quinta-feira, outubro 14, 2021
"Quem foi quem na toponímia de Penacova" retrata algumas das personalidades que marcaram a vida do concelho
sábado, setembro 25, 2021
Bibliografia sobre Lorvão conta com mais um estudo de Maria Alegria F. Marques
No dia 18 de Setembro teve lugar, no Mosteiro de Lorvão, a
apresentação do livro Memória de um Mosteiro: Lorvão, séculos IX-XII.
História de uma comunidade masculina, de Maria Alegria Fernandes Marques,
professora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra. A obra, editada pela Câmara Municipal de Penacova, foi
apresentada por Maria José Azevedo Santos, também ela professora catedrática da
referida Universidade.
De acordo com a autora, este livro tenta preencher algum
vazio ainda existente sobre a acção organizativa e até orientadora do Mosteiro,
na fase em que foi ocupado pelos monges.
Por outras palavras, perceber melhor “o papel que o mosteiro teve na
organização e desenvolvimento de boa área da bacia do Mondego, pelos seus
responsáveis, enquanto foi uma comunidade de monges de fronteira.”
O livro começa por fazer em traços largos a evolução
histórica desta região, desde a ocupação muçulmana em 715 até à consolidação da
fronteira do Mondego em 1147. Passa depois à história do mosteiro, desde a
comunidade primitiva até ao “momento funesto do seu fim” nos inícios do século
XIII.
Este estudo insere-se no conjunto de outros que a autora tem
vindo ao longo de alguns anos a publicar: Inocêncio III e a passagem do
Mosteiro de Lorvão para a Ordem de Cister; Vida e morte de um mosteiro
beneditino: o caso de Lorvão, e O
Mosteiro de Lorvão: ainda a saída dos monges e a entrada das freiras.
Um livro - segundo a autora - que apesar do rigor histórico
e científico pretende ser de leitura acessível ao “cidadão comum interessado na
sua terra, no seu passado, nas suas raízes e nos seus símbolos” isto é, a todos
os penacovenses que se revejam, “com orgulho, numa instituição que levou longe
o nome da sua terra. “
sábado, setembro 11, 2021
As Invasões Francesas e o Mosteiro de Lorvão, de 1807 a 1811 (IV)
RELAÇÃO DO QUE SE PASSOU NESTE MOSTEIRO DE LORVÃO DESDE A INVASÂO DOS FRANCESES ATÉ QUE FORAM EXPULSOS DO REINO, A TERCEIRA VEZ EM ABRIL DE 1811, por Joana Delfina de Albuquerque, cartorária do Mosteiro
quinta-feira, setembro 09, 2021
Locuções populares (10): IR PARA O MANETA
Portugal, velho aliado da Inglaterra, recusou-se a aderir ao
Bloqueio Continental e Napoleão invadiu Portugal. O general Jean-Andoche Junot entrou em Portugal pelo vale do Tejo, a 17 de Novembro de 1807,
seguindo o caminho mais curto para Lisboa.
Das tropas de Junot fazia parte o general Louis Henri
Loisson (1771-1816), prestigiado militar que tinha perdido uma mão numa
campanha na Suíça.
Este oficial distinguiu-se, durante a 1ª invasão, pela
ferocidade com que ordenava prisões, fuzilamentos e atrocidades.
A fama de Loisson, o ‘”maneta”’, como o povo lhe chamava, chegou a todos os cantos do país. Quando alguém era preso por ordem deste general, a probabilidade de escapar ileso era era quase nula. E quando a alguém isso acontecia, dizia-se que tinha ido para o maneta.
Tal foi o medo que se instalou que se alguém falava de modo menos cuidadoso, alertava-se: "Cuidado, vê lá se queres ir pró maneta!”.
A expressão manteve-se até
aos nossos dias, apesar de muitas vezes nem sequer se associar já às Invasões Francesas.
terça-feira, setembro 07, 2021
As Invasões Francesas e o Mosteiro de Lorvão, de 1807 a 1811 (III)
por Joana Delfina de Albuquerque, cartorária do Mosteiro
[continuação]
Em dezanove e vinte de Setembro esteve alojado no hospício dos religiosos deste mosteiro o general Lord Wellington com todo o seu estado maior, sustentando-se à sua custa, sem que do mosteiro fosse mais que algumas cousas para o serviço e um mimo de doce, que ele agradeceu muito à Prelada, tratando-a com a maior civilidade, assim como a toda esta comunidade e lhes disse que não estávamos aqui bem e nos devíamos retira, para o que ele concorreria em caso de precisão.
segunda-feira, setembro 06, 2021
As Invasões Francesas e o Mosteiro de Lorvão, de 1807 a 1811 (II)
(Continuação)
sábado, setembro 04, 2021
AS INVASÕES FRANCESAS E O MOSTEIRO DE LORVÃO, de 1807 até 1811 (I)
por Joana Delfina de Albuquerque, cartorária do Mosteiro
quinta-feira, setembro 02, 2021
Livraria do Mondego: quem se lembrou de a chamar assim?
sábado, julho 17, 2021
A actualidade de António José de Almeida em dia de Feriado Municipal
"Pelas nove horas da noite" do dia 17 de Julho de 1866 nascia em Vale da Vinha aquele que viria a ser uma das figuras mais importantes da cena política portuguesa da primeira metade do século XX. O Município de Penacova elegeu-o como figura primeira do concelho, adoptando como dia de Feriado Municipal precisamente a data do seu nascimento. Praticamente silenciado, em Penacova e no País, durante o período do Estado Novo, é de novo enaltecido com a alvorada do 25 de Abril de 1974. Foi assim que em 5 de Outubro daquele ano foi alvo de uma significativa homenagem na sede do concelho.
Na altura, o jornal Notícias de Penacova noticiou a cerimónia e publicou uma crónica de Urbano Duarte, padre, professor e jornalista, salientando a actualidade deste penacovense ilustre e dos valores que defendeu. Por se tratar de um texto um pouco diferente daqueles que habitualmente são citados, consideramos que se justifica a sua transcrição integral:
ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA SOB SILÊNCIO DE CEMITÉRIO
«Penacova sentiu-se agora com força bastante para celebrar o
seu filho mais ilustre António José de Almeida.
Do seu nascimento em vale da Vinha, já lá vai o centenário e
sobre a morte (1929) já pesam quatro décadas… Como se ele fosse um vulgar
qualquer, metido sem voz nos poucos palmos da campa!
Se, neste cinco de Outubro, o povo de Penacova glorificar o
seu nome galhardamente, a peito cheio, é porque algum feitiço terrificante e
silenciador, de verdade acabou.
E em que consistia o maldito feitiço?
No facto de ele ter sido a voz mais belamente profética e romântica que trouxe ao País a República.
Infelizmente, por ignorância, por instalação e
subserviência, durante excessivas dezenas de anos, deixaram-se crescer
sucessivas gerações, adestradas em descrer e malsinar o ideal republicano que
andou a luzir em todo o ser de António José de Almeida. Como se o ideal
republicano de então consubstanciasse as desgraças da Pátria e da alma cristã
do povo.
Os republicanos, ainda até há pouco tempo, passavam por
gente suspeita, sem merecer confiança ao estado e a alguns católicos, porque
sonhavam com a mudança do regime político totalitário, porque se arvoravam em
defensores da liberdade de pensamento e de religião, porque defendiam a separação
entre a Igreja e o Estado, porque exigiam maior justiça social. Aspirações
estas que nenhum cristão devia deixar que lhe amortecessem no espírito já que
são maravilhosa semente evangélica. E aí estão os documentos do último Concílio
a colocar estas verdades como fundamentais ao cristianismo.
Bem sei que todas as lutas, mesmo as de maior pureza, trazem
consigo o risco de algumas feridas. Não admira, por isso, que no meio da
refrega política travada nos primeiros anos que precederam ou seguiram a instauração
do regime republicano, se tenham aberto por algumas imprudências de parte a
parte, chagas dolorosas, que o bom senso evitaria.
Mas até neste aspecto, António José de Almeida soube estar
atento não só à alma popular como aos ditames do próprio coração: dos três
partidos republicanos o seu era o mais moderado!
Que Penacova festeje então o maior dos seus filhos; a
suavidade da terra ficou-lhe no
temperamento e no verbo arrebatado.
Político, médico, fundador de jornais, a sua obra continua
viva e irreversível. Desde estudante a Presidente da República, foi homem de
ideal, capaz de discordar, de atacar, de sofrer processos e prisões, sempre por
um Portugal diferente e digno. Sem perder contacto com a aldeia e os vizinhos
dedicou-se ao futuro de todos os nascidos na Pátria que estremecia. Com tal
doação que morreu pobre!
Após tantos anos, António José de Almeida talvez pareça a alguns como ultrapassado: hoje há menos reptos líricos e outras palavras a traduzir novos ideais. O que, porém, não está ultrapassada é a sua estrutural e sinceríssima aspiração por um novo mundo onde reine a liberdade e a igualdade. O que não está ultrapassado é o exemplo de ser um político que nunca pôs de lado o coração."
..................................
Urbano Duarte, “António José de Almeida sob silêncio de cemitério”,
artigo publicado no Notícias de Penacova de 5 de
Outubro de 1974.
Urbano Duarte, padre, professor e jornalista (1917-1980) Urbano
Duarte foi uma das figuras mais marcantes de Coimbra na segunda metade do
século XX.
quarta-feira, junho 30, 2021
Locuções populares (IX): Coisas do Arco da Velha
Como sabemos, a expressão tem o significado de coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis, prodigiosas.
E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas .O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens.
Então me lembrarei da minha aliança,
que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as
águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne .E estará o arco
nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre Deus e
toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra. (Genesis 9:12-16)