes promotores, enquanto deputado, dum melhoramento há muito reivindicado: o Chafariz daquela localidade.

O seu pai, José Gomes Duque, foi dono da “Farmácia Duque” em Penacova e neste concelho ocupou o cargo de Administrador (1888) e Vice-Presidente da Câmara (1896).

Na Mata, na casa onde nasceu, encontra-se a seguinte lápide com os dizeres:

 "NESTA CASA NASCEU EM 11 DE AGOSTO DE 1859 O DR. LIMA DUQUE CORONEL MÉDICO JORNALISTA ORADOR PARLAMENTAR E MINISTRO HOMENAGEM DOS SEUS CONTERRÂNEOS NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO 11 DE AGOSTO DE 1959"

Júlio Ernesto de Lima Duque faleceu na sua casa da Cumeada (zona da Av. Dias da Silva, em Coimbra) a 12 de Março de 1927.