12 março, 2015

A "Pedra Curiosa": leia a notícia que o Jornal de Penacova publicou em 1915

Já em 20 de Fevereiro de 2011 havíamos escrito neste blogue um texto intitulado As Bilobites de Penacova onde dávamos conta dos longínquos anos em que pela primeira vez tivemos a oportunidade de ver esta “pedra” no Museu Geológico da Universidade de Coimbra.
No livro Penacova e a República na Imprensa Local (2011) também fizemos referência 
à “pedra curiosa” a propósito da crítica desferida às crenças religiosas do “povo ignorante” por parte dos republicanos, detentores do Jornal de Penacova.
Em 2012 quando se preparava a obra Patrimónios de Penacova, de novo procurámos mais informação sobre o assunto. A referência a “este património” ficou a constar do livro. Já antes, na obra de Carlos Fonseca e Fernando Correia, Penacova,o Mondego e a Lampreia havia sido dado grande relevo a estes aspectos, inclusivamente com fotografias excelentes de fósseis recolhidos na região de Penacova e também dos icnofósseis (vestígios da actividade biológica) encontrados na zona de “Entre Penedos”.
Há dias, a propósito da intervenção que a Câmara Municipal está a levar a cabo na Livraria do Mondego voltámos ao assunto. Quando hoje publicámos imagens da “lage de grandes dimensões” prometemos trazer aos leitores do Penacova Online a notícia publicada em 1915 no Jornal de Penacova nº 709 de 22 de Maio de 1915.

Aqui vai:

PEDRA CURIOSA

Em Entre Penedos, nas obras da estrada 48 (...) foi encontrada uma pedra curiosíssima, com desenhos em alto relevo, que não obstante serem irregulares, são de traço uniforme, de largura aproximada de seis centímetros, em forma de cordão, com umas reentrâncias ao meio. Os desenhos ou antes cordões entrecruzam-se, sobrepondo-se no ponto de contacto.
A pedra que conseguiu arrancar-se , mas fragmentada , mede cerca de 3 metros de comprimento por um a um e meio de largo e de 20 a 30 centímetros de espessura.
O bloco, que foi encontrado em posição vertical (...) não foi completamente arrancado devido à grande dificuldade que há em o fazer.
O lente de geologia da Universidade, dr. Anselmo Ferraz, veio ver a referida pedra e mandou removê-la para o museu daquela cidade. O exemplar realmente curioso não é uma novidade para os geólogos (...) uns atribuem à incrustação de raízes e fetos minerais (...) outros atribuem ao rasto de um bicharoco de nome muito arrevesado que agora não nos lembra, que passeava muito tranquilamente por sobre esses referidos minerais, que depois se petrificaram.
Como é natural, em volta da referida pedra já o nosso povinho na sua ignorância, criou uma lenda - ou mais do que uma - crendo uns que aquilo é obra dos moiros e outros que é coisa de milagre porque no emaranhado dos desenhos e ao meio de um círculo, com um pouco de boa vontade, se pode ver desenhada uma cruz!
Mas não temos que nos admirar do desacordo em que o povo ignorante está sobre a origem da curiosa pedra, porque os próprios sábios geólogos também o estão!
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Jornal de Penacova, nº 709 de 22 de Maio de 1915

Alguns dos cabeçalhos que o Jornal de Penacova (1901-1937)
foi apresentando

Ainda a "Pedra Curiosa" ou Cruziana de Entre Penedos: veja aqui fotos e vídeo recolhido em 2012 aquando da preparação do livro Patrimónios de Penacova

Publicamos, na sequência do penúltiplo post, um conjunto de imagens 
que tínhamos em arquivo, sobre este tema. 
Oportunamente publicaremos o texto que saiu no Jornal de Penacova há 100 anos
quando foi descoberta a tal " Pedra Curiosa", assim designada no título do artigo.














CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA VER VÍDEO

24 fevereiro, 2015

CARTAS BRASILEIRAS: O NARIZ DE VAN GOGH

Cores primárias, secundárias, terciárias, complementares, são denominações para classificar as cores. Há outras tantas: podem ser quentes e frias. Pouco sei sobre as cores, pouco sei sobre elas, mas são tão belas! Do mesmo modo como me disse um amigo, de vinho e mulher pouco entendo mas gosto!
Para um artista, sabê-las é imprescindível, para melhor distribuí-las na tela no momento da criação, e assim chamar a atenção para o tema principal, dar destaques, oferecer contrastes, suavizar, dar força e equilíbrio. Não basta distribuir sobre a paleta vários montinhos de tinta e tentar combinações, poderá acontecer de serem todas cores complementares, que se misturadas resultarão em cinzas e preto.
            Dizem que, em suas alucinações, Vincent Van Gogh cheira os montinhos de tinta, comia, na tentativa de descobrir o gosto do amarelo, o sabor do vermelho, que paladar teria o azul, para assim poder melhor utilizá-las! Ficava ele intrigado com o que se passava na mistura do azul com o amarelo na formação do verde. Com tanta a ansiedade, para entender as cores, era capaz de beber solvente com bocados de tintas, queria compreender a interação que se dava entre elas. Que ninguém faça isso; mera loucura,  loucura do genial Van Gogh.
            E, como de gênio e louco todo mundo tem um pouco, vou dar minhas pinceladas do jeito que “malemá” eu sei, escrevendo (malemá, mais ou menos, expressão usada no Vale do Ribeira, SP, Brasil, região onde nasceu meu pai).
            Como o negro é a ausência de cores, posso dizer que meu deu “um negro”, ausentei-me de escrever prá lá de um mês para o blog.
CLIQUE NA IMAGEM

E, como cantou Frank Sinatra, “Let me tray again” (Paul Anka/Cahn e Caravelli):Deixe-me tentar novamente/ pense em tudo o que tínhamos antes/ deixe-me tentar mais uma vez / podemos ter tudo/ você e eu novamente/Apenas perdoe-me ou eu vou morrer/por favor, deixe-me tentar novamente”.
            Do mesmo Paul Anka, o Senhor Olhos Azuis, cantou MyWay, que pode ser ouvida e vista no YouTube.

My Way (clique no link acima)
            Meu abraço ao David, retomando o blog, o que é muito bom para Penacova.

Paulo T J Santos – ptjsantos@bol.com.br

Nota:
Obrigado Paulo. O regresso dos seus textos é também enriquecedor para o blogue e para os seus leitores.