03 novembro, 2025

Crónicas do Avô Luís (5): A igualdade de oportunidades na Educação

 


A igualdade de oportunidades na Educação

A igualdade de oportunidades, em tese geral, significa o princípio segundo o qual todas as Pessoas devem ter acesso igual a recursos e oportunidades, independentemente das suas características e/ou origens.

Corresponde à visão de um tipo de Sociedade justa e meritocrática, onde o sucesso se baseia essencialmente no esforço individual e na competência.

Recentemente, a OCDE considerou que o nosso País devia dar bolsas de estudo suplementares aos Estudantes mais carenciados.

O mesmo é dizer que o Estado devia colocar todos os Estudantes com as mesmas possibilidades de aceder ao ensino, lactu sensu considerado.

Vejamos:

1. Para ser atingido um acesso justo, o Estado deve democratizar a Educação, responsabilizando-se na criação de condições para tanto;

2. ⁠Para se obter um sucesso escolar equitativo, o percurso tem de ser apoiado nas suas diferenças;

3. ⁠A educação inclusiva, que assim se obteria, seria, naturalmente, fruto da adaptação e ultrapassagem de todas as adversidades.

Entre os elementos de desigualdades identificados (60% e 75%) está a situação económica e financeira dos pais, o que salta à vista num País que tem 2 milhões de cidadãos na pobreza.

A questão da localização (local de origem dos Estudantes) também influencia a desigualdade e esse facto está, igualmente, à vista num País em que o Interior está a definhar há décadas, sem que isso constitua problema.

As zonas rurais, por si só, influenciam a desigualdade, sendo notória a dificuldade dos Jovens no alcançar de resultados académicos e, igualmente, no acesso subsequente a melhores empregos.

Uma coisa me parece certa nesta “orientação” da OCDE:

-Ou seguimos este caminho (dar bolsas suplementares a Estudantes carenciados) ou mandamos para o lixo um dos objetivos primeiros do 25 de Abril, que era, justamente, a igualdade naquele sentido dos deveres do Estado.

Temos de ter a coragem de assumir que os mais jovens, hoje, enfrentam muito mais dificuldades do que aquelas que nós (gerações anteriores) enfrentámos e que o que os espera é ainda pior.

Já nem vale a pena falar das responsabilidades inerentes a esta situação vergonhosa de que falamos hoje.

Fogem todos!

A nossa Constituição diz:

Acima verificamos como é que a Constituição da República Portuguesa trata deste assunto:

a). Na primeira parte temos a vertente positiva da proclamação do direito;

b). Na segunda parte temos a vertente negativa, que o faz impor através da proibição.

O que importa afirmar é que sustentar a recomendação da OCDE nem sequer precisa de muito esforço, num País que esbanja recursos a esmo, como todos os dias vamos sabendo.

O que é mesmo necessário é que tenhamos todos consciência de que, sem apoios, muitos dos nossos cidadãos que têm origem em famílias carenciadas, são “mentes brilhantes” que muito podem dar ao País.

E, in casu, desaproveitar estes potenciais, não se admite, pura e simplesmente; é esbanjar conhecimento.

Apelo, portanto, ao Ministro da Educação e ao Ministro das Finanças, para que acabem de vez com esta “discriminação”, real e objectiva.

E acreditem,

Eu sei bem do que falo!

Luís Pais Amante


28 outubro, 2025

𝕄𝕖𝕤𝕞𝕠 𝕒𝕢𝕦𝕚 𝕒𝕠 𝕝𝕒𝕕𝕠: Museu Municipal da Educação nasceu em V. N. de Poiares

"Este museu é um espaço dedicado à memória, à educação e à história local”, um  “ponto de encontro entre gerações que permite uma viagem ao passado da educação” 

in vídeo publicado no YouTube / Beira Digital TV.

 

 

No passado Sábado, 18 de Outubro, foi inaugurado na vizinha vila de Poiares o Museu Municipal da Educação. 

Escreveu  Ana Souto de Matos, na sua página nas redes sociais, logo após a sessão:  “O Museu Municipal da Educação é um local de História e com estórias associadas à escola primária, recriando as salas de aula de antigamente, expondo os materiais pedagógicos, os métodos de ensino e de castigo, os brinquedos, identificando os protagonistas locais e demonstrando, por comparação, que a escola de hoje é comunidade de liberdade e democracia. Ideia acarinhada inicialmente pelo autarca Artur Santos, tal como foi frisado pela vereadora Luz Pedroso, transformou-se num projecto muito acalentado pelo actual executivo. Estou certa que, em breve, se tornará num espaço  exemplar a nível regional e até nacional, que atrairá, para além dos locais (que poderão recordar momentos de muito significado associados à sua infância) muitos (outros) visitantes” .

O projecto de museografia da exposição permanente foi da autoria de Fábio Nogueira (Meridiano - Atelier de Arquitectura). O piso do rés-do-chão é mais dedicado ao lúdico, com exposição de brinquedos artesanais e industriais do tempo dos pais e dos avós (colecção coordenada por João Amado, actualmente mentor e coordenador do Museu - Escola do Brinquedo Tradicional Popular (Loureiro-Coimbra). O piso superior tem várias salas, reconstituindo salas de aula, delegação escolar, sala de lavores, sala de profissões e cantina escolar (esta, homenageando também a benemérita fundadora). 


     António Gomes Ferreira |  João Miguel Henriques | Fábio Nogueira

Na sessão de inauguração, este arquitecto penacovense salientou “o empenho e responsabilidade" da Vereadora Drª Luz Pedroso, a disponibilidade e a ajuda da arquitecta da Câmara Municipal Bruna Soares, bem como do Dr. Eduardo Vasconcelos e do Dr. João Pedro Seco. Referiu ainda que os conteúdos científicos foram da responsabilidade do Professor Doutor António Gomes Ferreira e do Professor Doutor João Amado.

António Gomes Ferreira, personalidade destacada da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, usando da palavra, frisou que “Poiares tem, provavelmente, o melhor museu da história do ensino primário recente”, posicionando-se, assim,  na região e no país.

“Existem outros, mas com esta dignidade, com esta qualidade expositiva e com esta capacidade pedagógica, não conheço caso tão bom como este” – salientou, igualmente. Sublinhou que este espaço, bem como  os elementos expostos podem ser utilizados para o trabalho com as crianças, com os alunos mais velhos, com alunos dos cursos de formação de professores do 1º Ciclo, propondo a existência  de uma “confluência intergeracional”, implicando troca de experiências, carregadas de história e tradição, de pessoas de mais idade com aqueles que estão longe destas realidades, “Um espaço-museu que não é só memória do passado, mas um espaço para pensar o presente, para pensar o que deve ser a educação”, através da ”interação entre aquilo que foi e aquilo que é” – sublinhou também. E a terminar, concluiu essa mesma ideia dizendo que “O Museu não é para o Passado, mas começa Agora. Assim haja gente que lhe dê vida, dinamizando-o, aumentando o acervo ”, numa perspectiva intergeracional “que cada vez é mais necessária”. 

Por sua vez, o Presidente da Câmara, João Miguel Henriques, referiu que este espaço “que tem grande potencial” é factor que “orgulha a todos, que orgulha o Concelho”. Recordou que o edifício "emblemático” da antiga escola primária, após a construção do Centro Educativo, ficou sem grande utilização, tendo, deste modo, sido aproveitado  para instalar o museu escolar, considerando ser este o espaço mais adequado. Referiu que este espaço museológico obedece a todas os requisitos exigidos pela Rede Nacional de Museus, bem como a toda a legislação associada. Adiantou, igualmente, que a criação das condições de acesso directo do exterior (dado que neste momento “coabita” com o espaço do centro escolar actual) é fácil de resolver. Sobre este aspecto o arquitecto Fábio Nogueira adiantou que essa solução, que não implica avultado investimento, pode até vir a melhorar a questão da circulação de veículos nos horários de entrada e saída das actividades escolares. João Miguel Henriques salientou ainda a vertente educativa do Museu, quer para as escolas de todo o país, quer mesmo para alunos do Ensino Superior. 

Começámos por citar um testemunho das redes sociais. Terminamos, igualmente, com a transcrição do texto de Luís Gonçalves, Director do Agrupamento de Escolas Martim de Freitas:

“Uma cidade / vila / concelho só pode ser considerada Educadora quando apresenta ações e dinâmicas como a que culminou, hoje, com a inauguração do Museu Municipal da Educação em Vila Nova de Poiares. Olhar o passado, para a melhor entender o presente e pensar o que queremos para o Futuro, como dizia o Professor António Gomes Ferreira, nas palavras de abertura, um museu não é uma casa do passado. Tem de ser um espaço de futuro, aberto a toda a comunidade. Parabéns à Maria da Luz Pedroso pelo empenho em concretizar a obra que deixa como legado às próximas gerações. Parabéns aos Professores António Gomes Ferreira e João Amado pelo trabalho de elevada qualidade científica. Foi uma manhã muito rica que ainda permitiu encontrar e confraternizar com amigos que lutam pelo mesmo objetivo, onde quer que se encontrem: lutar por uma Educação de Qualidade. E este, é um trabalho de todas e de todos. Inclui a Escola... mas não se limita a ela!”



















Maria da Luz Pedroso, Vereadora








22 outubro, 2025

Morreu Francisco Pinto Balsemão: a opinião de Luís Pais Amante


Já era de esperar este desfecho para um Homem de que o nosso País vai ter saudades.

Amado por muitos, muitos; menos seguido por outros tantos, a verdade é que foi mais um amante da Liberdade que nos deixou.

Recordemos:

- Foi filho de Jornalistas;

- Foi “criador” de um Jornal de referência, para a minha geração, o Semanário Expresso, que continuamos a comprar em papel, cá em casa;.

- Era na pele do Jornalismo Livre e sem “baias” que gostava de trabalhar, ensinar e investir até quase tudo perder!

Eu não o conheci, pessoalmente, mas conheço facetas menos boas de alguns dos seus seguidores indefectíveis, sendo que, ainda assim, as situações que conheço, permitem-me afastar este Homem - que considero sério - de quaisquer problemas que se coloquem na senda da prática de irregularidades.

Pinto Balsemão era Meu Colega, Advogado.

E quer queiramos, quer não, esse rótulo simples (aliado ao Estatuto da Ordem dos Advogados) não só dá a tal Liberdade, como, também, ajuda a criar Homens “tesos”, como o são a generalidade dos seus amigos mais íntimos.

Homens Livres!

Que, infelizmente, já não se cultivam, nem produzem…


Francisco Pinto Balsemão foi Deputado da Assembleia Nacional que Deus tenha em descanso eterno e, podendo adaptar-se à situação política anterior ao 25 de Abril, lutou (à sua maneira) por uma libertação face ao regime Salazarista na Ala Liberal, entre 1969 e 1974, conjuntamente com outros Homens de Valor: José Pedro Pinto Leite, Francisco Sá Carneiro, Miller Guerra, Mota Amaral, Joaquim Magalhães Mota.

Puseram a nu as fragilidades do regime (Fascista) e abriram caminho à chamada Primavera Marcelista, que chegou ao poder, o amaciou, mas não mudou!

O Projecto de Revisão Constitucional de 1970 já continha “linhas de choque importantes”.

E, justamente, em 1973, Outubro, entrava para a Faculdade de Direito de Lisboa este vosso amigo, aqui signatário.

A Liberdade andava no ar…

E com a luta por ela, sem entraves ou freios, surgiu o 25 de Abril, em 1974.

Por onde andámos em campos opostos.

Já Balsemão tinha fundado o Expresso, que data de 6 de Janeiro de 1973, como jornal de imprensa independente.

Na onda do que Francisco Sá Carneiro tinha vaticinado para a Ala Liberal: “é o fim”!

Jornalista, Advogado, Empresário e Político, são pois as características de Francisco Pinto Balsemão.

Na Política, foi fundador do PPD (6 de Maio de 1974) conjuntamente com Sá Carneiro e Magalhães Mota.

E chegou a Primeiro Ministro; 

a ele estão ligadas actuações enérgicas para acabar com a manutenção dos Militares na direção política do País, o que veio a acontecer justamente na Revisão Constitucional de 1976, que colidiu com o Conselho da Revolução e com o General Ramalho Eanes, em particular.

Outras questões como a navegabilidade do Douro e a intervenção no Alqueva também lhe estão próximas.

Neste momento de dor, a sua Família está a lutar pela sobrevivência do Grupo Impresa, que agrega, entre outros, a Sic e o Expresso.

Infelizmente para ele, esta “guerra” da manutenção da direção dos destinos deste importante Grupo, ficou no campo de batalha.

Vamos assistir a muita intervenção, a muito depoimento, que enaltecerão o nome deste Português singular.

Pela minha parte (que, ao longo da vida não apoiei muitas das suas decisões e intervenções) quero afirmar:

1. Foi um Homem bom, leal e combativo, não bajulador;

2. ⁠Foi um Político que soube encarar a política no seu exacto pendor: sem disso tirar dividendos directos e sem risco;

3. ⁠Foi um Pedagogo do Jornalismo puro que, segundo me dizem nunca interferiu no trabalho dos seus colegas, sendo patrão de muitos, mesmo muitos (bons, assim assim, suficientes, maus … e até péssimos);

4. ⁠Foi um Homem honesto!

5. ⁠Que, muito provavelmente, teve razão antes do tempo…

E, como desses já não há fabrico ou produção:

- Merece a minha vénia!

Que descanse em Paz…

                          

              Luís Pais Amante