05 agosto, 2025

Quando Penacova era ponto obrigatório de visita de altas individualidades...

O triângulo Coimbra - Penacova - Bussaco foi, nos primórdios do turismo no nosso país, um dos circuitos mais divulgados  pela Sociedade de Propaganda de Portugal.  A beleza natural da Mata do Bussaco, a paisagem e património de Penacova e a ligação histórica com Coimbra, eram motivos fortes para essa "propaganda". 

A conclusão da estrada que liga Penacova ao Luso, a "estrada dos Emídios", assim designada porque à história da sua construção ficaram ligados quer Emídio Navarro, quer Emídio da Silva, permitiu que a Penacova afluíssem muitos mais visitantes. Na época, a Câmara de Penacova, "em testemunho do reconhecimento", resolveu colocar na sala nobre dos Paços do Concelho os retratos daqueles dois "beneméritos". 

Neste recorte da GAZETA DE COIMBRA, de 1921,  fala-se da urgência da conclusão daquela estrada, da importância turística de Penacova nos anos 20, do Hotel Altina, dos projectos para a construção de um Hotel em Penacova …


Coimbra e Penacova em foco

O SR. MINISTRO DA INSTRUÇÃO. OS PARLAMENTARES ESTRANGEIROS. A CONCLUSÃO DA AFAMADA ESTRADA DE PENACOVA AO BUSSACO. UM PRÉMIO DE 500 ESCUDOS

"O Sr. Reitor da Universidade ofereceu, domingo, ao Sr. Dr. Júlio Martins, ilustre Ministro da Instrução, um passeio e um almoço em Penacova, que foi servido pelo Hotel Altina, tendo tomado parte num e noutro, alguns professores da Universidade e o deputado Sr. Dr. Manuel José da Silva, chefe de gabinete daquele ministro. 

Antes do almoço, que foi servido pelas 13 horas, visitaram os distintos excursionistas, o histórico Mosteiro de Lorvão, que fica distante de Penacova oito quilómetros. 

O sr. Ministro da Instrução, que ainda não conhecia o lindo passeio, mas de cuja beleza já tinha ouvido falar com admiração, mostrou-se verdadeiramente encantado com os seus variados, formosíssimos e pitorescos aspectos, reconhecendo que a Penacova está reservado um brilhante futuro. 

Sua Excelência, quando foi informado da próxima construção dos projectados hotéis de turismo de Coimbra e de Penacova, bem assim da próxima conclusão da estrada de ligação com o Bussaco, afirmou a alguns amigos que esta cidade, com tão preciosos elementos, ficará possuindo o mais lindo e atraente passeio do país que ninguém que viajar em Portugal, deixará de aqui vir para o conhecer e o gozar. 

Sabemos que os parlamentares estrangeiros, que a esta cidade virão nos dias 28 e 29 de Maio, também ali irão, devendo em Penacova ser-lhes também servido um almoço ao ar livre, no mais lindo parque daquela vila. 

Para se conseguir a rápida conclusão da estrada de ligação com o Bussaco, continuam a fazer-se os maiores esforços, tendo a Sociedade de Defesa e Propaganda de Coimbra solicitado ao Conselho de Turismo, à repartição de Turismo e à Sociedade Propaganda de Portugal, a sua valiosa intervenção junto do Sr. Ministro do Comércio. 

É tal a importância que em Lisboa se liga ao futuro turístico desta estrada, que a Sociedade de Propaganda de Portugal comunicou à  Sociedade de Defesa e Propaganda de Coimbra que estabelecera um prémio de 500 escudos para ser conferido ao empreiteiro, se este a concluir até Junho próximo. "

in Gazeta de Coimbra | 14 de Abril de 1921 


03 agosto, 2025

Filarmónica Lorvanense: "uma história de Boa-Vontade e amor, a uma terra e à música"

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Brochura que inclui um breve historial da FBVL e a partitura do Hino da Filarmónica


As comemorações do 105º Aniversário da Filarmónica Boa Vontade Lorvanense (FBVL) decorreram no dia 1 de Agosto, prolongando-se até ao dia seguinte. Pelas 18.30 de sexta feira, a FBVL concentrou-se junto à sede, para dar início à cerimónia do hastear das bandeiras e executar o Hino da Filarmónica e o Hino Nacional.

Seguiu-se uma romagem, em marcha, até ao cemitério local, onde a Filarmónica executou uma peça de homenagem e foi guardado um minuto de silêncio em memória de sócios, dirigentes e executantes falecidos. 

Às 19 horas, teve lugar a Sessão Solene comemorativa, sendo a Mesa de Honra constituída por António Fonseca, presidente da Assembleia Geral, Sandra Morgado, vice-presidente da Federação das Filarmónicas do distrito de Coimbra, David Almeida, autor da brochura “Filarmónica Boa Vontade Lorvanense – um século de Música", David Nunes, Maestro da FBVL, Mauro Carpinteiro, presidente da Direção da FBVL, Mário João Escada, presidente da Junta de freguesia de Lorvão e Álvaro Coimbra, presidente da Câmara Municipal de Penacova.

Após as respectivas intervenções, realizou-se um jantar convívio nos jardins do Mosteiro de Lorvão, animado pela Banda Rock lorvanense "Orelhuda". 

No dia 2, à noite, as comemorações encerraram com um concerto pela FBVL com a participação do Padre João Paulo Vaz, músico e cantor, e responsável pelas paróquias do concelho de Penacova.

Vídeo de Sandra Ralha,  na sua página do Facebook



No prefácio da pequena brochura / historial, Mauro Carpinteiro, classifica a FBVL como  "uma das mais marcantes" instituições  "do panorama cultural do Concelho de Penacova, da região e do país",  transportando em si "uma história de Boa-Vontade e amor, a uma terra e à música." 

"Toda a história se faz de factos e momentos, factos alguns que, nestes 105 anos, pretendemos deixar registados através do trabalho que aqui se apresenta."- refere igualmente.  

"É a música, sempre a música, que aqui se deixa assinalada com a publicação do nosso hino, como lembrança de que a nossa história são memórias, mas sobretudo são as melodias, compassos com notas e pausas, na pauta que faz a nossa vida" - sublinha.

Recorda ainda que este trabalho nos transporta "à memória deixada escrita na imprensa, desde 1921 até aos nossos dias: da caricata e atribulada necessidade de “uma música” na Procissão do Santíssimo, que fintasse os efeitos da excomunhão do Pe. Seabra, até à inauguração da nossa belíssima nova sede, já neste ano". 


Agradece "ao Prof. David Almeida, pela investigação e textos" e ao "Maestro David Nunes, pelo trabalho gráfico.", terminando com uma palavra de gratidão "aos músicos e diretores de hoje e de sempre, que deram vida e alma à Filarmónica Boa Vontade Lorvanense.

O jornal Diário de Coimbra dá nota, na edição de hoje, das Comemorações do 105º Aniversário da FBVL:



31 julho, 2025

"125 Nomes da História de Penacova": novo livro apresentado no Dia do Município '25

 

O jornal A COMARCA DE ARGANIL, na edição de hoje, publica a notícia do lançamento do livro 125 NOMES DA HISTÓRIA DE PENACOVA, que aborda os percursos de vida de figuras marcantes do concelho, de A a Z, de Abel Fernandes Ribeiro a Zulmira da Fonseca... (veja aqui ).  Além da transcrição do texto de A Comarca, ficam também algumas fotografias do evento.


"Integrada no programa das comemorações do Dia do Município (17 de Julho), que assinala a data
de nascimento do ilustre penacovense António José de Almeida, teve lugar no Auditório Municipal a apresentação do livro 125 Nomes da História de Penacova da autoria de David Almeida. 

Com prefácio de Ana Santiago Faria e apresentação de Maria da Luz Pedroso, esta obra tem a chancela editorial da Câmara Municipal de Penacova. A sessão foi presidida por Álvaro Coimbra, presidente da Câmara.

Na nota de apresentação, assinada por Álvaro Coimbra, lê-se que o livro "125 Nomes da História de Penacova é uma obra de inegável valor histórico, cultural e identitário” para o município, na medida em que ”ao reunir, com rigor e sensibilidade, os percursos de vida de figuras marcantes”, este trabalho é mais do que “um repositório biográfico”, assumindo-se como “um verdadeiro testemunho da memória coletiva de Penacova” e, igualmente, como “um contributo inestimável para a preservação da identidade e para a valorização do conhecimento histórico no plano municipal” ou mesmo como “uma referência fundamental para todos quantos estudam ou se interessam pela história viva” do secular concelho.

Ana Santiago Faria, Licenciada em História, Investigadora e Mestre em História e, igualmente, em Turismo, agraciada com a Medalha de Honra do Município de Penacova em 2009, escreveu no prefácio que o livro agora apresentado, mostra a “preocupação” do autor “em dar a conhecer aos públicos de agora e do futuro, nomeadamente a todos os que têm ligação familiar ou afectiva a Penacova, as figuras
que no passado, marcaram indelevelmente” o concelho. Salienta, de igual modo, que “o trabalho de investigação a que há muito se dedica” lhe permite “apresentar homens e mulheres nascidos em Penacova, ou de algum modo a ela ligados, que pelas suas qualidades humanas, souberam empenhar-se no desenvolvimento da sua terra e do seu País, abraçando causas diversas e pondo os seus carismas ao serviço de todos.” Enquanto historiadora e cidadã empenhada e interveniente, frisa também a “importância da História Local e Regional, no contexto da História Nacional, que ajuda a edificar e a melhor compreender, contribuindo através das vivências comuns, para o desenvolvimento de uma consciência de pertença a uma comunidade. “

Por sua vez, Maria da Luz Pereira Pedroso, Professora, Mestre em Gestão e Administração Escolar e Vereadora do Município de V. N. de Poiares, ao apresentar a obra classificou o autor, David Almeida, como um verdadeiro “curador e guardião de memórias”, um “detective de histórias esquecidas”, um “contador de vidas que merecem ser contadas, algumas dramáticas, outras heróicas e muitas surpreendentes”, algumas delas que podiam muito bem inspirar um romance histórico “daqueles que se lêem de uma assentada.”

“Conseguiu reunir, com paciência de arqueólogo e coração de penacovense, 125 nomes que moldaram, inspiraram e deram forma ao que é hoje Penacova. E não, não é um catálogo telefónico antigo, ou um dicionário é muito mais do que isso” – sublinhou ainda.

Escrevendo “com emoção e responsabilidade ao nível educativo para as gerações vindouras (fazendo com que a memória local, não seja apenas um eco distante, mas sim, uma força viva, que inspira, educa e une), sem qualquer interesse financeiro”, ofereceu este seu trabalho ao concelho, “um documento do qual todos nos devemos orgulhar, que resgata do esquecimento, tudo aquilo que merece ser lembrado.”

Ao usar da palavra, o autor referiu-se à relação entre Memória e História, afirmando que “mais do que um trabalho científico, que implicaria a análise crítica e interpretação dos acontecimentos, este é um livro de memórias”, uma espécie de “Memorial”, na medida em que, “directa ou indirectamente, assume algum carácter de homenagem póstuma a muitas pessoas, não só àquelas que aqui nasceram e viveram, mas igualmente àquelas que, deixando o seu berço, se fixaram noutros pontos do país e do mundo”, quer ainda, a muitas outras “que, por adopção, se tornaram verdadeiros penacovenses, colocando as suas vidas ao serviço desta terra.”

Referiu que o livro não trata só de “individualidades que atingiram elevados patamares sociais e políticos”, mas também de “pessoas que no seu dia-a-dia se dedicaram, porventura com menor visibilidade, mas com o mesmo empenho, na construção do bem comum. Pessoas que, por diversos motivos, se tornaram conhecidas, admiradas e respeitadas, no meio social e cultural em que viveram.”

Na introdução, David Almeida esclarece que além destes 125 “verbetes” de carácter biográfico, seria “de toda a justiça, incluir, em jeito de apêndice e como memorandum para futuros estudos e/ou publicações, uma listagem de muitos outros nomes que merecem ser recordados: combatentes da I Grande Guerra e da Guerra do Ultramar, que tombaram no campo de batalha, liberais penacovenses, alguns deles inocentes, que não escaparam ao pelotão de fuzilamento durante a Guerra Civil (1832 a 1834), comandantes dos Bombeiros que nos quase cem anos de existência se dedicaram à causa humanitária, professores e educadores, médicos, dirigentes associativos, políticos, beneméritos…”.

Assim, no capítulo “Proposta de Guião para um segundo volume” são referidos mais 200 nomes, com maior ou menor desenvolvimento, mas que fornecem alguns dados que podem ser o ponto de partida para posteriores investigações.

Quer no texto introdutório, quer na sessão de apresentação, o autor salientou que mais do qualquer compensação financeira ou interesse comercial – que não tem, bem pelo contrário – é “muito gratificante saber que este trabalho de longas horas pode vir a ser útil para futuras e mais aprofundadas investigações” sobre o município e, pode, igualmente, “ser um contributo para a preservação da memória local e para uma melhor compreensão de alguns aspectos da história de Penacova, fortalecendo, desse modo, a identidade, a coesão e o sentido de pertença” a este território, que é
Penacova. 

Agradeceu a presença da vasta assistência e, a terminar, deixou um agradecimento especial à Câmara Municipal de Penacova, na pessoa do seu Presidente, Álvaro Coimbra, tendo em conta “a valorização deste trabalho e subsequente edição com a chancela do Município”, o que muito o “honra”."