20 julho, 2024

Medalhas de Honra Municipal 2024 (1): Alfredo Santos Fonseca


Nota biográfica que acompanhou a projecção de um pequeno vídeo:

"Nasceu a 31 de Maio de 1944. Começou por ser alfaiate e aos 17 anos já trabalhava por conta própria. A sua actividade profissional em S. Pedro de Alva alargou-se à venda de máquinas de costura e aos seguros e, mais tarde, já com empresa própria, aos móveis e electrodomésticos.

Entregou-se à vida autárquica e foi presidente de Junta de Freguesia durante 3 mandatos: 1980 a 1983; 1983 a 1985 e de 1994 a 1997, ficando ligado à actividade autárquica mais de trinta anos.

São deste período obras marcantes para S. Pedro de Alva o saneamento básico, a Escola Básica Integrada, a s ede da Junta de Freguesia, Jardim de Infância, o Vimieiro, e várias acessibilidades por toda a freguesia.

Em 2007 assume a direcção da Casa do Povo de S. Pedro de Alva, onde se manteve até 2014. Fica ligado à ampliação e requalificação das instalações daquela instituição.

Ao longo dos anos entregou-se à escrita e é autor de mais de uma dezena de publicações sobre os mais variados temas: a guerra colonial, a diáspora, costumes, tradições e histórias de S. Pedro de Alva e das terras de Mondalva."


Palavras proferidas pelo homenageado: 

"Quando se trabalha voluntária e afincadamente em prol do bem comum, fazemo-lo sem ser em vista a qualquer reconhecimento. O bom trato do povo que sempre acreditou em mim foi suficiente para me motivar a fazer cada vez mais e melhor, se possível, pela minha querida S. Pedro de Alva.

Em 1981 começou a minha longa caminhada autárquica:três e meio (por minha opção) mandatos de Secretário, um de membro da Assembleia, três de Presidente da Junta, e um de Presidente da Assembleia de Freguesia. Nesta longa caminhada que não foi interrompida pela alterações políticas alcançadas com o 25 de Abril de 74, reuni uma vontade férrea de me sacrificar até ao extremo para satisfazer os anseios e carências daquele bom povo que vivia miseravelmente, quase sem dar por isso, com falta de alguns meios de comunicação rodoviária entre a povoação do cavaleiro e a sede de freguesia, Laborins-Hombres, Hombres-Vimieiro -Paradela, Vimieiro-Friúmes, arruamentos dentro das povoações, sem asfalto ou calçada, água ao domicílio, electricidade em parte da freguesia, saneamento básico na vila, criação e construção da EB 2,3 para garantir o ensino do Segundo Ciclo até ao 9º ano, uma magnífica sede da Junta de Freguesia, com Pré-primária anexa, etc, etc, estendeu-se ao longo de 32 anos onde dediquei os melhores anos da minha vida, entre os 27 e os 59 anos, ao progresso da minha freguesia.

As soluções destas carências não seriam possíveis sem o apoio incondicional de ex-presidentes da Câmara do meu tempo que foram o Dr Joaquim Leitão Couto, já de saudosa memória, e o Eng.º Manuel Estácio Flórido a quem São Pedro de Alva muito deve.

Quem conheceu S. Pedro de Alva nesse tempo e a vê hoje notará uma grande diferença, também porque os executivos que me sucederam souberam pegar nos indícios que lhes deixei e têm prosseguido com o desenvolvimento da freguesia, pelo que são merecedores da minha estima, respeito e consideração.

Pouco depois de me libertar das lides autárquicas, reformei-me, entreguei os bens aos meus filhos e passei a gastar a maior parte do meu tempo a escrever. Até este momento já escrevi e publiquei onze livros cujos textos têm por missão registar e perpectuar para a história acontecimentos e pessoas que foram autores do vasto património que hoje desfrutamos e que na falta destes registos cairiam no esquecimento. Entendo que esta actividade a que voluntariamente me entreguei se reveste de grande significado, pois quem não respeita o passado não merece ter futuro.

Resta-me humilde e modestamente “agradecer quem teve o ensejo de agraciar este “Zé Ninguém" que cerca de metade da sua vida dedicou em benefício do bem comum e do progresso da freguesia de S. Pedro de Alva.

Muito obrigado a todos os proponentes deste galardão com especial destaque para o senhor Presidente da Câmara e seus Vereadores por terem reconhecido e avaliado esta pequena árvore com ela ainda de pé, sim, porque depois de tombada, já é mais fácil a sua avaliação...

Esta valiosa medalha que com muito agrado e respeito recebo, porque me foi entregue pelo município, peço licença ou autorização para a repartir pela minha família aqui presente a quem tantas vezes faltei com o devido carinho e apoio por andar a resolver os problemas da freguesia.

Não pedi nem esperava esta distinção, mas se me foi atribuída, aceito-a com muito agrado porque transforma este dia num dos mais felizes da minha vida.

A todos o meu muito obrigado!

19 julho, 2024

𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: a América em contra-ciclo


A América em contra-ciclo

Estamos, por estes dias, “afundados” em tudo o que se passa ou acontece relacionado com as eleições presidenciais nos Estados Unidos da América.

Ao longo da vida, as pessoas da minha idade (70 anos, já velhos, portanto) foram tendo posições diversas relativamente àquele país que muito ajudou o mundo, nomeadamente a nossa Europa, no post guerra; ou o prejudicou, numa outra visão radicalmente diferente.

E, ainda hoje, se têm algumas certezas e, também, muitas dúvidas.

As certezas:

- é um grande país, uma economia muito forte, uma grande potência e tem sido uma grande democracia.

As dúvidas:

- serão assim tão inteligentes como já foram, tão fazedores, tão solidários com os mais pobres?

- ou passaram a gozar do prestígio que acumularam e estão a adormecer à sombra da bananeira?

- fora das questões das guerras e das indústrias de armamento, praticam assim tantas parcerias desinteressadas; ou são iguais às outras economias?

Ora bem,

Começo por afirmar que ser exemplo nas questões da Democracia, para mim, tem um inestimável valor, sobretudo quando isso se projecta como bom exemplo no mundo.

Os EUA permitem que um ser humano -independentemente das suas origens- com cabeça e trabalho, atinja patamares absolutamente ímpares de satisfação em sociedade e isso não é normal em qualquer outro local do mundo; nós, em Portugal, conhecemos muita gente que por lá singrou.

Mas começa a perceber-se que o fenómeno da imigração faz dependê-los quase em absoluto dos que ali chegam em condições dramáticas e assim permanecem por muito, muito tempo.

A emigração (tal como as armas) estão a atingir foros do descrédito internacional da América.

Uma grande potência (ainda a maior, indubitavelmente), não pode permanecer assim por muito mais tempo, sob pena de ser ameaçada pelos seus concorrentes mais directos!


Só que, na minha modesta opinião, as coisas (em política pura) só se conseguem mudar através das pessoas (geração) que sejam portadoras de mensagens e de conhecimentos e de práticas e de tempo para que as mudanças possam operar com a necessária rapidez e consolidação.

Esses atributos não reciclados, só nas gerações mais jovens (e preparadas) podem surgir.

E isso não está a acontecer na América do mundo novo; na América estão 2 velhos a tentar manter linhas de governação esgotadas: um com quase 82 anos e outro com 78…

Naturalmente que eu fico estupefacto com esta falta de capacidade regenerativa. Serei só eu?

Luís Pais Amante



16 julho, 2024

O(s) porquê(s) do 17 de Julho...


Foi na sessão de 28 de Maio de 1977 que a Assembleia Municipal de Penacova, no uso da faculdade prevista no Decreto n.º 394/74 de 28 de Agosto, deliberou que o feriado municipal, que em tempos longínquos teria sido o Dia de S. João, fosse o dia do aniversário do nascimento de António José de Almeida.

Aquele órgão do Poder Local, onde estavam representadas todas as correntes políticas mais significativas do concelho, aprovou por unanimidade a data de 17 de Julho, proposta pelo Executivo Municipal.

Em declarações ao Notícias de Penacova, em 1977, o Dr. Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, à época Presidente da Câmara, apresentou alguns dos motivos da predileção por aquela efeméride, referindo que a Câmara entendera ser aquela data “como a mais capaz, não só de reunir um consenso geral como também mais capaz de realçar um importante factor histórico da luta em Portugal pela República e pela Democracia.”

Explicou ainda que haviam sido consideradas outras datas como o dia de S. João e o dia de Nossa Senhora do Monte Alto, mas que haviam sido “postas de parte” pela circunstância de serem “Dias Santos para a Igreja Católica e que sendo um Feriado uma data histórica ou política”, se entendera “não fazer coincidir os dois poderes.”

Outras datas foram equacionadas, por exemplo a data de atribuição do foral por D. Sancho I “mas foi impossível conseguir descobrir a data em que se processou tal acontecimento.” Ainda a data da batalha do Buçaco, parte da qual se desenrolou no nosso concelho, foi alvitrada,”mas julgou-se que diria mais respeito ao concelho da Mealhada”.

“Chegou-se assim à data de 17 de Julho que representa o aniversário de nascimento de António José de Almeida que foi o mais ilustre penacovense no processo político que desde a monarquia tem procurado instaurar e consolidar a República e a Democracia em Portugal. Orador brilhante e político esclarecido, foi um homem ouvido e respeitado aquém e além fronteiras, admirado e considerado por todas as correntes de opinião que tinham e têm por base a instauração de um regime republicano e democrático”, justificou Artur Coimbra, ao mesmo tempo que vincou o facto daquela proposta da Câmara Municipal pretender ser “uma homenagem do Povo deste concelho, sem dúvida, democrático e republicano, à mais alta figura de sempre”, ao mesmo tempo que visava ainda “um chamar de atenção a todos os penacovenses para essa época histórica, reavivando o nome do Dr. António José de Almeida no espírito de cada um de nós e no conhecimento de todos aqueles a quem não foram dadas as possibilidades de pelo menos terem estudado um pouco de história de Portugal.”