01 novembro, 2019

Mês a mês com Portugal durante o mandato presidencial de AJA

NOVEMBRO DE 1919

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Liberdade de importação, comércio e trânsito da batata, feijão e arroz.

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Realiza-se em Lisboa o II Congresso do Centro Católico Português, fundado em 8 de Agosto de 1917. Trata-se do “congresso da reestruturação.” Aprovadas as bases regulamentares. Eleito para presidente António Lino Neto, apoiado por uma comissão central de que fazem parte António Pereira Forjaz e José da Fonseca Garcia. Na altura comemoram-se as festas do Beato Nuno. Há delegados de 13 dioceses.

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A Lei n.º 910 manda arquivar todos os processos de imprensa, desde 5 de Dezembro de 1917 até 31 de Dezembro de 1918, sobre os quais será feito perpétuo silêncio. Ou seja, deixa cair os processos instaurados durante o Governo de Sidónio Pais.

OUTROS ACONTECIMENTOS:
- GREVE DOS SAPATEIROS EM BRAGA.
- TUMULTOS EM SETÚBAL.
- APUPOS A ANTÓNIO GRANJO NO PORTO.
- ASSALTO AO SEMANÁRIO RESSURREIÇÃO, PUBLICADO EM COIMBRA PELOS ESTUDANTES MONÁRQUICOS.

FONTES



Explicar aos mais novos quem foi António José de Almeida

Palestra de Luís Reis Torgal dirigida a alunos da Escola de S. Pedro de Alva

A assinalar os noventa anos da morte de António José de Almeida e a encerrar as Comemorações do Centenário da Eleição e Posse deste estadista como Presidente da República, realizou-se ontem, dia 31 de Outubro, na EBI de S. Pedro de Alva, uma palestra* pelo Professor Doutor Luís Reis Torgal. Teve também lugar a apresentação de uma biografia ilustrada especialmente vocacionada para o público infantil.

Na conversa com os alunos de uma turma do 9º ano, aquele historiador referiu alguns aspectos do perfil político de António José de Almeida, natural da freguesia, e destacou o seu papel em muitos campos de acção, nomeadamente no domínio da educação e do ensino, desde o infantil ao universitário.

Realçou também o facto de estar em curso o processo de atribuição a esta escola do nome daquele ilustre penacovense. No mesmo dia, semelhante palestra foi proferida em Penacova para alunos da Escola Secundária.

Ainda na Escola de S. Pedro de Alva, na sala da Biblioteca, foi apresentado o livro "António José de Almeida: memórias de um lutador republicano”, com texto de Paula Silva e ilustração de Cristina Carvalho e Paula Silva (reprodução dos "tapetes contadores" da história).

A sessão de apresentação contou com a presença do Vice-Presidente da Câmara, João Azadinho, da Secretária da União de Freguesias, Georgina Oliveira, da Prof.ª Clara Costa, em representação da Escola, e de membros da Comissão para as referidas Comemorações, Aires Henriques e David Almeida.
Apresentação do livro sobre
António José de Almeida

Coube ao Prof. Reis Torgal fazer a apresentação do livro perante uma plateia maioritariamente infantil. Na nota de apresentação,  que escreveu na abertura daquela obra, sintetizou  o trabalho que agora vem a lume:

É "muito oportuna, no ano do centenário da sua [de António José de Almeida] eleição e tomada de posse como Presidente da República, a publicação deste 'livro de histórias para crianças' da autoria de Paula Silva e de Cristina Carvalho, feito com amor e com a sensibilidade espontânea de quem cria imagens simples (por palavras e desenhadas em pano), artesanalmente, numa notável 'ingenuidade criativa' para as crianças lerem e verem."

Uma obra para crianças e adultos na medida em que, numa linguagem acessível e linear, reforçada visualmente com ilustrações que acompanham de perto a narração, nos conduz a uma noção condensada e objectiva do que foi a vida de António José de Almeida.

As autoras já em 2015 haviam publicado “Teresa de Portugal”, outra figura que marcou a história do nosso concelho, particularmente a história do mosteiro de Lorvão.

* No mesmo dia, semelhante palestra foi proferida em Penacova para alunos da Escola Secundária.

31 outubro, 2019

“Horas de Luto: a Pátria e a República em Crepes”


“Horas de Luto: a Pátria e a República em Crepes”

O funeral de António José de Almeida
António José de Almeida morreu a 31 de Outubro de 1929, faz hoje 90 anos. O jornal  A Voz de S. Pedro de Alva, na edição de 16 de Novembro,  noticia com grande destaque: ''A Pátria e a República em Crepes: morreu o Dr. António José de Almeida. Está de luto a Pátria e a República, está de luto o coração dos portugueses!''

Conta aquele quinzenário que "assim que em S. Pedro de Alva, terra do venerando democrata, se soube do tristíssimo acontecimento, os seus conterrâneos vestiram de luto.” A bandeira nacional, “envolta em crepes”, foi hasteada “a meia adriça” na sede do jornal, ao mesmo tempo que “eram expedidos muitos telegramas de pêsames à família do egrégio cidadão.”

“Ainda há poucos meses o ex-presidente da República, em carta, nos dizia que, quando estivesse melhor dos seus padecimentos, escreveria umas linhas para o nosso jornal” – recorda A VOZ DE S. PEDRO DE ALVA. Naquela missiva terá escrito António José de Almeida que aquele periódico era  “uma gazeta interessante, despretensiosa e séria. E para mais, estruturalmente republicana.”

O quinzenário publicado em S. Pedro de Alva (tendo como Director Francisco Cordeiro dos Santos, e como editor e administrador, Eduardo Pedro da Silva) descreve os últimos momentos de vida de António José de Almeida, bem como o funeral civil que teve a participação de cerca de trezentas mil pessoas.

Enviaram pêsames, por intermédio de A Voz de S. Pedro de Alva: Francisco Cordeiro dos Santos, Rodolfo Martins Gomes, António Maria Marques, José Maria Marques, Alípio Simões Bispo, Antero Gomes Fróis, José Cunha Martins, Joaquim Marques Cordeiro, Joaquim Marques Morgado, Aníbal Ramos, António Jorge dos Santos, António Henriques da Fonseca, Abel Lopes Figueiredo, Marques Basso, Valentim Ramos, Júlio dos Santos, Martinho de Paiva, Francisco Fonseca Lourenço, António Costa Figueiredo, Hermenegildo Pereira, Joaquim Pereira Castanheira, Francisco Cunha Martins, José Alberto Coimbra, Oliveira Nascimento, José Campos Ribeiro, Augusto Sousa Gonçalves e António Pereira da Costa. Em nome da Junta de Freguesia, Campos Ribeiro, presidente, também endereçou mensagem de pesar através de telegrama.

A Voz de S. Pedro de Alva não poupará elogios póstumos a este seu ilustre conterrâneo, dizendo que este fora um grande "apóstolo da Democracia” e que  “tinha um altar em todos os corações portugueses''.

José de Oliveira e Costa escreverá que, perante o grande abalo que acabava de sofrer o país e ''sobretudo a grande massa liberal'' havia que destacar o carácter bondoso deste vulto que ''professava a religião do Bem por interesse do próprio Bem''.

Eduardo Silva (sobrinho de Eduardo Pedro da Silva), no artigo ''Horas de luto'' destaca também as qualidades de António José de Almeida, "o homem de palavra brotando da sua alma límpida, que na tribuna arrastava multidões em delírio de fé e patriotismo".

A morte de António José de Almeida também é notícia em grande destaque na edição de 2 de Novembro do Jornal de Penacova:  " Morreu! Descubramo-nos perante o seu cadáver. Curvemo-nos em respeito e admiração. É o cadáver de um grande português. É o cadáver de um homem honradíssimo. A república portuguesa perdeu um dos seus soldados mais valorosos e um dos seus filhos mais ilustres."

Eduardo Silva, que era à data o redactor deste periódico, escreverá:

“O dr. António José de Almeida era nosso conterrâneo. Nasceu além, na freguesia de S. Pedro de Alva, num lugarzito, lindo e pitoresco, que se chama Vale da Vinha. Lá está o seu solar que nos desperta lembranças da sua mocidade indómita de combatente pelo ideal republicano, desde os seus mais verdes anos.[…] Foi um grande português, homem de uma honestidade intransigente, a sua vida não teve mancha a diminuir o seu valor e o seu prestígio, o seu carácter de fino e puro quilate esteve sempre de pé mantendo-se numa integridade absoluta."

Em S. Pedro de Alva, por iniciativa do professor Joaquim dos Santos Cordeiro, foi colocado na escola do sexo masculino o retrato de António José de Almeida, oferta do ''fervoroso republicano” Eduardo Pedro da Silva.

A Câmara de Penacova, que se fez representar no funeral por António Rodrigues do Amaral, residente em Lisboa, aprovou um "voto de profundo pesar".