quinta-feira, julho 31, 2025

"125 Nomes da História de Penacova": novo livro apresentado no Dia do Município '25

 

O jornal A COMARCA DE ARGANIL, na edição de hoje, publica a notícia do lançamento do livro 125 NOMES DA HISTÓRIA DE PENACOVA, que aborda os percursos de vida de figuras marcantes do concelho, de A a Z, de Abel Fernandes Ribeiro a Zulmira da Fonseca... (veja aqui ).  Além da transcrição do texto de A Comarca, ficam também algumas fotografias do evento.


"Integrada no programa das comemorações do Dia do Município (17 de Julho), que assinala a data
de nascimento do ilustre penacovense António José de Almeida, teve lugar no Auditório Municipal a apresentação do livro 125 Nomes da História de Penacova da autoria de David Almeida. 

Com prefácio de Ana Santiago Faria e apresentação de Maria da Luz Pedroso, esta obra tem a chancela editorial da Câmara Municipal de Penacova. A sessão foi presidida por Álvaro Coimbra, presidente da Câmara.

Na nota de apresentação, assinada por Álvaro Coimbra, lê-se que o livro "125 Nomes da História de Penacova é uma obra de inegável valor histórico, cultural e identitário” para o município, na medida em que ”ao reunir, com rigor e sensibilidade, os percursos de vida de figuras marcantes”, este trabalho é mais do que “um repositório biográfico”, assumindo-se como “um verdadeiro testemunho da memória coletiva de Penacova” e, igualmente, como “um contributo inestimável para a preservação da identidade e para a valorização do conhecimento histórico no plano municipal” ou mesmo como “uma referência fundamental para todos quantos estudam ou se interessam pela história viva” do secular concelho.

Ana Santiago Faria, Licenciada em História, Investigadora e Mestre em História e, igualmente, em Turismo, agraciada com a Medalha de Honra do Município de Penacova em 2009, escreveu no prefácio que o livro agora apresentado, mostra a “preocupação” do autor “em dar a conhecer aos públicos de agora e do futuro, nomeadamente a todos os que têm ligação familiar ou afectiva a Penacova, as figuras
que no passado, marcaram indelevelmente” o concelho. Salienta, de igual modo, que “o trabalho de investigação a que há muito se dedica” lhe permite “apresentar homens e mulheres nascidos em Penacova, ou de algum modo a ela ligados, que pelas suas qualidades humanas, souberam empenhar-se no desenvolvimento da sua terra e do seu País, abraçando causas diversas e pondo os seus carismas ao serviço de todos.” Enquanto historiadora e cidadã empenhada e interveniente, frisa também a “importância da História Local e Regional, no contexto da História Nacional, que ajuda a edificar e a melhor compreender, contribuindo através das vivências comuns, para o desenvolvimento de uma consciência de pertença a uma comunidade. “

Por sua vez, Maria da Luz Pereira Pedroso, Professora, Mestre em Gestão e Administração Escolar e Vereadora do Município de V. N. de Poiares, ao apresentar a obra classificou o autor, David Almeida, como um verdadeiro “curador e guardião de memórias”, um “detective de histórias esquecidas”, um “contador de vidas que merecem ser contadas, algumas dramáticas, outras heróicas e muitas surpreendentes”, algumas delas que podiam muito bem inspirar um romance histórico “daqueles que se lêem de uma assentada.”

“Conseguiu reunir, com paciência de arqueólogo e coração de penacovense, 125 nomes que moldaram, inspiraram e deram forma ao que é hoje Penacova. E não, não é um catálogo telefónico antigo, ou um dicionário é muito mais do que isso” – sublinhou ainda.

Escrevendo “com emoção e responsabilidade ao nível educativo para as gerações vindouras (fazendo com que a memória local, não seja apenas um eco distante, mas sim, uma força viva, que inspira, educa e une), sem qualquer interesse financeiro”, ofereceu este seu trabalho ao concelho, “um documento do qual todos nos devemos orgulhar, que resgata do esquecimento, tudo aquilo que merece ser lembrado.”

Ao usar da palavra, o autor referiu-se à relação entre Memória e História, afirmando que “mais do que um trabalho científico, que implicaria a análise crítica e interpretação dos acontecimentos, este é um livro de memórias”, uma espécie de “Memorial”, na medida em que, “directa ou indirectamente, assume algum carácter de homenagem póstuma a muitas pessoas, não só àquelas que aqui nasceram e viveram, mas igualmente àquelas que, deixando o seu berço, se fixaram noutros pontos do país e do mundo”, quer ainda, a muitas outras “que, por adopção, se tornaram verdadeiros penacovenses, colocando as suas vidas ao serviço desta terra.”

Referiu que o livro não trata só de “individualidades que atingiram elevados patamares sociais e políticos”, mas também de “pessoas que no seu dia-a-dia se dedicaram, porventura com menor visibilidade, mas com o mesmo empenho, na construção do bem comum. Pessoas que, por diversos motivos, se tornaram conhecidas, admiradas e respeitadas, no meio social e cultural em que viveram.”

Na introdução, David Almeida esclarece que além destes 125 “verbetes” de carácter biográfico, seria “de toda a justiça, incluir, em jeito de apêndice e como memorandum para futuros estudos e/ou publicações, uma listagem de muitos outros nomes que merecem ser recordados: combatentes da I Grande Guerra e da Guerra do Ultramar, que tombaram no campo de batalha, liberais penacovenses, alguns deles inocentes, que não escaparam ao pelotão de fuzilamento durante a Guerra Civil (1832 a 1834), comandantes dos Bombeiros que nos quase cem anos de existência se dedicaram à causa humanitária, professores e educadores, médicos, dirigentes associativos, políticos, beneméritos…”.

Assim, no capítulo “Proposta de Guião para um segundo volume” são referidos mais 200 nomes, com maior ou menor desenvolvimento, mas que fornecem alguns dados que podem ser o ponto de partida para posteriores investigações.

Quer no texto introdutório, quer na sessão de apresentação, o autor salientou que mais do qualquer compensação financeira ou interesse comercial – que não tem, bem pelo contrário – é “muito gratificante saber que este trabalho de longas horas pode vir a ser útil para futuras e mais aprofundadas investigações” sobre o município e, pode, igualmente, “ser um contributo para a preservação da memória local e para uma melhor compreensão de alguns aspectos da história de Penacova, fortalecendo, desse modo, a identidade, a coesão e o sentido de pertença” a este território, que é
Penacova. 

Agradeceu a presença da vasta assistência e, a terminar, deixou um agradecimento especial à Câmara Municipal de Penacova, na pessoa do seu Presidente, Álvaro Coimbra, tendo em conta “a valorização deste trabalho e subsequente edição com a chancela do Município”, o que muito o “honra”."
























domingo, julho 20, 2025

Crónicas do Avô Luís: A História e os Factos


 

Dando por concluída a excelente série de textos (crónica e poesia) com que durante algum tempo o Dr. Luís Pais Amante nos presenteou, na rubrica “Da minha janela…”, iniciamos hoje um novo espaço cujo título se inspirou no Clube da Netaria (Contos da Casa Azul). Mensalmente vamos poder continuar a ler as suas reflexões e opiniões, sempre pertinentes e actuais. Uma honra e um privilégio para o Penacova Online.

 

A História e os factos

Como toda a gente sabe, eu não sou historiador; não percebo nada das regras explícitas ou implícitas dessa realidade e, consequentemente, posso estar, nesta minha crónica, a “dizer asneiras”.

A História é, ou devia ser, seca, despregada de “encomendas”, mas sujeita ao realismo dos “factos”!

Nesta concreta questão eu estou um pouco mais à vontade, porque no exercício da minha profissão (há já 47 anos) são os ditos “factos” que mais interessam na busca da “verdade material”.

A motivação deste pequeno enquadramento está ligada ao Lançamento recente do Livro 125 NOMES da HISTÓRIA de PENACOVA, da Autoria do Prof. David Almeida.

Livro esse que foi editado pelo Município da nossa Terra, que aí viu, certamente, uma forma correcta de não deixar morrer, no esquecimento das memórias selectivas, alguns dos nomes que por cá se foram destacando.

Uns para o bem; outros para o mal; outros para o assim, assim.

Confesso que ainda não li, em pormenor, o que uma das Figuras mais brilhantes e humildes que por cá nasceram - o David Almeida - escreveu sobre aqueles nomes. Irei fazê-lo com o tempo que o meu pouco tempo me dá: atentamente, criticamente, mas construtivamente.

Digamos que a minha idade “já sabe” quem são muitas destas pessoas… Conheceu muito “de ginjeira”, com soi dizer-se.

Felizmente a Democracia sem aproveitamentos ou obtenção de benefícios indevidos, por vezes escancaradamente dados a quem não os merece, mesmo do ponto de vista cívico, faz/obriga os verdadeiros democratas, nos quais me ouso incluir, a estarem acima desses pormenores, muitas vezes pormaiores.

E, por isso mesmo,

Regressando aos tais “factos”, muita gente ainda se lembra de quem fez mal a Penacova (através de actuações tristes) e quem lhe fez bem (através de ações meritórias).

Só que nunca podemos esquecer que, ainda hoje, na véspera de eleições autárquicas, o que para uns é péssimo, para outros é excelente.

A análise subjacente a este modo um pouco enviesado de buscar, verificar e interpretar os “factos” ganhou - neste nosso caso - mesmo muito pela Pessoa que decidiu avançar para o projecto.

Sobretudo sem pedir apoios financeiros a ninguém; sem esperar que “os tostões” lhe chegassem ao bolso.

Se eu pudesse classificar este tipo de dedicação, integrá-la-ia, sem margem para dúvidas na História que o David, por mera humildade, integrou na Memória!

Não, Senhor Professor, os seus trabalhos não têm comparação noutro qualquer concelho deste País.

Os meus Parabéns muito sinceros.

Luís Pais Amante

Casa Azul

domingo, julho 13, 2025

Lorvão: "espécie de dilúvio" causou "terrível consternação"


O Mosteiro de Lorvão viveu dias aflitivos. Uma grande inundação, na sequência de repentina trovoada, entrou nas celas e na igreja. Apenas escapou o "Dormitório de Cima" e só a "graça de Deus" permitiu que não "perecesse" nenhuma religiosa. Foi no dia 25 de Setembro de 1754. A notícia saiu na Gazeta de Lisboa:

"Aqui tivemos neste sítio uma espécie de dilúvio, que nos pôs em uma terrível consternação. Na quarta-feira, 25 deste mês, entre a uma e duas horas da tarde, se cobriu todo este horizonte com uma cortina de densas e tenebrosas nuvens, que romperam numa horrorosa trovoada e fez sair dela um mar de água e pedras que havendo inundado todo aquele vale de fora, arrombou as duas portas do muro da cerca do famoso Convento de Lorvão e subindo nove palmos e meio, entrou nas celas dos dormitórios de Baixo, levando elas as cadeiras, arcas, armários e tudo o mais que nelas havia; e da que em morava a Madre D. Maria Tomásia, natural de Lamego, levou até à porta, sendo fortíssima, deixando só a esta Religiosa o que tinha vestido. A Madre D. Faustina, dando-lhe água pelo pescoço, salvou a vida subindo e segurando-se nas grades da cela. 

Correu os claustros, grades, portaria e cela da Madre Abadessa; e na sala em que esta Reverenda Senhora assiste, para a qual se sobe sete degraus, tudo andou a nado. Inundou a sacristia, em que se achavam as Madres D. Teresa de Quadros, D. Cecília de Pina, D. Joana Bernarda, D. Mariana Rosália e outras, que escaparam do perigo em que se acharam, dando-lhes já a água pelo joelho, por benefício de uns homens que entraram a socorrê-las. Intentou-se tirar o Senhor da Igreja, pelo muito que a água subiu. Só escapou da inundação o Dormitório de Cima. 

Dois dias se disse Missa na clausura às Religiosas, que satisfaziam a obrigação de rezar os ofícios divinos nas tribunas, porém graças a Deus não pereceu nenhuma. 

Avalia-se em mais de 30 U. cruzados a perda que padeceu o Mosteiro nesta ocasião, entre a particular e a comum. Trabalha-se no presente em desentulhar a Igreja de tudo o que nela introduziram as águas." 

In Gazeta de Lisboa, nº 44, 31 de Outubro de 1754


quinta-feira, julho 03, 2025

𝐋𝐞𝐢𝐭𝐮𝐫𝐚𝐬 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐟é𝐫𝐢𝐚𝐬: 𝐎𝐬 𝐂𝐨𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐚 𝐂𝐚𝐬𝐚 𝐀𝐳𝐮𝐥 - 𝐎 𝐂𝐥𝐮𝐛𝐞 𝐝𝐚 𝐍𝐞𝐭𝐚𝐫𝐢𝐚



“A Casa Azul em Penacova, na Costa do Sol e com uma vista deslumbrante sobre a Praia do Reconquinho, no Rio Mondego, estende-se até á Casa Branca, que dá para a Travessa do Paraíso. 

É um lar, um espaço e um lugar maravilhoso. Um sitio de acolhimento e de projeção de futuro(s). 

Um lugar da insofismável segurança e fantasia em que a infância e o amparo contextualizam o status nascendi dos sentimentos de afeto e liberdade.” 

(in Contracapa)

Foi neste “reino maravilhoso” que germinou a ideia de publicar um livro de feição infantil dedicado aos netos dos autores e a todos os meninos do “Fundo da Vila”, alguns deles agora pais e mesmo avós, veiculando mensagens ricas de valores como a Harmonia com a Natureza, a Ecologia, a Diversidade natural e cultural, a Humanidade, a Justiça, a Liberdade, a Amizade, a Família…

“O Clube das Crianças da Casa Azul nasceu no grande sonho mágico e divertido dos avós Anita e Liró”, que um dia   “pensaram tornar o espaço da quintã da Casa Azul, um lugar especial de encontro, de escuta e de cultura, como de aprendizagem com experiências familiares, destinadas não só às suas famílias, como aos amigos e meninos do Fundo da Vila de Penacova.” – assim podemos ler no texto introdutório.

A história, as histórias que se seguem, apesar de não apresentarem de modo explícito o habitual esquema de princípio, meio e fim, não deixam de se iniciar pela fórmula mágica “Era uma vez, os avós Anita e Liró... “ 

As muitas aventuras e experiências passam-se no jardim (onde há uma figueira,estrelícias e hortenses) e na horta “com os legumes para as saladas e sopas como também as outras árvores de fruto - laranjeira, pessegueiro, tangerineira, macieira, nogueira, figueira, limoeiro, ameixieira e maracujazeiro, que fazem sobremesas saudáveis.”

Na “Quintã”, não falta a capoeira “com uma vista maravilhosa para o Mondego” onde há uma “grande família: o galo brincalhão, as galinhas e os pintainhos.”

Numa palavra, um “espaço aberto para brincadeiras, jogos com imaginação na areia e em teatros, muita canção e poesia também”.


Um dia, todos os animais do jardim foram convidados para uma actividade especial: “fazer um pão-de-ló com sabor de limão, sumo de laranja e até doce de maracujá para barrar as panquecas”.  Convidaram-se, igualmente, todos os meninos incluindo os amiguinhos do Fundo da Vila que desejassem divertir-se.” E aquele “foi um dia inesquecível!”

Com estas e outras experiências, “os avós e o Clube da Netaria decidiram cumprir o sonho azul, transformaram a quintã numa sala-atelier de experiências culturais acolhedoras e diferentes. Os meninos da vila trouxeram ideias novas que os meninos da cidade não conheciam bem, como não ter medo dos gafanhotos nem das galinhas…”..

Por outra vez “a preparação do teatro no palco da quintã durou o fim de semana e, o que resultou no final, foi a bicharada ficar ainda mais feliz e brincalhona num Planeta Azul amigo com a humanidade mais contente e saudável.”

E com isto uma lição ficou aprendida: 

“Como cada um se empenhou com entusiasmo a brincar-jogar e trabalhar como uma equipa, todos puderam contribuir para um dia especial na quintã; nunca mais se irão esquecer do que foi construído e vivido juntos e é assim que fazemos amigos e crescemos com memórias fantásticas.”

“Viva a festa da pequenada e dos graúdos…acreditamos que muito será verdade e realidade, se sonharmos e viajarmos à desgarrada… em sonhos combinados e partilhados ! – foram cantarolando durante “o lanche guloso”. 

Uma palavra sobre os autores (extraída do livro):

“Ana Amante é psicóloga clínica e psicanalista, enquanto Luís Amante advogado e poeta, juntos, vivem e trabalham em Lisboa.  Recentemente, concluíram a reconstrução da Casa Azul, situada no coração de Penacova, numa área Iivre do núcleo urbano mais antigo da Vila. Neste espaço, estão a criar um ambiente familiar e acolhedor, que se Integra harmoniosamente com o meio e as tradições locais. Mara Silva é uma artista, autora e ilustradora infantil premiada. Quando não está a ilustrar, a Mara está no seu pequeno monte a fazer ioga, a tratar dos galinhas e da horta, ou a dar longos passeios pelo campo.” 

Depois de ter sido apresentado à família e aos amigos no almoço de aniversário da autora foi divulgado junto dos penacovenses em geral no dia 31 de Maio durante a 2ª edição do Festival Artes de Rua & Wine Fest. O livro foi oferecido a todas as crianças presentes e o produto da venda dos restantes, reverteu para o Agrupamento 1079 dos Escuteiros de Penacova, o que já se tinha igualmente verificado no referido almoço.

 
















domingo, junho 29, 2025

Município vai ceder Núcleo Museológico dos Fornos da Cal ao Grupo Recreativo do Casal

É competência da Câmara Municipal - de acordo coma a Lei n.° 75/2013, de 12 de Setembro- “incluindo a possibilidade de constituição de parcerias”, assegurar “o levantamento, classificação, administração, manutenção, recuperação e divulgação do património natural, cultural, paisagístico e urbanístico do município." 

Na reunião do Executivo de 23 de Junho foi aprovada a minuta do protocolo de cedência do Núcleo Museológico dos Fornos da Cal do Casal de Santo Amaro a celebrar com o Grupo Recreativo do Casal. 

No preâmbulo da minuta, é sublinhado que: 

- “A cedência destas instalações e espólio irá permitir salvaguardar a manutenção da história da produção de cal no Concelho de Penacova, a qual remonta aos séculos XVII e XVIII, dando-lhe, assim, a relevância de outrora”. 

- “O desenvolvimento e divulgação desta atividade tão própria desta comunidade, proporcionará uma maior dinamização do Concelho, para além de assegurar a passagem de conhecimento técnico, educar e sensibilizar para as questões de sustentabilidade ambiental, económica e social.” 

- Se pretende “dar visibilidade e afirmar a importância da produção tradicional de cal, que contribuiu para o desenvolvimento social e económico do concelho.” 

- No Núcleo Museológico se encontram  expostas “diversas ferramentas e objetos tradicionais relacionados quer com a atividade dos Cabouqueiros, quer com a dos Carpinteiros”

- “É da maior relevância manter esse espólio conservado, sendo esse um dos objetivos do protocolo.” 

- “É de e realçar que o turismo vive um período de profunda transformação, mais do que sítios diferentes ou oportunidades de descanso, as pessoas viajam cada vez mais à procura de novas experiências, novas vivências, onde a conservação dos recursos naturais, o conhecimento da cultura local e o desenvolvimento sustentável dos destinos ocupam um lugar relevante. A recuperação e perpetuação de tradições e memórias constitui assim, uma experiência diferenciadora. 

O protocolo de cedência do Núcleo Museológico dos Fomos da Cal do Casal de Santo Amaro, entre o Município de Penacova e o Grupo Recreativo do Casal tem por objeto,  “a cedência, da utilização das instalações, equipamentos, espólio e zona envolvente do Núcleo”, com o  objetivo de “proporcionar, dinamizar e divulgar a história da produção de cal no Concelho de Penacova, bem como educar e sensibilizar para as questões de sustentabilidade ambiental, económica e social”, pelo  prazo de “cinco anos, com inicio na data da sua assinatura, sendo automaticamente renovado por iguais períodos desde que nenhuma das partes o denuncie por escrito com a antecedência mínima de 30 dias.”

É dever da Câmara Municipal,  “ceder a utilização das instalações, equipamentos espólio e zona envolvente a titulo gratuito ao segundo outorgante; colaborar na dinamização e divulgação do espaço e atividades exercidas, nomeadamente proporcionando visitas ao espaço e realizar as obras necessárias à conservação e manutenção”, sendo igualmente dever do Grupo Recreativo do Casal, “usufruir de todas as instalações, equipamentos, espólio e zona envolvente para o estabelecido na cláusula primeira do presente protocolo; zelar pela integridade das instalações, equipamentos e espólio; não ceder a terceiros a utilização das instalações, equipamentos e espólio; promover e/ou colaborar nas visitas de âmbito turístico e escolar que possam vir a realizar-se; efetuar a limpeza do espaço; proceder às obras que sejam necessárias para o exercício da atividade pretendida, mediante comunicação e autorização prévia do primeiro outorgante.”

Fonte:

http://www.cm-penacova.pt/pt/pages/minutascmp2017


sexta-feira, junho 27, 2025

Moinhos portugueses na emissão filatélica de 1971

 


Emissão “Moinhos Portugueses” (1971)

Foram emitidos 10 milhões de selos de $20 castanho-cinzento, castanho e preto, 10 milhões de selos de $50 azul castanho e preto, 10 milhões de selos de 1$00 cinzento castanho e preto, 3 milhões de selos de 2$00 rosa-lilás castanho e preto, 1 milhão de selos de 3$30  castanho-amarelo castanho e preto, e 1milhão de selos de 5$00 verde castanho e preto. Desenhos do pintor Candido Costa Pinto, representando os típicos moinhos - Serrano, do Litoral Beirão,Saloio da Estremadura, de São Miguel (Açores), de Porto Santo (Madeira), do Pico (Açores). Postos em circulação a 24 de Fevereiro de 1971.


MOINHOS 

Engenhos estudados para por em movimento duas pedras (mós), de forma a que entre elas se consiga esmagar (moer) os cereais transformando-os em farinha. Os primeiros foram pequenos moinhos a braços depois ampliados para aproveitamento da força do homem (principalmente escravos e condenados), e mais tarde da força de animais. 

Quando Constantino aboliu a escravidão, apareceram os moinhos-de-água (azenhas), primeiro grande passo para o aproveitamento das forças naturais. São igualmente muito antigos os moinhos-de-vento, que deram entrada na Península Ibérica com as Cruzadas, no Século XI. 

Em 1157 uma doação régia entrega a D. Gualdim Pais “Mestre Absoluto da Ordem do Templo” oito moinhos na ribeira de Alviela, declarando-se que metade do seu rendimento seria propriedade da coroa. No Século XVI existiam em Lisboa 264 atafonas (pequenos moinhos movidos pela força humana ou animal, e azenhas) e nos termos da cidade 300 moinhos. 

O moinho de vento tem a particularidade de captar a energia do vento por meio de velas (de lona na Península e de madeira nos Açores e Norte da Europa) que transmitem o movimento a um eixo ligado à engrenagem que põe em andamento as mós. Com a principal finalidade de proteger e estudar os moinhos, existe em Portugal a “Associação Portuguesa de Amigos dos Moinhos”.

FONTE: Carlos Kullberg  | Selos de Portugal - Álbum IV (1971 / 1978) | Edições Húmus Ldª |  2ª edição (Jan. 2006 


Concelho de Penacova


O Concelho de Penacova possui actualmente um dos maiores núcleos molinológicos do país, encontrando-se espalhados pelos Lugares da Atalhada, Aveleira e Roxo, Gavinhos, Paradela de Lorvão e Portela da Oliveira, 19 moinhos de vento em atividade ou em condições de funcionar, bem como 18 azenhas instaladas nos cursos do Mondego e do Alva e nas muitas ribeiras que correm no concelho.
Fonte: http://www.cm-penacova.pt/pt/pages/moinhoseazenhas 

quinta-feira, junho 26, 2025

Da minha janela: Com o Mundo no Horizonte





… Os Açores estão à vista


Tudo por lá gira no movimento

Inter Ilhas

E nos cumes dos Vulcões


Com São Miguel a nascer pro Sol

E o Faial de costas pro Pico

Só há água de permeio

E queijo de atum rico


A Terceira apela à Comunidade

O Corvo mais à Liberdade

Talvez um pouco de “razão”

Trouxesse mais Felicidade


Baleeiros na tradição

Com São Jorge em ação

É nas boas ondas que cheira

A Graciosa ali à mão


Santa Maria virada pró mundo

Com certo ar mais profundo

Olha pra longe e releva

As Flores que não enxerga


Tudo treme em tormento

Até o ar tem ciúmes

Dos caminhos da Saudade


… Que cá chega em câmara lenta!
 

Luís Pais Amante
Casa Azul
Dedicado às minhas amizades açorianas e aos momentos felizes que por lá passei.







sexta-feira, junho 20, 2025

Penacova 1932: paisagem de sonho e beleza


Vista de Penacova 
Atendendo à existência do Mirante e à inexistência
do Preventório podemos situar a foto entre 1908 e 1932


No início dos anos trinta, durante cerca de meia dúzia de anos, Maria Lúcia Vassalo Namorado, viveu em Penacova, dado que o seu marido Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, funcionário público, natural de Lorvão, onde nasceu em 1900, foi colocado nesta vila. Maria Lúcia era sobrinha de Maria Lamas e foi uma escritora e jornalista de renome. Curiosamente, essa carreira jornalística passou também pelo Notícias de Penacova onde deixou muitos escritos. Refira-se que o marido foi um dos fundadores deste periódico. Lúcia Namorado criou  e dirigiu durante muitos anos a prestigiada revista "Os Nossos Filhos" , onde podemos ler muitas referências a Penacova, inclusivamente fotografias de bebés da vila. Existem estudos académicos sobre Lúcia Namorado, onde se refere a sua relação com a nossa terra.

***

Pequenina, modesta, privada ainda hoje de comodidades modernas, embora distanciada apenas cerca de 20 quilómetros de Coimbra, a que a liga uma lindíssima estrada, Penacova impõe-se pelo acaso da sua situação caprichosa, a meio de uma paisagem privilegiada de beleza. Particularidade singular, talvez única na nossa Terra, essa paisagem, sendo grandiosa é, ao mesmo tempo, limitada. Como se a natureza entendesse que os olhos tinham ali pasto bastante para alimentar sucessivas e atentas contemplações.

Rodeia-a uma infinidade de montes: uns cónicos e rochosos; outros, de ondulações suaves, grandes extensões de pinhais salpicados e  de povoados - nódoas claras que, surgindo dentre a romaria  verde,  alegram a vista e fazem lembrar sorrisos cândidos e saudáveis. No vale, amplo e luminoso, duma claridade doce de aguarela, passa o rio silencioso e manso, estorcendo-se em curvas airosas que descobrem, ora à direita, ora à esquerda, areais onde as lavadeiras coram a roupa, e onde o milho que viceja e amadurece nas ínsuas vizinhas, depois de loiro e descasulado, é estendido para secar.
Cortando as águas límpidas do rio, que deixam ver as areias de oiro cantadas pelos Poetas, deslizam, carregadas de madeira, as barcas negras e muito esguias, de grande proa revirada; os barqueiros, tisnados, conduzem-nas à vara, penosamente, correndo sobre os bordos, num esforço exaustivo, prodigioso de equilíbrio; e só quando o vento sopra a faina abranda um pouco: nas barcas escuras incha e resplandece a brancura duma vela.

É assim aquele vale de cores macias e duma serenidade extática. Ao centro eleva-se uma colina semeada de oliveiras e coroada por uma povoação que dir-se-ia, na verdade, uma rainha no trono - tal como está debruçada para o Mondego, do alto duma penha erguida numa cova.
É a vila de Penacova uma das mais antigas da Península; nela , porém, nada nos fala da sua vetustez, pois nem sequer do seu remotíssimo castelo existem vestígios. Vários investigadores afirmam que é de origem cantábrica, mas parece assente que a primeira notícia desta vila data do tempo do conde D. Henrique.

D. Sancho I mandou-a povoar e deu-lhe em 1193 foral que foi confirmado em Coimbra por D. Afonso II; D. Manuel I deu-lhe novo foral em Lisboa, no ano de 1513.

É hoje muito visitada por pessoas atraídas pela justa fama dos seus encantos naturais, e tem um grupo de bons amigos empenhados em a dotar com melhoramentos, dentre os quais se destaca o esplêndido edifício do preventório, prestes a funcionar – obra cujo largo alcance social é desnecessário encarecer.
A população,  que é pobre, emigra facilmente, sobretudo para as Américas.

A principal indústria do concelho é dos palitos, que se intensifica na freguesia de Lorvão – cova sombria, triste, contraste profundo da beleza colorida e sonhadora de Penacova: nessa aldeiasita se desmorona o velhíssimo mosteiro do mesmo nome, outrora riquíssimo e agora desmantelado, mas onde ainda se encontram jóias artísticas de raro valor, belas evocações de páginas distantes da nossa História maravilhosa.


18 de Outubro de 1932
MARIA LÚCIA



quinta-feira, junho 19, 2025

𝐇𝐄𝐑𝐂𝐔𝐋𝐀𝐍𝐎 𝐄𝐌 𝐋𝐎𝐑𝐕Ã𝐎 (II)

 

A seguir às observações sobre a Portaria, ainda no dia 15, Herculano registou:

 “Os monumentos mais antigos do Mosteiro de Lorvão existem no chamado Claustrinho. Quase num dos ângulos está um túmulo pequeno em cuja base há uma inscrição ilegível: as letras que ainda se divisam são do XIII séc., na frente tem algumas figuras de frades em baixo-relevo e metidas em nichos. O claustro está rodeado de capelas de cada uma das quais trata uma freira: algumas abandonadas como os jardinzinhos. São as de algumas que morreram e que não tiveram substitutas. Algumas capelas ainda conservam o tecto em ogiva e artesoado. Na capela da Ascensão representando esta passagem do Evangelho há um quadro que parece anterior ao séc. XVI bem como outros da capela de Santa Clara, que representa uma tropa de mouros entrando violentamente num convento de freiras.Parecem também de bastante antiguidade um quadro da Anunciação na capela da Encarnaçãoe dois na das Almas, um da degolação de S. João Baptista e outro do martírio de S. João Evangelista na caldeira de azeite: são talvez do séc. XVI. O quadro da prisão de Cristo na capela dos Passos pareceu-me bom e no estilo dos chamados Grão-Vascos. A autenticidade da cadeira da infanta Teresa que se guarda na capela do Calvário pareceu-me assaz duvidosa, sem deixar de ser uma peça curiosa e antiga.”

Neste dia, iniciou os trabalhos no Arquivo, analisou o “Livro dos Testamentos” e, igualmente,  os diversos Códices. O “arranjo e o asseio” de todos os espaços foi para ele uma agradável surpresa.

No dia 16 de Julho , concluiu os trabalhos no arquivo, seguindo-se uma visita ao interior do mosteiro, onde se deparou com as condições miseráveis em que viviam as freiras. No final do dia, fala-nos de um passeio ao pôr do sol, observando “ os hortejos ou jardinzinhos das freiras defuntas cobertos de urzes” e a “cerca exterior na quebrada dos montes”. 

No dia 17 de Julho, sendo  Domingo, encontrou-se com o “ Ferrer”(1) e o “Correia”, [Joaquim Correia de Almeida, que foi durante muitos anos, Presidente da Câmara e Administrador do concelho de Penacova], provavelmente assistindo à missa. 

Os seus apontamentos levam-nos a crer que seguiram, ainda nesse dia, para Penacova, por “caminhos impérvios pelas recostas dos montes.”  

Sempre atento, comenta que “os vales são algares para os quais a mão do homem arrastou alguma terra das faldas alargando-os e terraplanando-os” e que  as encostas eram “cultivadas em andares até às coroas dos montes”. 

Chegado a Penacova visita o “sítio do castelo, de que nada resta, fraga contígua aprumada sobre o Mondego.” Sublinha a “vista magnífica a voo de pássaro das margens: os engenhos de água para as regas: o rio tortuoso com semelhanças do alto Tejo, mas com leito de areia e com as ínsuas à raiz das quebradas”. Muito curiosa é a seguinte observação sobre o Reconquinho: “abaixo de Penacova o rio numa volta parece querer tornar atrás a mirar o caminho que andou.” 

Ficamos a saber que fez o “exame dos documentos municipais”, sendo o mais antigo “ o foral de D. Manuel.” 

E a terminar esta série de observações, há uma algo enigmática. Escreve Herculano, “acerca da humildade do povo”: “esta subserviência deve esconder grandes ódios: perigo da explosão. Necessidade do municipalismo. 

Por fim, depois de ter pernoitado em Penacova, segue viagem para a Lousã , passando por Poiares, no dia 18,  com descida pela margem do rio  e passagem do Mondego a vau.

(1) Vicente Ferrer Neto de Paiva (Freixo, Vilarinho, Lousã, 27 de Junho de 1798 — Vilarinho, Lousã, 11 de janeiro de 1886) foi um professor da Universidade de Coimbra, doutor em cânones, introdutor do krausismo em Portugal e importante defensor do jusnaturalismo, sendo considerado o principal responsável filosófico pela formação de toda uma geração de juristas e homens de Estado portugueses da segunda metade do século XIX.[1] Na vida política, foi presidente da Câmara Municipal da Lousã (1822) e depois, finda a guerra civil, deputado e ministro da Justiça (1857), tendo um papel relevante na reforma do sistema judiciário português em meados do século XIX. Foi reitor da Universidade de Coimbra e sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa.


quinta-feira, junho 05, 2025

𝐇𝐄𝐑𝐂𝐔𝐋𝐀𝐍𝐎 𝐄𝐌 𝐋𝐎𝐑𝐕Ã𝐎 (𝐈)


Os "Apontamentos de Viagem de Alexandre Herculano" são um conjunto de anotações e reflexões sobre as suas viagens pelo país, no contexto da Academia das Ciências, especialmente em 1853 e 1854. No Verão de 1853 Herculano esteve na região de Coimbra, incluindo Lorvão e Penacova.

No dia 10 de Julho assistiu à Procissão da Rainha Santa, no regresso a Santa Clara. No dia seguinte esteve no Cartório da Fazenda da Universidade e depois, até ao dia 15, antes de seguir para Lorvão e Penacova, consultou e analisou, com a ajuda de um paleógrafo, muitos dos documentos, alguns em “lastimoso” estado, das Colegiadas de S. Pedro, S. Cristóvão e de S. Tiago. Passou igualmente pelo o arquivo da Câmara.

No dia 15 parte para Lorvão. Sobre esta viagem são particularmente interessantes as observações que vai registando, ao calcorrear aquelas “duas léguas de Montes”: “São grandes outeiros formando montanhas, e acumulados uns aos outros sem a intersecção de vales” – escreve Herculano. 

Observa os pequenos recantos de cultivo, “arroteações de recente data, cultivados na maior parte até aos cumes”.  Os acessos, como é de imaginar não passavam de “caminhos ladeirentos e tortuosos”.

 Curiosa é também a descrição do panorama que do alto da Serra do Dianteiro (que seria já o alto da Aveleira / Roxo) se avistava:

- “em frente, cordilheiras da serra da Estrela elevando-se-lhe os topos como barras pardo--escuras por cima das barras brancas de nuvens”

-  “para o lado do norte os territórios levemente ondulados até o Vouga”: 

-  “para o poente os campos entre Coimbra e Montemor: o Mondego areado e quase sem águas parece ao longe uma estrada tortuosa que atravessa a campina.” 

E o mosteiro? Nada se avista. Até porque  “só se descobre ao chegar a ele, pela sinuosidade da descida íngreme e pelo relvoso da encosta.” 

Original é a imagem do vale de Lorvão. Herculano compara-o ao “cálice de um lírio” e sugere um exercício de imaginação: “uma flor” com um “pistilo grosso e curto, rasgado por um lado”. É desse ponto, dessa “rotura” que “saem as águas da bacia” !

Segue-se a descrição telegráfica (e geometrizante) do mosteiro: “O mosteiro é um longo paralelogramo, a cujo topo para a nascente se liga outro muito mais curto formando com ele um ângulo aberto: por detrás deste ângulo levanta-se a cúpula do zimbório da igreja, que se prolonga com o edifício pela parte interior.” 

Uma vez chegado à portaria, registou:  

“Estátua de D. Teresa à esquerda: letra antiga — POST THALAMUM ALFONSI REGIS THARASIA FUNDAT LORVANI MONACHAS ET MONIALIS OBIT.  Estátua de D. Sancha à direita: letra moderna — REGIA PROGENIES PIA VIRGO CELLAS. EXTRUIT INDE OBIENS CAELICA REGNA PETIT. 

(Continua)



quarta-feira, junho 04, 2025

Da minha janela: 𝑪𝒊𝒓𝒖𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂 𝒆 𝑴𝒆𝒅𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂 𝑯𝒖𝒎𝒂𝒏𝒊𝒕á𝒓𝒊𝒂

 

Expressão pública de referência ao Livro
 “Cirurgia de Guerra e Medicina Humanitária”,
do meu Amigo Carlos Ferreira


Oh meu Cirurgião



Hoje a sorte me deu
Para ver um Cirurgião de Guerra
Ir-se abaixo ao atingir uma meta
Como acontece ao Poeta
Quando escreve sentimento
E lhe sobra o lamento
No coração


Escreveu um Livro antes disto
E apresentou-o agora
Soltando os pesadelos fora
Quiçá os medos
Que nos silêncios conquista
Com lágrimas em câmara lenta
Saindo do Foco


Aquela nobreza de ser normal
Deixou-me orgulhoso muito
Enalteceuo Ser e a Obra
Que conta muita Medicina
Por vezes só feita com Aspirina
Mas sobretudo tem o tom
Da Humanidade


E o som frio das explosões
A morte como destino
De Pessoas (adultas ou crianças)
Que têm o simples azar
De estar no sítio errado
Há hora em que alguém tresloucado
Mata por vaidade


Seja no Sudão do Sul
Na República Democrática do Congo
(Goma)
No Iraque ou no Iémen
Na Faixa de Gaza ou na Ucrânia
Onde só os fortes e despojados
Vão combater a morte


…Com carinho e devoção!



Luís Pais Amante

Casa Azul


sexta-feira, maio 30, 2025

Freguesia de Penacova em 1876: a Ponte da Carrapiça e outras curiosidades



O lugar ainda existe? Fazemos a pergunta, dado que não somos da freguesia de Penacova. Não fazemos ideia onde ficava, ou se ainda fica... O que é certo é que a designação é muito antiga: aparece. por exemplo, no Livro de Assentos de Óbito do ano de 1876:

"Aos dezanove dias do mês de Maio do ano de mil oitocentos e setenta e seis (...) no sítio da Ponte da Carrapiça, limite e freguesia de Penacova, concelho de Penacova, diocese de Coimbra, faleceu um indivíduo do sexo feminino com todos os Sacramentos, Maria de Jesus, de idade de quarenta anos, casada com José de Novais (...). Não testou nem deixou filhos e foi sepultada no Cemitério Público. (...)
O Prior: Francisco de Paula Queiroz

No Alentejo e Algarve o apelido é frequente: já  a 22 de Julho de 1891, Joaquim José Carrapiça, arrendou a Horta do Malhão (Évora) a Joana Vitória de Oliveira por 100$000 réis.

No entanto, a Revista Lusitana (I, 310), de finais do séc. XIX, regista o termo como sendo um dialecto português, existente por exemplo, em Rio Frio (Bragança) com o significado de "pedaço de velo a que é difícil desfazer os nós"; daí, o verbo carrapiçar que significa desfazer os nós da lã para a cardar.

Circulam na net imensos textos com nomes insólitos de terras de Portugal...
Ponte da Carrapiça...mais um a juntar à lista?

- o -

quarta-feira, maio 14, 2025

Da minha janela: 𝕆 𝕙𝕦𝕞𝕒𝕟𝕠 𝕢𝕦𝕒𝕤𝕖 𝕤𝕖𝕞 ℍ𝕦𝕞𝕒𝕟𝕚𝕕𝕒𝕕𝕖


O humano quase sem Humanidade

Humano é assumido, taxonomicamente, como “pessoa, gente ou homem…caracterizado por ter cérebro grande, o que permitiu o desenvolvimento de ferramentas, culturas e linguagens avançadas”.

A palavra “humano” vem do latim humanos, que é a forma adjectiva, do nome homo, que significa homem.

Os humanos tendem a viver em estruturas sociais complexas, compostas por grupos cooperantes e concorrentes, desde a Família, às redes de parentescos, até aos Estados.

As interações sociais estabeleceram uma ampla variedade de afectos, de valores, de normas e de rituais, que fortaleceram até agora a Sociedade Humana.

“A curiosidade e o desejo humano de compreender e influenciar o meio ambiente e de explicar e manipular fenómenos, motivaram o desenvolvimento da ciência, filosofia, mitologia, religião e outros campos de estudo”.

A tudo isto entrosado se pode, com propriedade, chamar Humanidade!

As Universidades têm pilares importantes ligados a estas realidades e, ultimamente, o estudo  científico desenvolveu, muito, tudo quanto gira à sua volta.

Do latim humanitas, Humanidade é um adjectivo polissémico, cujo sentido começa na designação objectiva do conjunto de todos os seres humanos que habitam a terra.

E, daqui, chegamos ao Humanismo: 

- postura ética e democrática que valoriza o ser humano e a sua capacidade de transformar o mundo.

… Transformar, pensava eu, no sentido positivo.

Ora, 

Aqui chegados, sabendo nós que a parte significativa das normas que tratam destes assuntos estão integradas em Tratados da ONU (de que falei há pouco tempo), entre os Estados (ou aglomerados de Estados), nas Constituições, nos Códigos e, até, nas Leis da Guerra, dos Direitos Humanos, etc, não é difícil concluir que, pé ante pé, se vai desmoronando todo este Edifício que parecia passível de ser/estar cada vez mais consolidado.

- O modo como se têm colocado os Países Africanos em fome quase total, roubando-lhes as riquezas naturais, é paradoxal; 

- O modo como se matam crianças indefesas, por razões diversas, é inexplicável;

- O modo como se desprezam os direitos das Mulheres, a sua Liberdade e a sua integridade, é simplesmente vergonhoso;

- O modo como se distribui uma Saúde para os mais ricos e outra para os mais pobres, faz regredir centenários na Humanidade;

- O modo como as Guerras se sobrepõem à paz, não se pode tolerar e tem de se parar;

- O modo como se distribui a riqueza, atingiu patamares inconcebíveis;

- O modo como “os mais fortes” fazem demonstrações de força contra “os mais fracos”, são deploráveis.

Tudo avança a velocidades diferentes, com a capitulação quase total das Autoridades, lactu senso consideradas, que já nada valem, nada controlam e nada querem controlar…

Pior do que tudo isso, ainda, é o crescimento desmesurado - e sem travões aparentes - de seres autocráticos, oligárquicos, anti-democráticos, até terroristas e corruptos, que derrapam, sem oposição, para regimes onde se desenvolvem ditaduras ferozes.

Era esta -ou muito próxima- de resto, também, a visão de uma figura emblemática da Igreja Católica que desapareceu recentemente: o Papa Francisco, Jorge Bergoglio, de origem Argentina, nascido no Bairro das Flores -por onde passeei em Buenos Aires com o meu amigo Ucraniano Igor Holovko- que muita falta nos vai fazer;… a todos, todos, todos!

Cresci e fui ensinado para ter em atenção (e trabalhar) o bem-estar do próximo; Lutei muito pelo avanço de reformas sociais; Aprendi a ser um homem tolerante, amigo do compromisso.

E pergunto: - Por onde anda, afinal, a educação para o ser humanitário, que procura o bem-estar do próximo, quer através de ajuda, quer através da defesa intransigente dos chamados Direitos Humanitários?

Não anda, pura e simplesmente.

… Parou no tempo e isto está a tornar-se absolutamente dramático!

Luís Pais Amante




sábado, maio 10, 2025

Apocalipse em Lorvão...


O Livro do Apocalipse de Lorvão volta ao Mosteiro de Lorvão, em Penacova, para uma exposição inédita que decorre de 1 a 18 de Maio, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão. Considerado um dos mais belos manuscritos medievais do mundo, o códice foi copiado em 1189 pelo monge Egeas e integra, desde 2015, o Registo Memória do Mundo da UNESCO.


A mostra é organizada pela Câmara Municipal de Penacova, em parceria com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e inclui um programa cultural diversificado, com ciclos de concertos, palestras e oficinas didácticas para crianças. Os concertos realizam-se nos dias 2, 9 e 16 de Maio, às 21h30, enquanto as palestras decorrem nos dias 3, 10 e 17 de Maio, às 15h30. A programação contempla ainda actividades educativas para o público escolar.

O acesso à exposição faz-se através de um bilhete único de 8 euros, que inclui a entrada na mostra do Livro do Apocalipse, no Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão e no Centro Interpretativo do Palito. Os residentes no concelho de Penacova beneficiarão de condições especiais de acesso.

Este ano assinala-se o décimo aniversário da inscrição do manuscrito no Registo Memória do Mundo da UNESCO, e a sua exibição em Lorvão representa uma oportunidade rara para investigadores e público em geral apreciarem a obra no local onde foi produzida há mais de oito séculos.

O presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, sublinha o simbolismo do evento: “O regresso do Livro do Apocalipse ao Mosteiro onde foi iluminado é um acontecimento de grande significado para Penacova e para o país. Mais do que uma exposição, trata-se de um reencontro com a nossa identidade histórica”. O autarca destaca ainda a importância da iniciativa na afirmação de Lorvão como destino cultural e turístico.

Fábio Nogueira, curador da exposição, realça a importância do momento: “Ter a possibilidade de expor o Livro do Apocalipse no local onde foi copiado e apresentá-lo com rigor científico e sensibilidade expositiva é um privilégio”. Já Mauro Carpinteiro, responsável pela empresa municipal de turismo Penaparque, salienta a vertente turística do evento: “Criámos um circuito que cruza história, espiritualidade e cultura, tornando esta experiência imersiva para visitantes de todas as idades”.

O Livro do Apocalipse de Lorvão é uma cópia do famoso códice de Beato de Liébana (séc. VIII), ilustrado com iluminuras em tons de vermelho, laranja, amarelo e preto. Trata-se de um comentário ao Livro do Apocalipse, o último livro do Novo Testamento, que contém as revelações recebidas pelo Apóstolo S. João, o Evangelista quando este se encontrava na ilha de Patmos. O manuscrito foi conservado no mosteiro até 1853, quando foi transferido para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo por Alexandre Herculano.

De acordo com o município de Penacova, “a exposição será um dos destaques da programação cultural nacional de 2025, proporcionando um reencontro simbólico com o passado e uma rara oportunidade de ver ao vivo um dos tesouros mais valiosos da cultura medieval portuguesa”.

FONTE: CORREIO DA BEIRA SERRA

https://correiodabeiraserra.sapo.pt/livro-do-apocalipse-do-lorvao-copiado-em-1189-regressa-a-penacova/


sexta-feira, maio 02, 2025

Os Contos da Casa Azul – O Clube da Netaria

É já amanhã que vai ser apresentado, num encontro restrito de familiares e amigos dos autores, Ana Amante & Luís Amante, um livro infantil, ilustrado por Mara Silva, que vem, certamente, enriquecer o património cultural e literário da nossa vila, do nosso concelho.

Perspectiva-se também uma apresentação pública na vila de Penacova. Será muito em breve, em data a anunciar. Vamos ficar atentos.

Uma espreitadela à introdução permitiu-nos ler as seguintes passagens:

“𝐎𝐬 𝐚𝐯ó𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐭𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐧𝐚𝐪𝐮𝐞𝐥𝐞 𝐝𝐢𝐚 𝐥𝐮𝐦𝐢𝐧𝐨𝐬𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐮𝐦 𝐚𝐨 𝐨𝐮𝐭𝐫𝐨 𝐨𝐬 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐦𝐚𝐫𝐚𝐯𝐢𝐥𝐡𝐨𝐬𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐢𝐯𝐞𝐫𝐚𝐦. (…) 

𝐏𝐞𝐧𝐬𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐭𝐨𝐫𝐧𝐚𝐫 𝐨 𝐞𝐬𝐩𝐚ç𝐨 𝐝𝐚 𝐪𝐮𝐢𝐧𝐭ã 𝐝𝐚 𝐂𝐚𝐬𝐚 𝐀𝐳𝐮𝐥, 𝐮𝐦 𝐥𝐮𝐠𝐚𝐫 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨, 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐮𝐭𝐚 𝐞 𝐝𝐞 𝐜𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐝𝐞 𝐚𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐢𝐳𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐜𝐨𝐦 𝐞𝐱𝐩𝐞𝐫𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚𝐬 𝐟𝐚𝐦𝐢𝐥𝐢𝐚𝐫𝐞𝐬, 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐧ã𝐨 𝐬ó à𝐬 𝐬𝐮𝐚𝐬 𝐟𝐚𝐦í𝐥𝐢𝐚𝐬, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐨𝐬 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨𝐬 𝐞 𝐦𝐞𝐧𝐢𝐧𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐅𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐚 𝐕𝐢𝐥𝐚 𝐝𝐞 𝐏𝐞𝐧𝐚𝐜𝐨𝐯a (…) 

𝐍𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐣𝐮𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐯𝐚𝐦 𝐚𝐛𝐫𝐚ç𝐚𝐫 𝐨 𝐂𝐥𝐮𝐛𝐞 𝐝𝐚 𝐍𝐞𝐭𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞, 𝐚 𝐞𝐧𝐬𝐢𝐧𝐚𝐫𝐞𝐦-𝐚𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐞𝐫𝐞𝐦 𝐨 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫 𝐝𝐚 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐚 𝐞 𝐝𝐚 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞𝐚𝐣𝐮𝐝𝐚, 𝐜𝐨𝐦 𝐩𝐚𝐜𝐢ê𝐧𝐜𝐢𝐚, 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐞 𝐝𝐞𝐯𝐚𝐧𝐞𝐢𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐬 𝐬𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐝ã𝐨 𝐟𝐨𝐫ç𝐚 𝐞 𝐞𝐧𝐞𝐫𝐠𝐢𝐚 à 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐚-𝐦ã𝐞 𝐞, à 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐧𝐚𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥 𝐞 𝐡𝐮𝐦𝐚𝐧𝐚 𝐞𝐦 𝐞𝐪𝐮𝐢𝐥í𝐛𝐫𝐢𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐍𝐚𝐭𝐮𝐫𝐞𝐳𝐚."

Entretanto, as aventuras começam...

“𝔼𝕣𝕒 𝕦𝕞𝕒 𝕧𝕖𝕫…”

quinta-feira, abril 24, 2025

Da minha janela: E se eu quisesse ser Abril

 


E se eu quisesse ser Abril


Se eu quisesse ser Abril, em flor

Gostava de assumir

A cor do cravo vermelho, em pétalas 

Em cheiro e em toque aveludado

Sedutor


Igualmente

Gostava de florir

Ano a ano na gestação 

Da glória toda unida

Saudando a Revolução 


O certo

É que por estes dias em concreto

Se rememora Abril

Pensando no antes de então 

Nos tempos d’outro Estado

Já senil


Quem me dera

Poder pô-lo, em cada ato, bem alinhado

Gritar-lhe pra nunca se deixar ser o fado

De criar pobreza real e, em cada esquina

Um sem-abrigo 

Em vez de um leal amigo 


Abril foi e é Esperança 

É a fonte da Democracia

Inscrita na nossa Constituição


Não é um mês qualquer

De Calendário 

De “Festa” feita sem crer


Com os mais carentes

A sofrer

E os idosos “perdidos” e doentes


É Liberdade 

É Saudade

E continuará, como Força do nosso Ser


Luís Pais Amante

Casa Azul

Saudação do democrata que sou, ao 25 de Abril, saudável e puro que acompanhei, antes e depois.

Desenho 
de Tiago Ferreira, 
aluno do 6º ano da nossa antiga 
Escola EB2 António José de Almeida

segunda-feira, abril 14, 2025

Penacova na pintura de um dos maiores paisagistas portugueses


"Tendo falecido em fevereiro de 1913, com apenas 42 anos de idade, vítima de doença mental, Eugénio Moreira foi artista da segunda geração de naturalistas, embora praticamente ignorado em vida.

Eugénio Moreira foi homenageado postumamente numa exposição organizada pelo seu sobrinho, Fernando Ferrão Moreira, no Ateneu Comercial do Porto (1956).

O Museu Nacional de Soares dos Reis tem três telas da sua autoria: um autorretrato inacabado, onde o pintor se representa a meio-corpo, com paleta e pincéis e rosto entristecido; e as suas duas obras mais elogiadas: a paisagem Vale de Penacova (na imagem), obra patente na Grande Exposição do Norte de Portugal de 1933 e na 1.ª Exposição de Arte Retrospectiva (1880-1933) da SNBA em 1937; e o retrato Ferreirinha exposto em Lisboa, em 1937.

Eugénio Moreira nasceu no Porto em 1871. Frequentou a Escola Médico Cirúrgica do Porto (1892-1895), transferindo-se, depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nesta cidade conviveu com o grupo da Boémia Nova, mantendo relações de amizade com os escritores portuenses António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) e, em especial, com Agostinho de Campos (1870-1944). Regressou ao Porto sem ter concluído o curso, matriculando-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde não chegou a diplomar-se.

Viveu alguns anos em Paris, onde frequentou a Academia Julien e a Academia Décluse. Foi discípulo de Jean Paul Laurens (1838-1921) e de Benjamin Constant (1845-1902) e recebeu influências de pintores dos movimentos impressionista, fauvista e Nabis. Visitou museus e templos italianos, registando as suas impressões em guias de viagem.

De regresso a Portugal, estudou paisagem e figuras portuguesas. Percorreu o Minho, em especial a zona de Vila Praia de Âncora, e Vale de Penacova na Beira, detendo-se nas terras do Mondego. Em 1907 expôs no ateliê do escultor Fernandes de Sá, seu companheiro e amigo.

Em 1955, Abel Salazar referia-se deste modo ao pintor: “Eugénio Moreira, o malogrado autor de “Vale” é, com Henrique Pousão, o maior dos paisagistas portugueses. Entre os dois existem diferenças na qualidade, não em valorização: são duas visões, porém igualmente elevadas."

VER este texto na origem: https://museusoaresdosreis.gov.pt/eugenio-moreira-um-dos-maiores-paisagistas-portugueses/

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NOTA: Eugénio Moreira chegou a viver algum tempo em Penacova, onde pintou algumas das suas obras mais famosas, muito provavelmente apoiado pelo casal, sensível às Artes, Joaquim Augusto de Carvalho e Raimunda, da Quinta de Santo António. Consta também que ter deixado um filho, um Guilherme, evocado numa das crónicas do Pintor Martins da Costa.