01 novembro, 2019

Explicar aos mais novos quem foi António José de Almeida

Palestra de Luís Reis Torgal dirigida a alunos da Escola de S. Pedro de Alva

A assinalar os noventa anos da morte de António José de Almeida e a encerrar as Comemorações do Centenário da Eleição e Posse deste estadista como Presidente da República, realizou-se ontem, dia 31 de Outubro, na EBI de S. Pedro de Alva, uma palestra* pelo Professor Doutor Luís Reis Torgal. Teve também lugar a apresentação de uma biografia ilustrada especialmente vocacionada para o público infantil.

Na conversa com os alunos de uma turma do 9º ano, aquele historiador referiu alguns aspectos do perfil político de António José de Almeida, natural da freguesia, e destacou o seu papel em muitos campos de acção, nomeadamente no domínio da educação e do ensino, desde o infantil ao universitário.

Realçou também o facto de estar em curso o processo de atribuição a esta escola do nome daquele ilustre penacovense. No mesmo dia, semelhante palestra foi proferida em Penacova para alunos da Escola Secundária.

Ainda na Escola de S. Pedro de Alva, na sala da Biblioteca, foi apresentado o livro "António José de Almeida: memórias de um lutador republicano”, com texto de Paula Silva e ilustração de Cristina Carvalho e Paula Silva (reprodução dos "tapetes contadores" da história).

A sessão de apresentação contou com a presença do Vice-Presidente da Câmara, João Azadinho, da Secretária da União de Freguesias, Georgina Oliveira, da Prof.ª Clara Costa, em representação da Escola, e de membros da Comissão para as referidas Comemorações, Aires Henriques e David Almeida.
Apresentação do livro sobre
António José de Almeida

Coube ao Prof. Reis Torgal fazer a apresentação do livro perante uma plateia maioritariamente infantil. Na nota de apresentação,  que escreveu na abertura daquela obra, sintetizou  o trabalho que agora vem a lume:

É "muito oportuna, no ano do centenário da sua [de António José de Almeida] eleição e tomada de posse como Presidente da República, a publicação deste 'livro de histórias para crianças' da autoria de Paula Silva e de Cristina Carvalho, feito com amor e com a sensibilidade espontânea de quem cria imagens simples (por palavras e desenhadas em pano), artesanalmente, numa notável 'ingenuidade criativa' para as crianças lerem e verem."

Uma obra para crianças e adultos na medida em que, numa linguagem acessível e linear, reforçada visualmente com ilustrações que acompanham de perto a narração, nos conduz a uma noção condensada e objectiva do que foi a vida de António José de Almeida.

As autoras já em 2015 haviam publicado “Teresa de Portugal”, outra figura que marcou a história do nosso concelho, particularmente a história do mosteiro de Lorvão.

* No mesmo dia, semelhante palestra foi proferida em Penacova para alunos da Escola Secundária.

31 outubro, 2019

“Horas de Luto: a Pátria e a República em Crepes”


“Horas de Luto: a Pátria e a República em Crepes”

O funeral de António José de Almeida
António José de Almeida morreu a 31 de Outubro de 1929, faz hoje 90 anos. O jornal  A Voz de S. Pedro de Alva, na edição de 16 de Novembro,  noticia com grande destaque: ''A Pátria e a República em Crepes: morreu o Dr. António José de Almeida. Está de luto a Pátria e a República, está de luto o coração dos portugueses!''

Conta aquele quinzenário que "assim que em S. Pedro de Alva, terra do venerando democrata, se soube do tristíssimo acontecimento, os seus conterrâneos vestiram de luto.” A bandeira nacional, “envolta em crepes”, foi hasteada “a meia adriça” na sede do jornal, ao mesmo tempo que “eram expedidos muitos telegramas de pêsames à família do egrégio cidadão.”

“Ainda há poucos meses o ex-presidente da República, em carta, nos dizia que, quando estivesse melhor dos seus padecimentos, escreveria umas linhas para o nosso jornal” – recorda A VOZ DE S. PEDRO DE ALVA. Naquela missiva terá escrito António José de Almeida que aquele periódico era  “uma gazeta interessante, despretensiosa e séria. E para mais, estruturalmente republicana.”

O quinzenário publicado em S. Pedro de Alva (tendo como Director Francisco Cordeiro dos Santos, e como editor e administrador, Eduardo Pedro da Silva) descreve os últimos momentos de vida de António José de Almeida, bem como o funeral civil que teve a participação de cerca de trezentas mil pessoas.

Enviaram pêsames, por intermédio de A Voz de S. Pedro de Alva: Francisco Cordeiro dos Santos, Rodolfo Martins Gomes, António Maria Marques, José Maria Marques, Alípio Simões Bispo, Antero Gomes Fróis, José Cunha Martins, Joaquim Marques Cordeiro, Joaquim Marques Morgado, Aníbal Ramos, António Jorge dos Santos, António Henriques da Fonseca, Abel Lopes Figueiredo, Marques Basso, Valentim Ramos, Júlio dos Santos, Martinho de Paiva, Francisco Fonseca Lourenço, António Costa Figueiredo, Hermenegildo Pereira, Joaquim Pereira Castanheira, Francisco Cunha Martins, José Alberto Coimbra, Oliveira Nascimento, José Campos Ribeiro, Augusto Sousa Gonçalves e António Pereira da Costa. Em nome da Junta de Freguesia, Campos Ribeiro, presidente, também endereçou mensagem de pesar através de telegrama.

A Voz de S. Pedro de Alva não poupará elogios póstumos a este seu ilustre conterrâneo, dizendo que este fora um grande "apóstolo da Democracia” e que  “tinha um altar em todos os corações portugueses''.

José de Oliveira e Costa escreverá que, perante o grande abalo que acabava de sofrer o país e ''sobretudo a grande massa liberal'' havia que destacar o carácter bondoso deste vulto que ''professava a religião do Bem por interesse do próprio Bem''.

Eduardo Silva (sobrinho de Eduardo Pedro da Silva), no artigo ''Horas de luto'' destaca também as qualidades de António José de Almeida, "o homem de palavra brotando da sua alma límpida, que na tribuna arrastava multidões em delírio de fé e patriotismo".

A morte de António José de Almeida também é notícia em grande destaque na edição de 2 de Novembro do Jornal de Penacova:  " Morreu! Descubramo-nos perante o seu cadáver. Curvemo-nos em respeito e admiração. É o cadáver de um grande português. É o cadáver de um homem honradíssimo. A república portuguesa perdeu um dos seus soldados mais valorosos e um dos seus filhos mais ilustres."

Eduardo Silva, que era à data o redactor deste periódico, escreverá:

“O dr. António José de Almeida era nosso conterrâneo. Nasceu além, na freguesia de S. Pedro de Alva, num lugarzito, lindo e pitoresco, que se chama Vale da Vinha. Lá está o seu solar que nos desperta lembranças da sua mocidade indómita de combatente pelo ideal republicano, desde os seus mais verdes anos.[…] Foi um grande português, homem de uma honestidade intransigente, a sua vida não teve mancha a diminuir o seu valor e o seu prestígio, o seu carácter de fino e puro quilate esteve sempre de pé mantendo-se numa integridade absoluta."

Em S. Pedro de Alva, por iniciativa do professor Joaquim dos Santos Cordeiro, foi colocado na escola do sexo masculino o retrato de António José de Almeida, oferta do ''fervoroso republicano” Eduardo Pedro da Silva.

A Câmara de Penacova, que se fez representar no funeral por António Rodrigues do Amaral, residente em Lisboa, aprovou um "voto de profundo pesar".

21 outubro, 2019

Festas das Santas Rainhas em Lorvão comemoram a trasladação para os túmulos de prata em 1715

Comemorando a trasladação das infantas Teresa e Sancha, beatificadas em 1705,  dos túmulos de pedra para urnas de prata, todos os anos se realizam em Lorvão as tradicionais “Festas das Santas Rainhas”.
No livro “As Freiras de Lorvão” Lino d'Assumpção faz uma descrição bastante completa daquele acontecimento. Aquele acto solene, a que assistiram o Bispo de Coimbra e seu Cabido, o Senado daquela cidade, o Abade Geral, diversos abades cistercienses e grande multidão, realizou-se a 19 de Outubro de 1715.

"Findos os três dias de festa, os cofres foram levantados do altar onde elas se conservaram e colocados nos camarins que lhes estavam preparados na capela mor; o de D. Tereza do lado do evangelho, e o de sua irmã do lado da epistola."

Também neste ano de 2019 se cumpriu a tradição. Com a devida vénia, transcrevemos da página do facebook do Dr. José Rodrigues Pisco, guia do mosteiro,  a descrição das festas deste domingo:

Um dia em Lorvão nas Festas em Honra de Santa Teresa e Santa Sancha filhas de Dom Sancho I

"Hoje dia 20 de Outubro, realizaram-se as Festas em honra de Santa Teresa e Santa Sancha, filhas de Dom Sancho I, no mosteiro de Santa Maria de Lorvão. Participaram com muita fé e devoção na missa e na procissão as Irmandades de Lorvão, Arouca, Santa Clara a Nova, Santo Izidoro de Leon, Espanha, Santa Maria de Celas e as capelas da Paróquia. Participaram na solene Missa autoridades civis e religiosas do concelho. Presidiu o Senhor Padre João Paulo Fernandes da Unidade Pastoral das Terras de Santa Maria. A cerimónia decorreu com grande dignidade com o Grupo de Coral da Freguesia de Lorvão e Grupo Etnográfico de Lorvão a cantarem cânticos de Louvor às Santas Rainhas.

Depois decorreu a procissão no Jardim do Mosteiro segundo a vetusta tradição após a qual decorreu na Igreja a bênção do Santíssimo Sacramento.Seguiu-se o almoço convívio no Mosteiro. Da parte da tarde, assistimos a um excelente Concerto com os Coros Divo Canto de Penacova e de Niort (França) que abrilhantaram as Festas das Santas Rainhas Teresa e Sancha com instrumentistas e vozes fantásticas.

Para terminar conduzi uma visita guiada aos nossos amigos franceses de Niort que ouviram com atenção a História do Mosteiro de Lorvão e se deliciaram com os encantos do Claustro.do Coro com o magnífico Cadeiral, o Antecoro, a Grade que separa a Igreja do coro, a porta artisticamente trabalhada da entrada na Igreja, a própria Igreja com as telas de Pascoal Parente do séc XVIII, os Túmulos de Prata de Santa Teresa e Santa Sancha e as preciosidades da Sala do Capítulo. Agradeci a visita e desejei-lhes uma boa noite e boa viagem de regresso a França.

Quanto a vós que ledes este artigo, recomendo-lhes que venham visitar o Mosteiro de Lorvão para fazerem uma visita guiada como uma viagem no tempo, interativa e com uma História e um Património que são únicos apenas pelo módico preço entre 1 Euro e 1.50 Euros. Não se arrependerão. Serão bem vindos.

Lorvão, 20 de Outubro de 2019, José Rodrigues Pisco