26 setembro, 2025

𝕄𝕠𝕤𝕥𝕖𝕚𝕣𝕠 𝕕𝕖 𝕃𝕠𝕣𝕧ã𝕠: 𝕦𝕞𝕒 𝕔𝕣𝕠𝕟𝕠𝕝𝕠𝕘𝕚𝕒


Séc. IX

878 - Documentação histórica da existência de um Mosteiro masculino dedicado a São Mamede e São Pelágio, após a Reconquista de Coimbra pelo Conde Hermenegildo; o Conde Ovieco Garcia doa a terra de Pala, em Mortágua, ao mosteiro.

Séc. X

966 - Abade Primo contribui para o seu prestígio.

Séc. XI

Segue, provavelmente, a partir deste século a Regra de São Bento; doações dos fiéis tornam próspero o Mosteiro, que alarga a sua esfera de influência;

1086 - 1118 - Com o Abade Eusébio o Mosteiro torna-se um importante centro religioso e cultural do reino.

Séc. XII

1183 - Aqui se copia e ilumina o Livro das Aves;

1189 - O Comentário do Apocalipse, à semelhança do livro anterior, também aqui é copiado e iluminado, constituindo obra ímpar da iluminura portuguesa.

Séc. XIII

1206 - Mosteiro reformado por D. Teresa, filha de D. Sancho I - ex-rainha de Aragão -, torna-se numa comunidade cisterciense feminina sob a abadessa D. Vierna.

Séc. XIV

Séc.14 - Imagem da Senhora da Vida referida no Santuário Mariano;

1349 - Período de crise com a Peste Negra.

Séc. XV

Data deste século a figura de Cristo em tamanho natural.

Séc. XVI

Neste século, atinge grande esplendor com as abadessas D. Catarina d'Eça e D. Bernarda Alencastre; esculturas do período manuelino.

Séc. XVII

É deste século a construção do claustro com algumas capelas devocionais;  as reformas do edifício conduzem à construção de 3 dormitórios, noviciaria, hospício; nos Séc. 17 - 18: igreja, coro, 2 claustros, refeitório, cartório, botica, oficinas e celeiro; mobiliário, peças de cerâmica;

1676 - Execução de um órgão positivo.

Séc. XVIII

Novo período de destaque com as abadessas D. Bernarda Teles de Meneses, D. Teresa Luzia de Carvalho e D. Madalena Maria Joana Caldeira;

1715 - Feitura das urnas em prata de Santa Sancha e Teresa pelo ourives portuense Manuel Carneiro da Silva;

1722 - 1723 - Execução de um órgão por Calisto Barros Pereira;

1742 - Contrato, a 24 de Dezembro, para execução do órgão com Teodósio Hemberg, por 100$00 réis;

1747 - Execução do cadeiral;

1748 - 1761 - Construção da atual igreja, sagrada em 1761, datando desta fase as grandes telas dos altares sob o zimbório, representando São Bento e São Bernardo, de Pascoal Parente;

1790 - Contrato, a 28 de Janeiro, com o ourives António José de Carvalho e Silva para a execução de sete lampadários em prata;

1795 - Feitura do órgão de 2 fachadas, com 61 registos, por António Xavier Machado Cerveira, o seu n.º 47.

Séc. XIX

1820 - Extinção das ordens religiosas conduz à decadência do Mosteiro.

Séc. XX

1959 - Entrega do convento, a 7 de Abril, depois de adaptado a Hospital de Alienados ao Ministério da Saúde e Assistência;

1970 - Incêndio na igreja, a 18 de Maio, destrói 17 assentos do cadeiral;

1990 - O mosteiro passa, no final dos anos 90, a integrar a rede internacional de Mosteiros da Ordem de Cister, inserido no programa PACTE;

1992 - O imóvel é afeto, a 1 de Junho, ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126.

Séc. XXI

2000 / 2006 - Prevista a execução do plano de beneficiação pelo IPPAR, com financiamento do III Quadro Comunitário de Apoio destinado ao Património de Cister, integrando essencialmente a renovação de instalação elétrica (30 mil contos), restauro de recheio artístico (50 mil contos), limpeza e conservação de paredes (20 mil contos), e ainda a consolidação da torre sineira, conservação e restauro do claustro, montagem do órgão e reestruturação do Museu do Lorvão;

2000 - Aberto concurso público, a 21 de Novembro, para remodelação da instalação elétrica, iluminação interna, redes de deteção de incêndio e de segurança contra intrusão (DR nº 259, III Série);

2007 - O imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Centro, a 20 de Dezembro, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245;

[2014 - Foi inaugurado o restauro integral do Órgão pelo organeiro Prof. Dinarte Machado; O órgão histórico do Mosteiro de Lorvão é o maior órgão construído em Portugal no século XVIII.]

2016 - O edifício integra, a 28 de Dezembro, a lista de 30 imóveis a concessionar pelo Estado Português a privados, para instalação de atividades que promovam o Turismo.

------------

FONTE: SIPE in Caderno de Encargos Programa REVIVE (Mosteiro de Lorvão), 2018

22 setembro, 2025

Ferreira de Castro e Maria Lamas em Penacova


O escritor Ferreira de Castro terá mantido, entre 1930 e 1973 (um ano antes da sua morte) uma relação de "amizade amorosa" com a escritora e jornalista Maria Lamas. Foi público terem sido muito amigos.  

É o próprio neto desta, José Pereira Bastos, investigador e historiador, que admite que Maria Lamas e Ferreira de Castro tiveram um envolvimento amoroso forte, para além da amizade pública. 

Este dado pode não ter nada a ver com a presença, em datas diferentes, quer de um quer de outro, em Penacova. 

De acordo com notícia de 1932 (Notícias de Penacova) Maria Lamas esteve em Penacova de visita à sua prima Maria Lúcia Namorado, que como sabemos aqui viveu durante alguns anos. Por sua vez o mesmo jornal, uns bons anos mais tarde, refere que Ferreira de Castro permaneceu na vila, onde terá usufruido dos "bons ares" e escrito algumas páginas das suas obras. 

Duas personalidades marcantes da vida literária e jornalística do nosso país que, curiosamente, conheceram Penacova onde permaneceram algum tempo.  

Recortes do jornal Notícias de Penacova:



Notas biográficas

Maria Lamas (1893-1983) foi uma escritora, jornalista, tradutora e ativista feminista portuguesa, pioneira da imprensa feminina e figura proeminente na luta pela emancipação das mulheres e pelos direitos humanos em Portugal, especialmente durante a ditadura do Estado Novo. Nascida em Torres Novas, dedicou a sua vida à escrita e ao ativismo, sendo presa e exilada devido às suas convicções, e voltou a Portugal após a Revolução de 25 de Abril de 1974, sendo homenageada diversas vezes. 

Carreira e Ativismo:

Jornalismo: Foi uma das primeiras mulheres jornalistas profissionais do país, dirigindo o suplemento "Modas e Bordados" da revista "O Século" e colaborando em diversas outras publicações. 
Ativismo Feminista: Em 1928, juntou-se ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), tornando-se sua presidente em 1945, posição que a levou a enfrentar a repressão do Estado Novo. 

Resistência à Ditadura: Participou ativamente em organizações antifascistas e campanhas políticas, o que resultou em perseguições e detenções pela PIDE. 

Exílio: Foi forçada a exilar-se em Paris em 1962, retornando a Portugal apenas após a Revolução dos Cravos. 

Obra e Legado:

Escrita: Autora de diversos géneros, incluindo poemas, crónicas, novelas e obras para crianças e mulheres. 

História das Mulheres: Foi uma investigadora pioneira e autodidata na História das Mulheres em Portugal, dedicando-se a recuperar e divulgar o seu papel na sociedade. 

Reconhecimento

Após o 25 de Abril, recebeu diversas homenagens, incluindo a Ordem da Liberdade (1980) e uma homenagem da Assembleia da República (1982). Maria Lamas é reconhecida como uma figura notável do século XX português e uma cidadã europeia que marcou o seu tempo pela sua inteligência, coragem e luta por um país mais justo e igualitário. 

Ferreira de Castro (1898-1974) foi um proeminente escritor e jornalista português, nascido em Ossela, Oliveira de Azeméis, conhecido pela sua obra de corte social realista, que aborda as questões dos desfavorecidos e da experiência da emigração, como em A Selva e Emigrantes. Após emigrar para o Brasil na infância, trabalhou numa floresta amazónica, experiência que inspirou A Selva. Após o regresso a Portugal, construiu uma carreira jornalística e literária, tornando-se um dos autores mais lidos e traduzidos, e um opositor do regime do Estado Novo. 

Primeiros Anos e Emigração

Nasceu a 24 de maio de 1898, em Ossela, Oliveira de Azeméis. 
Com doze anos, emigrou para o Brasil, onde viveu e trabalhou como seringueiro na Amazónia. 
Esta vivência na selva amazónica serviu de base ao seu mais famoso romance, A Selva, publicado em 1930. 

Carreira Literária e Jornalística

Começou a carreira na imprensa do Brasil, onde escreveu contos e crónicas, e fundou o jornal Portugal. 
Regressou a Portugal em 1919 e continuou o seu trabalho como jornalista, colaborando em jornais como O Século e A Batalha, e dirigindo jornais como O Diabo. Publicou o seu primeiro romance, Criminoso por Ambição, em 1916. Em 1928, lançou Emigrantes, um romance que o consagrou e marcou a transição para o neo-realismo na sua obra. Outras obras marcantes incluem Eternidade (1933), Terra Fria (1934) e A Lã e a Neve (1947). 

Legado e Reconhecimento

Tornou-se um dos autores portugueses mais lidos e aclamados em Portugal e no estrangeiro, com obras traduzidas para várias línguas. É considerado um dos pais do romance social-realista em Portugal, que se debruça sobre as questões do povo e das classes trabalhadoras. Foi proposto várias vezes para o Prémio Nobel de Literatura, embora tenha recusado a nomeação. Morreu no Porto a 29 de junho de 1974, e o seu corpo repousa na Serra de Sintra, conforme o seu desejo. 

Notas para a história do Monumento da Serra de Gavinhos



A história do MONUMENTO AO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA, na Serra de Gavinhos, remonta aos anos sessenta do séc. XX.

Foi do pároco de Figueira de Lorvão, Padre Hermano de Almeida, que partiu a ideia de construir o monumento. 

Logo se rodeou de alguns paroquianos para perceber se haveria "alma" para levar avante o projecto da construção do monumento ao Coração Imaculado de Maria, no alto da Serra de Gavinhos, para poder ser avistado, praticamente, de todos os lugares da paróquia. 

O jornal "Notícias de Penacova" (N.P.), cuja direcção estava entregue ao Prof. Joaquim de Oliveira Marques, noticiou pela primeira vez este "sonho" em 27 de Julho de 1968. Em Setembro desse mesmo ano começaram a formar-se quer a comissão central, quer as sub-comissões, abrangendo todos os lugares da freguesia. 

A Comissão Central era composta por Manuel Simões Flórido, Joaquim Oliveira Marques, António Soares Coimbra e Alípio Marques de Oliveira.  Era necessário angariar fundos para erguer a obra. 

Foi na tarde de 10 de Novembro de 1968 que foi benzida a primeira pedra. Era então Bispo de Coimbra D. Francisco Rendeiro e veio nessa data em visita Pastoral à Paróquia. Pela circunstância de ter de seguir para Poiares, delegou na pessoa do Cónego Abílio Costa, Vigário Geral da Diocese, para presidir a essa bênção. 

Depois de benzida a primeira pedra o local escolhido foi alterado. Contou ao Jornal de Penacova em 1996, Alípio Marques de Oliveira, que “toda a freguesia de Figueira de Lorvão queria ver o monumento". A princípio era virado para o lado de Penacova, depois decidiu-se pela actual localização, ponto da serra que é visto por quase toda a freguesia. 

No decorrer do ano de 1968 e seguintes procedeu-se à angariação de fundos e, curiosamente o N.P. noticiou dádivas adquiridas na "campanha do ovo", que decorreu em Gavinhos. Os conterrâneos emigrados também foram chamados a contribuir. 

O N.P. de 14 de Julho de 1969 publicou a maquete do monumento. Em Julho de 1970, este periódico anunciou que a obra já se estava a erguer e em 7 de Novembro de 1970 informou que a base estava pronta para se instalar a estátua. 

A edição seguinte do mesmo jornal informou igualmente que o custo da imagem era de mais de meia centena de contos. Foi a Família Pereira da Costa, residente no Porto, mas natural de Gavinhos que ofereceu esse valor. Por sua vez, o custo do pedestal ultrapassou os cem contos e foi custeado por ofertas de todos os lugares da Paróquia. 

Em 28 de Novembro de 1970 o N.P. anunciou que a imagem (com 5 metros de altura, não incluindo o pedestal) já “brilhava” no alto da Serra de Gavinhos. A imagem do Coração Imaculado de Maria é constituída por cinco peças, com um peso total de dois mil e cem quilos e tem cinco metros de altura.

 Foi adquirida a uma empresa de Coimbra por quarenta e cinco contos. O monumento foi pago na totalidade com os donativos e custou à freguesia a quantia exacta de 98.869$00. Por fim, no dia 8 de Dezembro de 1970, teve lugar a Benção Solene do Monumento com a presença do Bispo de Coimbra D. Francisco Rendeiro. 

Fontes: Desdobrável publicado pela Unidade Pastoral no Centenário das Aparições (1917-2017); Jornal de Penacova, 26/9/1996





Fotos: David Almeida | 2025


Maquete inicial