06 novembro, 2023

Governadores civis (2): Fernando Augusto de Andrade Pimentel e Melo (1836-1892)

GOVERNADORES CIVIS NATURAIS DE PENACOVA 
OU AO CONCELHO LIGADOS POR CASAMENTO


Fernando Augusto de Andrade Pimentel e Melo nasceu em Penacova no ano de 1836. Filho do Bacharel Fernando António de Andrade Pimentel e Melo e de Joaquina Emília Augusta de Melo. Casou com Maria Júlia Godinho de Sousa, em S. Miguel de Poiares, a 30 de Agosto de 1866.

Doutorou-se em Medicina em 30 de Julho de 1862. Professor catedrático (1870) na Universidade de Coimbra onde já lecionava desde 1865. Enquanto médico e professor universitário publicou Da albuminúria nas mulheres grávidas (1862) e Instruções contra a Cólera-Morbus (1885).

Foi Director do Hospital dos Coléricos e do Asilo da Mendicidade de Coimbra ou dos Expostos e médico do Seminário Diocesano.

Por ocasião da sua morte o volume XL (1893) de O Instituto refere que Fernando de Mello fora “exímio professor, distintíssimo orador e notável clínico.”

Fernando de Melo distinguiu-se também na política. Foi dirigente do Partido Regenerador em Penacova e Procurador à Junta Geral do Distrito de Coimbra por este concelho (e pelo concelho de Poiares). Teve também notória intervenção política enquanto deputado. Nesse sentido se lhe referiu “O Instituto”:

“Possuía notáveis dotes de orador, tinha a palavra inspirada, fisionomia atraente, ideias elevadas, polidez na dicção e perspicácia no argumentar”.

Na Câmara dos Deputados afirmou (1870) que, apesar de ter a obrigação de defender a nação e de proteger os interesses de todos, tinha de defender em primeiro lugar os interesses daqueles que o “honraram com a sua confiança” não esquecendo o círculo que o elegera.

De 3 de Agosto de 1876 a 22 de Setembro do mesmo ano e de 31 de janeiro de 1878 a 9 de Junho de 1879 esteve à frente do Governo Civil de Coimbra.

O seu nome integra também a lista dos Presidentes da Câmara Municipal de Coimbra, cargo que exerceu de 1874 a 1875. Foi ainda Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra.

Foi agraciado com a Grã-Cruz de Isabel a Católica.

Por influência sua, em 1867 o concelho de Penacova passou a agregar as freguesias de Poiares, Almaça, Cercosa e S. Paio. Só que, passado um mês, na sequência do movimento que ficou conhecido por “Janeirinha”, o despacho de Martens Ferrão foi anulado, não passando tudo de “uma existência de rosas”, na expressão dos progressistas penacovenses, seus rivais na política local.

Quando está na ordem do dia a questão das touradas, recorde-se que já em Julho de 1869 foi apresentado na Câmara dos Deputados um projecto de lei para proibir as corridas de toiros. Tendo como proponente Alves Mateus, o documento era subscrito por 17 deputados, entre os quais Fernando Augusto Andrade Pimentel de Melo.

Fernando de Melo faz parte da toponímia da vila de Penacova desde 1902.

Faleceu, vítima da tuberculose, com apenas 56 anos.

17 outubro, 2023

António José de Almeida e a «viagem gloriosa» ao Brasil



Fonte do texto e imagens: Museu da Presidência

A viagem ao Brasil do Presidente António José de Almeida, em 1922, para participar nas comemorações dos 100 anos da sua independência, é motivo da exposição organizada pelo Museu da Presidência da República.

Cerca de 200 peças da coleção do Museu, mas também de museus nacionais e de colecionadores privados – algumas delas recebidas e expostas no Rio de Janeiro, há 100 anos –, trazem ao presente aquela «viagem gloriosa», lembrando também o percurso pessoal de António José de Almeida, desde a terra que o viu nascer, Vale da Vinha, em Penacova, até ao monumento que o homenageia, em Lisboa.
A exposição aberta ao público no Jardim da Cascata do Palácio de Belém recorda o momento alto do mandato presidencial que nem os imprevistos logísticos ofuscaram. Pela primeira vez desde que a corte portuguesa se mudara para o Brasil (1808 – 1821), um Chefe do Estado português visitava aquele país. Era o abraço fraterno ao país-irmão na comemoração do primeiro centenário da sua independência.
Veja a apresentação da exposição «António José de Almeida e a “viagem gloriosa” ao Brasil» e embarque connosco. De terça-feira a domingo; 10h00-13h00 (última entrada às 12h30) e 14h00-17h30 (última entrada às 17h00).

16 outubro, 2023

“Palitos de Lorvão: Saberes Partilhados”-valorizar e promover


O Programa SABER FAZER, que é uma iniciativa da Direcção Geral das Artes (DGA), pretende fazer “o mapeamento e a caracterização das artes tradicionais em território nacional”. Este programa surge no âmbito da Estratégia Nacional para as Artes e Ofícios Tradicionais (2021-2024) e assenta em quatro pilares - preservação, formação profissional, capacitação e promoção.

Assume-se a produção artesanal tradicional como um sector dinâmico, inovador e sustentável, que contribui ativamente para a riqueza e diversidade do património cultural e para o desenvolvimento socioeconómico do País”. A Direcção Geral das Artes “valoriza o Saber Fazer como um património cultural único, à luz dos desafios e das exigências atuais e criou medidas para salvaguardar o reconhecimento e o desenvolvimento sustentável da produção artesanal, assentes em três eixos principais: transversalidade, territorialidade e tecnologia.”

O Programa Saber Fazer “assume a produção artesanal tradicional como uma atividade viável e sustentável, com enorme relevância para as questões mais prementes do nosso tempo: preservação de conhecimento, produção sustentável, consumo responsável, respeito pelo clima e pelo bem-estar em comunidade.”

Entre as primeiras medidas a implementar pelo Programa estão Atividades Pedagógicas e um conjunto de Rotas do Saber Fazer, sendo que a mais estruturante é o Repositório do Saber Fazer, concebido como um portal de entrada para conhecer e cultivar as artes tradicionais e o conhecimento que lhes é inerente. Esta plataforma digital, que já contempla os Palitos de Lorvão, pretende reunir e disseminar conhecimento sobre a produção artesanal tradicional, promovendo a transmissão desse conhecimento e a continuidade das atividades artesanais.

Foi neste contexto que o Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão recebeu, no passado sábado, o "Laboratório de Intervenção Territorial (LIT) Palitos de Lorvão: Saberes Partilhados”. A Direção-Geral das Artes, através do Programa Saber Fazer organizou esta iniciativa juntamente com o Município de Penacova.

Contou com a presença do vereador da Educação, Carlos Sousa, do representante do Centro Interpretativo do Mosteiro do Lorvão e da Penaparque, Mauro Carpinteiro, e da subdiretora da Direção-Geral do Património Cultural, Rita Jerónimo, tendo sido abordados diversos aspectos relacionados com a arte dos palitos.

Maria João Ferreira, do Programa Saber Fazer, fez uma breve apresentação do programa em causa e Rita Jerónimo teceu algumas considerações sobre o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.










Seguiu-se um painel, moderado por David Almeida, sobre experiências desta arte. Luís Silva, do Grupo Etnográfico de Lorvão, partilhou os seus conhecimentos e vivências de muitos anos e de igual modo a artesã Fátima Lopes, desde muito jovem ligada a esta arte, partilhou a sua experiência. Ana Cristina Mendes salientou o contributo do CEARTE para a certificação das produções artesanais.

Os Laboratórios de Intervenção Territorial são uma das linhas de atuação do Programa Nacional Saber Fazer e consistem numa proposta de dinamização dos lugares das práticas artesanais através do encontro, da cocriação, interdisciplinaridade e experimentação, dando visibilidade aos produtos e serviços artesanais de forma contextualizada, informada e criativa e integrando a produção artesanal na promoção comercial do património cultural.

Esta iniciativa nacional pretende proporcionar e potenciar o encontro de entidades de diferentes regiões, num espírito de partilha informal de experiências e saberes em vários domínios como o da produção, investigação, promoção, valorização e transmissão de conhecimento.

De referir ainda que, inserida na mesma acção, se realizaram duas Oficinas de Experimentação da arte dos palitos de Lorvão, orientadas pela artesã Fátima Lopes tendo como público-alvo os alunos de vários níveis de ensino. As oficinas que decorreram na sede do Agrupamento de Escolas foram muito bem acolhidas.